‘Bolsonaro flerta com o mesmo perigo dos EUA’, diz Delfim Netto
Diante das já históricas cenas de radicais fiéis a Donald Trump – muitos deles armados – invadindo o Congresso americano, anteontem, o ex-ministro Delfim Netto* faz uma ponte com o Brasil e chega a uma constatação: “Tristemente, o nosso (presidente Jair) Bolsonaro flerta com esse mesmo perigo”. Para o economista, o autoritarismo “é o comportamento natural” do presidente americano. Mas no Brasil ele vê o STF e as Forças Armadas como defensores da Constituição. E, analisando o atual momento brasileiro, percebe “uma simbiose” entre o autoritarismo do presidente e o liberalismo de seu ministro da Economia, Paulo Guedes – e descarta os comentários de que Guedes poderia, aí pela frente, vir a deixar o governo. Outro de seus alvos, nesta entrevista para o “Projeto Cenários”, é a Constituição brasileira. Delfim costuma dizer que Bolsonaro “só administra 6% do Orçamento. Simplesmente, porque os outros 94% já foram destinados obrigatoriamente, pelos constituintes de 1987/88 – inclusive ele, então deputado eleito por São Paulo”. “Esse é o grande drama do País, que precisa mudar”, adverte. Destacando a atual confusão entre os Poderes, ele sugere ao eleitor brasileiro: “Vote em quem prometer que vai mudar a Constituição”. A seguir, os principais trechos da conversa. Para começar, gostaria de saber como vê o surpreendente ataque à democracia americana, anteontem em Washington. Quais conclusões o sr. tira do episódio?O que aconteceu anteontem põe em risco mais de 200 anos do melhor regime político que o homem encontrou para acomodar a sua liberdade com a dos outros. O (presidente Donald) Trump, a exemplo de um grande número de políticos, nunca teve qualquer respeito pelas instituições democráticas. O autoritarismo é o seu comportamento natural. Tristemente, o nosso (presidente) Bolsonaro flerta com o mesmo perigo. No Brasil, o cenário de 2021 já se mostra desafiador, com problemas como a vacina, o desemprego, um vermelho gigantesco nas contas. Acha que um dia essa pandemia vai passar?O que eu acho é que nós estamos perdendo o sentido histórico. Esta não é a primeira pandemia nem será a última pandemia. Essas zoonoses são conhecidas, você vai ao Google e descobre umas 170 coisas como essa, umas mais graves, outras menos. Mas vai passar, o quadro vai mudar com a vacina. Então, o sr. acredita que um dia voltaremos ao velho normal?O mundo nunca mais vai voltar a ser o mesmo porque ele está mudando todo dia. Mas, no geral, me parece que o Estado brasileiro se comportou bem nessa questão da covid-19. Quando veio uma queda brutal da demanda e da oferta, nos assustamos, imaginamos que o PIB ia cair uns 9% ou 10%. Entretanto, vamos terminar o ano de 2020 com uma queda em torno de 4,5%. Se comparar o Brasil com o resto do mundo, isso é um grande sucesso. O problema é saber como vamos sair disso. Os EUA derramaram um volume gigante de dinheiro na economia, mas ela não reagiu como se esperava. Aqui no Brasil foi parecido, em menor proporção?Não foi só em menor proporção, não. Nós descobrimos 40 milhões de pessoas que não existiam. Veja, eu sempre fui muito cedo para o escritório, 5 e meia ou 6 da manhã, e subindo a Avenida Rebouças eu via uma senhora, com uma barraquinha no poste. O trabalhador parava ali para se alimentar. Essa pessoa não existia para o Estado. Não tinha registro, não tinha conta bancária, se sustentava do próprio serviço. Quando veio a pandemia e ela recebeu R$ 600, o que fez? Foi comprar coisas e, em suma, movimentar o comércio. E a estabilidade da economia? Acha que um dia Paulo Guedes pode pegar o boné e ir embora? Ou, então, Bolsonaro vai mandá-lo para casa?Não me parece que essa seja a forma de agir do Paulo. Ele é briguento, tem ideias fixas. Mas há uma simbiose, o autoritarismo do Bolsonaro está misturado com o liberalismo do Paulo. Eles exprimem a mesma coisa de modos diferentes. O Bolsonaro não quer acabar com a democracia, ele é cheio de preconceitos identitários e submetido a uma identidade religiosa. Mas acho que as pessoas subestimam a esperteza e inteligência do presidente. Ele dança conforme a música que ele constrói: sobe, desce, diz sim, diz não. E o resultado é uma sociedade perplexa, que não sabe o que ele quer. Com os juros no mundo tão baixos como estão, e capital sobrando para tudo que é lado, o que vai acontecer?Acho que vivemos uma história antiga, e a covid-19 só está acrescentando uma dificuldade a mais. O maior problema que temos não é o vírus, é a atividade do homem sacrificando a natureza da qual ele é parte. Sim, o homem é parte da natureza, mas teve um ataque de grandeza e achou que tinha se separado dela. Foi abusando e, como resultado das nossas ações nos últimos 150 anos, produzimos o aquecimento global. Agora, a natureza está se defendendo disso. A economia mundial teve uma fase industrial, e agora ainda surfamos a era financeira. O que é que virá a seguir?Tivemos um desenvolvimento cujo resultado foi um aumento dramático na concentração de riqueza – e, portanto, na desigualdade. A covid-19 veio mostrar isso com toda clareza. A vida se transformou numa coisa muito dura. Vamos pensar um pouco: numa sociedade civilizada, o importante é a igualdade de oportunidades. Não há meritocracia se não houver igualdade de oportunidades. Diria que, sem essa igualdade, o liberalismo é uma fraude. Mas como igualar seres humanos que não são iguais?Você não pode igualar seres humanos. Em um grupo sempre aparece uma liderança, um macho alfa que assume o controle. Mas a lei pode pôr as coisas em ordem, nos igualar – isso se chama civilização. O Estado de Direito é exatamente isso. Nele, todos nós estamos submetidos a um acordo que fizemos e que se chama Constituição. Mas por que tanta gente culpa a Constituição por tudo o que há de errado?Eu posso dizer, porque fui constituinte. O fato é que, em 1987, foram eleitas pessoas que tinham sido muito amoladas pelo
Sob críticas, redes sociais bloqueiam Donald Trump
O Facebook suspende a conta do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pelo restante de seu mandato, enquanto as redes sociais são acusadas de ajudar a fomentar a violência dos manifestantes pró-Trump que explodiu no Capitólio na quarta-feira. Mark Zuckerberg, CEO do Facebook, disse em uma postagem de blog ontem que o presidente dos EUA será impedido de postar em suas contas do Facebook e do Instagram “indefinidamente, e por pelo menos as próximas duas semanas, até que a transição pacífica de poder seja concluída”. A declaração é a censura mais drástica já feita pelo Facebook a um dirigente mundial. Zuckerberg disse que Trump se valia da rede “para incitar uma insurreição violenta contra um governo eleito democraticamente”. Acrescentou: “Acreditamos que os riscos de permitir que o presidente continue a usar nossos serviços durante este período são simplesmente grandes demais.” A iniciativa estende uma proibição mais curta, de 24 horas, anunciada pelo Facebook na quarta-feira, depois dos distúrbios. É uma reviravolta extraordinária de Zuckerberg, que argumenta há tempos que não cabe às empresas privadas agirem como “árbitros da fala” e tem permitido com frequência a manutenção de postagens que violam as regras feitas por políticos, por considerar que isso é “de interesse público”. Em um vídeo postado na tarde de quarta-feira, Trump disse aos manifestantes em Washington que “fossem para casa” -, mas ofereceu-lhes sua solidariedade, declarou seu “amor” por eles e reiterou as alegações de que a eleição foi “roubada” e “fraudulenta”. O Facebook e o Twitter enfrentaram uma torrente de críticas nas últimas 24 horas por não terem conseguido conter a disseminação online das teorias conspiratórias pró-Trump, do discurso de ódio e do extremismo doméstico. A proibição de uso de suas contas significa que Trump não contará com um canal de divulgação de suas ideias essencial no período que antecede a posse do presidente eleito, o democrata Joe Biden, marcada para 20 de janeiro. A conta de Trump no Twitter, que fora suspensa por 12 horas, foi reaberta ontem de manhã, embora o presidente não tenha voltado a postar mensagens em seguida. A empresa foi a primeira a bloquear uma conta de rede social do presidente na quarta-feira, por “violações repetidas e graves” de suas políticas de integridade cívica, que proíbem postagens enganosas destinadas a interferir no processo eleitoral. O Twitter acrescentou que futuras violações de suas regras pela conta resultariam em sua “suspensão permanente”. Também informou que “continua a avaliar a situação em tempo real, o que inclui a análise da atividade in loco e declarações feitas no Twitter ”. O YouTube tirou de sua plataforma o vídeo de Trump, e citou suas novas políticas que proíbem alegações de fraude eleitoral generalizada. O Facebook informou que adotou outras medidas de emergência em resposta aos acontecimentos de quarta-feira, como desativar automaticamente os comentários sobre postagens em grupos que “começarem a ter um alto índice de discurso de ódio com conteúdo que incita à violência”, e remover de sua plataforma fotos e vídeos postados pelo manifestantes, por “representarem promoção de atividade criminosa”. Apoiadores de Trump recorreram ao Twitter para reclamar que o Trump estava sendo “censurado”. Um blogueiro de extrema direita, Matt Couch, disse: “A Big Tech deve ser detida!”, em uma referência às grandes empresas de https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpg. Muitos especialistas e ativistas argumentaram que com essas ações o Facebook não se redime do aparente fracasso em agir mais cedo, enquanto outros cobraram um veto total das mídias sociais a Trump. O senador democrata Mark Warner, que será o próximo presidente da Comissão de Inteligência do Senado, disse que “essas ações isoladas chegaram tarde demais e não estão nem perto de serem suficientes”. Acrescentou: “Essas plataformas têm servido como infraestrutura central de organização para grupos violentos de extrema direita e movimentos de milícia já há vários anos – ajudando-os a recrutar, organizar, coordenar e, em muitos casos (especialmente com relação ao YouTube) gerar lucros com seu conteúdo violento e extremista.” O Real Facebook Oversight Board, um grupo de críticos do Facebook das áreas acadêmica, empresarial e política, disse que o ataque da turba ao Capitólio “mostrou que o Facebook não tem condições de se policiar”. A Shopify informou que desativou duas lojas de sua plataforma de comércio eletrônico que são afiliadas a Trump – o que interrompe a venda de produtos no site oficial do presidente. VALOR ECONÔMICO
Após ratificar Biden, ala do Parlamento tenta destituir ou tornar Trump inelegível
Após o Congresso dos EUA ratificar ontem a vitória do democrata Joe Biden em sessão retomada após a invasão do Capitólio por extremistas pró-Donald Trump, parlamentares democratas e até alguns republicanos começaram a se mobilizar para destituir Trump, seja por impeachment ou por incapacidade. Os líderes democratas Nancy Pelosi, presidente da Câmara, e o senador Chuck Schumer pediram ao vice-presidente Mike Pence que invoque a 25.ª Emenda da Constituição, que permite a ele e ao gabinete republicano tirar Trump do cargo. O deputado republicano Adam Kinzinger também defendeu a medida. Se Pence recusar a proposta, eles disseram estarem prontos para abrir um segundo processo de impeachment contra Trump. O primeiro foi em 2019 e acabou rejeitado pelo Senado. “Mesmo que restem apenas 13 dias, qualquer dia pode se transformar em um show de horrores para a América”, disse Pelosi. A retirada do presidente do cargo levantou questionamentos sobre a possibilidade de ele concorrer de novo ao cargo – Trump dá sinais de que pretende se manter como um ator político e no controle do Partido Republicano até 2024. Em um artigo publicado pelo New York Times, os professores de Direito David Landau e Rosalind Dixon defenderam que as duas medidas sejam aplicadas. Para eles, Pence deveria invocar a Seção 4 da 25.ª Emenda para declarar que Trump é “incapaz de cumprir os poderes e deveres de seu cargo”. Isso o suspenderia, mas não o removeria do cargo. Em seguida, defendem, a Câmara deveria elaborar e aprovar rapidamente os chamados “artigos de impeachment” e o Senado conduzir um imediato julgamento para tirá-lo da presidência e desqualificá-lo para qualquer cargo público no futuro. Os professores defendem que o Senado teria de fazer duas votações separadas: uma para a remoção do cargo e outra para a desqualificação. Para serem aprovadas, a primeira precisa de dois terços dos votos e a segunda, apenas maioria simples. “A desqualificação (de Trump) é necessária dada a resposta antidemocrática às eleições de 2020 e o perigo contínuo de que ele representará para as normas constitucionais se for permitido ele flertar com o retorno ao poder em 2024”, sustentam os professores. “O Congresso deve prosseguir com o impeachment mesmo que o mandato de Trump já tenha sido concluído.” Neste caso, o magnata poderia ficar inelegível mesmo depois de deixar o cargo. A tentativa de tirar Trump de uma possível disputa em 2024 explicaria o movimento democrata a poucos dias da posse de Biden. Para especialistas, Trump lidera um movimento que não acabará após sua saída da Casa Branca. “Vai ser muito duro porque essa fatia grande, esses 70 milhões de seguidores de Trump, em sua maioria, acreditam nas mentiras e nas teorias conspiratórias. Isso vai perdurar”, afirmou Roberto Abdenur, embaixador do Brasil em Washington entre 2004 e 2007 “O ideal no momento seria que houvesse um movimento no Congresso para o impeachment de Trump”, disse o diplomata. Preocupado com investigações que o Departamento de Justiça e o futuro governo Biden possam apresentar contra ele, Trump estaria discutindo com assessores a possibilidade de se conceder um perdão presidencial nos últimos dias de sua presidência, segundo reportagem do New York Times. O jornal ponderou que não estava claro se ele abordou o assunto antes ou após a invasão do Congresso. O presidente já defendeu publicamente no passado ter o “direito absoluto de perdoar” a si mesmo. Segundo o jornal, que ouviu fontes próximas à discussão, os aliados do presidente acreditam que os últimos episódios – a invasão do Capitólio e a pressão sobre autoridades do Estado da Geórgia para reverter os votos em seu favor – aumentaram a exposição de Trump a uma ação judicial. CongressoDepois de uma quarta-feira caótica em Washington, a consagração da chapa Biden e Kamala Harris foi finalmente concluída em uma sessão do Congresso que se encerrou ontem às 3h45 (hora local, 5h45 de Brasília). Após longos discursos, parlamentares confirmaram os 306 votos conquistados pelos democratas no colégio eleitoral. Agora, não há mais nenhum obstáculo formal no caminho de Biden até a Casa Branca. Em seguida, Trump admitiu pela primeira vez o fim do mandato e prometeu uma “transição ordenada”, mas insistiu que “discorda totalmente” do resultado. À noite, ele divulgou um vídeo pelo Twitter em que reconhecia que uma nova administração começaria no dia 20 – é o mais próximo em que ele chegou em admitir a derrota até agora. “Os manifestantes que se infiltraram no Capitólio contaminaram o assento da democracia americana. Para aqueles que se envolveram em atos de violência e destruição: Vocês não representam nosso país. E para aqueles que infringiram a lei: Vocês pagarão”, disse Trump, lendo um texto. “Meu foco agora é garantir uma transição de poder suave, ordenada e contínua”, disse. “Este momento exige cura e reconciliação.” O ESTADO DE S. PAULO
Idade média de aposentadoria tem leve aumento em 2020
Com a reforma da Previdência, a idade média de aposentadoria por tempo de contribuição no país registrou um ligeiro aumento de 2019 para 2020. Em 2019, os brasileiros se aposentavam com uma idade média de 54,5 anos e, no período acumulado de janeiro a outubro de 2020, esse valor passou para 55,1 anos. No caso dos homens, passou de 55,6 para 56 anos nesta mesma comparação e de 52,8 anos para 53,4 anos para mulheres. Os dados de janeiro a outubro de 2020 são preliminares e sujeitos a revisão. Em artigo publicado no boletim de informações da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) de dezembro, o economista da Fipe/USP Rogério Nagamine Costanzi diz que a elevação “bastante gradual” da idade média comprova que a Emenda Constitucional 103, que trata da mudança nas regras de concessão de aposentadoria e pensões, foi aprovada com respeito a direitos adquiridos e com diversas regras de transição para os que já estavam no mercado de trabalho. “A idade média no início da aposentadoria por tempo de contribuição cresceu de 54,5 para 55,1 anos na comparação do período de 2019 com janeiro a outubro de 2020, portanto, um incremento bastante gradual, mas necessário para a sustentabilidade de médio e longo prazo da previdência social”, informa o economista em artigo. Nagamine frisa ainda que, com o estabelecimento de idades mínimas com diversas regras de transição, é natural que passe a ocorrer gradualmente aumento da idade média de aposentadoria para determinadas espécies de benefícios no âmbito do Regime Geral de Previdência Social (RGPS) e o fim gradual das aposentadorias precoces. Promulgada em novembro de 2019, a reforma da Previdência, do ponto de vista fiscal, proporcionou em um ano um impacto fiscal superior aos R$ 9,9 bilhões esperados inicialmente. A reforma fixou idade mínima de aposentadoria de 62 anos para mulheres e 65 para homens e mudou critérios de cálculo do valor do benefício para impedir aposentadorias precoces concedidas, especialmente, no benefício por tempo de contribuição. Em 2019, a média de idade de aposentadoria por tempo de contribuição foi de 54,5 anos. Para a aposentadoria por idade, cujos benefícios são mais baixos, já eram exigidos 65 anos. O artigo mostra ainda que, do total de aposentadorias por tempo de contribuição concedidas de janeiro a outubro de 2020, cerca de 64,7% eram para homens e 35,3% para mulheres, sendo um benefício em que tipicamente predominam os homens. Cerca de 70,9% das aposentadorias concedidas eram na faixa de 50 a 59 anos, 11,7% na faixa abaixo de 50 anos e 17,4% na faixa de 60 anos ou mais. Portanto, menos de 20% dos benefícios concedidos eram para beneficiários idosos. “O incremento da idade ocorrerá de forma bastante gradual”, frisa Nagamine no artigo. No caso da aposentadoria por tempo de contribuição para professores, há predominância das mulheres. De janeiro a outubro de 2020, cerca de 93,7% eram mulheres e 6,3% eram homens. O especialista em Previdência Luis Eduardo Afonso, professor associado da Faculdade de Economia e Administração da USP (FEA/USP), pondera que, apesar de o aumento parecer relativamente baixo, “não é tão pouco assim” por se tratar da variação de apenas um ano. Na avaliação de Afonso, a alta da idade média se deve particularmente a duas regras de transição: o sistema de pontos e a idade mínima. O sistema de pontos corresponde à soma do tempo de contribuição e da idade. Para que o funcionário solicite a aposentadoria por esse critério, o resultado deveria ser, em 2019, de 96 pontos para homens e de 86 para mulheres. No caso da regra de transição com idade mínima, considera o tempo de contribuição de 35 anos para homens e 30 para mulheres, mas o cumprimento da idade mínima sobe meio ponto a cada ano até atingir 62 anos para mulheres (em 2031) e 65 anos para homens (em 2027). “Esse aumento [da idade média] verificado já deve ser o resultado das regras de transição”, frisou Afonso. VALOR ECONÔMICO
Desemprego e precariedade da saúde serão os fantasmas da nova década
No coração e nas mentes dos brasileiros, a covid-19 não se limita a deixar cicatrizes que marcaram 2020 e podem se estender ao longo de 2021. Ela criou temores que avançam sobre a expectativa das pessoas para os próximos dez anos. “A pandemia produziu uma experiência traumática coletiva”, diz a cientista política Camila Rocha, pesquisadora do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap). “Ainda nem conhecemos todas as marcas que ela deixará.” É isso, justamente, o que indica uma pesquisa de opinião, realizada pelo Instituto Travessia, de São Paulo, com exclusividade para o Valor. A enquete lançou duas sondagens para investigar os medos e as esperanças da população. Uma delas focalizou o curto prazo. Examinou, assim, quais são as perspectivas para 2021. A segunda foi montada com uma lupa de maior alcance. Detectou impressões sobre o futuro para investigar o que as pessoas esperam da década que agora se inicia, inaugurando os anos 20 do século XXI. No geral, nos dois casos, percebe-se a existência de espaço para certo otimismo, mas ele divide o palco com dois imensos fantasmas – os problemas ligados ao desemprego e à precariedade da saúde. A pesquisa teve alcance nacional e foi feita por meio de um questionário, aplicado entre os dias 11 e 12 de dezembro, a partir de 1,1 mil entrevistas por telefone. Ela começou esquadrinhando 2021. À pergunta sobre o que as pessoas esperam que ocorra em suas vidas neste ano, 44% dos entrevistados responderam que tudo continuará “igual”. Outros 24% dizem acreditar que a vida deve “piorar”, e 22% afirmam crer que o jogo vai virar e dias melhores estão prestes a bater às suas portas. Ou seja, eles apostam que a vida vai “melhorar”. Exposto em tais termos, observam os analistas, o resultado surpreende. Mesmo porque a diferença que separa os 24% de céticos e os 22% de otimistas é minúscula. Esse vão encaixa-se na margem de erro da sondagem, que é de três pontos percentuais para cima ou para baixo. “No atual contexto, ainda em meio a uma terrível pandemia, isso mostra uma visão surpreendentemente otimista”, afirma o cientista político José Álvaro Moisés, professor da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH-USP). “Afinal, apenas 24% esperam por um agravamento do quadro geral.” Há, contudo, uma outra maneira de ler esses números. E ela não é tão animadora. Quem detalha esse segundo ângulo é o cientista político Carlos Melo, professor da escola de negócios do Insper, em São Paulo. Para ele, o quadro atual é bastante ruim. O país passa por uma crise sanitária que se sobrepõe à econômica, sendo que ambas costumam se somar a impasses políticos. “Assim, quando as pessoas afirmam que a situação permanecerá ‘igual’, em grande medida, querem dizer que continuará ruim”, diz Melo. Por isso, o cientista argumenta que, para se ter retrato mais nítido sobre o que pensam os brasileiros a respeito de 2021, as respostas “igual” (44%) e “pior” (24%) devem ser somadas. Tal lógica muda a interpretação dos dados. Ela resulta em um total de 68% de pessoas descrentes com o próximo ano, o que equivale a dizer que existem sete desalentados para cada dez brasileiros. “É muita coisa”, conclui Carlos Melo. Isso em relação ao cenário imediato, à cena que se abre diante dos próximos 12 meses. A perspectiva melhora com a tentativa de decifrar, hoje, qual o “espírito” que norteia a visão das pessoas para a próxima década. Nesse caso, a maioria, 40% dos entrevistados, crê em dias melhores. Outros 26% estimam que as coisas permanecerão iguais. Somente 15% dizem acreditar em uma piora. Nesse caso, a adição do “igual” (ou seja, a continuidade do “ruim”) e “pior”, portanto, perfaz 41% e empata tecnicamente com a massa de otimistas (os 40%). Gênero, idade, renda e regiãoÉ possível também esmiuçar a interpretação desses dois momentos – o presente e o futuro – por meio de recortes por gênero, região, idade e renda dos entrevistados. Nos dois casos, tanto em relação a este ano como no que diz respeito à década, a maior parte dos descrentes é formada por homens (24% das mulheres dizem acreditar que tudo vai melhorar em 2021, ante 20% dos homens), moradores da região Sul do país, pessoas com idades entre 45 e 59 anos e renda média mensal entre dois e cinco salários mínimos. Para Renato Dorgan Filho, analista e sócio do Instituto Travessia, esse grupo apresenta perfil conhecido. “Tem as mesmas características do eleitor médio do presidente Jair Bolsonaro”, diz. “Essa turma parece ser a mais revoltada.” Entre os que dizem acreditar que as coisas ficarão “iguais”, tanto em 2021 como na nova década, a maioria tem mais de 60 anos. Os mais otimistas, por sua vez, tendem a ser moradores do Norte e Nordeste, com renda de até dois salários mínimos mensais e jovens com idades entre 16 e 24 anos. “É natural que haja mais esperança entre os mais novos”, observa Dorgan Filho. “Apesar dos problemas, eles têm o futuro pela frente.” Moisés, da USP, acrescenta: “Esses dados indicam que as questões relativas ao conhecimento e à qualificação são muito importantes para definir o que as pessoas pensam. Os segmentos menos pessimistas talvez não tenham a informação completa a respeito de tudo que está acontecendo e quais são as perspectivas”. Nesse sentido, o que as pessoas sabem pode alterar até a forma como elas veem o futuro. E quais são os maiores temores dos brasileiros para este ano e para a década? Para definir esse tópico, foi apresentada aos entrevistados uma lista prévia de temas. Nos dois casos, a questão do desemprego liderou com ampla vantagem a escolha dos pesquisados. No total, 33% consideraram que esse será o maior entrave para o país no próximo ano. “Crise econômica” vem em segundo lugar com 26% das escolhas e “coronavírus” segue empatado com “inflação” no terceiro posto, com 14% das escolhas. Uma eventual “falta de vacinas” preocupa 5% da população. Dorgan Filho, do Instituto Travessia, chama atenção para o
Empresas que mudaram protocolos na pandemia investiram em saúde mental
A maior parcela (25%) das empresas que adotaram protocolos de inclusão e diversidade na pandemia optaram por treinamentos de saúde mental, segundo estudo global da consultoria Mais Diversidade que, no Brasil, tem como clientes grupo Pão de Açúcar, Itaú, Ambev, Localiza, entre outros. Cerca de 65% das companhias entrevistadas também disseram não ter um programa estruturado de diversidade e inclusão, e recorrem apenas a ações pulverizadas no ambiente de trabalho, conforme levantamento que ouviu 293 empresas. FOLHA DE S. PAULO
Vagas de emprego em 2021: quais áreas e profissões estão em alta?
As profissões das áreas de https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpg e de saúde são as que terão mais vagas em 2021, de acordo com empresas de recrutamento consultadas pelo Estadão. Outros setores citados pelos especialistas como aqueles que ficarão em evidência neste ano são agronegócio, mercado financeiro, infraestrutura e logística. Ocupações relacionadas a serviços digitais, como comércio eletrônico, delivery e serviços de streaming também estarão em alta. Seguindo a aceleração digital devido à pandemia de covid-19, a demanda por profissionais do ramo da https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpg deve continuar aumentando. Levantamento da empresa de recrutamento Revelo mostrou que, em 2020, as vagas do setor tiveram crescimento de 25% durante o período de quarentena. Segundo Lachlan de Crespigny, cofundador da empresa, essa tendência vai continuar em 2021. “A gente não acha que o crescimento de 2020 vai parar. As vagas nas empresas de https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpg terão crescimento de mais de 25%, prevemos que pode chegar a um crescimento de 50% em termos de número de vagas. Focado principalmente em desenvolvedores de software e profissionais de business intelligence, que é a inteligência do negócio”, afirma Lachlan. “A https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpg está presente em todos os setores. Empresas de saúde, por exemplo, a atividade principal delas não é a https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpg, mas elas necessitam da https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpg para que consigam ser mais eficiente”, diz Patrícia Suzuki, diretora de Gente e Gestão da Catho. “A transformação digital passa por uma mudança no modo de pensar, mas passa principalmente pelo uso de https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpg. É um caminho sem volta. Eu diria que estarão em alta carreiras relacionadas a funções de https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpg em todos os segmentos. Quando observamos o movimento do mercado, todas as empresas estão buscando profissionais dessa área”, acrescenta Patrícia. Um levantamento realizado pela Catho apontou cinco carreiras promissoras para 2021:gerente de mídias sociaisatendente de e-commercecientista de dadosdesenvolvedor DevOps (que trabalha com práticas de integração entre desenvolvedores de software, operadores e funções de apoio)desenvolvedor.NET (que codifica sistemas usando a plataforma .NET)“Das cinco, as duas primeiras estão relacionadas às transformações e à digitalização pelas quais o mercado está passando. As duas carreiras de desenvolvedores estão dentro do setor de https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpg e a carreira de cientista de dados tem forte ligação com a https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpg”, explica Patrícia. O setor da saúde, que esteve em alta durante o ano de 2020 por causa da pandemia, também deve continuar contratando bastante. “Obviamente, por causa da necessidade das vacinas, de todos os insumos e dos medicamentos voltados para a questão da assistência e do suporte à população por causa da pandemia”, diz Maria Sartori, diretora de Recrutamento da Robert Half. A cadeia toda de saúde, desde hospitais e clínicas até empresas de equipamentos médicos deve continuar em alta, de acordo com os especialistas. Para Maria, além das profissões voltadas para a https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpg da informação, posições voltadas para o mercado financeiro, com foco em fusão e aquisições, também ficarão em evidência, por conta do momento de crise, em que algumas empresas acabam tendo a oportunidade em fazer aquisições de novas empresas. Em relação à infraestrutura, Maria explica que o setor esteve em alta em 2020 e deve seguir assim neste ano. “Passamos por anos complicados na construção civil e agora, por causa dos juros mais baixos e da facilidade do crédito, esse segmento veio puxando bastante. Em 2020, tivemos IPOs de várias construtoras na B3 (a Bolsa brasileira), o que acabou movimentando o mercado”, afirma. Outra área que esteve bem em 2020 e deve continuar crescendo é o agronegócio, historicamente um dos setores mais fortes no Brasil. “Diferente dos setores de https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpg e saúde, o agronegócio já vinha muito bem e deve seguir em alta não só em 2021, mas nos próximos cinco ou dez anos”, acredita a diretora da Robert Half. Durante a pandemia do novo coronavírus, a área de logística passou por grandes transformações, com o e-commerce disparando, e continuará em alta em 2021. “Um destaque surpreendentemente positivo no ano passado foi o da logística. Profissionais nas áreas de operações e logística receberam uma grande demanda, porque o mundo passou a ser online”, diz Lucas Oggiam, diretor da Michael Page e Page Personnel. “O setor dos serviços digitais explodiu no ano passado, a exemplo de Netflix e de lojas com vendas online. A prestação de serviço digital, seja no varejo ou no entretenimento, continuará em alta. O mercado financeiro passou por um momento trágico no meio do ano passado, mas se recuperou extremamente bem e deve seguir em alta forte também”, acrescenta Oggiam. Outras tendênciasAs chamadas “soft skills”, que são habilidades comportamentais, aparecem como as características mais requisitadas dos candidatos a vagas de emprego em 2021. Pessoas que conseguem trabalhar de forma colaborativa, em equipe, que têm boa comunicação e adaptabilidade e conseguem ter foco, objetividade e certa autonomia estão entre os candidatos mais procurados pelas empresas. “Continuamos apostando nos conhecimentos técnicos para profissões específicas, mas apostamos também nas ‘soft skills’. Quando trabalhamos em um ambiente virtual , a comunicação é uma competência crítica. A empatia continua sendo uma competência forte também”, diz Patrícia Suzuki, da Catho. Segundo os especialistas ouvidos pela reportagem, o home office veio para ficar, mas deve seguir em formato híbrido, com o funcionário trabalhando parte do tempo remotamente e outra parte de forma presencial, no escritório. “A opinião de todo mundo é que a maioria das empresas vai trabalhar de forma híbrida, vindo do trabalho remoto durante a pandemia”, comenta Lachlan de Crespigny, da Revelo. O ESTADO DE S. PAULO
No sétimo mês seguido de alta, indústria cresce 1,2% em novembro
A indústria brasileira registrou em novembro do ano passado o sétimo mês seguido de alta, com avanço de 1,2% na comparação com outubro, segundo a Pesquisa Industrial Mensal, divulgada nesta sexta-feira, 8, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). De maio a novembro, a produção industrial cresceu 40,7%, eliminando a perda de 27,1% registrada em março e abril, período que o isolamento social foi mais rigoroso e fez a indústria atingir o nível mais baixo da série. Com isso, o setor está 2,6% acima do patamar pré-pandemia, em fevereiro. Na comparação com novembro de 2019, a indústria avançou 2,8%. De janeiro a novembro de 2020, o setor acumulou perda de 5,5%. No acumulado em 12 meses, a queda foi de 5,2%. Mesmo com o desempenho positivo, a produção industrial ainda está 13,9% abaixo do nível recorde, alcançado em maio de 2011. Segundo o gerente da pesquisa, André Macedo, “houve um predomínio no crescimento, todas as categorias e a maior parte das atividades tiveram aumento”. O setor de veículos automotores, reboques e carrocerias continuou como a maior influência positiva no resultado da indústria. Com a alta de 11,1% em novembro frente a outubro, a atividade, após quedas nos meses críticos da pandemia, registrou avanço de 1.203,2% em sete meses consecutivos, superando em 0,7% o patamar de fevereiro. A importância do setor na indústria se reflete em outros ramos, já que a produção de veículos afeta atividades como metalurgia, com estímulo da produção de aço, e outros produtos químicos, área que engloba tintas de pintura. Ambas tiveram alta em novembro, de 1,6% e 5,9%, respectivamente. Outras atividades deram contribuições positivas no mês, como confecção de artigos do vestuário e acessórios (11,3%), máquinas e equipamentos (4,1%), impressão e reprodução de gravações (42,9%), couro, artigos para viagem e calçados (7,9%), bebidas (3,1%), produtos de metal (3,0%) e outros equipamentos de transporte (12,8%). Entre as nove atividades que tiveram queda, os principais impactos negativos foram: produtos alimentícios (-3,1%), que acumulam redução de 5,9% em dois meses de queda, o que eliminou a expansão de 4,0% registrada entre julho e setembro; indústrias extrativas (-2,4%), com o terceiro mês seguido de queda na produção, com perda acumulada de 10,4%; e produtos farmoquímicos e farmacêuticos, que diminuiu 9,8%), interrompendo dois meses de resultados positivos consecutivos. O ESTADO DE S. PAULO
Governo prevê nova versão da Carteira Verde Amarela para combater desemprego
A proposta da Carteira Verde Amarela, um modelo de contratação com menos encargos e benefícios, voltou ao radar da equipe econômica para ser apresentada após a eleição para as presidências da Câmara e do Senado. O tema está em discussão pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, para atender os informais, um contingente de trabalhadores vulneráveis que passaram a ser notados com a crise econômica provocada pela covid-19. Trata-se de um regime simplificado de contratação sem encargos trabalhistas e impostos, como a contribuição previdenciária. A inspiração agora para a nova versão do programa vem do Benefício Emergencial para Preservação do Emprego e da Renda (BEm), concedido no ano passado como complemento de renda para os trabalhadores formais que tiveram o salário reduzido ou o contrato suspenso. Na avaliação da equipe econômica, o “sucesso” do BEm pode ser medido pela preservação de milhões de empregos durante a recessão econômica provocada pela pandemia. A ideia, segundo uma fonte da equipe econômica envolvida na elaboração da proposta, é que a nova Carteira Verde Amarela seja uma combinação do BEm com a desoneração dos encargos para garantir “empregabilidade em massa” e combater o desemprego. Sem o auxílio emergencial, que acabou em dezembro, a estratégia da equipe econômica para ampliar a rede de proteção dos vulneráveis que recebiam o benefício é uma nova versão da Carteira Verde Amarela e a reformulação do Bolsa Família, como antecipou o Estadão. Uma medida provisória está prevista ainda para fevereiro com mudanças no programa, unificação dos benefícios já existentes, reajuste dos valores e criação de novas bolsas: por mérito escolar, esportivo e científico. O valor médio do benefício, hoje em torno de R$ 190, passará a aproximadamente R$ 200 e poderá aumentar a depender do espaço no orçamento que for sendo aberto ao longo do ano. A nova Carteira Verde Amarela vai atuar na faixa dos trabalhadores que estão entre os beneficiários do Bolsa (R$ 200) até os que recebem salário mínimo (hoje, em R$ 1.100). A ideia do ministro é adotar um modelo de imposto de renda negativo, sistema pelo qual as pessoas recebem pagamentos suplementares do governo, em vez do pagamento de impostos. ‘Ponte’O ministro quer fazer uma “ponte” de transição entre a assistência social do governo e os contratos regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). No novo modelo de contratação, será possível registrar a quantidade de horas que o trabalhador faz para cada empregador com a referência do salário mínimo. O trabalhador informal, que tem baixa produtividade, terá a Carteira Verde Amarelo para fazer o que já faz na informalidade. A diferença é que receberá o imposto negativo e terá o reconhecimento dos direitos da Previdência. O financiamento do programa, que prevê que a União abra mão de parte da arrecadação, está sendo discutido. Apesar de ter dito publicamente que abandonou a ideia de um imposto de transação, a nova CPMF não foi totalmente. No ano passado, quando o apoio dos líderes dos partidos à proposta tinha sido costurado para o anúncio em reunião no Palácio da Alvorada, no mesmo dia de apoio ao teto de gastos, o presidente Jair Bolsonaro pouco antes chamou os seus três líderes na Câmara, Senado e Congresso e abortou o anúncio. Nos bastidores, porém, Bolsonaro já sinalizou para caciques do Congresso que aceita uma alíquota de 0,10% para o novo tributo. O ESTADO DE S. PAULO
Projeto de lei prevê que empregador pague ‘auxílio home office’ a funcionários
Projeto de lei apresentado pelo deputado Márcio Marinho (Republicanos-BA) na Câmara dos Deputados prevê criação de ‘auxílio home office’, que seria pago pelo empregador aos funcionários que estiverem trabalhando de casa. De acordo com o Projeto de Lei 5.341/20, as despesas relacionadas ao trabalho são: internet, energia elétrica, softwares e hardwares e infraestrutura necessária ao trabalho remoto. O texto prevê que o empregador contribuirá com 30% dos gastos com esses itens. O pagamento seria feito no mês posterior ao da comprovação das despesas, preferencialmente com o salário. A proposta estabelece que o benefício concedido não tem natureza salarial nem se incorpora à remuneração. Assim, não teria incidência de contribuição previdenciária nem de Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). O auxílio também não se configura como rendimento tributável do trabalhador. Segundo o autor da proposta, o objetivo do projeto não é repassar todo o ônus das despesas ao empregador, tampouco que o empregado suporte toda essa carga. “O que se pretende é que o empregador custeie parte das despesas que, consequentemente, aumentaram com a permanência do empregado em casa. Para isso, acredita-se que 30% de ajuda de custo, fornecida pelo empregador, às despesas efetivamente comprovadas, seja um justo parâmetro para ambas as partes envolvidas na relação de trabalho”, disse Marinho. O ESTADO DE S. PAULO