Flexibilidade no trabalho: profissionais querem poder fazer pausas na carreira

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Valor Econômico Novo estudo mostra que demanda vai além de locais e horários de trabalho alternativos. As pessoas desejam interromper suas trajetórias de tempos em tempos Por Barbara Bigarelli Uma pesquisa do LinkedIn realizada em janeiro e fevereiro deste ano com 1,1 mil profissionais indica que o desejo por mais flexibilidade não está apenas conectado ao local ou horário de trabalho. As pessoas gostariam também da possibilidade de realizar eventuais interrupções ao longo de suas trajetórias profissionais. Cerca de 79% dos brasileiros entrevistados acreditam que uma pausa na carreira é importante para entender o que realmente faz sentido tanto pessoalmente quanto profissionalmente. Essa desejo por revisar o que faz sentido, e onde estar, ficou mais latente pós impacto da pandemia e com a ascensão de novos modelos de trabalho. No estudo, cerca de 30% dos entrevistados afirmaram, inclusive, terem deixado seus empregos por falta de políticas flexíveis no último ano e quase 40% já consideraram essa possibilidade em algum momento da carreira. “Conciliar o trabalho com o bem-estar está sendo visto, cada vez mais, como uma prioridade. Hoje, quem busca por vagas flexíveis está à procura também de maior produtividade, melhora na saúde mental, prosperidade de carreira e confiança”, analisa Ana Claudia Plihal, executiva de soluções de talentos do LinkedIn. Um estudo recente da consultoria BMI Blue Management Institute (BMI), aliás, mostrou que a onda de demissões voluntárias – uma realidade já no mercado de trabalho dos Estados Unidos – chegou ao Brasil. No levantamento com 48 líderes de RH de grandes empresas, 52% dizem que há um movimento crescente de saída de funcionários mais qualificados em busca de outros modelos de trabalho ou de realização. Na pesquisa do LinkedIn, entre os principais motivos apontados por quem gostaria de tirar uma pausa por escolha estão viagens (44%), requalificação para um novo emprego (34%), descanso (34%), início do próprio negócio (33%) e cuidado dos filhos (22%). O problema apontado é que profissionais não se sentem à vontade para realizar essa pausa: 44% deles concordam que ter uma interrupção no currículo torna um candidato menos atraente para gerentes e recrutadores. https://valor.globo.com/carreira/noticia/2022/05/06/flexibilidade-no-trabalho-profissionais-querem-poder-fazer-pausas-na-carreira.ghtml

Inflação trava planos das empresas

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Estadão Com IPCA acima da casa dos 10% ao ano, companhias não conseguem prever custos, paralisam investimentos e precisam reajustar preços com maior frequência Renée Pereira e Cleide Silva A escalada da inflação no País, com índices acima de dois dígitos (no acumulado em 12 meses) desde setembro do ano passado, tem dificultado bastante o planejamento das empresas até mesmo no curto prazo. Sem previsão de quanto vai custar a matéria-prima ou o frete no mês seguinte, muitas delas estão tendo de engavetar investimentos importantes para a melhoria do processo produtivo, mudar modelos de vendas e reajustar os preços mais vezes durante o ano, para não comprometer as margens financeiras.  Algumas, no entanto, têm feito várias manobras para retardar cada vez mais o repasse de preços e não perder vendas. O fato é que a inflação alta provoca um ciclo vicioso difícil para uma retomada consistente da economia. Os preços altos comprometem a renda da população. Consequentemente, o consumo cai e as vendas das empresas diminuem. Com faturamento menor, as companhias não têm opção a não ser deixar de investir e reduzir mão de obra, o que eleva o desemprego. “Tem sido complicado acertar as previsões”, afirma o copresidente da indústria de papel cartão Papirus, Amando Varella. O executivo conta que, por causa dessa dificuldade, a empresa tem feito mais reajustes de preços aos clientes se comparado aos anos anteriores, quando essa mudança ocorria a cada 12 meses. Em 2021, a companhia realizou três reajustes. Neste ano, uma nova revisão já foi informada aos clientes e deve ser implementada em junho. A Finder, fabricante de relés – componente eletrônico usado, por exemplo, em equipamentos de energia, tornos, fresas, alarmes e automação predial –, também foi obrigada a rever seus preços antes da data prevista.  Normalmente, a Finder altera sua tabela uma vez, sempre no fim do ano. Mas, agora, terá de mudar a estratégia. A partir de junho, a companhia vai aplicar reajustes de até 10%, de acordo com a linha de produtos. Alguns componentes, porém, não terão aumento. O diretor comercial da empresa, Juarez Guerra, afirma que acompanha diariamente os custos da empresa e busca mecanismos para manter um ponto de equilíbrio nas contas. “Tenho de ficar com um olho no peixe e outro no gato”, brinca ele. A variação cambial também foi um fator que impactou as margens da empresa, com fábrica localizada em São Caetano do Sul, no ABC paulista. A empresa recebe da matriz italiana a maior parte dos componentes para a produção, diz Guerra. “Ainda bem que agora a questão cambial está melhorando.”  Empresas tentam segurar repasse de custos para não perder vendas Na Fluid Feeder, fabricante de sistemas para tratamento de água e efluentes de São Paulo, a inflação alta vai atrasar o plano de investimento em novos produtos, na melhora do processo produtivo e em mais equipamentos O orçamento para o aporte deste ano foi feito em 2021 com base na projeção de inflação na época, na casa de 5% – bem diferente do índice atual. Em abril, o IPCA-15 chegou a 12,03% no acumulado de 12 meses, a maior taxa nesse comparativo desde novembro de 2003, quando foi de 12,69%.  “Todas as matérias-primas subiram muito nos últimos meses, como aços carbono e inox, latão e cobre, o que impactou nos nossos custos”, diz Francisco Carlos Oliver, diretor comercial da Fluid Feeder. “Com a redução de margens e resultados financeiros abaixo do esperado, vimos que o investimento que gostaríamos de fazer vai ter de esperar.” Outro reflexo do aumento da inflação está no planejamento de entrega dos produtos. Com a alta do preço do frete, algumas empresas têm optado por não arcar com esse custo, já que o preço combinado na compra pode não ser o mesmo na data da entrega. O copresidente da Papirus, Amando Varella, afirma que antes adotava a modalidade CIF, em que a responsabilidade do frete fica com o fornecedor. Mas, com as constantes altas, tem escolhido o FOB, em que essa responsabilidade é do cliente. “Hoje não temos condições de manter e bancar esse aumento.” Mas, segundo ele, essa mudança tem um lado negativo, que é a perda de controle do fluxo da fábrica. Na modalidade FOB, o cliente busca a mercadoria quando quiser. “Isso eleva a insegurança na retirada do produto e pode travar o fluxo da fábrica. A logística interna é prejudicada.”  Segundo Varella, o cenário de incerteza de preços é um dos piores para o dia a dia das empresas. Quase todos os itens da produção subiram. Além da celulose e do frete, os reagentes químicos importados estão sob pressão por causa de problemas no abastecimento, a energia elétrica disparou e a mão de obra também subiu. “Nossa matriz de custos está pressionada e isso gera aumento de preços.” Na BottomUp Telemetry, indústria eletrônica de sistemas de IoT de Recife (PE), contratos para a compra de itens para telemetria, rastreamento e sensores são fechados com dois anos de antecedência. Alterar os preços agora é difícil. Os clientes são integradores que prestam serviços para o setor público. Frederico Braga, sócio da empresa, diz que, por enquanto, a empresa opera com equilíbrio financeiro, mas se prepara para uma eventual negociação com o sindicato dos trabalhadores, que estão numa “situação crítica” porque os salários reajustados no início do ano estão perdendo rapidamente o poder de compra. “Vamos ter de conversar e encontrar um caminho, pois, como não consigo repassar os preços, vai ser complicado aumentar salários.” A empresa tem grande parte de sua matéria-prima importada e, apesar da melhora cambial, ainda sofre com o que Braga chama de “inflação da pandemia”, que resultou em preços de chips quatro vezes maiores do que em 2020, e os de logística até oito vezes superiores. Mesma situação vive a indústria de calçados infantis e infantojuvenis Kidy. Apesar da alta no preço da matéria-prima, a empresa ainda não repassou o custo. “O mercado está sensível a alterações de preços. Montamos uma estratégia ousada de segurar os preços para ganhar mais mercado”, diz Sérgio Gracia, sócio da empresa. Segundo ele, a preocupação com a alta dos preços é provocar a

Lula acolhe sugestões e moderniza discurso sobre relações de trabalho

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Valor Econômico Por Andrea Jubé e Estevão Taiar O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) acolheu sugestões de aliados e de interlocutores do setor produtivo e financeiro para modernizar o discurso em relação às novas relações de trabalho. Neste sábado, além de defender a criação de mais postos com carteira assinada, o petista renovará o aceno aos brasileiros que sonham em abrir o próprio negócio. Lula vem testando a retórica porque o empreendedorismo ainda é tabu em uma ala da esquerda, que associa a atividade à agenda liberal. O Valor apurou que Lula se impressionou com a informação que lhe foi transmitida pelo presidente e fundador da XP Investimentos, Guilherme Benchimol, em encontro ocorrido no dia 20 de abril, de que 76% dos moradores de favelas e comunidades de baixa renda têm, tiveram ou pretendem ter uma micro ou pequena empresa. O índice veio a público há cerca de duas semanas, na primeira edição da Expo Favela, e foi divulgado pelo Valor. Um dado expressivo da pesquisa do Data Favela é de que 35% dos moradores das favelas sonham com o próprio negócio, enquanto somente 10% querem arrumar um emprego e 9% falam em ter uma profissão com um diploma de curso superior. O presidente do Instituto Locomotiva, Renato Meirelles — que realizou a pesquisa em parceria com o Data Favela e com a Central Única das Favelas (Cufa) – afirmou ao Valor que, “em um território marginalizado como essas comunidades de baixa renda, muitas vezes o empreendedorismo surge como a única forma de uma pessoa obter uma renda superior a dois salários mínimos” para sobreviver. Um deputado federal do PT, que falou reservadamente, ouviu de um diretor de um sindicato de motoristas de aplicativos de São Paulo a cobrança de que Lula precisava modernizar o discurso. Isso porque os sindicalizados não estão em busca de uma carteira assinada, e sim de oportunidade para iniciar um negócio. Até então, Lula vinha sustentando que os trabalhadores de aplicativos têm que ter acesso a direitos mínimos, como assistência médica, seguro para o carro, moto ou bicicleta, e descanso semanal remunerado. Dados do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) mostram que aumentou o registro de microempreendedores individuais (MEIs) durante a pandemia. Em 2020, 2,6 milhões de brasileiros se inscreveram como MEIs. Em 2021, esse número subiu para 3,1 milhões. Com isso, o total de microempreendedores em atividade no Brasil atingiu 13,6 milhões no fim do ano passado. Para o presidente do Sebrae, Carlos Melles, parte desse crescimento pode ser explicado pela alta do desemprego no período. “Sabemos que a saída para a retomada da economia e a geração de empregos passa necessariamente pelas micro e pequenas empresas e pelos microempreendedores individuais”, afirmou. Lula teria ficado tão impactado com o relato de Benchimol que, um dia após o encontro com o banqueiro, mencionou a trajetória profissional dele — sem revelar sua identidade — como exemplo para centenas de jovens de baixa renda com quem se reuniu na favela de Heliópolis. “Ontem [20 de abril] eu conversei com um desses [representantes] dessa gente importante do sistema financeiro”, disse Lula aos jovens da periferia de São Paulo. O ex-presidente relatou que o rapaz formado em Economia havia perdido o emprego, e ouviu do pai que era incompetente. Então, ele saiu de casa, mudou-se de cidade, abriu uma pequena corretora com os amigos, e anos depois se tornou fundador de um dos maiores bancos de investimento do país. “Por quê?”, indagou Lula aos jovens de Heliópolis. “Porque ele foi desafiado”. Em tom de “coach”, o petista estimulou os jovens presentes a se movimentarem para realizar seus sonhos. “Vocês estão desafiados a provar ao mundo inteiro que podem tanto quanto qualquer outra pessoa, vocês só querem a chance de dizer isso”. Alvo de críticas por ter se encontrado com o petista, Benchimol esclareceu nas redes sociais que vai se reunir com todos os presidenciáveis. Segundo sua assessoria, ele também já esteve com os ex-governadores João Doria e Eduardo Leite, ambos do PSDB. “A agenda é como conseguimos ter uma economia estável, juros baixos, inflação controlada e fazer com que os nossos 20 milhões de empreendedores, que empregam mais de 50 milhões de brasileiros, aumentem em quantidade, e possam ser cada vez melhores, gerando ainda mais prosperidade para o nosso país”, escreveu o banqueiro em seu perfil no Instagram, sobre a agenda com Lula. Uma semana depois de falar de empreendedorismo com os jovens da periferia, Lula voltou ao tema ao discursar no congresso nacional do PSB, em Brasília. Ele adiantou que vai “fazer um milagre para incentivar o empreendedorismo”, e que é preciso que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) tenha uma linha de crédito voltada para o pequeno e o médio empresários. A partir de então, o tema foi incorporado aos discursos de Lula, que voltou à carga no Dia do Trabalhador, e no ato em que recebeu apoio do Solidariedade. O ex-presidente, entretanto, teve que tatear para acrescentar a pauta às suas manifestações públicas, porque há resistência ao assunto em uma ala da esquerda. “A pauta do empreendedorismo se choca com a do emprego, ultrapassa um dos paradigmas da esquerda”, explicou ao Valor o ex-governador do Maranhão e aliado do petista, Flávio Dino (PSB). Dino participou de uma discussão acalorada sobre empreendedorismo durante o congresso do PSB, no dia 28 de abril, no painel “socialismo criativo”. Um grupo tentou excluir o termo da redação do novo estatuto do partido, porque seria diretamente associado ao “capitalismo”. Mas a ala liderada por Dino venceu o impasse, e a atividade — que já fazia parte do antigo estatuto — foi mantida no novo documento. A redação final é a seguinte: “são tarefas do socialismo criativo: desenvolver a criatividade, o empreendedorismo, o cooperativismo, ampliando os espaços de liberdade na sociedade e o bem-estar de todos”. https://valor.globo.com/politica/noticia/2022/05/05/lula-acolhe-sugestoes-e-moderniza-discurso-sobre-relacoes-de-trabalho.ghtml

Pedidos de demissão batem recorde em março e são 1 de cada 3 desligamentos, mostra levantamento

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G1 Do total de 1,8 milhão de demissões no mercado formal em março, 603,1 mil foram voluntárias, ou seja, a pedido do trabalhador. Por Marta Cavallini Apesar do mercado de trabalho ainda fraco, muitos brasileiros estão se ‘desapegando’ dos seus empregos. Do total de 1.816.882 desligamentos registrados em março, 603.136 foram voluntários, ou seja, a pedido do trabalhador – o equivalente a 33,2% do total. Isso em meio a um desemprego que atinge 12 milhões de brasileiros. O levantamento feito pela LCA Consultores leva em conta os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), que contabiliza as vagas com carteira assinada no país. Trata-se do maior número de demissões a pedido em um único mês desde janeiro de 2020, início da série histórica do Caged com a metodologia atual de contagem de vagas. Em fevereiro, que era o recorde até então, foram 560.272 demissões voluntárias, de um total de 1.684.636, o que também equivale a 33,2%. Comparando o mês de março de 2021 com o deste ano, o aumento no pedido de demissões foi de 38%. Já em fevereiro em relação ao mesmo período do ano passado, o aumento havia sido de 24%. De acordo com Bruno Imaizumi, responsável pela pesquisa, trata-se de um movimento de continuidade de normalização do mercado de trabalho. “A gente tem que lembrar que no começo da pandemia muita gente acabou aceitando emprego que não tinha afinidade com suas formações. Agora os efeitos da pandemia estão cada vez menores no mercado de trabalho e tem muita gente que acaba se demitindo para acabar se admitindo em outro lugar em profissões mais condizentes com suas qualificações”, diz. Home office é empurrão para troca de emprego O economista complementa que muitas empresas estão voltando para o trabalho presencial. Com isso, para os trabalhadores que viram que essa modalidade não é benéfica em termos de qualidade de vida, essa volta ao ambiente de trabalho acaba pesando na escolha do profissional, que prefere trabalhar de casa em vez de pegar trânsito todos os dias, por exemplo. “Isso para empregos específicos, mais voltados para o setor de serviços em que seja possível trabalhar de casa”, ressalta. Foi o caso do analista de finanças Wellington Lima, de 35 anos. Ele trocou um emprego em que ganhava um alto salário e tinha um cargo de gestão para ganhar 50% a menos em uma função bem abaixo da anterior. Tudo para poder trabalhar em casa e ficar perto da família. “Hoje me sinto pleno, me sinto feliz. A minha remuneração não é a mesma que eu tinha no emprego anterior, mas a remuneração maior é o fato de estar ao lado da família, trabalhar almoçando em casa. Intercalando esse tempo entre trabalho e família, tendo essa flexibilidade, poder trabalhar um pouco mais confortável”, afirma. Atividades com mais pedidos de demissão Em relação ao estoque de vagas, ou seja, o total de empregos com carteira assinada, o setor de alojamento e alimentação foi o que mais registrou pedidos de demissão em março. Já os setores de Atividades Administrativas e Serviços Complementares; Informação e Comunicação; e Atividades Profissionais, Científicas e Técnicas vêm em seguida na maior proporção de pedidos de demissão dentro do total de vagas. Nesse último caso, mostra-se um movimento de pedidos de demissão vindo principalmente de profissionais mais qualificados e de setores mais aquecidos, como de TI. Para obter os dados por setores, Imaizumi fez o ajuste pelo total de trabalhadores dentro de cada atividade (estoque de vagas) para obter maior precisão nas informações, já que no caso do comércio, a quantidade de trabalhadores é significativa. Segundo Bruno Imaizumi, o setor de alojamento e alimentação aparece em primeiro lugar porque foi uma atividade muito prejudicada pela pandemia. “Agora com a recuperação desse setor, muitos trabalhadores, com a abertura de novos restaurantes, pousadas e hotéis, estão se demitindo porque estão recebendo ofertas melhores de outros lugares”, explica. Já os outros três setores com maior proporção de pedidos de demissão estão relacionados a vagas mais técnicas que permitem a realização de trabalho remoto. Trabalhador busca flexibilidade Estudo do LinkedIn aponta que 49% dos entrevistados estão considerando mudar de emprego em 2022. Esta porcentagem é ainda mais alta para os profissionais jovens de 16 a 24 anos (61%). Os dois principais motivos são a busca por melhores salários e o desejo por um maior equilíbrio entre a vida pessoal e profissional. Outra pesquisa da rede social profissional mostra que 78% dos profissionais afirmam que a pandemia fez com que passassem a querer ou a precisar de mais flexibilidade no trabalho. Cerca de 30% dos entrevistados afirmaram que deixaram seus empregos por falta de políticas flexíveis no último ano e quase 40% já consideraram essa possibilidade em algum momento da carreira. Equilíbrio entre o trabalho e a vida pessoal foi citado por 49% como principal motivo. A busca por maior remuneração é o principal motivo para 49% dos empregados que pretendem buscar novas oportunidades neste ano, segundo outro levantamento da consultoria Robert Half. Fernando Mantovani, diretor-geral da Robert Half para a América do Sul, aponta que o percentual de profissionais qualificados com nível superior pedindo demissão vem crescendo trimestre a trimestre, o que indica um importante movimento de busca de oportunidades mais alinhadas ao seu perfil e momento de vida. Mudança de prioridades Wellington Lima decidiu sair do emprego justamente porque percebeu que suas prioridades haviam mudado. A troca veio em um momento em que ele queria estar ao lado da família, independente de remuneração, que hoje não é o fator que mais pesa na balança na hora de escolher uma oportunidade. “O que pesa é a possibilidade do trabalho remoto ou até mesmo híbrido, é uma modalidade que veio para ficar”. Ele trabalhou por um ano em uma empresa agropecuária em Horizontinha, de forma presencial. “Dentro da minha área é tudo o que um profissional almeja. Dei um salto de 10 anos na minha carreira, numa empresa bem conceituada. Foi um upgrade que levaria muito tempo para acontecer se eu não tivesse aceitado esse emprego”, diz. “Mas comecei a entender que isso não é essencial para

Jovem Aprendiz: deputados e associações querem derrubar mudanças propostas pelo governo

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Estadão MP aprovada na quarta permite que aprendizes já contratados em caráter definitivo continuem entrando artificialmente no cálculo das cotas por 12 meses Eduardo Rodrigues e Iander Porcella, O Estado de S.Paulo BRASÍLIA – Os deputados da Comissão Especial do Estatuto do Aprendiz vão tentar derrubar da MP 1.116 – publicada na última quarta-feira – todas as mudanças propostas no Programa Jovem Aprendiz. O objetivo é fazer prevalecer as alterações que já vêm sendo discutidas pelos parlamentares no projeto que tem entre seus autores o próprio presidente da Casa, Arthur Lira (Progressistas-AL). Como o Estadão/Broadcast adiantou desde janeiro deste ano, o governo já vinha ensaiando alterações drásticas no programa de aprendizagem de jovens criado no ano 2000. Agora, aproveitou uma MP que libera recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) para o pagamento de creches e despesas com qualificação para flexibilizar diversas regras para o cumprimento das cotas de aprendizes. A Lei do Aprendiz determina que empresas consideradas de médio e grande porte devem reservar vagas para adolescentes e jovens de 14 a 24 anos, sem idade máxima para os aprendizes com deficiência. A cota de vagas é de, no mínimo, 5% e de, no máximo, 15% do quadro de funcionários. Entre as mudanças que já haviam sido reveladas pelo Estadão/Broadcast, a MP permite que aprendizes já contratados em caráter definitivo continuem entrando artificialmente no cálculo das cotas por 12 meses. Além disso, jovens vulneráveis passarão a contar em dobro, e os contratos terão prazo de até quatro anos, quando o prazo atual vai até dois anos. A Federação Brasileira de Associações Socioeducacionais de Adolescentes (Febraeda) e outras entidades ligadas à aprendizagem de jovens já mobilizam parlamentares para suprimirem da MP os artigos que alteram o programa. “Não vamos aceitar de forma alguma. São medidas que, sob o falso pretexto de aumentar a contratação, na prática acabam reduzindo a cota”, avalia o superintendente da Febraeda, Antonio Roberto Pasin. “Contar vulneráveis em dobro é uma prática discriminatória e inconstitucional. O governo dá às empresas o direito de contratar um vulnerável e não contratar outro. Além disso, o aumento do tempo de contrato reduz a rotatividade e acaba com a oportunidade para outros jovens”, completa. A superintendente nacional de Operações e Atendimento do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE), Mônica Castro, relata que empresas já estão procurando a entidade para cancelar vagas de aprendizagem com base na MP desta semana. Uma MP entra em vigor assim que editada pelo presidente, mas precisa do aval do Congresso em até 120 dias para não perder a validade.  “A medida tem o objetivo de reduzir cotas e acabar com o programa. Não faz o menor sentido impor essas mudanças por uma Medida Provisória. Qual é o sentido de urgência, sendo que já há um projeto de lei sendo discutido no Congresso?”, questiona. Ela critica outro ponto da medida, o que trata da contratação de aprendizes com até 29 anos em atividades com insalubridade que não permitem a contratação de menores de 21 anos. “Claramente há uma precarização da mão de obra. Estão trazendo a aprendizagem para um adulto de até 29 anos em vez de se contratar um empregado celetista”, acrescenta. Reação O governo também reduziu as multas e concedeu novos prazos para que as empresas que descumprem a Lei da Aprendizagem possam se enquadrar no novo regime de cotas flexibilizadas. Na quinta, 5, todos os 27 auditores-fiscais do Trabalho que atuam como coordenadores de Fiscalização de Aprendizagem Profissional nos Estados entregaram seus cargos em protesto contra a medida. “Os normativos criam regras que beneficiam empresas descumpridoras da cota de aprendizagem e proíbem a Auditoria-Fiscal do Trabalho de atuar contra as irregularidades cometidas contra a Lei da Aprendizagem, vedando a lavratura de auto de infração contra empresas que não cumprem a cota de aprendizagem. Além disso, os normativos suspendem multas já aplicadas, criando verdadeiro indulto aos infratores da lei”, afirmaram, em nota coletiva. O presidente da Comissão de Finanças e Tributação (CFT) e relator da Comissão Especial do Estatuto do Aprendiz, deputado Marco Bertaiolli (PSD-SP), já se comprometeu a apresentar emendas para retirar da MP todas as mudanças do programa de aprendizagem. Ele prometeu entregar o parecer da proposta até o fim de junho, para que o projeto seja levado ao plenário da Câmara. “Desde o ano passado, estamos trabalhando muito para ouvir todos os agentes da aprendizagem – fundações, instituições, as empresas que mais contratam jovens aprendizes, as entidades que certificam. É um projeto cuja autoria foi assinada por todos os líderes da Câmara, incluindo o presidente Arthur Lira. Não me parece razoável que o Ministério do Trabalho tenha incluído nesta MP assuntos sobre aprendizagem quando o Parlamento já está debruçado sobre o tema. Não me parece construtivo e beira o desrespeito em relação aos líderes da Câmara”, avalia Bertaiolli. O deputado também criticou o teor da medida do governo que, segundo ele, desvirtua o Programa Jovem Aprendiz, ao invés de apenas atualizá-lo. “A forma – por MP – é ruim e o teor é péssimo. Já conversei com o presidente Lira e, em defesa do trabalho dos deputados, tentaremos suprimir os artigos da MP. O trabalho da comissão especial prevalecerá”, enfatiza o parlamentar. O líder do União Brasil na Câmara, Elmar Nascimento (BA), por outro lado, disse não ver problema em aprovar as mudanças no Programa Jovem Aprendiz por meio da MP, se a tramitação for mais rápida. “Eu não brigo por autoria”, afirma o deputado, que é um dos autores do projeto de lei analisado na comissão especial. Ele ainda não discutiu o assunto com Lira. https://economia.estadao.com.br/noticias/geral,jovem-aprendiz-mudancas,70004059276