Ciro Gomes diz que vai reformar CLT protegendo renda dos trabalhadores

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Intenção é atualizar leis e estimular uma eficiência produtiva Por Alex Rodrigues – Repórter da Agência Brasil – Brasíli O candidato à Presidência da República Ciro Gomes (PDT) afirmou que, se eleito, vai propor um novo código de leis trabalhistas para o país. Segundo o ex-governador do Ceará, a intenção é atualizar a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), mantendo a proteção aos trabalhadores, mas estimulando a “eficiência produtiva”. “A velha CLT cumpriu uma etapa histórica fundamental, mas foi superada em muitos de seus valores – mas não quanto à proteção ao trabalho”, disse Gomes ao participar, hoje (18), do ciclo de debates que a Associação Comercial de São Paulo vem promovendo com candidatos à presidência da República e ao governo de São Paulo. “Um governo meu estará comprometido com a proteção do trabalho e da renda do trabalho, mas com um olho na eficiência sistêmica e na produtividade da economia brasileira, que está perdendo produtividade”, acrescentou o trabalhista, atribuindo à perda de poder aquisitivo dos trabalhadores e à desigualdade econômica o fechamento de milhares de pontos de comércio ao longo das últimas décadas. Gomes garantiu que os empresários serão consultados sobre a proposta, que estará alinhada com “as melhores práticas internacionais”. “Não haverá imposição. Olharemos as convenções internacionais da OIT [Organização Internacional do Trabalho] que o Brasil assinou e que não estão sendo praticadas e também o conjunto de ações [trabalhistas] judicializadas. Por exemplo, casos de trabalho terceirizado com jornadas e tarefas iguais e remunerações distintas. Não pode isso. Da mesma forma que [não pode] mulheres receberem menos [para exercerem as mesmas funções que homens]”, disse Ciro. O candidato também prometeu ações de estímulo à renegociação de dívidas de pessoas físicas e um programa federal de renda mínima que pague um auxílio mensal de R$ 1 mil às famílias com renda per capita igual ou inferior a R$ 417 mensais. “Será um programa de renda mínima com status constitucional e fontes de recursos identificados, [que ajudará a] alargar muito a escala [de consumo], porque a população mais pobre usa praticamente 100% da sua renda com consumo”, destacou Gomes, defensor de uma reforma tributária com unificação de seis tributos em um único imposto, o IVA. Após dizer que a elite brasileira está viciada em juros altos, Gomes foi aplaudido pelos empresários e políticos que lotavam o auditório da associação ao afirmar que, se eleito, vai propor o fim da reeleição. https://agenciabrasil.ebc.com.br/politica/noticia/2022-08/ciro-gomes-diz-que-vai-reformar-clt-protegendo-renda-dos-trabalhadores

Demissões em massa expõem problema antigo: líderes não sabem demitir

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O colunista Rafael Souto ressalta que as empresas deveriam olhar com mais cuidado o processo de demissão dos funcionários – e explica o porquê A demissão de funcionários é um tema difícil de ser tratado nas empresas. Ficou em segundo plano. O foco está em contratar e desenvolver os funcionários. A saída sempre foi tratada como um tema menos relevante. No entanto, nos últimos meses o assunto ganhou destaque em função da onda de demissões nas startups. Pressionadas por resultados e com menos dinheiro disponível, precisaram apertar os cintos e cortar pessoas. As demissões em massa e mal conduzidas expuseram um problema antigo: líderes não sabem conduzir desligamentos. O caso de Vishal Greg, CEO da startup de serviços financeiros Better, que demitiu 900 pessoas em uma videoconferência, expôs a brutalidade de processos de saída terrivelmente conduzidos. Em uma fala irônica, Greg disse: “se você está nessa reunião, não tenho boas notícias”. Em um tom prepotente, encerrou o contrato de trabalho. O episódio, que viralizou na internet e colocou o tema em evidência, é um fragmento do que acontece no dia a dia das empresas. A consultoria Produtive, especializada em carreira, concluiu uma recente pesquisa sobre a saída de pessoas das organizações – o chamado ciclo de offboarding. Foram mais de 400 entrevistados que trabalharam em empresas de diversos setores. Os dados mostraram que as demissões são um ponto crítico: 60% dos demitidos perceberam que seu gestor não estava preparado para realizar o desligamento, 58% dos gestores não sabiam explicar o motivo da demissão e não tinham informações claras sobre os próximos passos, e 62% dos demitidos foram surpreendidos pela demissão. Ou seja, não tinham feedbacks anteriores ou sinalização do desligamento. Em relação à segurança psicológica, também os dados não foram positivos: 45% dos desligados não sentiram espaço para obter mais informações e entender sua saída. A demissão faz parte da vida corporativa, mas a forma de fazê-la é que define a percepção de quem sai. Para 56%, a forma de demitir foi mais impactante do que o ato em si. Esses dados expõem o quanto esse tema precisa ser aprofundado. Empresas contemporâneas vêm discutindo como melhorar o clima interno. A saída das pessoas é fundamental porque mostra para quem fica como as pessoas são tratadas quando a relação de trabalho se encerra. Mostra a cultura da empresa para tratar uma questão crucial. Não faz sentido contratar bem e demitir de qualquer forma. A demissão também tem íntima relação com a agenda ESG. Na pauta do envolvimento social da empresa, demitir é uma ação de alto impacto na comunidade. Além disso, as percepções do demitido irão determinar muito sobre a marca empregadora nas redes sociais e sites de avaliações de empresas. Isso afeta diretamente a atratividade para contratar. O desafio está em tratar o desligamento como um processo e investir tempo no treinamento dos líderes. Quem demite também sofre e precisa ser preparado. É necessário pensar em um processo responsável e que seja estruturado. Organizar o desligamento para que seja feito de forma individual e com passos bem definidos. A condução do desligamento deve dar transparência do porquê da saída. Também é fundamental ouvir o desligado, não com a intenção de rever a decisão, mas sendo empático aos sentimentos envolvidos. E, por fim, dar clareza e organização sobre os passos seguintes. As entrevistas de desligamentos são uma boa forma de ouvir os demitidos e compreender oportunidades de melhoria. Na prática, ainda são mero protocolo e pouco levadas a sério. Um longo caminho segue aberto. O fato é que os danos gerados por demissões mal conduzidas são relevantes e construir uma marca forte passa pelo cuidado com aqueles que contribuíram com a organização. Rafael Souto é sócio-fundador e CEO da Produtive Carreira e Conexões com o Mercado https://valor.globo.com/carreira/coluna/maioria-dos-lideres-ainda-nao-sabe-demitir.ghtml

Reforma tributária é suficiente para bancar benefício de R$ 600 em 2023, diz Guedes

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Em relação ao plano de privatizações, ministro diz que o resultado ficou abaixo do planejado Por Marcelo Osakabe — De São Paulo O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que o plano para financiar o Auxílio Brasil de R$ 600 em 2023 passa pela aprovação da reforma tributária. Segundo ele, apenas a tributação de lucros e dividendos já é suficiente para bancar os R$ 52 bilhões necessários para tornar permanente o valor médio do benefício em R$ 600 e ainda sobra para corrigir a tabela do Imposto de Renda. “Como bancar o auxílio em R$ 600? Um dia depois da eleição, basta aprovar a reforma tributária no Senado, já que na Câmara ela já passou”, afirmou o ministro, que participou da TAG Summit, em São Paulo. Guedes afirmou que a situação fiscal do Brasil é sólida, com gastos recorrentes sendo bancados por receitas recorrentes. Os gastos extraordinários estão sendo bancados por receitas também extraordinárias, acrescentou, citando a privatização da Eletrobras e os dividendos de estatais. O ministro afirmou ainda que Estados e municípios estão no azul e creditou isso ao congelamento dos salários, imposto como contrapartida à ajuda durante à pandemia. “Não vou acreditar que 26 governadores e 5,6 mil prefeitos fizeram extraordinária gestão.” Guedes afirmou ainda que permanecerá no governo do presidente Jair Bolsonaro em caso de reeleição. Segundo ele, apesar de tudo o que ocorreu, acredita que se manteve no caminho traçado ainda em 2018. “Eu acredito que estamos em um esforço de transformação da economia brasileira. Sou incansável quando acredito no que precisa ser feito”, declarou. Em relação ao plano de privatizações, Guedes admitiu que o resultado ficou abaixo do planejado e que as dificuldades acabaram criando situações como a saída do então secretário de Desestatizações, Salim Mattar. “Falei que ele precisava entrar no hotel da privatização. Ele entrou correndo, mas ficou girando na porta giratória e, depois de um tempo, acabou saindo, mas do lado de fora”, disse. “Não vendemos nada mas, por outro lado, saneamos tudo, não deixamos nenhum rato entrar”, acrescentou, afirmando que o governo tirou as estatais de um prejuízo de R$ 40 bilhões e as trouxe para um lucro de R$ 180 bilhões. “O importante é que todo mundo conhece o plano”, continuou, indagando se alguém desconhecia que é intenção do governo privatizar a Petrobras e os bancos públicos. https://valor.globo.com/brasil/noticia/2022/08/18/reforma-tributaria-e-suficiente-para-bancar-beneficio-de-r-600-em-2023-diz-guedes.ghtml

‘Grande renúncia’ no Brasil, diferente da dos EUA, é dos diplomados

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Quase metade das demissões de profissionais com ensino superior no Brasil foi feita a pedido do empregado, mostra levantamento Felipe NunesSÃO JOSÉ DO RIO PRETO A busca por melhores condições de trabalho e a possibilidade de crescer na carreira fizeram o profissional de TI (Tecnologia da Informação) Bruno Canolla, 26, trocar duas vezes de emprego no intervalo de menos de um ano. A última mudança ocorreu em maio e, assim como a anterior, partiu dele a decisão de deixar a empresa. “Quando recebi a proposta achei o cargo mais interessante e eu ainda teria mais possibilidades de crescimento”, afirma. Atualmente, ele ocupa o cargo de coordenador de TI em uma empresa da área de comunicação visual em São José do Rio Preto e comanda uma equipe de três colaboradores. Bruno faz parte do crescente movimento de profissionais que, por diferentes motivos, decidiram pedir demissão. E, nunca se pediu tanta demissão no Brasil quanto agora. Levantamento da Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro), a partir dos dados do Caged, mostra que entre os meses de janeiro e maio deste ano 2,9 milhões de trabalhadores brasileiros pediram para sair do trabalho –34% de total de baixas na CLT. É o maior índice da série história iniciada em 2005. Na conta, não entram as demissões em comum acordo, quando a empresa e o colaborador entram em consenso e definem o encerramento do contrato. O número aponta um aumento de 35,2% no volume de desligamentos por iniciativa do funcionário, se comparado com o mesmo período do ano passado. O recorde anterior havia sido registrado em 2014, quando 2,7 milhões de trabalhadores com carteira assinada tinham pedido demissão de maneira voluntária. A diferença é que em maio de 2014 a taxa de desemprego era de 7,1% –a menor para o mês. Já em maio deste ano, o índice estava em 9,8%, segundo o IBGE. Apesar do fenômeno no mercado brasileiro coincidir com o movimento nos Estados Unidos batizado de “The Great Resignation” (a grande renúncia), a motivação do trabalhador brasileiro é diferente da do norte-americano, afirma Jonathas Goulart, gerente de Estudos Econômicos da Firjan. Ele diz que nos dois casos, a pandemia contribuiu para uma mudança de comportamento das pessoas, sobretudo na percepção das relações de trabalho. “A diferença é que no caso do Brasil esse movimento é mais restrito a um grupo pequeno, formado por jovens e, geralmente, pessoas com maiores níveis de escolaridade e que estão ligadas a atividades que podem ser feitas de maneira remota. Nos Estados Unidos, o movimento é mais geral”. O levantamento aponta que, no Brasil, quase metade (48,2%) das demissões de trabalhadores de nível superior foram voluntárias. Já entre os menos escolarizados, que nem chegaram a concluir o ensino fundamental, apenas um em cada quatro pedidos de desligamento partiu do trabalhador. Nesse sentido, se destacam os profissionais ligados à área de https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpg. Segundo o estudo, os profissionais da informática foram o subgrupo ocupacional com maior proporção de desligamentos voluntários em 2022 (65,1%), seguidos pelos técnicos em informática (57,9%), pesquisadores (57,0%) e profissionais da medicina (56,5%). Para o professor de economia da USP Paulo Feldmann, falhas na distribuição de renda fazem o Brasil ser um país de contradições, capaz de registrar altos índices de pobreza e de desemprego ao mesmo tempo em que um grande volume de trabalhadores optam por deixarem seus empregos. “Somos três países em um só”, diz o pesquisador. “Dentro do Brasil temos uma Holanda, de pessoas com padrão de vida altíssimo e que encontram emprego com facilidade. Por outro lado temos a República do Congo, em que milhares de pessoas passam fome e vivem em situação de insegurança alimentar. No meio, temos a classe C, que é praticamente a Turquia, onde as pessoas não são ricas, mas conseguem sobreviver”. Para Feldmann, dentro dessa população heterogênea é pequena a parcela que tem opção de escolha. “A grande maioria do país está completamente fora disso”. Homens e jovens são os que mais pedem demissão Os homens, maioria no mercado de trabalho formal, são os que mais pedem demissão, mostra o levantamento da Firjan. Desde o começo do ano, 57,3% do número total de pedidos de demissão foram de profissionais do sexo masculino, enquanto o sexo feminino representou 42,7%. Entretanto, quando analisada a proporção sobre o total de desligamentos, as mulheres mais escolarizadas pediram demissão em 37,6% das situações de encerramento de contrato, enquanto os homens esse percentual foi de 30,6%. Os jovens também se destacam. Dos total de contratos CLT encerrados no início do ano entre trabalhadores de idade até 17 anos, 39,4% dos pedidos partiram do funcionário. Entre os trabalhadores de 18 a 24 anos, o índice foi de 38,5%. No caso dos empregados de 50 a 64 anos, o número cai para 23,5%. SETORES AQUECIDOS REFORÇARAM CONTRATAÇÕES Leonardo Berto, gerente de operações da Robert Half, diz que o momento atual também é marcado por um maior protagonismo do candidato, que passou a ter mais opções de escolha, sobretudo em setores da economia que estão mais aquecidos. Ele afirma que as empresas retardaram a recontratação de funcionários, mesmo após a retomada das atividades no final de 2020, e que essas reposições começaram a ocorrer somente neste ano. Dados do Caged mostram que, no acumulado de janeiro a maio, foram abertas 1,052 milhão de vagas no país. “O que estamos vendo é um mercado bastante aquecido. As empresas voltaram a contratar nos mais diversos segmentos, ao mesmo tempo e em uma velocidade muito grande. Por isso, há uma busca muito intensa por profissionais qualificados”. Segundo Berto, isso explica o alto índice de demissões voluntárias. Movimento protagonizado por pessoas que decidiram se dedicar na busca por um novo emprego, que deixaram de ver sentido no atual trabalho ou que, de fato, encontraram uma nova oportunidade. Esse é outro ponto que distingue o fenômeno brasileiro do norte-americano, aponta o gerente de operações da Robert Half. Nos Estados Unidos, uma parcela grande de trabalhadores deixou o emprego por conta dos salários baixos e falta de perspectiva profissional para viver do auxílio federal. “Lá fora, esse movimento é muito perceptível nos níveis de entrada, nas

Baixa qualificação trava crescimento na América Latina, diz OIT

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Região acumula quatro décadas de atraso em relação a EUA e Europa; Brasil vai mal em ranking de capacitação Eduardo SodréSÃO PAULO Um extenso relatório divulgado em junho pela OIT (Organização Internacional do Trabalho) mostra uma das razões de países da América Latina terem dificuldades para superar crises e manter crescimento consistente de suas economias. O diagnóstico está no círculo vicioso da baixa produtividade relacionada à capacitação da mão de obra, e não vem de agora. “A maioria dos países da América Latina e do Caribe, mesmo antes da crise sanitária e econômica derivada da pandemia da Covid-19, apresentou uma estagnação tanto da produtividade do trabalho quanto da produtividade total de fatores”, diz o relatório. Claudio Maggi, consultor da OIT e autor do texto, destaca que o abismo em relação a EUA, Europa e Ásia se ampliou. “A produtividade do trabalho [na América Latina] tem diminuído persistentemente em termos comparativos com o resto do mundo durante as últimas quatro décadas.” Nesse cenário, os dados analisados pela OIT revelam que o Brasil ocupa posição crítica. Um dos tópicos mostra o preparo dos profissionais para atuar no mercado de trabalho do futuro, em que a https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpg se fará mais presente em todas as atividades. O país aparece na 36ª posição neste ranking, que reuniu 37 nações. O critério de pontuação foi elaborado pelo Fórum Econômico Mundial e se refere ao ano de 2020. Ao conhecer o relatório, especialistas das áreas de RH e de capacitação profissional apontaram que os problemas não se devem apenas à formação técnica, mas também a posturas das empresas e dos funcionários no mercado nacional. “A baixa produtividade é um problema ligado, na maior parte das vezes, a má gestão, ambientes inflexíveis e falta de reconhecimento da equipe”, afirma Carolina Martins, especialista em recursoshumanos. “Como consequência, há altos índices de turnover [rotatividade de funcionários] e absenteísmo, desmotivação da equipe, falta de comprometimento e até insatisfação dos clientes pelas entregas de baixa qualidade.” Para Alexandre Slivnik, vice-presidente da ABTD (Associação Brasileira de Treinamento e Desenvolvimento), o acúmulo de funções e também as distrações dos tempos modernos, como as redes sociais, prejudicam o rendimento dos trabalhadores. “Como explicar a baixa produtividade e o aumento do burnout? Na realidade, muitas vezes, o problema não está na quantidade de horas trabalhadas, mas, sim, na qualidade das horas dedicadas ao trabalho. Quanto maior o foco, maior será a produtividade.” Tanto na opinião dos especialistas consultados como no relatório da OIT, o tema formação aparece com destaque. E não se trata somente do preparo específico para o mercado de trabalho. “Uma vez que a formação básica nas escolas é precária, temos jovens que saem despreparados para o mercado de trabalho, e isso acaba reverberando na baixa produtividade”, afirma Rosana Daniele Marques, sócia da Croma Recursos Humanos. “Para compensar a perda na produtividade, vemos um achatamento dos salários oferecidos e um aumento de vagas de emprego de baixa qualificação, retroalimentando um círculo vicioso.” É sabido que esses problemas educacionais atingem principalmente as camadas mais pobres da população. Nas faixas de renda mais altas, contudo, o Brasil conta com profissionais superqualificados, como ressalta a advogada Liz Dell’Ome, que é especializada em legislação sobre vistos de imigração para trabalhadores brasileiros. “Quando têm acesso [à educação], os profissionais do nosso país são mais qualificados que os de outras nações”, diz a advogada. “Para conseguir um bom posto no Brasil, já é requerida uma maior base acadêmica em comparação aos EUA, onde há mais oportunidades de bons trabalhos em diferentes níveis”, afirma Liz, que é membro da Aila (Associação Americana de Advogados de Imigração). Mas apesar de terem uma base acadêmica sólida, muitos desses profissionais não reconhecem o próprio potencial em relação a mercados globais, analisa a advogada. “A gente viabiliza a contratação no exterior de muita gente que tem medo do idioma, mas o dinamismo e a capacidade de pensar estrategicamente são características que o brasileiro possui.” Contudo, o número de trabalhadores qualificados é muito pequeno diante da população, o que pode gerar distorções em alguns setores do mercado interno —e isso contribui para o agravamento do quadro apontado pela OIT. “Sentimos muito esse impacto de dois anos para cá com a bolha de https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpg, resultado do crescimento rápido desse segmento. A escassez de profissionais fez com que aqueles que estavam no mercado fossem valorizados”, afirma Gabriel Zamboni, responsável pela área de RH da 7Stars Ventures, que investe em startups. “As próprias organizações precisam desenvolver uma mentalidade voltada à capacitação dos profissionais. Se formos olhar caminhos, esse é um ponto primordial.” https://www1.folha.uol.com.br/seminariosfolha/2022/08/baixa-qualificacao-trava-crescimento-na-america-latina-diz-oit.shtml