Reino Unido aprova vacina contra Covid e vai imunizar população semana que vem

O Reino Unido se tornou nesta quarta-feira (2) a primeira nação do mundo a aprovar uma vacina contra a Covid-19 pelos protocolos usuais —a China aprovou, ainda em junho, uma vacina desenvolvida no país para uso estritamente militar, e a Rússia aprovou em agosto sua vacina Sputinik V, mas ambos os imunizantes ainda estavam em fases de testes e os processos são envoltos em desconfiança e falta de transparência.

Não é o caso da vacina contra a Covid-19 produzida pela americana Pfizer e a alemã BioNTech, que será oferecida no Reino Unido e foi aprovada pela primeira vez por uma agência regulatória. As duas empresas anunciaram a conclusão dos testes no último dia 18 de novembro e apontaram que o imunizante é seguro e tem 95% de eficácia. Falta, porém, publicar os resultados da última fase de testes em revista científica.

O Reino Unido prometeu começar a imunização de sua população já na semana que vem. As autoridades britânicas ainda vão decidir quais grupos terão prioridade no acesso ao imunizante, mas idosos e profissionais da saúde devem ser os primeiros a serem vacinados.

“Esperamos milhões de doses para o Reino Unido inteiro até o fim do ano, e eu não estou cravando um número exato de propósito, pois ainda não sabemos”, disse o secretário de Saúde britânico, Matt Hancock, em entrevista à rádio BBC 4.

O presidente da Pfizer, Albert Bourla, comemorou o anúncio. “Antecipando novas autorizações e aprovações, nosso foco é avançar com o mesmo nível de urgência para fornecer de forma segura uma vacina de alta qualidade ao redor do mundo”.

Na terça-feira, a Pfizer havia pedido às autoridades de regulação de medicamentos da Europa a autorização para uso emergencial de sua vacina. O mesmo processo já havia sido iniciado nos Estados Unidos. A Pfizer divulgou estudos que mostram que sua vacina é 95% eficaz contra o novo coronavírus.

Antes do anúncio da aprovação da vacina da Pfizer, o Reino Unido vinha apostando em uma vacina desenvolvida pela Universidade Oxford em parceria com a farmacêutica AstraZeneca. Mas o entusiasmo com o imunizante caiu por terra após os cientistas admitirem erros na dose de vacina recebida por alguns participantes em seus estudos.

A Astrazeneca aguarda resultados definitivos de seus testes para entrar com pedido de aprovação, e diz que o contratempo nos estudos preliminares não deverá atrasar o desenvolvimento da vacina.

PFIZER NÃO DEVE SE ENCAIXAR NO PERFIL DESEJADO PARA O BRASIL

Também nesta terça-feira, o Ministério da Saúde informou que as vacinas contra a Covid-19 que serão incluídas no Plano Nacional de Imunização devem “fundamentalmente” ser termoestáveis e poder ser armazenadas em temperaturas de 2°C a 8°C.

Na prática, o anúncio significa que a vacina da Pfizer e a alemã BioNTech não deve ser aplicada no Brasil, uma vez que exige condições especiais de armazenamento, com temperaturas de -70º C.

Cientistas ouvidos pela Folha avaliam que as baixas temperaturas necessárias para armazenar algumas vacinas não deveriam ser uma barreira para a inclusão dos imunizantes no planejamento de vacinação do governo federal.

O governo brasileiro também vinha apostando suas fichas na vacina da Oxford/Astrazeneca, já que parte do estudo foi conduzido no Brasil em parceria com a Fiocruz. A Astrazeneca, que ainda aguarda resultados definitivos de seus testes, promete um imunizante mais bataro e possível de ser mantido pelo menos seis meses refrigerado entre 2ºC e 8ºC, o que facilita sua distribuição.

O Ministério da Saúde determinou que a vacinação contra a Covid-19 no Brasil deve começar com profissionais da saúde, idosos a partir de 75 anos e a população indígena. Quem tem mais de 60 anos entrará na primeira etapa desde que viva em asilos ou instituições psiquiátricas.

A data de início da campanha não foi divulgada, mas a previsão é que ele ocorra entre março e junho. O ministério não prevê vacinar toda a população durante 2021, mas apenas os grupos considerados prioritários.

FOLHA DE S. PAULO

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