Mesmo antes de aprovação, governo já prevê corte de R$ 10 bi no Orçamento

O projeto de Orçamento para este ano não foi ainda nem votado pelo Congresso, mas a área econômica do governo já trabalha com a possibilidade de contingenciar pelo menos R$ 10 bilhões em despesas. A necessidade de bloqueio poderá ser ainda maior e chegar a R$ 20 bilhões, a depender do espaço orçamentário que os parlamentares encontrarem para cortar despesas durante a votação do projeto, prevista para acontecer entre o fim de março e início de abril. Até agora, as negociações da nova rodada do auxílio emergencial ocorrem fora da Comissão Mista de Orçamento (CMO), que só foi instalada na semana passada. Esse corte chega antes mesmo de qualquer discussão sobre o fortalecimento de programas sociais e é indicativo da dificuldade do governo para pagar uma nova rodada de auxílio dentro do Orçamento. O contingenciamento se dá no grupo de despesas discricionárias (não obrigatórias), que incluem investimentos e o custeio da máquina administrativa. Para 2021, os últimos dados da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) apontam um valor de R$ 83,9 bilhões para esses gastos, sem considerar as emendas parlamentares indicadas pelos congressistas e que também podem contemplar investimentos. Contabilizando as emendas, os gastos discricionários chegam a R$ 100 bilhões, patamar já considerado muito baixo para o bom funcionamento e gestão da máquina pública. Segundo apurou o Estadão, a revisão para baixo das previsões de gastos com benefícios previdenciários deve ajudar a compensar, em parte, o aumento das despesas obrigatórias decorrente do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que está mais alto que o esperado no ano passado. O índice corrige o valor do salário mínimo e a maior parte das despesas obrigatórias do governo. Esse alívio, porém, não será suficiente. Sem Orçamento votado, o primeiro relatório bimestral de avaliação de receitas e despesas, que tem de ser enviado ao Congresso no dia 22 de março, fica comprometido. É nesse documento que o governo aponta a necessidade de bloqueio para o cumprimento da meta fiscal, que autoriza um rombo de até R$ 247,1 bilhões, e do teto de gastos, a regra que impede o crescimento das despesas acima da inflação. O mais provável é que a lei orçamentária não esteja aprovada até lá. Como a edição seguinte só será divulgada em 22 de maio, o governo deve fazer um relatório extemporâneo para efetivar o corte. Um dos problemas em 2021 é que o Orçamento já foi enviado com as despesas no limite do teto de gastos, ou seja, sem margem para administrar. Outro agravante é o volume elevadíssimo dos chamados restos a pagar (gastos transferidos de um ano para outro). Essas despesas já foram empenhadas, e o dinheiro usado para pagá-las em 2021 acaba consumindo limite financeiro que seria destinado às despesas novas deste ano. O ESTADO DE S. PAULO

Mudança do ICMS aumenta custos e complexidade para negócios em São Paulo

O ajuste fiscal promovido pelo governo de São Paulo no ano passado, com corte de isenção de ICMS para vários produtos e mudanças em alíquotas, também tornou mais complexo o tratamento tributário no estado. Deu origem, ainda, a um duelo de decisões judiciais mantendo ou derrubando as revisões feitas pelo fisco estadual. Tributaristas e contabilistas afirmam que a mudança –e a briga judicial que ela ensejou– criou um emaranhado tributário difícil de ser interpretado especialmente por pequenas empresas, que não dispõem de programas sofisticados ou equipe para implementar todas as alterações. Além disso, afirmam que produtos e serviços podem ficar mais caros. O governo de São Paulo afirma que as mudanças foram discutidas na Assembleia e que não houve aumento de impostos, mas uma revisão linear de benefícios fiscais. Nesta quarta, representantes dos setores de saúde, do agronegócio e dos revendedores de automóveis fizeram um tratoraço na capital contra o aumento de ICMS. Eles saíram da Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo) e foram até a Assembleia Legislativa. Welington Mota, diretor tributário da Confirp Consultoria Contábil, diz ter levado quase um mês para entender todas as modificações introduzidas pelo governo João Doria (PSDB). Desde outubro do ano passado, 15 decretos revisaram ou renovaram isenções e benefícios fiscais, além de mexer em bases de cálculo e de crédito outorgado. Na avaliação da advogada Renata Bardella, líder de tributo do schneider, pugliese, as mudanças irão aumentar o custo administrativo que a empresa tem para pagar seus tributos em dia. Para Adriano Gilioli, do CRC-SP (Conselho Regional de Contabilidade de São Paulo), as alterações trouxeram “uma complexidade operacional nunca vista”, que vai acabar em aumento nos autos de infração –e, portanto, de custos– contra empresas devido à dificuldade que elas terão para se adaptar à nova legislação tributária. “Com uma legislação dessa, vamos perder pessoas jurídicas. Ninguém esperava um 2021 com uma legislação estadual tão trabalhosa. Quando dou a cada produto uma conduta tributária diferente, imagine o impacto disso para um varejista, uma mercearia, um mercado ou uma distribuidora, para quem mexe com vários produtos”, diz. Revendas de veículos usados, construção civil, indústria de produtos médicos e empresas do ramo de refeições estão entre os setores mais afetados pelas mudanças, destaca Mota, da Confirp. Nos alimentos, o impacto teria sido maior, mas o governo recuou após protestos e manteve a isenção do ICMS para frutas, verduras e legumes e a alíquota de 7% para ovos (passaria a ser de 9,4%). Outro complicador, segundo ele, refere-se à obrigação de complementação de imposto para a cadeia de substituição tributária, na qual se paga uma alíquota com base em preço fixo definido pelo Fisco. O complemento será necessário se o valor final do produto for maior do que previsto quando houve o cálculo da retenção do tributo. “É praticamente impossível as empresas terem esse nível de controle de estoque. Grande atacadistas ainda usam consultorias, com softwares avançados, para conseguir monitorar isso, mas a maioria não tem”, afirma. “O empresário precisa ter o cuidado de entrar no sistema e parametrizar item por item, de acordo com a data da operação. E aí não tem jeito, se a alíquota aumenta, ele vai repassar para o preço e perder competitividade”, diz Welington Mota. A Secretaria de Fazenda e Planejamento de São Paulo afirma que o Estado sempre se empenhou em fixar uma base de cálculo justa e transparente para a substituição tributária. Os contribuintes podem solicitar ressarcimento quando preço de venda for inferior ao apurado, diz a gestão estadual, e agora passam a precisar complementar quando ele for maior. Empresas optantes pelo Simples Nacional não terão aumento de carga tributária, uma vez que recolhem o imposto estadual embutido em uma alíquota que integra outros tributos. Mas uma mudança nas regras tributárias está fazendo essas empresas pagarem mais pela aquisição de produtos do que as não optantes pelo Simples. A situação dos açougues ilustra a diferença no tratamento. Quando vende carne para empresas como mercados, supermercados e açougues, os frigoríficos pagam uma alíquota reduzida de 7% de ICMS. Porém, se o mercado ou açougue for optante do Simples, a alíquota é cheia, entre 12% e 13,3%. “O não optante [pelo Simples] acaba tendo um custo de compra menor”, diz Silvio Vucinic, consultor do Sebrae-SP. Essa exceção está valendo também para os produtos têxteis, mas, em 1º de abril, a regra muda novamente e as vendas para empresas do Simples voltarão a ter base de cálculo menor. E o nível de complexidade vai além da situação do Simples Nacional. No setor de saúde, as vendas de medicamentos para o tratamento de câncer, gripe H1N1 e Aids, equipamentos e insumos continuam isentas somente quando realizadas para hospitais públicos e santas casas. Nas negociações com estabelecimentos privados, a alíquota passou a ser de 18%. Representantes do setor de distribuição de artigos médicos dizem que o repasse de custo pode chegar a 22% sobre o preço de venda. Entre os medicamentos, os genéricos teriam elevação de 12% para 13,3%, mas a mudança foi cancelada no decreto de 15 de janeiro. Mesmo assim, medicamentos especiais, como os para tratamentos de câncer, Aids, H1N1 e doenças renais, perderam a isenção –a alíquota passou a ser de 12%, quando genéricos, e de 18% para os de marca. A elevação da carga tributária para o setor levou a uma série de disputas judiciais. Da indústria de remédio, PróGenéricos (associação das indústrias de genéricos) e Sindusfarma (sindicato da indústria) entraram com ações. A primeira chegou a conseguir uma liminar para barrar a elevação, mas ela foi suspensa. O mandado de segurança do sindicato ainda não foi analisado. O vai e vem de liminares também eleva a percepção de insegurança jurídica, diz Renata Bardella. “A análise de conformidade [manter as obrigações tributárias em dia] fica muito mais complexa. O fornecedor precisa controlar o cadastro de clientes, ver se ele se enquadra na manutenção de isenção, se é uma santa casa ou um hospital filantrópico, e se, no dia da venda, ele tem ou não uma

Ajuste de longo prazo esbarra em falta de acordo no Congresso

Se quiser transformar em realidade o desejo de acoplar o ajuste fiscal de longo prazo à provável nova rodada de auxílio emergencial, o governo precisa correr para costurar um relatório de amplo consenso para fazer tramitar rapidamente a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) Emergencial. Relatada pelo senador Marcio Bittar (MDB-AC), a proposta ainda está longe de ter uma aceitação plena no Congresso. E, sem isso, o processo de tramitação da PEC pode se arrastar por mais um ano inteiro, dados os prazos previstos nos regimentos internos do Legislativo. Os ritos e prazos regimentais podem ser encurtados, desde que haja consenso sobre a matéria. Como não é este o caso neste momento, o governo corre sério risco de ficar só com o aumento da despesa, sem as medidas de ajuste para compensá-lo. A falta de acordo pode jogar por terra o plano do ministro da Economia, Paulo Guedes. Nesse quadro, uma alternativa mais pragmática — e que vem sendo discutida no Congresso e ganha força nos bastidores da área econômica — seria fazer a prorrogação do auxílio emergencial por meio do Orçamento de 2021, na forma de uma expansão do Bolsa Família. Mas, como a margem para acomodação desse novo gasto é estreita, a prorrogação do auxílio teria alcance bem restrito. Uma proposta é que a extensão do Bolsa Família seja feita apenas com os candidatos que já estão na fila. Seria um gasto da ordem de R$ 10 bilhões, em vez dos R$ 20 bilhões ou R$ 30 bilhões que estão sendo estimados para a prorrogação mais ampla do auxílio emergencial. Há mais de uma explicação para a dificuldade em incluir o gasto extra no Orçamento. O primeiro é que, por essa via, é necessário observar o teto de gastos, a “regra de ouro” das contas públicas e a meta de resultado primário. Para tanto, teria que eliminar outras despesas que estão na proposta. Os cortes só poderiam ser feitos nas chamadas despesas discricionárias, que estão pouco acima de R$ 100 bilhões neste ano. Mas reduções maiores do que R$ 10 bilhões já colocariam no radar o risco de paralisia de pelo menos parte da máquina pública. A área econômica sabe bem das dificuldades. Pressionado de um lado pelo Congresso para retomar o auxílio e de outro por boa parte dos seus técnicos, que entendem como desnecessário e um erro de política econômica a retomada do benefício, Paulo Guedes tenta resolver esse cabo de guerra com a PEC Emergencial. A solução seria a inclusão de uma cláusula de calamidade pública, que permitiria ao governo travar e cortar uma série de despesas, como as de pessoal. Apesar desse esforço, que está em curso há cerca de dez dias, ainda não se conseguiu evoluir para um texto consensual. E, nesse quadro, a hipótese de solução via Orçamento, que não é a preferida na área econômica, começa a ganhar terreno nos bastidores. Se adotada, essa solução causará danos em outras áreas. A tendência é que os cortes recaiam sobre os investimentos, o que traria reflexos negativos na atividade econômica e, como consequência, realimentaria a necessidade de suporte público para as famílias. Como uma fonte recorda, a política sempre trabalha no limite, embora nesse caso, avalia, a classe não está vendo o abismo (no caso o auxílio sem compensação de ajuste fiscal de longo prazo) e continuaria caminhando em sua direção. O principal drama da estratégia centrada na PEC Emergencial é o tempo. Pelos regimentos do Congresso, a tramitação de uma mudança na Carta Magna exige a instalação de uma comissão especial que tem prazo de 40 sessões para analisar a proposta. Depois disso, ela precisa ser votada em dois turnos na Câmara e dois turnos no Senado, com interstício de cinco sessões entre uma votação e outra. Sem um “fast track” — uma tramitação rápida –, são meses até que todos esses passos sejam contemplados. Mesmo com consenso, o quadro é complicado para o pagamento do benefício em março, mas é essa a meta. Na área econômica, conta-se com a ajuda de governadores e prefeitos para pressionar o Congresso e passar o protocolo de crise. É de interesse de governadores e prefeitos, pois eles ganhariam mais instrumentos para ajustarem as contas de Estados e municípios, com o bônus de que a volta do auxílio ajudaria a dinamizar a atividade econômica e, consequentemente, aumentaria arrecadação deles. O cenário que a equipe econômica mais teme é o auxílio sair sem compensações pelo lado do gasto. A decretação de uma nova calamidade pública poderia livrar o governo de cumprir suas metas e regras fiscais e acabar fazendo a medida por meio da elevação da dívida neste ano. A questão é como os investidores reagiriam a isso. VALOR ECONÔMICO

Sem mudar a cultura não há transformação digital (Betânia Tanure)

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A pandemia forçou as empresas a acelerar os seus movimentos de transformação digital. Eles ocorreram repentinamente, de forma intensa e, na maioria das vezes, desorganizada. É assim que acontecem as grandes mudanças empurradas por fatores externos, e não por deliberação do management. Ao inserir-se nesse mundo novo, muitas organizações avançaram de forma extraordinária e ganharam densidade, enquanto outras andaram de lado e uma terceira parcela murcha mais a cada dia. Devo alertar: se você pertence a um dos dois últimos grupos, tenha pressa em levar adiante a transformação, possivelmente radical, de sua empresa. Se faz parte do primeiro grupo, parabéns – mas fique atento. Não basta atingir a transformação digital, é preciso que ela se torne perene, e isso não ocorrerá sem a consistência da lógica organizacional, da cultura da empresa e da competência da estrutura de liderança. A palavra “cultura”, aliás, é ponto de atenção. Tem sido usada de forma indiscriminada, quase irresponsável. Nós trabalhamos com cultura organizacional desde o início da década de 1990, quando não era moda. Recentemente temos deparado com bobagens e imperícias cometidas por quem tenta surfar essa onda sem o devido preparo para isso. É fato: se falamos em cultura falamos em lideranças, em pessoas, em modelos de negócio e em vantagens e desvantagens competitivas. Portanto, a transformação digital não será perene se a mudança em curso focar apenas a https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpg, o lado hard. Muitas empresas iludem-se ao acreditar nessa perenidade sem as devidas condições de contorno. Um olhar atento a essa transformação permite ver que, além de indiscutivelmente necessária, ela é ampla e abrangente. Alguns símbolos revelam, por exemplo, que foram derrubadas paredes concretas e subjetivas. Para quê? Para dar velocidade, estimular a autonomia, quebrar a autoritária hierarquia e favorecer a colaboração em prol da criação de soluções inovadoras, da mudança de padrão de desempenho e resultado. Só não se iluda com as “embalagens” das “modernas” ferramentas. Uma das âncoras desse mundo novo são as relações de confiança. É mais difícil construir confiança digitalmente, ela se torna mais efêmera. Falta o “olho no olho”, a leitura da linguagem do corpo (na tela pode-se ler alguns sinais, mas parcialmente), falta viver o subjetivo das relações, encarar de frente os conflitos sem usar a desculpa da queda, nem sempre real, de conexão com a internet, sem fechar a câmera. Vale citar ainda as comunidades e os squads: usá-los mas continuar com práticas de controle e comando como antes é lançar mão do jogo do faz de conta. Autonomia, conhecimento, capacidade de lidar com incertezas e erros são também competências que ancoram as ágeis metodologias impostas pelo mundo digital. E é nesse ambiente que o cliente está na alma e na ação, que “customer centricity” deixa de ser apenas discurso, que a âncora da inovação, da liberdade de experimentar, é fundamental. Não há espaço para o jogo individual, o valor está na criação pelo coletivo. Essa mudança de mindset é profunda para empresas brasileiras e foi, é ou será também para você que está inserido(a) na cultura nacional, na qual o poder pela hierarquia fez parte da sua vida por tantos anos (ou ainda faz). A compreensão do mundo digital e do seu potencial disruptivo é fundamental para a construção da estratégia de inovação. Essa construção é influenciada pela cultura da empresa, elemento invisível que habilita ou não a empresa a executar suas estratégias e a fazer a integração das engrenagens hard e soft para gerar, nos diferentes níveis e dimensões, resultados admiráveis. Betania Tanure é doutora, professora e consultora da BTA VALOR ECONÔMICO

Recuperação desigual (Celso Ming)

É verdade que a recuperação da economia seguirá o ritmo da vacinação, mas isso não é tudo. Infelizmente, a recuperação será fortemente desigual e marcada pela vacinação desproporcional e pelas desigualdades espalhadas e agravadas pela pandemia do novo coronavírus. Isso vale para o mundo e também para o Brasil. Primeiramente, o copo meio cheio. No geral, a situação econômica hoje, no mundo e no Brasil, é bem melhor do que há seis meses. Ninguém esperava no início da pandemia, em março de 2020, que tantos laboratórios conseguissem desenvolver vacinas eficazes em tão pouco tempo. Dentro de mais alguns meses, mais de uma dezena de produtos deverão estar em oferta. Uma vez iniciado o processo de imunização, é de esperar que, dentro de mais algumas semanas, seu ritmo no mundo seja mais veloz. Na área da política econômica, por toda a parte, Tesouros e bancos centrais despejaram volumes nunca vistos de recursos destinados a impedir a paralisação da máquina produtiva. As projeções dos organismos internacionais são de bom crescimento em 2021. Mas há o copo meio vazio. A pandemia ganhou força, o vírus desenvolveu novas cepas de natureza ainda desconhecida. Os países ricos tiveram maior acesso às vacinas e os países mais pobres ficaram para trás. Também por toda a parte, o setor público está mais endividado. O desemprego cresceu. A população pobre não só ficou mais pobre, mas está aumentando de tamanho. Pelos cálculos do Banco Mundial, até o fim deste ano, mais 150 milhões de pessoas serão empurradas para a extrema pobreza, apenas em consequência da pandemia. Os países não desenvolvidos não conseguiram obter volumes equivalentes de recursos em suas economias. Sairão da crise mais endividados, mais enfraquecidos e, provavelmente, com mais instabilidade política. A princípio, é de interesse dos países industrializados contribuir para o controle da covid-19 nos países mais pobres para evitar novos epicentros, que podem desenvolver novas cepas e contaminar também a população dos países mais ricos. Também é do interesse deles ajudar a reforçar as economias dos países mais pobres, se não por outra razão, pelo menos para garantir mercado para seus produtos. O que tem de ser perguntado é se a atuação dos grandes bancos centrais logo depois da pandemia não provocará novos danos às economias mais pobres. O aumento da demanda global que se seguirá à recuperação liderada pela China tende a provocar inflação. A alta das commodities (petróleo, metais, minérios e alimentos) tem sido forte e vem aumentando os custos de produção e distribuição. A retomada aumentará a demanda e, com ela, o risco de inflação tende a aumentar. Mais cedo ou mais tarde, os grandes bancos centrais terão de puxar pelos juros que hoje rondam os níveis negativos. Falta saber se, quando vier, esse inevitável estreitamento da liquidez não vai produzir mais fuga de capitais dos países pobres para os países ricos, com redução dos investimentos, como sempre acontece em situações assim. E, outra vez, desequilíbrios na área econômica não ficam apenas aí. Descambam também para a área social e, sobretudo, política. Quando foi criado, há 12 anos, o bitcoin valia frações de centavo de dólar. Nesta quarta-feira, cada bitcoin ultrapassou os US$ 52 mil. Depois que a montadora norte-americana Tesla informou que tem US$ 1,5 bilhão de suas reservas em bitcoins e que aceita receber pagamentos nessa criptomoeda, ficou difícil argumentar que se trata de bolha inflada por operações de lavagem de dinheiro. O que se pode dizer é que o mercado tanto pode produzir uma disparada das cotações do bitcoin como pode transformá-lo em pó. O ESTADO DE S. PAULO

Previsão de investimentos na indústria paulista bate recorde negativo, diz pesquisa

Os anúncios de investimentos para a indústria paulista bateram novo recorde negativo no segundo semestre de 2020, de acordo com pesquisa da Fundação Seade. O total registrado, R$ 1,2 bilhão, foi o menor para o período de um semestre em toda a série histórica, iniciada em 2012. A fundação atribui o resultado à queda no consumo interno e nas exportações. No total, os investimentos divulgados para o estado de São Paulo na segunda metade do ano passado somaram R$ 25,1 bilhões. Foi a menor quantia desde a primeira metade de 2018, quando ficou em R$ 22 bilhões. Os recursos noticiados para setor de serviços, porém, alcançaram R$ 5,4 bilhões, patamar mais alto desde o primeiro semestre de 2019, conforme a pesquisa. Os maiores investimentos foram para frotas de locadoras de veículos e negócios imobiliários, como os lançamentos de galpões logísticos e shoppings. A infraestrutura liderou a pesquisa, com R$ 16,7 bilhões anunciados no semestre passado. Segundo a fundação, cerca de 90% do valor se refere à retomada das obras da linha 6-laranja do metrô de São Paulo, assumidas pela construtora espanhola Acciona. FOLHA DE S. PAULO

Início de ano ruim para os serviços

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Ao contrário do varejo, cujos resultados foram divulgados ontem (10/2, quarta-feira), e proporcionaram uma fortíssima surpresa negativa para o mercado, a Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), anunciada hoje (11/2), veio perto das estimativas dos analistas. Ambos as pesquisas referem-se ao mês de dezembro, e, portanto, trazem os números fechados de 2020. Em relação a novembro (todas as comparações nessa base são dessazonalizadas), o volume de serviços recuou 0,2%. O resultado foi um pouco melhor que a mediana do Projeções Broadcast, de -0,3%. Ante dezembro de 2019, houve recuo de 3,3%, precisamente a mediana do Projeções Broadcast. No ano, os serviços recuaram 7,9%, um tombo mais do que esperado como consequência do peculiar perfil da recessão da pandemia – aliás, não só no Brasil, mas mundo afora. As quarentenas e isolamento social voluntário impediram o consumo de serviços tanto pelo lado da demanda quanto da oferta, já que, durante períodos variados, mas longos, muitos estabelecimentos, como restaurantes, bares, salões de beleza, shopping centers etc., ficaram fechados. Segundo dados de Aloisio Campelo, superintendente de Estatísticas Públicas do Ibre-FGV, na mediana das nove recessões brasileiras anteriores à do ano passado, o recuo dos serviços foi de apenas 1,8%. Já na recessão da pandemia em 2020, houve uma queda (máxima) de 11%. O grande problema, entretanto, é que a segunda onda, combinada com o ritmo lento de vacinação – não só no Brasil, mas na maioria dos países, com algumas exceções – está recriando o mesmo problema nos serviços em 2021, e dezembro pode ter sido um aperitivo. É claro que a escala é bem menor. Não há até agora nada que se assemelhe às restrições oficiais e efetivas à mobilidade implantadas de março até maio do ano passado. Ainda assim, o efeito não é trivial. Luana Miranda, especialista em atividade do Ibre-FGV, nota que a segunda onda já teve impacto nos serviços em dezembro, como se nota nos resultados particularmente ruins das categorias mais sensíveis ao distanciamento social, como os transportes e os serviços prestados às famílias. Nessa segunda categoria estão os serviços de alojamento e alimentação, que incluem restaurantes, bares, hotéis e pousadas. Os serviços prestados às famílias recuaram 3,6% em dezembro, na comparação com novembro, depois de terem crescido 8,5% em novembro, ante outubro. Já os transportes recuaram 0,7% em dezembro, depois de terem avançado 1,6% em novembro, no mesmo tipo de comparação. Em 2020, os serviços prestados às famílias recuaram 35,6%, e os transportes caíram 7,7%. Segundo um experiente gestor de recursos do Rio, os serviços como um todo podem piorar em janeiro. O mesmo pode ocorrer com o varejo. O gestor cita os fatores principais que estão freando a atividade econômica nos últimos meses: fim do auxílio emergencial, alta da inflação (especialmente de alimentos) e a segunda onda da Covid-19. Uma questão técnica adicional está ligada a problemas de medição da sazonalidade na série do varejo, que podem ter exacerbado o resultado negativo de dezembro ante novembro. De qualquer forma, em termos de auxílio emergencial, o pior deve ter vindo a partir de janeiro, já que, em dezembro, ainda foram feitos desembolsos substanciais (desde setembro, o benefício foi reduzido à metade). Porém, particularmente em relação aos serviços, é a segunda onda que está pesando muito neste início do ano, na sua avaliação. E esse efeito começou no final do ano passado. Os indicadores de mobilidade do Google indicam que houve redução da movimentação de pessoas em dezembro, que se aprofundou em janeiro. Cidades importantes do centro econômico do País, como São Paulo e Belo Horizonte, tiveram medidas oficiais de restrição de mobilidade bastante significativas no mês passado. Em diversas outras cidades também houve restrições, mesmo que menos severas. Como nota o gestor, “as pessoas iniciaram o ano com as imagens da falta de oxigênio em Manaus e hospitais lotados em várias cidades importantes”. Isso estimulou, naturalmente, o isolamento social voluntário. Ele acrescenta que a correlação entre restrições à mobilidade e redução do consumo de serviços se provaram muito fortes durante a pandemia. Assim, uma “pernada mais forte” de piora dos serviços em janeiro é esperada. Em fevereiro, pode estar havendo alguma acomodação. Nos indicadores de mobilidade do Google, ele aponta, há sinais nessa direção. Já houve flexibilização das restrições nas principais cidades, como São Paulo e Belo Horizonte. A recuperação pode se iniciar em março, mas o ritmo da retomada vai depender do avanço da vacinação e da evolução da própria pandemia, com os riscos associados a novas e perigosas variantes do coronavírus, como a B117. O ESTADO DE S. PAULO

E-commerce puxa investimentos em galpões

Desenvolvedoras de galpões de alto padrão estão ampliando os investimentos em novos projetos para atender à demanda, principalmente, por parte de empresas de comércio eletrônico. É esperada a entrada de 1,9 milhão de m2 de novos galpões no mercado brasileiro, neste ano, segundo a consultoria JLL, mas ainda assim, a taxa de vacância deve cair de 14,3% para 12,4%. Com os novos projetos, o estoque de galpões deve alcançar 22,9 milhões de m2. Após um ano sem aportes significativos, a Golgi Condomínios Logísticos prevê investir R$ 800 milhões. A Goodman Brazil Logistic Partnership (GBLP) estima desembolsos de R$ 540 milhões durante o ano, ou seja, 2,7 vezes o valor aportado em 2019. A Log Commercial Properties, que fez investimento de pouco menos de R$ 300 milhões, projeta alocar R$ 500 milhões no negócio. Em uma estimativa conservadora, os investimentos em novos galpões tendem a superar R$ 2 bilhões, em 2021, considerando-se que somente as três empresas vão aportar a soma de R$ 1,85 bilhão. Outras desenvolvedoras de galpões também estão expandindo seus parques. A GLP – principal empresa do setor com atuação no Brasil -, por exemplo, tem obras em curso, mas não concedeu entrevista por estar em período de silêncio. Se a Construtora São José e a Fram Capital derem início, ainda neste ano, aos investimentos no terreno que pertenceu à Ford, em São Bernardo do Campo, o montante poderá ganhar mais peso. No ano passado, o total de contratações de aluguel de galpões – chamado de absorção bruta, no jargão do setor – somou 2,5 milhões de m2, informa a JLL. A absorção líquida – contratações menos devoluções de áreas – foi de 1,5 milhão de m2. “Os dois indicadores foram recordes. O movimento mais forte ocorreu nos terceiro e quarto trimestres”, diz o diretor de industrial e de logística da consultoria, Ricardo Hirata. Do 1,9 milhão de m2 de novo estoque previsto para 2020, 1,2 milhão de m2 se localiza no Estado de São Paulo, segundo a JLL. Quanto mais perto da capital paulista, mais elevada a média de preços de locação pedidos por m2. No quarto trimestre, o valor médio foi de R$ 21,68 no raio de até 35 quilômetros da cidade de São Paulo, R$ 18 até 70 quilômetros e R$ 15,94 até 120 quilômetros. Segundo pesquisa da Cushman & Wakefield referente a janeiro, o preço pedido por m2 fechou em R$ 18,41, com leve alta de 0,2% ante dezembro no Estado de São Paulo. Os maiores valores foram registrados na capital, em Cajamar e Barueri. A absorção líquida do Estado de São Paulo ficou em 21,5 mil m2, com 60% do total concentrado na região de Jundiaí. A vacância total caiu 0,23 ponto percentual, para 11,39%, conforme a Cushman. Assim como a maioria das principais desenvolvedoras de galpões, a GLP e a GBLP têm concentrado suas apostas nas proximidades da capital paulista. A intenção é atender à demanda de empresas de “e-commerce”, de operadores logísticos e do varejo tradicional por galpões com fácil acesso ao principal centro consumidor do país. Em 2020, a GBLP comprou áreas em Cajamar e Guarulhos, além de um terreno entre Vinhedo e Itupeva. No total, há 360 mil m 2 em desenvolvimento. A empresa tem também um projeto de galpões no bairro paulistano de Itaquera, na frente do estádio de futebol conhecido como “Itaquerão”, do Corinthians. “Hoje, temos demanda para 100% do empreendimento, por parte de empresas de comércio eletrônico e ‘delivery’”, afirma o presidente, Cesar Nasser. O projeto será entregue no fim do ano. Além da compra de terrenos e da busca de licenças para os projetos, a GBLP concentrou seus esforços, em 2020, na venda de ativos maduros para fundos imobiliários (FII). Neste ano, os aportes vão se concentrar em obras e no pagamento de terrenos já comprados. Segundo Nasser, a decisão da GBLP de concentrar investimentos nas proximidades de São Paulo se deve também a uma postura defensiva. Na avaliação do executivo, a tendência de parte do varejo tradicional migrar para o “ecommerce” é irreversível, mas a velocidade de locação de galpões do ano passado não tende a se repetir, considerando-se que o mercado não conta mais com o estímulo do auxílio-emergencial. A Log tem sentido forte demanda por galpões e já divulgou que estima ter recorde de locação no primeiro trimestre. Na contramão da maior parte das concorrentes, a empresa aposta na diversificação geográfica, como resposta à busca de clientes por áreas em outros mercados. A Log está acelerando suas obras e estima que a atividade construtiva chegará, em 2021, ao patamar recorde de 400 mil m2 de área bruta locável (ABL). Neste ano, a Golgi, que tem presença em São Paulo, no Rio de Janeiro, em Minas Gerais e no Distrito Federal, começa a atuar em Simões Filho (BA), marcando sua entrada no Nordeste. A empresa comprou um galpão que pertencia à Avon, com terreno que permite expansão do empreendimento. Golgi e Avon fecharam contrato no modelo de “sale and lease back”, no qual a ex-proprietária mantém suas operações no local e paga aluguel para a nova dona. Considerando-se os prazos necessários para obter licenças, a Golgi estima dar início às obras do complexo logístico e industrial até o começo de 2022, com entrega de nove a 12 meses a partir daí. Segundo o presidente, Roberto Miranda de Lima, os recursos para os investimentos previstos estão disponíveis. Atualmente, a Golgi tem 700 mil m2 de galpões locados. Há 750 mil m2 potenciais a serem desenvolvidos, incluindo os 130 mil m2 do projeto da Bahia. “Pretendemos expandir nossos investimentos nos próximos anos. As empresas estão buscando galpões com mais eficiência operacional”, afirma Lima. A Golgi tem avaliado terrenos nas proximidades da capital paulista e em alguns mercados das regiões Sul, CentroOeste e Nordeste. O presidente da GBLP, por sua vez, considera que, depois de forte alta dos preços de terrenos em 2020, a aquisição está “fora do razoável” neste ano. “Há uma quase euforia com o segmento de galpões”, afirma Nasser, acrescentando que está

Trabalhadores da Ford vão retomar produção parcial em Taubaté

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Depois de mais de um mês fora da fábrica, após a Ford anunciar que deixará de produzir carros no Brasil e fechará suas três plantas locais, um grupo de funcionários da unidade de Taubaté (SP) vai retornar à linha de montagem na segunda-feira para produzir peças de motores para o mercado de reposição. A decisão foi acertada após reunião de conciliação nesta tarde de quarta-feira, 17, entre representantes da montadora e do Sindicato dos Metalúrgicos de Taubaté no Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da região. O número de funcionários a ser convocado e o período de produção serão definidos amanhã, quando também ocorrerá assembleia com trabalhadores para explicar a decisão. Na Bahia será avaliada amanhã medida semelhante em reunião entre dirigentes da Ford e do Sindicato dos Metalúrgicos de Camaçari no Tribunal da Justiça do Trabalho, prevista para às 10h. Hoje, grande cerca de 500 parte dos 830 funcionários da unidade de Taubaté entraram na fábrica às 13h e se colocaram à disposição da empresa, mas não houve produção. A medida foi aprovada em assembleia ocorrida pela manhã como resposta à convocação feita pela montadora na semana passada para cerca de 40 trabalhadores e também como forma de caracterizar que os funcionários não estão em greve. Reunião com executivos globais da FordNo acordo fechado hoje, o presidente do sindicato, Claudio Batista, afirma que ficou acertada uma reunião online entre a entidade e dirigentes globais da montadora até o dia 25. “É um fator inédito pois nunca conseguimos negociar com executivos da Ford objetivando a reversão do fechamento das fábricas”, diz o sindicalista. Segundo ele, também ficou acertado que a empresa vai manter os salários de todos os trabalhadores e não fará demissões durante todo o processo de negociação entre as duas partes. Na Bahia, a Ford também tentou convencer cerca de 400 operários – de um total de 4 mil – a retomarem a produção de peças para reposição, mas sem sucesso. As convocações foram feitas por telegramas ou telefonemas de chefias e ressaltavam que, se não ocorresse o retorno seriam “tomadas medidas”, atitude que o presidente do sindicato, Júlio Bonfim, caracteriza como “assédio moral”. Sem produção localEm nota, a Ford confirma que boa parte dos empregados da unidade de Taubaté se apresentou para trabalhar nesta quarta-feira e que está se organizando para o retorno das atividades no dia 22, conforme compromisso firmado com o Sindicato dos Metalúrgicos de Taubaté, “que estabelece também a continuidade das negociações diretamente entre a empresa e o sindicato”. A Ford anunciou em 11 de janeiro o encerramento da produção de veículos no País e no mesmo dia as atividades das duas fábricas foram paralisadas. Na Bahia eram produzidos os modelos Ka e EcoSport e em Taubaté motores e transmissões. Desde então, a empresa tenta negociar, sem sucesso até o momento, a indenização que pagará aos funcionários. Outra fábrica do grupo em Horizonte (CE), onde são feitos os jipes Troller T4, terá a produção mantida até o fim do ano e depois também será fechada. Segundo o governo do Ceará, que tenta atrair interessados em manter a produção do veículo desenvolvido no Estado, há três interessados negociando com a Ford. A unidade emprega cerca de 500 pessoas. Assim como em relação aos trabalhadores, a Ford enfrenta dificuldades em negociar o fechamento de parte de suas 283 concessionárias no Brasil. A montadora afirma ter reservado US$ 4,1 bilhões para indenizações de trabalhadores, revendedores, fornecedores e encerramento de atividades no País, onde se manterá como importadora de automóveis da marca. A Ford não comenta o tema. O ESTADO DE S. PAULO

IBGE anuncia concurso para 204 mil vagas temporárias no Censo Demográfico 2021

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) anunciou nesta quinta-feira, 18, o processo seletivo para preencher 204.307 vagas temporárias de recenseadores e agentes censitários para trabalhar na organização e na coleta do Censo Demográfico 2021. O órgão garantiu que o trabalho de campo começará em agosto. Por causa da pandemia de covid-19, o IBGE adiou a realização do censo demográfico, que deveria ter sido conduzido em 2020. O processo seletivo aberto à época para as vagas temporárias foi cancelado e a taxa de inscrição vem sendo devolvida pelo órgão. A pandemia também fez o IBGE cancelar a coleta presencial de informações para as pesquisas e levantamentos conduzidos pelo órgão, como a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua). No novo edital do Censo Demográfico, o órgão prevê 181.898 vagas para recenseador, 16.959 para agente censitário supervisor e 5.450 para agente censitário municipal, com oportunidades em 5.297 municípios do País. As provas objetivas serão aplicadas presencialmente no dia 18 de abril para as vagas de agentes censitários e no dia 25 de abril para os recenseadores. Segundo o IBGE, a etapa presencial de seleção seguirá os protocolos sanitários de prevenção de covid-19. “No dia da prova, os candidatos deverão estar munidos de caneta esferográfica cor preta de material transparente, comprovante de inscrição e documento original com foto. Protocolos sanitários de prevenção da Covid-19 serão divulgados detalhadamente em edital específico sobre os locais de prova, exigindo o uso obrigatório de máscaras, o distanciamento seguro entre candidatos e aplicadores de prova, disponibilização de álcool em gel em todos os locais de prova, medidas para evitar aglomerações e respeito às legislações locais. O candidato que descumprir as medidas de proteção será eliminado do processo seletivo e terá sua prova anulada”, informa o IBGE, em nota. O candidato deve ter nível fundamental completo para concorrer a recenseador, enquanto as vagas de agentes censitários exigem ensino médio concluído. A remuneração é de R$ 2.100 para agente censitário municipal e de R$ 1.700 para agente censitário supervisor, para jornadas de 40 horas semanais, sendo oito horas diárias. Os recenseadores receberão por produtividade, dependendo do número de unidades visitadas, da quantidade de questionários respondidos e das dificuldades impostas por cada setor censitário. “A gente recomenda 25 horas semanais de trabalho, no mínimo, incluindo feriados e finais de semana, porque nesses dias são os mais fáceis, mais simples de encontrar algum morador no domicilio e que ele possa responder com mais tranquilidade ao questionário”, disse o coordenador de Recursos Humanos do IBGE, Bruno Malheiros. Os contratos terão duração de três meses para a função de recenseador e de cinco meses para agentes censitários, podendo ser renovados de acordo com as necessidades do IBGE e a disponibilidade orçamentária. As inscrições para os cargos de agentes censitários vão de 19 de fevereiro a 15 de março, enquanto as vagas para recenseador terão inscrições de 23 de fevereiro a 19 de março, no site do Cebraspe, responsável pelo processo seletivo. O resultado final com o nome dos aprovados será divulgado em 27 de maio. “Além da prova, os recenseadores receberão treinamento presencial e à distância, de caráter eliminatório e classificatório, com duração de cinco dias e carga horária de oito horas diárias. Para a parte presencial, também serão adotados protocolos sanitários contra a Covid-19”, informou o órgão. Os recenseadores visitarão os cerca de 71 milhões de lares brasileiros entre agosto e outubro deste ano nos 5.570 municípios do País. A pesquisa levanta informações sobre as características dos domicílios, identificação étnico-racial, nupcialidade, núcleo familiar, fecundidade, religião ou culto, deficiência, migração interna ou internacional, educação, deslocamento para estudo, trabalho e rendimento, deslocamento para trabalho, mortalidade e autismo. O ESTADO DE S. PAULO