Sua Carreira estreia canal de transmissão de notícias e grupo de discussões no Telegram
O mundo do trabalho nunca esteve tão movimentado. O surgimento constante de novas https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpgs impulsionou a demanda por diferentes habilidades e cunhou o termo “profissionais do futuro”. Soma-se a isso a pandemia do novo coronavírus, que surpreendeu empresas de todo o mundo em 2020 e acelerou práticas, segundo especialistas, que vieram para ficar: home office, soft skills, saúde mental no ambiente corporativo, diversidade e inclusão, entre outras. Para reunir as tendências e novidades implementadas pelas empresas brasileiras e multinacionais, além de trazer especialistas para comentar todos esses assuntos, o Sua Carreira criou um canal de distribuição no aplicativo Telegram. Por lá, vamos compartilhar reportagens e fazer uma curadoria de conteúdo para mantê-lo informado sobre o universo corporativo. Além disso, atrelado ao canal, criamos um grupo para conversar com você, leitor. Vamos compilar semanalmente as principais dúvidas enviadas pelos participantes, buscando as respostas com especialistas e professores das melhores universidades do País. Também será um espaço aberto para discussões e troca de experiências entre os membros, para fomentar o intercâmbio de ideias e particularidades sobre suas profissões. Queremos acompanhar e estar juntos na evolução da sua carreira e crescimento profissional. COMO PARTICIPARSe você já tem o aplicativo Telegram instalado no seu celular, basta clicar neste link para seguir nossa lista de transmissão de notícias. Para fazer parte do grupo, clique aqui. Caso ainda não tenha o aplicativo, siga os seguintes passos: 1- Vá até a loja de aplicativos do seu celular e busque pelo Telegram 2 – Instale o aplicativo 3 – Cadastre-se com o número do seu celular 4 – Agora, basta clicar neste link ou mesmo buscar nosso perfil na barra de pesquisa digitando @estadaosuacarreira 5 – Pronto! Você receberá diariamente uma lista com as principais notícias 6 – E já que você está no Telegram, entre no nosso grupo neste link e fique à vontade para enviar dúvidas e comentários sobre os temas abordados O ESTADO DE S. PAULO
O livro do tampão (Pedro Fernando Nery)
Premiada com o Leão do Festival Internacional de Criatividade de Cannes em 2019, a campanha “O livro do tampão” provoca a discussão sobre tributação e gênero. O livro, que ficou à venda, é um falso livro: na verdade, uma caixa de tampões disfarçada. É que, como livro, pagava-se menos tributo. Na Alemanha das idealizadoras, esses produtos femininos eram considerados supérfluos, sujeitos a uma alíquota maior do que produtos como pinturas ou trufas, considerados mais essenciais. Para além do exemplo emblemático, um debate se coloca: no sistema tributário, mulheres pagam mais? À primeira vista, a resposta intuitiva parece ser sim: afinal, nosso sistema tributário é regressivo (exige mais dos mais pobres do que dos mais ricos) e mulheres têm participação maior na pobreza do que os homens (pior acesso ao mercado de trabalho formal, frequentemente responsáveis pelos filhos). Um grupo de estudos voltado para a questão – Tributação e gênero – foi montado na Escola de Direito de São Paulo da FGV e tem publicado sobre o assunto (com participação de procuradoras da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional). Em nota recente (Reforma tributária e desigualdade de gênero: contextualização e propostas), ressaltam a importância de reformar o sistema para onerar menos o consumo e onerar mais a renda, tornando-o mais progressivo. Mas há algumas qualificações a serem feitas a esse trabalho, assumidamente aberto e inicial. As principais análises concentram-se no Imposto de Renda, o que acaba sendo um limitador em um País como o nosso: segundo a Receita Federal, 13 milhões dos declarantes do Imposto de Renda são mulheres. Mas a população adulta feminina ultrapassa 70 milhões, a maioria sem renda suficiente para declarar IR. De fato, os dados mostram que homens são mais beneficiados pelas isenções no Imposto de Renda (possivelmente, pela maior parcela entre aqueles isentos de recolher IR sobre lucros e dividendos). A parcela isenta é de 33% da renda deles, 27% no caso delas. Mas, no fim das contas, o porcentual de imposto pago é virtualmente igual: 6% para ambos, quando são consideradas as deduções. Assim, a disparidade de gênero mais relevante no sistema tributário parece não estar entre os declarantes do IR, mas entre esses e os que não declaram. E, para esse grupo, as autoras entendem que a reforma tributária da PEC 45 “reforça a regressividade do sistema atual”. Em entrevista ao Jota na semana passada, a professora Tathiane Piscitelli, da FGV, foi mais taxativa: “Vai piorar para a população de baixa renda. A mulher negra e chefe de família. É para ela que vai piorar especificamente”. A evidência disponível parece questionar essas afirmações. O estudo de Sérgio Gobetti e Rodrigo Orair, do Ipea, projeta que a PEC reduz o peso dos impostos sobre a renda dos mais pobres e aumenta na dos mais ricos. Para os 10% mais pobres, a queda do peso seria de cerca de 10%. Para os 10% mais ricos, aumento em magnitude semelhante. Uma característica da PEC ajuda a entender o debate: a unificação das alíquotas incidentes sobre bens e serviços. Para Tathiane e coautoras, a unificação seria negativa por encarecer os produtos da cesta básica, hoje desonerados. A PEC prevê devolução de impostos aos mais pobres, mas o mecanismo seria “obscuro”. Já o cálculo de Gobetti e Orair contempla que a unificação, ao reduzir os encargos de bens e elevar os de serviços, atinge mais o consumo dos mais ricos – que gastam mais de sua renda com serviços (ainda assim, os pesquisadores ressaltam a importância do bom desenho do mecanismo de devolução). Portanto, é difícil concordar com as autoras quando afirmam que o aumento da carga sobre serviços reforça a regressividade do sistema, por dificultar o acesso à saúde e educação. Bráulio Borges, do Ibre, com base na última Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) do IBGE, mostra bem como são os mais ricos que destinam fatias maiores de suas rendas para estes serviços privados. Ademais, sendo a PEC 45 apenas uma fatia da reforma, fundamentalmente voltada ao crescimento econômico e não à redistribuição, os efeitos positivos sobre o ganho de renda dos mais pobres também devem ser contemplados. Por algumas estimativas, seriam bastante elevados. Por fim, uma proposta interessante de Tathiane e coautoras é a dedução do IR de pessoas jurídicas que contratem mulheres chefes de família ou negras. Talvez instrumento de maior impacto seja o de fazer a diferenciação nos próprios encargos sobre a folha. Dado os elevados efeitos positivos para a sociedade da inserção dessas mulheres no mercado de trabalho formal, uma desoneração orientada para gênero merece ser discutida. Do “Livro do tampão” à iniciativa da FGV, a lente de gênero parece promissora para analisar um tema normalmente árido e pouco capaz de gerar o engajamento que deveria na sociedade. *DOUTOR EM ECONOMIA O ESTADO DE S. PAULO
Covid, meio ambiente e geopolítica estão entre os riscos às empresas em 2021
Programas de vacinação conturbados, desentendimentos entre EUA e China, dificuldades na retomada econômica e questões socioambientais e de aceleração digital são os cinco maiores riscos das empresas ao redor do mundo em 2021, apontou o novo RiskMap da Control Risks, divulgado nesta segunda-feira (11). No Brasil, segundo o diretor da Control Risks, Thomaz Favaro, esses riscos se agravam quando se leva em consideração os aspectos políticos e fiscais do país. “Em relação ao risco trazido pela pandemia, toda a região [da América Latina] está ficando um pouco para trás no calendário de vacinação e na cobertura contratada. No Brasil, ainda vemos o governo federal e os estados patinando com a compra de vacinas e isso também impacta a recuperação econômica do país”, afirmou. “Enquanto alguns países começam a retomar uma agenda de austeridade para a retomada, muitos, como o Brasil, precisarão correr atrás dos prejuízos trazidos pela Covid. A situação fiscal é dramática para o país em 2021 e é uma situação que precisa estar em pauta no jogo político”, disse Favaro. O posicionamento pró-Trump do governo de Jair Bolsonaro (sem partido) também agrava, no caso brasileiro, os riscos relacionados aos embates entre EUA e China. A preocupação, segundo Favaro, deve-se ao fato de a China ser um país de grande importância para a balança comercial brasileira. “Uma boa parte dos países ao redor do mundo tenta adotar uma postura de não alinhamento, tentando trabalhar com as duas nações. O Brasil tem tomado a direção contrária, de afastamento. Mas é improvável que isso se prolongue e chegue a reverter o investimento, a China é importante demais para toda a América Latina”, disse o executivo da Control Risks. Em relação às questões socioambientais, que ganharam destaque ao longo de 2020 com o tema de melhores práticas ambientais, sociais e de governança (ou ESG, como são conhecidas pelo mercado), a expectativa é de uma pressão nas empresas para a adoção de uma posição favorável ao assunto. O mesmo acontece nas questões voltadas para a aceleração digital e maior conectividade de sistemas. “Já vimos uma pressão sobre a capacidade de adaptação das empresas ao novo mundo digital com o home office, na pandemia. Isso aumenta a necessidade de resposta das empresas a novos desafios. Temas como LGPD [Lei Geral de Proteção de Dados] e o desmatamento na Amazônia estarão particularmente quentes no Brasil em 2021”, disse Favaro. Apesar de a tendência de retomada ainda depender do cenário brasileiro para a decisão das vacinas e a resolução do tema fiscal, a expectativa é mais otimista em relação ao ano passado. “Em 2020, o foco foi entender qual era o tamanho do problema e tentar reagir. Parte dessa equação ainda está nas incertezas que perduram. Agora será necessário focar em como capitalizar e ter ganhos de produtividade”, afirmou o diretor. FOLHA DE S. PAULO
Varejo cresceu 6,6% em dezembro ante novembro, mostra pesquisa da Getnet
O indicador de varejo da Getnet, o IGet, que calcula o desempenho do comércio com base nas transações efetuadas pelas maquininhas do Santander, cresceu 6,6% em dezembro na comparação com novembro. O cálculo retira efeitos sazonais e toma como base os estabelecimentos comerciais que entram no chamado varejo restrito, que exclui as vendas feitas de veículos, autopeças e materiais de construção. No varejo ampliado, que considera todos os ramos, a alta é de 5,3%. Pé no freio. Na avaliação da Getnet, os dados dos últimos três meses mostram uma “certa acomodação” do consumo, após variações mais altas nos meses anteriores. A desaceleração, afirma a empresa, reflete a redução do valor pago pelo auxílio emergencial. O ESTADO DE S. PAU
Salário mínimo fica abaixo da inflação em 2021
O salário mínimo de R$ 1.100 em 2021 não repõe a inflação do ano passado. O INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), indicador que corrige o salário mínimo, registrou alta de 5,45% em 2020, segundo dados divulgados nesta terça-feira, 12, acima do reajuste de 5,26% dado no salário mínimo. Isso significa que a alta no piso não repõe o poder de compra, como assegurado pela Constituição. Para isso, o piso deveria subir para R$ 1.101,95 ou R$ 1.102, após arredondamento. O Estadão procurou o Ministério da Economia para saber se o governo definirá um novo valor para o salário mínimo, como foi feito em 2020, mas até o momento não houve resposta. No ano passado, o governo anunciou que aumentaria o salário mínimo de R$ 998 para R$ 1.039, mas depois da divulgação do INPC, o valor foi reajustado para R$ 1.045 a partir de fevereiro. Em 30 de dezembro, o secretário de Fazenda do Ministério da Economia, Waldery Rodrigues, disse em coletiva de imprensa, que o governo poderia reavaliar a situação e talvez até incorporar a diferença de forma imediata. “Nosso compromisso é atender ao mandamento constitucional de manutenção do poder aquisitivo do salário mínimo, e assim será feito”, disse Waldery. “Após a divulgação do INPC, será reavaliado se o valor de R$ 1.100 corresponde ou não. A previsão é 5,22%. O valor (do mínimo) pode ser alterado? Sem dúvida, pode ser alterado, depende do dado realizado, e não do previsto, para o INPC em dezembro”, afirmou. A política de valorização do salário mínimo, com reajustes pelo índice de preços e pela variação do PIB, vigorou entre 2011 e 2019, mas nem sempre o salário mínimo subiu acima da inflação. Em 2017 e 2018, por exemplo, foi concedido o reajuste somente com base na inflação porque o PIB dos anos anteriores (2015 e 2016) encolheu. Por isso, para cumprir a fórmula proposta, somente a inflação serviu de base para o aumento. Em 2019, houve um aumento real de 1%, refletindo o crescimento de dois anos antes e marcando o fim da política. O ESTADO DE S. PAULO
5 tendências para os negócios em 2021 (Fernanda Camargo Antonio)
2021, seja bem-vindo. Este é um ano em que ainda é preciso planejar a curto prazo, não perder o foco nas mudanças do comportamento dos consumidores e continuar investindo em inovação. Mesmo que a vacina contra covid-19 traga uma sensação de normalidade, a dinâmica dos negócios foi alterada. Você pode ter descoberto outras maneiras de ser encontrado, de entregar, de fazer seu consumidor te ver e eles podem querer continuar assim, mas não deixe que a sensação de querer que “tudo volte ao que era antes” te pegue de assalto. O que passou, passou. Se algo tiver que voltar a ser como era, pense em como fazer isso sem perder tudo de bom que esses tempos difíceis trouxeram. Pense em tudo o que você aprendeu e ainda pode colocar em prática. Pense que os novos caminhos e as novas possibilidades não precisam de tempos difíceis para serem colocadas em prática. Para isso, olhe para as tendências para 2021 e veja como elas podem funcionar em sua empresa, no seu negócio. Virtual e presencial caminhando juntosEssa tendência já é realidade e não vai mudar. Canais de comunicação rápida com acesso aos produtos e serviços, que podem fazer a venda ser efetuada, o produto ser reservado, uma entrega programada, uma retirada, uma escolha no virtual para ver e comprar no presencial, um agendamento de serviço. O WhatsApp, as redes sociais, o telefone, site, local físico, canais que vão continuar existindo e que podem ser cada dia mais utilizados, pois se complementam e se integram. Um novo consumidor online, mas que ainda gosta muito do presencial, foi despertado, no período de pandemia, os Baby Boomers. Eles têm entre 33 e 64 anos e o aumento de compras online nessa faixa de idade, uma crescente de 75% só em novembro de 2020, mostra que eles vieram para ficar. Por isso, fique atento às ferramentas que essas https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpgs trazem, use-as e faça seu ponto físico ser visto pelo virtual e seu virtual ser concretizado com a venda de produtos e serviços. HumanizaçãoParece controverso o digital e a humanização, mas lembre-se que todas as ferramentas digitais têm pessoas postando, atendendo, respondendo e, quando isso não acontece, elas não trazem o resultado esperado. O que faz o mundo dos negócios são as pessoas! Por isso, nunca foi tão importante trabalhar com o que te faz feliz, com pessoas que acreditam no seu negócio e ter processos de inovação sendo aplicados o todo momento. Planejamento, processos e inovação devem andar de mãos dadas, para que sua empresa tenha um atendimento humano e próximo de seus clientes. Pense em como você e sua empresa fazem diferença na vida de seus consumidores e faça disso seu lema. A humanização traz com ela uma ação essencial para as empresas: a retenção de clientes. Saber manter quem já é cliente é muito mais lucrativo para as empresas do que estar a todo momento buscando novos clientes. Pense em quais estratégias sua empresa pode colocar em prática para manter seus clientes ativos e você vai ver que todas elas passam por ações humanas: escutar, entender, responder, olhar e enviar mensagens direcionadas. Sempre brinco que humano gosta de humano, então, vamos humanizar! PropósitoCada vez mais as pessoas se importam com a maneira de consumir e as consequências desse consumo. Empresas que deixam claro o porquê existem, qual o motivo de venderem o que vendem, atraem mais e mais consumidores. Qual o propósito da sua empresa? O que o mobiliza e faz com que seus consumidores sejam atraídos por escolher você? Qual herança seu negócio vai deixar para o mundo? São perguntas que muitas pessoas estão se fazendo para decidirem se virarão consumidores de determinadas empresas. Durante a pandemia vimos pequenos empreendedores, de prédio ou bairros, ganhando mercado, pois eles têm um propósito – atender bem e rapidamente quem está perto deles. Esse propósito faz os produtos serem mais frescos, serem produzidos por encomenda (o que evita desperdício), contribui para o desenvolvimento local, economiza combustível, fortalece uma comunidade. Propósitos e motivos que incentivam a compra. Agora, pense, qual o seu propósito? Como sua empresa pode divulgá-lo e estar inserido nessa tendência? InovaçãoEssa tal da inovação veio para ficar! Inovar é fazer algo que você não fazia antes e que traga resultados. Acabou a era de pensar que inovar era só para os grandes, que precisava de muito tempo ou dinheiro, que as empresas precisavam ter ideias únicas. Inovar é para todos! E sabia que as micro e pequenas empresas (MPEs) conseguem inovar muito mais rápido que as grandes? É, as micro e pequenas empresas têm a vantagem de serem pequenas, de terem processos com menos pessoas na tomada de decisão e esses fatores facilitam a tomada de ação de forma mais rápida. Então, por que as pesquisas mostram que as MPEs inovam menos? Muitas vezes por nem saberem que o que estão fazendo é inovação e responderem as pesquisas com o pensamento de que inovar é criar algo único. Uma empresa que passa pelos atendimentos do Sebrae-SP, sai com inúmeras ferramentas para inovar, uma planilha de fluxo de caixa para quem não faz o controle, uma ferramenta das redes sociais para ser mais visto, uma maneira de gerir pessoas, cada novo processo é uma inovação. O que não dá é ficar dizendo que antigamente as coisas eram melhores e que não quer colocar nada em prática. Falando nisso, inovar é colocar o conhecimento e as ferramentas em prática, tá? Não adianta saber o que tem de ser feito e não fazer (#ficaadica!) Micro e pequenas empresas As MPEs serão a tendência de 2021! Muitas surgirão por necessidade, outras por oportunidades, mas todas terão lugar ao sol. As MPEs são responsáveis por gerar empregos e renda, por terem propósitos, por serem humanas, por se adaptarem de forma rápida e inovarem sem parar, ou seja, elas fazem a economia rodar. Mas sabemos também que muitas delas fecham prematuramente, por falta de planejamento e gestão. Então, se tem uma micro ou pequena empresa, ou se está pensando
Confiança do consumidor recua com emprego e renda em baixa
Empresários e consumidores terminaram 2020 menos confiantes, mas a piora do humor foi mais acentuada entre as famílias, que estão bem mais pessimistas do que as empresas. Depois de cair pelo terceiro mês consecutivo, o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) marcou 78,5 pontos em dezembro, enquanto o Índice de Confiança Empresarial (ICE) ficou em 95,2 pontos. A distância de 16,7 pontos entre os dois indicadores é a maior desde fevereiro de 2010, quando o ICE superou o ICC em 16,9 pontos. O recrudescimento da pandemia, as dúvidas sobre o processo de vacinação da população e o elevado nível de incerteza econômica afetam negativamente a percepção do setor privado de forma geral, apontam economistas. Entre as famílias, no entanto, esse quadro é agravado pelo fim do auxílio emergencial, pelo desemprego alto e pela inflação ainda incômoda, principalmente de alimentos. Com essa conjuntura negativa, o consumo, que representa mais de 60% do Produto Interno Bruto (PIB) pelo lado da demanda, deve começar o ano em ritmo fraco. É normal que a confiança dos consumidores fique em patamar menor que a do empresariado, mas não no nível atual, que pode ser considerado muito baixo, afirma Viviane Seda, coordenadora das Sondagens do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV). Antes de 2010, observa Viviane, outra época de disparidade recorde entre os dois indicadores foi a crise financeira de 2008: em julho daquele ano, o ICC chegou a ficar 20 pontos abaixo do ICE. “Em momentos de crise, o consumidor acaba se tornando pessimista mais rápido que o empresário, e a recuperação também é mais lenta.” Há três meses, nota a economista, tanto o indicador que mede a situação atual quanto o de expectativas futuras dos consumidores vêm em baixa. Em dezembro, porém, os dois índices voltaram a patamares comparáveis aos do fim da recessão de 2014 a 2016, refletindo insatisfação com o presente e perspectivas pessimistas à frente. O momento agora é de reação da atividade, mas uma série de fatores vem diminuindo o ânimo das famílias, diz Viviane: a retirada dos benefícios do governo, a taxa de desemprego acima de 14% e a preocupação com a evolução da pandemia seriam os principais em sua visão. Com queda da renda, muitos trabalhadores voltando ao mercado informal e o medo da pandemia, a tendência é que a confiança do consumidor siga em queda no começo do ano, afirma a coordenadora das sondagens do Ibre/FGV, o que aponta para desaceleração do nível de atividade no primeiro trimestre. “Haverá perda de demanda, e provavelmente a taxa de desemprego vai continuar muito alta. Com o nível de incerteza elevado e aumento no número de casos, as empresas não vão investir e contratar neste momento.” Economista-chefe do Barclays para Brasil, Roberto Secemski pondera que, com exceção do setor manufatureiro, a situação das empresas retratada pelas sondagens também não é tão animadora. Dentro do índice empresarial, a indústria é o único segmento que se manteve com confiança em alta: os indicadores referentes ao comércio e aos serviços vêm piorando desde outubro, e o da construção começou a recuar um mês depois. O movimento coincidiu, ainda que de forma não exata, com a redução do auxílio, destaca Secemski. “Os consumidores não somente sentiram esta queda no auxílio, mas também a aceleração da inflação de alimentos em mais de 10% desde agosto, e enfrentam desemprego elevado”, comenta o economista, para quem a taxa de desocupação deve seguir em alta, conforme as pessoas retornem ao mercado de trabalho à procura de uma vaga. “Esse quadro de confiança em baixa entre os consumidores deve perdurar com o fim do auxílio, combinado com preços altos e toda a incerteza com relação à pandemia e à vacinação”, acrescenta ele. Em termos de atividade, avalia Secemski, a menor confiança do setor de serviços, que representa quase dois terços da economia, e também dos consumidores reforça a perspectiva de perda de fôlego na abertura do ano. Nas estimativas do banco britânico, o Produto Interno Bruto (PIB) vai ficar praticamente estável no primeiro trimestre, com alta de 0,1% em relação ao último trimestre de 2019 na comparação dessazonalizada. “Mas os riscos continuam sendo de baixa, com possível queda no trimestre.” Andrei Spacov, economista-chefe da Exploritas Investimentos, espera que o PIB cresça pouco nos primeiros três meses, com expansão entre zero e 0,5%, mas vê como natural que a economia perca um pouco de ritmo após a retomada em “V” observada no terceiro trimestre. Ao menos no primeiro semestre, a confiança deve andar de lado, principalmente dos consumidores, o que tende a limitar uma retomada mais forte da atividade, afirma Spacov. Ao longo do ano, porém, o economista da gestora de recursos vê fatores que podem fazer com que o crescimento surpreenda para cima, ficando mais perto de 5% do que dos 3,4% estimados pelo consenso de mercado. “Se tivermos a vacinação começando em janeiro, isso deve mitigar um pouco o medo do consumidor. E alguns setores já pararam de demitir e estão voltando a contratar, como o de construção civil e o automotivo”, afirma Spacov, o que tende a reverter a queda da confiança. No cenário do Ibre/FGV, o PIB vai aumentar 3,6% em 2021, em grande parte devido ao carregamento estatístico deixado por 2020. No Boletim Macro de dezembro, a entidade aponta que espera “significativa desaceleração do crescimento no primeiro semestre, devido à piora da pandemia e ao fim das políticas de estímulo implementadas no ano passado. VALOR ECONÔMICO
Inflação acelera em dezembro e fecha o ano em 4,52%, maior alta desde 2016
A inflação acelerou em dezembro e fechou o ano em 4,52%, segundo dados divulgados nesta terça-feira pelo IBGE. É a maior desde 2016. No último mês de 2020, a alta na conta de luz, com a bandeira vermelha, somou-se à pressão dos preços dos alimentos, que puxaram o IPCA ao longo de todo o ano. O IPCA mede a inflação oficial do país. O índice terminou 2020 acima do centro da meta, de 4%, mas dentro da margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. A expectiva dos especialistas ouvidos pela Reuters era que a inflação encerasse o ano em 4,2%. Já o último Boletim Focus, divulgado na segunda-feira pelo Banco Central e que reúne expectativas de analistas de mercado, apontava para alta de 4,37%. Para 2021, a projeção do Focus é que o IPCA encerre o ano em 3,34%. Em 2019, a taxa foi de 4,31%. A inflação no ano da pandemia foi marcada principalmente pelos preços elevados nos alimentos, influenciados pela alta do dólar, pelos maiores preços das commodities e pelo aumento da demanda interna, que ganhou força com o maior consumo domiciliar e com a injeção do auxílio emergencial na economia. Alimentos têm maior alta desde 2002O grupo alimentos e bebidas teve alta de 14,09% em 2020. Foi o maior aumento desde 2002 (19,47%). Entre as maiores altas destacam-se o óleo de soja (103,79%) e o arroz (76,01%). Leite longa vida (26,93%) e carnes (17,97%) também tiveram altas expressivas. A expectativa é que a alimentação ainda exerça pressão relevante no índice no primeiro trimestre. Mas esta pressão pode desacelerar ao longo deste ano, com o fim do auxílio, a previsão de boas safras e o freio do dólar. O IPCA de 2020 também foi puxado pelo grupo habitação (5,25%), cuja alta foi influenciada pelo aumento da energia elétrica (9,14%). Boa parte dessa pressão ocorreu no último mês do ano, quando foi introduzida a bandeira vemelha. — Foram 10 meses na bandeira verde, sem acréscimo na conta. Em dezembro, passou a vigorar no país a bandeira tarifária vermelha patamar 2, com acréscimo de R$ 6,243 a cada 100 quilowatts-hora consumidos. Além disso, houve reajustes tarifários em Rio Branco e Porto Alegre — explica o gerente da pesquisa, Pedro Kislanov. O IPCA ficou em 1,35% em dezembro, na comparação com novembro, a variação mais intensa desde fevereiro de 2003 e a maior para um mês de dezembro desde 2002. Segundo Kislanov, além da pressão da tarifa de energia, outros dois grupos contribuíram para a forte alta do IPCA em dezembro: o de alimentação e bebidas, embora este já apresente desaceleração em relação a novembro, e o de transportes, puxado pela gasolina e pelas passagens aéreas. Neste início de 2021, analistas avaliam que itens como planos de saúde, gasolina e transporte público devem pressionar a inflação. Inflação dos mais pobres supera IPCAO IBGE também divulgou o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que mede a inflação entre as famílias com menor rendimento. Ele fechou 2020 com alta de 5,45%, acima dos 4,48% de 2019. Em dezembro, acelerou para 1,46%, frente a alta de 0,95% registrada em novembro. Foi o maior resultado para o mês de dezembro desde 2002. Pedro Kislanov observa que INPC ficou acima do IPCA, tanto no acumulado do ano quanto na comparação mensal. “Isso é explicado, em grande medida, pelo peso de alimentação e bebidas na cesta de produtos e serviços das famílias, que é maior no INPC do que no IPCA. Habitação também tem peso maior, especialmente por causa da energia elétrica”. O INPC é calculado com base em famílias com rendimento de um a cinco salários mínimos. O GLOBO
Associação de funcionários do BB diz que medidas são ‘cortina de privatização’
A Associação Nacional dos Funcionários do Banco do Brasil (ANABB) cobrou a revisão das medidas anunciadas nesta segunda-feira, 11, de fechamento de agências e desligamento de 5 mil funcionários no plano de reestruturação. Em carta encaminhada hoje ao presidente do BB, André Guilherme Brandão, a ANABB diz que as medidas transmitem uma percepção de “cortina de fumaça” para encobrir “intenções privatistas” em torno do BB. Para a entidade, o esvaziamento do BB e o enfraquecimento de sua atuação em áreas chave de negócios comprometem sua solidez e seu papel de banco público. Em comunicado ao mercado hoje, o BB anunciou que serão desativadas 361 unidades, sendo 112 agências, sete escritórios e 242 postos de atendimento. O comunicado informa, também, sobre uma reestruturação dos quadros e desligamento de pessoal. “Uma forma de se desfazer de patrimônio público é ir, gradativamente, enfraquecendo as empresas e comprometendo seu desempenho”, acusa o presidente da ANABB, Reinaldo Fujimoto, na carta encaminhada ao BB em que cobra transparência no processo. Fujimoto alerta que a medida trará reflexo negativo para milhões de clientes do banco, desconsiderando a realidade brasileira, a dimensão geográfica do País e a necessidade de manter atendimento presencial para milhares de brasileiros. Para a ANABB, em meio à maior crise econômica do País, as medidas anunciadas prejudicam diretamente os recursos humanos do BB e sobrecarregam a rede de funcionários. “A atuação em plataformas digitais é estratégica, mas não pode ser realizada com prejuízos para a rede física e para o atendimento presencial, considerando a diversidade de perfis dos mais de 70 milhões de clientes do BB”, diz o presidente da ANABB. “O anúncio pode satisfazer expectativas do mercado de curtíssimo prazo, mas estão na contramão do papel histórico e institucional do Banco do Brasil na economia brasileira, sobretudo em situações de estagnação econômica e de desafios para a retomada do desenvolvimento”. O ESTADO DE S. PAULO
Dados da FGV indicam ociosidade superior a 30% no setor automobilístico do País
A despeito de a indústria brasileira já ter superado as perdas decorrentes da crise provocada pela covid-19 no País, os fabricantes de veículos automotores e produtos de metal registraram uma ociosidade média do parque fabril superior a 30% nos últimos quatro meses, segundo dados desagregados da Sondagem da Indústria do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), obtidos com exclusividade pelo Estadão/Broadcast. A recuperação tem sido impulsionada pelo auxílio emergencial, exportações e mudança no padrão de consumo das famílias durante a pandemia, mas ainda é heterogênea. Alguns setores operam consideravelmente aquém da sua capacidade de produção. Dos 16 principais subsetores pesquisados na sondagem, apenas sete já superaram a média histórica de uso da capacidade instalada. “A retomada não vem de forma ordeira e homogênea, ela vem de forma heterogênea, errática, tanto sob a ótica da produção quanto da utilização da capacidade instalada. A disseminação da recuperação vai depender da robustez do crescimento. Tudo está apontando para dias melhores, embora tenhamos desafios, como o fim do auxílio emergencial, o desemprego elevado e a curva da pandemia piorando”, avaliou Rafael Cagnin, economista-chefe do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi). NuciA indústria de transformação operava com 79,25% da capacidade instalada, em média, de setembro a dezembro de 2020, patamar que se aproxima da média histórica de 81,96% registrada no período que se estendeu de 2010 a 2015, antes das duas últimas crises econômicas. A melhora atual é puxada por setores como o de vestuário e celulose, nos quais o Nível de Utilização da Capacidade Instalada (Nuci) superou os 90%. “Apesar de não ser um nível absurdo, começamos a ter um superaquecimento em alguns setores. Temos relatos de falta de insumos, mas o comércio online bombou a indústria de papelão ondulado, por exemplo. Quando você vende online, você reempacota o produto. Alguns setores são beneficiados por questões idiossincráticas da pandemia. Outras atividades mostram reação porque tinham perdido muito durante a crise, como vestuário”, apontou o superintendente de Estatísticas Públicas do Ibre/FGV, Aloisio Campelo Júnior. Por outro lado, a ociosidade permanece elevada em veículos automotores, que usaram em média 69,33% da capacidade instalada nos quatro últimos meses de 2020, ante uma média histórica pré-crise de 83,54%. A indústria de produtos de metal operava até mês passado com 67,48% da capacidade, consideravelmente abaixo da média de 77,88%. Outros setores com ociosidade elevada em relação às suas próprias médias históricas foram informática, eletrônicos e ópticos, com um nível de utilização da capacidade instalada de 73,3% de setembro a dezembro de 2020, ante uma média histórica de 83,17%; máquinas e equipamentos, operando com uma média de 70,9% da sua capacidade, ante uma média histórica de 79,64%; e metalurgia, com Nuci de 78,78%, ante uma média histórica de 83,93%. O ESTADO DE S. PAULO