Guedes diz que empresa vai poder cortar salário com antecipação de seguro

O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse nesta quinta-feira, 11, que o governo vai retomar o programa que permitiu às empresas cortarem salários e jornada dos funcionários ou suspenderem contratos. Ele sinalizou que parte do benefício de complementação de renda paga pelo governo aos trabalhadores nessas condições vai ser paga como antecipação do seguro-desemprego. De acordo com o ministro, o Benefício Emergencial (BEm), programa que permitiu a suspensão dos contratos e a redução dos salários no ano passado, ajudou a preservar 11 milhões de empregos, segundo o governo. Nesta quinta, Guedes falou da criação de um “seguro-emprego”. Segundo ele, ao invés de dar R$ 1 mil para pessoas que ficaram desempregadas no seguro-desemprego por quatro meses, o governo pode dar R$ 500 para segurar o emprego por até 11 meses. “O presidente (Jair Bolsonaro) deve anunciar novas medidas para frente”, afirmou Guedes, em participação em audiência na Frente Parlamentar da Micro e Pequena empresa. Segundo o secretário especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia, Bruno Bianco, o novo programa será lançado “nos próximos dias”. Como mostrou o Estadão, o governo quer permitir um novo período de até quatro meses de redução de jornada e salário ou suspensão de contrato de trabalhadores para evitar alta no desemprego em meio às medidas restritivas contra a covid-19, mas o pagamento do benefício que compensa a perda salarial deve ter um desenho distinto. A intenção é garantir dois meses do BEm, pago pelo governo, e outros dois meses seriam de antecipação do seguro-desemprego a que teria direito se demitido. O novo modelo ainda está sendo fechado pelos técnicos, que também buscam uma fonte de financiamento para a parte do BEm que será bancada pelo governo. Há discussões internas no sentido de empregar recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), que hoje já banca o abono salarial e o próprio seguro-desemprego. O principal desafio, porém, é que esse fundo já gasta mais do que arrecada e precisa de aportes do Tesouro Nacional para operar. Segundo apurou o Estadão/Broadcast, o novo desenho do Programa Emergencial de Manutenção de Emprego e Renda deve manter os mesmos porcentuais de redução de jornada e salário (25%, 50% e 70%), além da suspensão de contrato. A mudança mais substancial deve ser mesmo a forma de pagamento do benefício. Após os meses do acordo, o trabalhador tem por igual período (até quatro meses) uma estabilidade temporária, em que ele até pode ser demitido, mas recebe uma indenização adicional por isso. Em caso de dispensa, ele continua a receber o seguro-desemprego, embora o número final de parcelas fique reduzido pela antecipação. Em seu formato original, o seguro-desemprego paga de 3 a 5 prestações, a depender de há quanto tempo o trabalhador está na ativa. É daí que serão descontadas as parcelas antecipadas por meio do programa emergencial. Na prática, segundo uma fonte ouvida pela reportagem, o trabalhador que fizer o acordo poderá ainda ter entre uma e três parcelas. Nas estimativas do governo, contabilizados os quatro meses de acordo, os quatro meses de garantia provisória e o período do seguro-desemprego normal, o trabalhador poderá ter uma “proteção” de 9 meses a 11 meses. Segundo apurou a reportagem, mesmo na fase de antecipação do seguro-desemprego, o trabalhador deve receber apenas a fatia correspondente ao seu acordo (ou seja, 25% do seguro em caso de redução da jornada nessa proporção, ou 50%, ou 70%, ou 100% na suspensão de contrato). O saldo restante dessas antecipações seria pago depois, em caso de demissão do funcionário. Caso a duração do acordo seja menor que quatro meses, a ordem do pagamento é a mesma. Ou seja, caso as reduções valham apenas por dois meses, apenas o benefício a cargo do governo será pago. O governo ainda pretende estabelecer regras para prever quando um trabalhador que faça o acordo e permaneça com vínculo formal retomará o direito a obter todas as parcelas do seguro-desemprego, a despeito da “antecipação” durante a pandemia. Esses detalhes ainda estão em finalização. Economia está decolando, afirma ministroNo momento em que há um agravamento da pandemia do novo coronavírus, com novas medidas de restrição de circulação impostas por prefeitos e governadores, Guedes dissse que “a economia está de novo decolando”. “A economia voltou em V e está começando a decolar de novo”, disse o ministro. A volta V significa retorno da atividade no mesmo ritmo da queda. Segundo ele, a arrecadação do governo com impostos em fevereiro foi recorde para o mês. Os números devem ser anunciados até semana que vem. No primeiro bimestre, de acordo com Guedes, o crescimento foi de 3% a 3,5% na comparação com os dois primeiros meses de 2020, antes da pandemia. Ao lado do presidente Jair Bolsonaro, Guedes, que, assim como o presidente, não usou máscara durante seu pronunciamento, disse que o chefe está dando todo o apoio a seu programa de governo. Guedes defendeu o ajuste fiscal – apesar de, em dado momento, ter esquecido o nome da regra de ouro, que prevê que o governo não pode emitir dívida para custear gastos correntes. “Quando uma geração faz guerra, ela paga, não empurra para filhos e netos”, acrescentou. Guedes disse ainda que os “negacionistas” não poderão negar o que chamou de bom desempenho da economia em 2020. “Tivemos, do ponto de vista econômico, muito sucesso no combate à crise. Previam que [o PIB] ia cair acima de 10%, quem caiu 10% foi a Inglaterra. O Brasil caiu 4%.”, afirmou. De acordo com o IBGE, o PIB caiu 4,4% em 2020, o terceiro pior resultado da história. O ministro afirmou ter ouvido a oposição dizer que foram eles que criaram o auxílio emergencial, mas que “essa medida foi nossa”. A Câmara deve concluir nesta quinta-feira a autorização para uma nova rodada do benefício, que poderá ser pago pelo governo sem descumprir as regras fiscais. Guedes já disse que o novo auxílio emergencial deve ser pago em quatro parcelas e variar entre R$ 175 (para famílias com uma única a pessoa) a R$ 375 (para

Só 36% das empresas terminaram 2020 nos escritórios, aponta KPMG

Apenas 36% das grandes empresas brasileiras terminaram 2020 já de volta aos escritórios físicos, enquanto um pouco menos da metade (46%) previu, no fim do ano, voltar em algum momento de 2021, mostra uma pesquisa da consultoria da KPMG obtida com exclusividade pelo Estadão. Com o recrudescimento da pandemia de covid-19 neste início de ano, poderão ocorrer novas rodadas de adiamentos, repetindo o padrão de 2020. No fim do ano, segundo o levantamento, apenas 7% dos 264 executivos e empresários de diversos setores da economia entrevistados responderam que as áreas administrativas das empresas voltariam aos escritórios no “próximo mês” ou “até dezembro” – a pesquisa foi feita em outubro e novembro. Mesmo antes disso, ainda em novembro de 2020, companhias como Oi, Petrobrás, Itaú Unibanco e Dafiti já haviam anunciado que deixariam a volta para este ano. No início do mês passado, o presidente do Bradesco, Octavio de Lazari, afirmou que o banco não pretende retomar o trabalho físico das suas unidades corporativas tão cedo, porque a corporação está funcionando “muito bem” no formato atual, com 94% do pessoal em “home office”. Setor públicoAté no setor público a moda pegou. Como mostrou o Estadão no fim do mês passado, um em cada quatro servidores do Executivo federal terminou 2020 trabalhando em “home office” integral, conforme dados do Ministério da Economia. “As empresas estão aqui com uma previsão de retorno ao escritório ao longo de 2021. Muitos acabaram não retornando em 2020”, afirmou André Coutinho, sócio-líder de Advisory da KPMG no Brasil. Desde o início da pandemia, à medida que a crise sanitária veio se prolongando, as empresas vêm adiando o retorno. Na primeira edição da pesquisa da KPMG, no bimestre abril-maio, 33% dos entrevistados disseram esperar a volta para “o próximo mês”, enquanto 35% apostavam numa volta “até dezembro” de 2020. No início da pandemia, apenas 9% achavam que a volta aos escritórios se daria em 2021. A proporção de entrevistados citando essa resposta foi crescendo aos poucos ao longo da pandemia: 26%, na pesquisa de junho-julho, 38% na edição agosto-setembro, até os 46% de outubro-novembro. AprendizagemPara Coutinho, ao longo da pandemia, as empresas aprenderam a trabalhar remotamente. Criaram protocolos, adaptaram os escritórios, que passaram a ser usados para “coisas muito importantes”, como reuniões maiores e assinaturas de contratos. Investiram em https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpg, para melhorar, por exemplo, reuniões em que parte dos participantes está no escritório e outra parte está fora, trabalhando remotamente. A Petrobrás, que anunciou a prorrogação do trabalho remoto até o próximo dia 31 ainda em novembro do ano passado, destacou aumentos de produtividade com os funcionários em casa, ao comentar os resultados financeiros de 2020, no fim do mês passado. A defesa do “home office” foi também uma resposta a críticas do presidente Jair Bolsonaro, que, pouco antes de anunciar sua substituição, reclamou do fato de o presidente da petroleira, Roberto Castello Branco, trabalhar de casa. Mesmo com a adoção de protocolos, segundo o executivo da KPMG, poucas empresas tomaram a decisão firme de voltar totalmente aos escritórios. O ESTADO DE S. PAULO

Aposta na logística

Com o crescimento forte tanto no shopping virtual quanto na área financeira no ano passado, o Mercado Livre separou R$ 10 bilhões para investir em 2021 e a maior parte irá para o que pode se tornar sua terceira frente de negócios: a logística. “Por enquanto, estamos trabalhando para solucionar, facilitar e agilizar a entrega das vendas dos clientes”, diz Stelleo Tolda, presidente do Mercado Livre para a América Latina. “Mas quando esse gargalo estiver resolvido, podemos oferecê-lo a terceiros.” Entre outros movimentos, os recursos farão com que o número de funcionários do Mercado Livre passe dos atuais 5 mil para mais de 10 mil, até o fim do ano. A expectativa é que o Mercado Envios, nome da área de logística, trilhe percurso parecido ao do Mercado Pago, segmento de serviços financeiros do Mercado Livre. Nascido para resolver os problemas de pagamentos dos vendedores do maior shopping virtual da América Latina, o Mercado Pago levou dez anos para se tornar relevante dentro da plataforma. Hoje, tem autorizações do Banco Central para funcionar como carteira virtual (com direito a rendimento maior do que a poupança), como processador de pagamentos (e com maquininhas no varejo físico) e como instituição financeira (para poder aumentar o limite do crédito, entre outros serviços). Os serviços são vendidos a terceiros e os próximos passos são oferecer alternativas de investimento para quem tem dinheiro no Mercado Pago, mas sem concorrer com as plataformas do segmento, como a XP. Com tamanho crescimento, hoje a área financeira movimenta mais dinheiro do que o próprio shopping virtual. O volume de pagamentos processados no ano passado, nos 18 países da América Latina em que o Mercado Livre está presente, foi de quase US$ 50 bilhões. Já as vendas das lojas abrigadas na plataforma somaram US$ 20 bilhões. Em 2019, elas haviam sido de US$ 28 bilhões e US$ 13 bilhões, respectivamente. O Brasil responde por pouco mais da metade da receita líquida da empresa e cresceu 120% em reais, no ano passado. Apesar de o Mercado Pago movimentar mais dinheiro que o marketplace, o retorno para o Mercado Livre é maior com os vendedores na plataforma. “Um dos nossos objetivos é incluir as pessoas no sistema financeiro e, portanto, as taxas cobradas são mínimas”, diz Ricardo Lagreca, diretor jurídico e de relações governamentais do Mercado Livre. Há um longo caminho para o Mercado Envios trilhar, antes de se tornar uma área de negócios. Os R$ 10 bilhões em investimento para 2021 equivalem ao que foi destinado à rubrica nos últimos quatro anos. Entre outras coisas, o dinheiro servirá para a construção de centros de distribuição e contratações para as áreas de logística e https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpg. Longe dos correiosPor outro lado, usar os recursos para entrar em uma eventual disputa pelos Correios está completamente descartado. “Os Correios não são pensados para a eficiência que buscamos”, diz Tolda. “Como brasileiros e grandes usuários do serviço, queremos que ele melhore sempre, mas nosso modelo é outro.” Na prática, o Mercado Livre não pretende se tornar um Correios privado ou montar uma gigantesca estrutura própria de distribuição, apesar de haver mais carros, furgões e até mesmo aviões pintados com a marca da companhia. “Somos uma empresa de https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpg”, diz Tolda. Trocando em miúdos, isso significa que os sistemas que desenvolvem e em que investem conversam com boa parte das empresas de logística do País e traçam as rotas mais eficientes para cada carga, com os menores custos e prazos de entrega. Mas há muito a percorrer, sobretudo por conta do tamanho do País. Com a prioridade dada à área, se há três anos 95% das entregas do Mercado Livre eram feitas pelos Correios, hoje só 5% são transportados por essa via. Em uma das frentes desenvolvidas, há armazéns com mercadorias de 10 mil lojistas virtuais estocadas e despachadas assim que o clique de venda é concluído. Em um outro modelo, o Mercado Envios recolhe os produtos em pontos de coleta e os distribui. O menor canal, mas ainda muito importante, é a remessa pelos próprios vendedores, pelos Correios. “A nova fronteira dos marketplaces chama-se logística e todas as empresas da área estão correndo atrás de soluções para prestar o serviço mais rápido de entrega de mercadorias”, afirma Eugênio Foganholo, sócio da consultoria especializada em varejo Mixxer. “Não é à toa que o Magalu está comprando startups que resolvem o último trecho da entrega e a B2W também caminha nessa direção.” Segundo Foganholo, esse diferencial é essencial na hora de conquistar os vendedores, que costumam ter lojas virtuais em todas as plataformas concorrentes. “Os grandes marketplaces estão se tornando seres tentaculares, com braços fortes em toda a prestação de serviços aos lojistas e clientes finais”, afirma. “No desafio da logística, o próximo obstáculo a ser superado é o do transporte de alimentos.” Nessa área, o Mercado Livre fez no mês passado uma parceria com o GPA, das redes Pão de Açúcar e Extra, e começa a fazer testes com alimentos não perecíveis. Meio ambienteEm janeiro, o Mercado Livre no Brasil captou US$ 400 milhões em “green bonds”, títulos de dívida emitidos no exterior que pagam menos aos investidores do que os papéis tradicionais, com a contrapartida de investir em inclusão financeira, mobilidade sustentável, eficiência energética, desenvolvimento social e capacitação por meio da educação. Como parte desses compromissos nesta semana um programa de regeneração e conservação de biomas da América Latina, em parcerias com The Nature Conservancy, o Instituto de Pesquisas Ecológicas e a empresa de monitoramento de emissões de carbono Pachama. O objetivo é ajudar na conservação de biomas que vão da Amazônia brasileira às Selvas Úmidas do México. O investimento inicial previsto é de R$ 45 milhões em duas iniciativas ligadas à Mata Atlântica. Envolvem plantio de árvores, regeneração de corredores biológicos e proteção de bacias hidrográficas. O ESTADO DE S. PAULO

Guedes acena para linha de crédito permanente, mas Congresso busca recursos

O ministro da Economia, Paulo Guedes, acenou para a possibilidade de tornar permanente o Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe), que financiou pequenos negócios na crise de covid-19 em 2020. Nesta quinta-feira, 11, o chefe da pasta afirmou que o governo vai renovar o programa em que os bancos emprestam dinheiro a empresários tendo como garantia recursos de um fundo público. O Congresso, porém, ainda busca espaço no Orçamento para abastecer o programa. O teto de gastos, que trava o crescimento real das despesas federais à inflação, é uma barreira para uma nova rodada da linha. O presidente Jair Bolsonaro e Guedes participaram de uma reunião virtual da Frente Parlamentar Mista das Micro e Pequenas Empresas, do Congresso Nacional. Bolsonaro citou o programa como uma das medidas do governo para salvar empregos na pandemia do novo coronavírus. De acordo com Guedes, o resultado foi extraordinário. “Estamos aí renovando o Pronampe, vamos lutar por isso”, disse o ministro. “Estamos em contato, queremos dar uma força para isso, evidentemente.” O secretário especial de Produtividade, Carlos da Costa, afirmou que o governo trabalha com o Congresso para que o Pronampe seja permanente, mas sem impacto fiscal “desmedido”. “Trabalhamos com recursos que sobraram no Fundo Garantidor de Investimentos (FGI) para que haja mais R$ 2 bilhões para micro e pequenas empresas”, afirmou. O Congresso, porém, pressiona por mais recursos em 2021 e por uma previsão orçamentária para que o programa seja permanente pelos próximos anos, medida também defendida pelas empresas. Na quarta-feira, 10, o Senado aprovou um projeto de lei para tornar permanente o Pronampe permanente, com novas condições de financiamento, incluindo juros mais altos. O texto dependerá da Câmara e, se aprovado pelos deputados, de sanção de Bolsonaro. A proposta abre caminho para o Congresso abastecer o programa com recursos do Orçamento. De acordo com o projeto, as instituições financeiras poderão emprestar dinheiro com taxa de juros anual igual à Selic (a taxa básica de juros) acrescida de até 6% ao ano. Pelo desenho que vigorou até o fim do ano passado, o valor do acréscimo era de 1,5%. O aumento dos juros foi colocado para atrair bancos à nova rodada. Nesta semana, o governo anunciou um aumento de três meses no prazo de carência para as empresas que participaram no ano passado. O Senado defende um prazo de seis meses – conforme o projeto aprovado na quarta-feira – e pede mais recursos federais em uma nova rodada do programa. A promessa de renovação do Pronampe vêm do próprio presidente Jair Bolsonaro, apesar de haver resistências na equipe econômica. “Estamos pedindo mais uma tranche do Pronampe para ir ao encontro do que é necessário para que os micro e pequenos empresários continuem vivos”, afirmou o senador Jorginho Mello (PL-SC), presidente da frente parlamentar e aliado de Bolsonaro. Não há recurso previsto no Orçamento de 2021 para o programa. A Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado indicou uma emenda de R$ 4,8 bilhões para o Fundo Garantidor de Operações (FGO), que abastece o financiamento voltado aos pequenos negócios. O relator da Lei Orçamentária Anual (LOA), senador Marcio Bittar (MDB-AC), no entanto, não criou nenhuma reserva no projeto para abrigar as emendas de comissão. Se aceitar a indicação, ele terá de cortar outra despesa na mesma proporção, em função do teto de gastos. Parlamentares pressionam Bittar a encontrar espaço, embora não haja nenhuma garantia no momento. O Orçamento deve ser votado pelo Congresso até a primeira semana de abril. O ESTADO DE S. PAULO

Varejo tem queda de 0,2% em janeiro com recuo nas vendas de supermercados

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As vendas do comércio varejista caíram 0,2% em janeiro ante dezembro, na série com ajuste sazonal, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nesta sexta-feira, 12. Na comparação com janeiro de 2020, sem ajuste sazonal, as vendas do varejo tiveram baixa de 0,3% no primeiro mês deste ano – é a primeira taxa negativa nessa base de comparação após sete meses de resultados positivos. Em 12 meses, a alta acumulada é de 1,0%. Das oito atividades analisadas pelo IBGE, cinco tiveram taxas negativas ante dezembro. Entre elas, hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, setor de maior peso do varejo, recuou 1,6%. Outras quedas vieram de livros, jornais, revistas e papelaria (-26,5%), tecidos, vestuário e calçados (-8,2%) e móveis e eletrodomésticos (-5,9%). Combustíveis e lubrificantes tiveram que de 0,1%. Por outro lado, tiveram alta os setores de outros artigos de uso pessoal e doméstico (8,3%), artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (2,6%) e equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (2,2%). Quanto ao varejo ampliado, que inclui as atividades de material de construção e de veículos, as vendas caíram 2,1% em janeiro ante dezembro. Na comparação com janeiro de 2020, a queda foi de 2,9%. No acumulado em 12 meses, o recuo é de 1,9%. A queda em janeiro ante dezembro foi puxada pelo setor de veículos, motos, partes e peças (-3,6%), enquanto material de construção variou positivamente (0,3%). “Janeiro foi um mês de repique da pandemia, com restrições de funcionamento de estabelecimentos comerciais em alguns Estados, que refletiram de maneira mais forte no setor de veículos. Veículos têm o segundo maior peso no comércio, e já vinha de uma queda em dezembro (-3,3%)”, disse o gerente da pesquisa, Cristiano Santos. O ESTADO DE S. PAULO

Juros devem subir pela primeira vez em quase 6 anos, avalia mercado

Economistas do mercado financeiro consideram inevitável uma alta da taxa básica de juros na reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central na próxima quarta-feira (17) e discordam apenas da intensidade desse ajuste. Se confirmada, será a primeira alta da Selic em quase seis anos. A última foi em 29 de julho de 2015, quando o Copom subiu os juros de 13,75% para 14,25%. A queda começou em 19 de outubro do ano seguinte, quando baixou para 14%. Das 13 instituições com projeções coletadas pela agência Bloomberg até esta quinta-feira (11), 10 projetam elevação da taxa básica de 2% para 2,50% ao ano, entre elas, Bradesco, Santander e Fundação Getulio Vargas. Três esperam um aumento um pouco menor, para 2,25% ao ano. Entre os motivos para a elevação dos juros estão o risco de descontrole das expectativas de inflação, que pela primeira vez desde 2017 estão acima do centro da meta, choques de aumento de preços, ligados principalmente à alta do dólar, que estão se disseminando pela economia, e a falta de ação do governo federal e do Congresso para conter o aumento do gasto público. “O Banco Central deve subir os juros para não perder o controle sobre as expectativas de inflação e, consequentemente, sobre a própria inflação”, afirma José Júlio Senna, ex-diretor do Banco Central e chefe do centro de estudos monetários do FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas). “O quadro se deteriorou muito rapidamente. A gente teve mais depreciação do câmbio, reajuste de combustíveis, uma demonstração mais clara ainda de que o apetite para o ajuste fiscal é inexistente e sinais de uma linha muito populista [em decisões governamentais], como no episódio da Petrobras.” Senna afirma que a ação do BC não deve ter como objetivo segurar o câmbio e que, dado o nível de ruído político no Brasil atualmente, não se pode ter segurança de que esse efeito secundário da alta de juros irá se materializar. O economista diz ainda que a instituição não pode deixar a inflação sair do controle devido ao baixo nível de atividade e das restrições econômicas causadas pela pandemia. Ele destaca a diferença atualmente entre a taxa básica e os juros de longo prazo, que tem sido prejudicial ao funcionamento da economia. A professora Margarida Gutierrez, do Coppead/UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), afirma que um aumento de 0,50 ponto percentual na taxa Selic não representa um choque de juros e que o que interessa para o nível da atividade econômica são os juros futuros. “O que baliza o custo do crédito são os juros futuros. O juro de dez anos está a 8,5%. Nos EUA é 1,6%. O de cinco anos está em 7%. De três anos está em 6%. Um ano, em 4,5%. Se o Banco Central ficar atrás da curva de juros, significa que ele perdeu”, afirma a economista. Gutierrez afirma que, por trás da alta da inflação ao consumidor, há um choque de expectativas inflacionárias e que não adianta nada o BC não subir os juros por causa da fraca atividade econômica. “A gente vai ficar em um mundo pior ainda. Vai ter mais inflação, isso vai reduzir ainda mais o eventual crescimento do PIB. Os juros futuros vão subir mais desordenadamente do que já vêm subindo. Para o PIB crescer, você precisa de uma série de condições na economia, incluindo as condições financeiras. Não subir os juros agora em detrimento de um PIB um pouco maior é uma falsa questão”, afirma. “Se você tem uma inflação crescendo, ao Banco Central só cabe uma coisa. Se é uma inflação de demanda, é o remédio clássico, tem de subir juros. Não é de demanda, mas é de expectativas. Então também é o remédio clássico, tem de subir juros, não tem jeito.” Um dos três analistas que projetam um aumento menor dos juros no próximo Copom, segundo a Bloomberg, é o economista-chefe da Ativa Investimentos, Étore Sachez. Para ele, acelerar o ritmo de aumento dos juros, que atualmente estão abaixo da inflação corrente com objetivo de estimular a economia, vai derrubar a inflação e as expectativas para 2022, que ainda estão em linha com a meta. Como a política monetária tem defasagens em relação a seus efeitos, subir muito a taxa agora não ajudaria a segurar a alta de preços neste ano. Segundo Sachez, se o câmbio não mexeu com as expectativas para 2022, o Banco Central tem de fazer a condução da política monetária de maneira serena e gradual. “Todo esse fervor que a gente está assistindo em relação à inflação deste ano não tem se refletido na do ano que vem. Pelo contrário, as expectativas em relação à atividade vêm sendo revisadas para baixo, o grau de incerteza em relação ao horizonte econômico e político subiu bastante. Tudo isso mitiga investimento, crescimento, e a gente não vê uma pressão inflacionária.” Ele afirma que o processo de vacinação da população economicamente ativa só deve ganhar força no último trimestre do ano, o que dificulta a retomada das atividades, o avanço do PIB neste ano e o surgimento de eventuais pressões inflacionárias adicionais. “Subir os juros em 0,25, iniciar o ciclo, é diferente de dar 0,50 [ponto percentual] agora. Hoje o mercado está precificando 6,30% de Selic em janeiro 2022. Isso já está no patamar restritivo de política monetária. A partir desse patamar, a gente vai enterrar ainda mais a atividade, removendo completamente o estímulo que o Brasil precisa para sair desse processo pandêmico. Neste ano a gente vai crescer 2,9% de PIB se der muita sorte.” O professor da Fipecafi Estevão Alexandre afirma que seria saudável aumentar a Selic para conter um pouco mais o aumento da inflação no curto prazo e que isso deve contribuir para reduzir um pouco a pressão em cima do dólar, ao reduzir a diferença de juros entre o Brasil e o exterior porque fica mais atrativo aplicar dinheiro aqui. “A gente está vivendo um ambiente de muita incerteza e volatilidade no mercado. Isso no

Complexo não pode demitir

Os empregados da Ford e dos fornecedores instalados dentro do complexo industrial da montadora em Camaçari (BA) ainda não foram demitidos. Parte deles voltou a trabalhar na produção de peças. Segundo a Ford, essa atividade, durará “alguns meses” e visa garantir disponibilidade de estoques de pós-venda”. A indenização dos trabalhadores, quando forem desligados, está em processo de negociação entre a Ford e o Sindicato dos Metalúrgicos de Camaçari. Em audiência de 18 de fevereiro, foi definida a manutenção, durante três meses, de salários e benefícios, condição estendida aos empregados das fabricantes de peças instaladas dentro do mesmo complexo industrial. Segundo informações de representantes dos trabalhadores, 10% dos funcionários do complexo foram convocados para a produção extra de peças. Mas os dispensados de suas funções ainda não podem ser demitidos devido ao acordo firmado. Nas empresas do lado de fora do Complexo Ford, com 1,2 mil operários, as demissões em massa começaram. É o caso das fabricantes de lanternas Sian e a de componentes metálicos Sodecia, que dispensaram quase todos os empregados e depositaram os valores de rescisão. No sindicato, há filas diárias para homologação. Os contratos de trabalho dos empregados da Ford e dos fornecedores que ficam no mesmo complexo estão atrelados. Por isso, essas autopeças não podem demitir. O Ministério Público do Trabalho da Bahia diz que a extensão dos termos às sistemistas ocorre porque essas empresas negociaram condições de trabalho em bloco com a Ford. Tudo, de faixas salariais a benefícios, são idênticos aos da Ford. Com maior independência das operações e na relação com trabalhadores, o desmanche de fábricas tende a ser mais rápido entre as fornecedoras instaladas fora do condomínio. A situação em Camaçari é diferente de São Bernardo do Campo, no ABC, onde a Ford anunciou o fechamento da unidade em janeiro de 2019, mas a produção foi diminuindo gradativamente até novembro do mesmo ano. Os empregados foram desligados por etapas. Na fábrica do ABC não havia fornecedores no entorno. Na Bahia, a Ford decidiu manter o centro de engenharia. Segundo a empresa, com cerca de 700 funcionários, o núcleo atuará no desenvolvimento de produtos e https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpgs para a empresa na América do Sul e no apoio de projetos globais da companhia. As equipes trabalham em parceria com universidades, SENAIs e outras instituições. Para Marcelo Senna, do Sindipeças, o destino das operações das empresas no complexo não será muito diferente das que estão fora. Há poucas alternativas. Uma delas é tentar elevar vendas para outras marcas. Como a maior parte das montadoras está fora do Nordeste, será necessário fechar a operação local e reforçar as que atendem montadoras em outras regiões. Outra opção, diz Senna, seria hibernar a fábrica mediante manutenção. “É uma opção improvável, mas possível. A maior parte das máquinas pode aguardar a chegada de nova montadora até 24 meses sem grande depreciação [tecnológica]. Os gastos envolvidos nisso seriam muito inferiores ao de retirar e realocar novamente uma fábrica”, diz. A questão, aponta, é a pouca fé da cadeia na chegada de uma substituta à Ford. VALOR ECONÔMICO

Bancos terão de fechar 30% das agências em até 3 anos para manter rentabilidade

Os cinco maiores bancos brasileiros, com quase R$ 8 trilhões de ativos em mãos, precisam enxugar 30% de sua rede de agências físicas em no máximo três anos, aponta estudo exclusivo feito pela consultoria alemã Roland Berger e obtido pelo Estadão/Broadcast. Isso significa fechar as portas de cerca de 5 mil unidades de alvenaria, de um total de 16.704, somados Banco do Brasil, Bradesco, Itaú Unibanco, Santander Brasil e Caixa Econômica Federal, conforme dados do Banco Central do fim de fevereiro. O fechamento de agências resulta da pressão por corte de custos e eficiência diante do ‘novo normal’ do sistema financeiro, de acordo com a Roland Berger. Se antes essa já era uma realidade com a multiplicação de fintechs, com a pandemia, que acelerou o processo de digitalização dos brasileiros, só fez crescer. “Os bancos brasileiros vão precisar encerrar pelo menos 30% de suas agências no curto prazo, no máximo, em dois anos. Estamos falando de 5 mil agências dos 5 maiores bancos”, afirma o presidente da consultoria alemã Roland Berger, Antônio Bernardo, em entrevista ao Estadão/Broadcast. De acordo com ele, a mudança de comportamento dos clientes a reboque da covid-19 coloca a rentabilidade dos bancos brasileiros, ainda elevada frente aos pares internacionais, na berlinda. O retorno sob o patrimônio líquido (ROE, na sigla em inglês) já foi afetado com o aumento das provisões para devedores duvidosos, as chamadas PDDs, reforçadas para fazer frente à inadimplência. Apesar disso, a rentabilidade dos bancos brasileiros ainda é considerada elevada, na visão da Roland Berger. “Se os bancos brasileiros não se transformarem – e as agências são só uma das mudanças -, a rentabilidade vai baixar mais, ficando menos atrativos para investidores”, diz Bernardo. EficiênciaNesse sentido, a busca por eficiência no universo bancário, segundo a consultoria alemã, não consiste em apenas cortar custos e despesas, com o fechamento de agências bancárias. A Roland Berger vê a necessidade de uma reestruturação completa da dinâmica do relacionamento com os clientes. “A pandemia mudou muito o comportamento de compra dos clientes. Na realidade, o que a gente vê são clientes muito mais digitais. Os bancos, especialmente os grandes, têm de fazer em seis meses o que pensavam em 6 anos”, avalia o presidente da consultoria alemã Roland Berger, Antônio Bernardo, em entrevista ao Estadão/Broadcast. Para o especialista, a comparação internacional mostra que as estruturas de agências no Brasil têm muito espaço para otimização. Para se ter ideia, o Bradesco tem mais da metade do número de agências do BNP Paribas, maior banco da União Europeia, conforme a consultoria. Esse processo no Brasil muda, porém, de um banco para o outro. O Santander Brasil, por exemplo, tem menos agências que seus rivais. Somava 2.710 unidades físicas ao fim de fevereiro, ante 3.391 do Bradesco, segundo o BC. O próprio presidente do espanhol, Sergio Rial, diz que o banco não é um “tema de infraestrutura física” no Brasil. Os bancos já têm capitaneado uma repaginação de suas agências no País, em um processo que vai da redução de algumas unidades à especialização de outras, com foco em segmentos específicos. Esse movimento, contudo, ainda é muito lento, na opinião de Bernardo, da Roland Berger. Não é só o fechamento, diz, mas a transformação da rede de alvenaria, que terá de ter unidades grandes, no estilo de lojas da Apple, automáticas, e outras com uma pegada mais de consultoria, voltada a investimentos, créditos mais complexos. “A gente vê esse movimento bem lento. Na realidade, poderia ser um pouco mais acelerado e sempre sob a ótica da omnicalidade [integração de todos os canais de contato disponíveis]”, afirma. “Não interessa onde o cliente é atendido. Ele sempre tem de ser atendido da mesma forma”. O ESTADO DE S. PAULO

PEC emergencial é aprovada em 2º turno na Câmara

Após acordo costurado pelo líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), para liberar as promoções e as progressões dos servidores públicos, os deputados caminhavam ontem à noite para concluir a análise da proposta de emenda constitucional (PEC) emergencial. A sessão ocorria com mais tranquilidade do que na véspera e a expectativa era que a sessão do Congresso para promulgar o texto ocorresse hoje, mas ela acabou ficando para a próxima semana. O objetivo dos parlamentares é destravar rapidamente o envio da medida provisória (MP) que estabelecerá a retomada do pagamento do auxílio emergencial por quatro meses, entre março e junho. Até o fechamento desta edição, os deputados ainda analisavam sugestões de mudanças apresentadas por bancadas partidárias. Para evitar surpresas como a do dia anterior, o governo foi atuante desde o início da sessão. O ministro da Secretaria de Governo da Presidência, Luiz Eduardo Ramos, chegou ao Congresso antes da abertura da ordem do dia, com o objetivo de mobilizar os deputados e evitar novas desidratações no texto da PEC. Antes de assumir o comando da sessão, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou a jornalistas que a manutenção do texto era “imperiosa”, em função do acordo fechado horas antes. “O governo cedeu um pouco, o plenário da Câmara ajustou”, declarou. Ele demonstrou confiança de que encerraria a apreciação da PEC ainda ontem. “É importantíssimo que nós terminemos hoje essa PEC, para dar tempo de se tomar as providências necessárias e passarmos para outros assuntos, que são justamente a reforma administrativa, com a CCJ [Comissão de Constituição e Justiça] já instalada, e a liberação do relatório”, disse Lira. “Vamos trabalhar neste fim de semana para que se apresente também o mais rápido possível o relatório da reforma tributária”, acrescentou. Depois de rejeitar dos requerimentos de obstrução com facilidade, a Câmara aprovou, com apoio de 366 deputados, o texto-base da PEC emergencial em segundo turno. Na sequência foram aprovados os destaques que liberaram promoções e progressões para servidores públicos. Segundo o líder do governo na Câmara, estimativas da equipe econômica apontam que o impacto da medida é de cerca de R$ 1,5 bilhão por ano. Com as emendas, a proibição deixará de ser incluída na Constituição e no Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, conforme previam dispositivos previstos na PEC. A concessão foi acertada ontem por Barros para evitar que os deputados acatassem, durante análise de primeiroturno da PEC, um destaque do PT que sugeria a retirada da PEC gatilhos de ajuste fiscal para os Estados e municípios quando a despesa corrente ultrapassar 95% da receita corrente. Um dia antes, parlamentares já tinham desidratado o texto ao rejeitarem a desvinculação de receitas de impostos a fundos, despesas e órgãos específicos, entre eles a Receita Federal. Auditores fiscais pressionaram pela alteração por avaliarem que a medida poderia prejudicar o repasse de recursos para a Receita. A aprovação da mudança jogou por terra o aceno de Lira sobre a possibilidade de emplacar a íntegra do texto do Senado. Na votação do destaque do PDT, 302 parlamentares votaram contra a mudança, seis a menos do que o necessário para derrubar a emenda. Mesmo com relatos de parlamentares de que Guedes não seria favorável à desvinculação para a Receita Federal, o líder do governo na Câmara, desmentiu os rumores e orientou, sem sucesso, pela manutenção do texto. “As pessoas receberam ligações dizendo que o Ministério da Economia estava favorável, mas não é verdade. A posição do governo é manter o texto”, assegurou Barros.. Na ocasião, o ministro Ramos, articulador político do Palácio do Planalto, precisou se deslocar para as dependências do Congresso Nacional para evitar que a derrota fosse ainda maior. Auxiliares da equipe econômica, como Esteves Colnago, assessor especial do ministro Paulo Guedes, também estiveram presentes para participar das articulações. VALOR ECONÔMICO

Fase emergencial do plano SP: entenda o que muda com as novas restrições para conter pandemia

Diante do aumento de casos, internações e mortes pela covid-19, o governo paulista colocou todo o Estado na fase emergencial, ainda mais restritiva do que a fase vermelha do Plano São Paulo, programa de retomada da economia e flexibilização da quarentena. A medida vale de segunda-feira, 15 de março, até o dia 30 do mesmo mês. A intenção é diminuir a ocupação de leitos de UTI e evitar o colapso do sistema de saúde. Segundo a gestão João Doria (PSDB), a fase emergencial vai aumentar as medidas restritivas em 14 atividades, impactando diretamente mais de 4 milhões de pessoas. Nesta quinta-feira, 11, a ocupação de leitos de UTI para covid-19 chegou a 87,6% no Estado, um recorde nesta pandemia. E, nas últimas 24 horas, foram registradas 440 mortes. Veja a seguir o que se pode fazer ou não nesse período:O que é a fase emergencial?É uma nova fase do Plano São Paulo, que dá diretrizes para a retomada econômica durante a crise do coronavírus e estabelece medidas de isolamento social para diminuir a disseminação do novo coronavírus. É a sexta fase, mais rigorosa do que a fase vermelha, nível que tinha mais restrições entre todas as outras fases. De acordo com o governo, a classificação é realizada com base no comportamento da pandemia em cada região (casos, óbitos e internações) e a capacidade de resposta do sistema de saúde local. Como todo o Estado está em situação delicada neste momento, todas as cidades estarão dentro da fase emergencial. Quais atividades terão mais restrições durante a fase emergencial?Lojas de materiais de construção não podem ter atendimento presencial, mas ficam liberados os serviços de retirada por clientes com veículo (drive-thru) e entrega na casa do comprador (delivery)Lojas de eletrônicos não podem ter atendimento presencial. Estão liberadas só a entrega (delivery) e a retirada de automóvel (drive-thru), com proibição de retirada de produtos no local.Proibição de celebrações de atividades esportivas coletivasRestrição das praias apenas para exercícios individuais (algumas cidades já anunciaram o bloqueio da faixa de areia, como Santos)Escritórios e atividades administrativas pública e privada deverão adotar teletrabalho para diminuir a circulação de pessoas, o que inclui mercado financeiro, serviços jurídicos, call-center, entre outrosLojas e restaurantes: só poderão fazer entregas pelo sistema de drive-thru entre 5h e 20h ou por serviço de delivery por telefone ou aplicativo de InternetProibição de cerimônias religiosas coletivas presenciais, mas há permissão para que templos religiosos fiquem abertos para manifestações indivuduais de féOs supermercados poderão funcionar durante a fase emergencial?Não haverá qualquer restrição para este tipo de atividade. Como ficam restaurantes, bares e padarias?Fica permtida somente entrega (delivery) e retirada de automóvel (drive-thru), com veto à retirada de produtos no local. Mercearias e padarias podem funcionar seguindo as mesmas regras de supermercados, com proibição de consumo no local. Como ficarão as escolas durante a fase emergencial?As escolas estaduais estarão abertas apenas para alimentação e distribuição de materiais e chips mediante agendamento prévio. “Nós recomendamos para todos os municípios e redes privadas, atividades sejam realizadas aquilo que seja realmente necessário. Se puder fazer à distância, faça à distância”, disse o secretário estadual da Educação, Rossieli Soares. Além disso, as semanas de recesso de abril e outubro estão antecipadas no Estado e ocorrerão entre 15 e 28 de março. As escolas particulares e municipais terão autonomia para fechar ou não, mas a recomendação é restringir o máximo possível qualquer atividade presencial e aderir à antecipação do recesso. Segundo Arthur Fonseca Filho, presidente da Associação Brasileira de Escolas Particulares (Abepar), a recomendação deve ser a de que as escolas restrinjam ao máximo o número de alunos àqueles que mais precisam e continuem a dar aulas online nos próximos 15 dias. Como vai funcionar o toque de recolher à noite?O governo instituiu um toque de recolher entre as 20 e as 5 horas, com a promoção de blitze de orientação a motoristas. Não há previsão de multas para pedestres que circularem na rua, com exceção daqueles que não utilizarem máscaras ou promoverem aglomerações, o que já estava em vigor em São Paulo. “Não devemos circular nesse horário, a não ser que haja uma necessidade absoluta”, afirmou Paulo Menezes, coordenador do Centro de Contingência contra o Coronavírus. Sobre a medida, Doria destacou que não se trata de um lockdown. Quanto tempo vão durar as restrições?A previsão é de que durem de segunda-feira, 15, até dia 30 de março. Há possibilidade de extensão das medidas se não houver melhora do cenário epidemiológico do Estado de São Paulo. Como ficará o deslocamento das pessoas para o trabalho?O transporte coletivo funcionará normalmente, mas o governo recomendou um escalonamento de horário de atividades para reduzir as aglomerações no transporte público. A indicação é que trabalhadores da indústria entrem entre as 5h e as 7h, enquanto de serviços das 7h às 9h e, por fim, do comércio das 9h às 11h; O que muda nos hotéis?Fica proibido o funcionamento de restaurantes, bares e áreas comuns dos hotéis. A alimentação é permitida somente nos quartos. Como denunciar festas e aglomerações?Festas e aglomerações estão proibidas. O governo divulgou números para denúncias de aglomeração, que podem ser feitas pelos telefones 0800 771 3541 e 3065-4666, pelo site do Procon e pelo e-mail secretarias@cvs.saude.sp.gov.br.​ O ESTADO DE S. PAULO