Comerciantes cobram Doria por reabertura das lojas e ameaçam protestar nas ruas

Dezenas de associações de empresas de comércio, serviços e alimentação estão se mobilizando para cobrar do governador do Estado de São Paulo, João Doria (PSDB), a reabertura imediata das lojas. O pleito constará em carta que será enviada à cúpula do governo paulista. Caso não sejam atendidos, os empresários planejam fazer mobilizações pelas ruas – em movimento semelhante ao ocorrido em Manaus no fim do ano, antes do colapso no sistema de saúde.

Nervoso. A articulação já recebeu a assinatura da Associação Brasileira de Lojistas de Shoppings (Alshop), Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), Associação Comercial de São Paulo (ACSP), Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), entre outras. Juntos, eles dizem representar mais de 450 mil empresas associadas e mais de 1 milhão de pontos de vendas, com 4,6 milhões de pessoas empregadas e peso de 5% do PIB.

Climão. Os empresários alegam que ainda não conseguiram recuperar as vendas após a crise iniciada há um ano e não têm mais fôlego para pagar as contas com o novo fechamento. O clima também é de revolta por suas atividades serem classificadas como não essenciais, enquanto canteiros de obras, indústrias e, agora, até as igrejas podem ficar abertas. Ou o fechamento vale para todos, ou que se libere também o comércio, argumentam.

Se pode igreja… “Esse tratamento desigual não faz sentido”, afirma o presidente da Alshop, Nabil Sahyoun, que encabeça as articulações. “Esperamos que seja possível reabrir o comércio. Mas se não for possível, estamos preparando uma mobilização democrática. Vamos para frente do Masp, levar caminhões de som, ocupar a rua.” Segundo ele, a intenção não é atacar ninguém, mas ter respeitado o direito de trabalhar. A Coluna apurou que essa potencial manifestação não foi endossada por todas as entidades, mas teve apoio da maioria.

Alternativas. Sahyoun admite que o funcionamento regular do comércio favorece a circulação de pessoas e a aglomeração no transporte público – justamente que o governo tenta evitar para frear a proliferação da pandemia. “É um problema que o Estado tem de resolver, não o comércio”, diz. Para ele, as lojas poderiam abrir em horários ou dias escalonados para reduzir o fluxo. Ele também cobra do governo maior fiscalização ao comércio nas periferias e o combate a festas clandestinas, outros pontos de aglomeração.

Sinal vermelho. O lockdown em São Paulo começou no dia 6 e vai até 19 de março. Conforme anunciou o Governo de São Paulo, a decisão de migrar para a fase vermelha referenda a recomendação de especialistas do Centro de Contingência do Coronavírus e foi alinhada em reunião com as prefeituras do Estado. A ocupação das UTIs atingiu 80% dos leitos do Estado no sábado, 7, recorde histórico.

O ESTADO DE S. PAULO

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