Inflação de Serviços fica no centro da meta em 2021

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Confederação Nacional de Serviços A inflação do setor econômico de Serviços registrou elevação de 4,75% no acumulado do ano e 0,79% a.m. em dezembro, 2.021, conforme medição do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Neste período, o IPCA apresentou alta acumulada de 10,06%, em 12 meses, sendo 0,73% no mês de dezembro. A inflação de serviços foi particularmente afetada pela pandemia. À medida que o distanciamento social se reduziu em 2021, impulsionado pelo significativo progresso na vacinação contra a covid-19, a reativação do setor de serviços levou a um realinhamento dos preços, implicando aceleração da inflação de serviços para 4,75% em 2021. Uma parcela da inflação de serviços em 2021 está relacionada à normalização, em nível, de preços que estavam deprimidos em decorrência dos impactos específicos da crise sanitária.  Destaca-se também que, ao longo de 2021, a redução do distanciamento social, associada ao avanço substancial da vacinação contra a covid-19 e ao arrefecimento da crise sanitária, foi um estímulo às atividades de serviços particularmente afetadas pela pandemia, o que permitiu a recomposição de seus preços.  A inflação mais acelerada em 2021 enseja ainda maior atenção da autoridade monetária na condução da política monetária, corroborado pelo discurso mais rígido do Copom com elevação da Selic. Dado o efeito esperado da trajetória mais elevada dos juros sobre os preços ao consumidor, esperamos que nos próximos meses o IPCA inicie uma trajetória de desaceleração, contudo, fazendo o IPCA convergir para o centro da meta para inflação apenas em 2023. Acesse a análise na íntegra aqui

OIT prevê 14 milhões de desempregados no Brasil em 2022

Valor Econômico – 17/01/2022 A Organização Internacional do Trabalho (OIT) projeta que o Brasil terá 14 milhões de desempregados em 2022, bem acima do nível de antes da pandemia em 2019. O déficit em termos de horas trabalhadas neste ano será equivalente a 2,2 milhões de empregos a pleno tempo. O emprego no país não voltará à situação de antes da pandemia pelo menos até 2023 ou 2024. “A saúde do mercado de trabalho é preocupante, se juntarmos o desemprego e a redução da participação da força de trabalho”, declarou o diretor-geral da OIT, Guy Ryder, ao apresentar nesta segunda-feira relatório sobre ao mercado global de trabalho. A OIT aponta a América Latina como a região com as perspectivas mais negativas em termos econômicos e de retomada do emprego. A região foi uma das mais atingidas por contaminação e mortes de covid. O Brasil tem a segunda maior taxa de mortes pela pandemia, só atrás dos EUA. Conforme o levantamento, no último trimestre de 2019, quando a pandemia de covid-19 começou a fazer seus estragos, o Brasil tinha 12,5 milhões de desempregados. Em 2020, a cifra pulou para 13,2 milhões. Em 2021, para 14,3 milhões. A expectativa agora é de o número de desempregados no Brasil diminuir para 14 milhões em 2022, mas ainda bem longe da taxa de antes da pandemia. Para 2023, também continuará acima daquele período, com estimativa de 13,6 milhões de desempregados. A fragilidade desse mercado de trabalho complica ainda para o trabalhador com a inflação, que tem a renda ainda mais reduzida. Em 2020, em plena pandemia, o Brasil teve um deficit de horas trabalhadas equivalente a 11,8 milhões de empregos a pleno tempo (48 horas por semana). Em 2021, essa perda de horas trabalhadas foi equivalente a 4,2 milhões de empregos. Para 2022, continua a ter uma baixa, ficando em perda de horas trabalhadas equivalente a 2,2 milhões de empregos. Ou seja, a situação torna-se menos pior, mas ainda inquietante. O diretor-geral da OIT destacou a deterioração no brasil em termos de taxa de participação da força de trabalho (LFPR), que é a proporção de pessoas qualificadas para participar da força de trabalho que realmente participam dela trabalhando ou procurando trabalho. Antes da pandemia, a taxa era de 62,6%, caiu para 57,3% em 2020 e, para este ano, a expectativa é de ficar em 59,9%. A covid-19 ampliou problemas estruturais também no Brasil. Conforme a OIT, as taxas de emprego temporário aumentaram de 22% do emprego total no país no segundo trimestre de 2020 para 37% no primeiro trimestre de 2021, por exemplo. O emprego temporário pode ter uma incidência negativa sobre a produtividade no longo prazo das empresas em razão de seus efeitos na manutenção do emprego, formação e inovação. A OIT alerta para um desmonte do emprego formal e, em consequência, mais emprego informal. As estimativas são de que o emprego informal representou mais de 70% da criação de empregos desde meados de 2020 no Brasil, Argentina, México, Peru. A entidade diz que a reversão do emprego formal para informal aumentou com a covid-19 no Brasil e em outros países da região. De acordo com a entidade global, a taxa de trabalho subutilizado no Brasil era de 27,9 milhões de pessoas em 2019, antes da pandemia. Outra cifra preocupante é o número de jovens entre 15 e 24 anos que estão fora do sistema educação, não tem treinamento, nem emprego. Eles eram 27,9 milhões no Brasil nessa situação em 2020.

Burnout como doença ocupacional faz crescer responsabilidade de empresas

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A síndrome de burnout foi oficializada, em 1º de janeiro, como uma condição de saúde mental relacionada ao trabalho conforme a 11ª edição da Classificação Internacional de Doenças (CID-11) da Organização Mundial da Saúde. Considerada há mais tempo como um esgotamento associado ao ambiente laboral, agora ela se enquadra na categoria de doenças ocupacionais, uma mudança que vai demandar mais responsabilidade das empresas. O quadro psíquico é “resultante do estresse crônico no local de trabalho que não foi administrado com sucesso”, diz a definição. As características envolvem sensação de esgotamento ou exaustão de energia, aumento da distância mental do trabalho ou sentimentos de negativismo ou cinismo relacionados ao trabalho, e uma sensação de ineficácia e falta de realização. Tecnicamente, é considerada uma síndrome, e não uma doença, porque as causas são variadas e nem sempre ocorre da mesma forma para todas as pessoas. A OMS destaca que a síndrome “refere-se especificamente a fenômenos no contexto ocupacional e não deve ser aplicada para descrever experiências em outras áreas da vida”. Uma vez que 30% dos mais de 100 milhões de trabalhadores brasileiros sofrem de burnout, segundo a International Stress Management Association, especialistas vislumbram alterações importantes nas relações de trabalho e na forma como as companhias se posicionam no mercado. “As empresas vão passar a responder por isso com indicadores para acionistas, investidores, para a matriz, assim como hoje respondem por indicadores de acidente de trabalho. Elas vão responder por ausência por conta de burnout causado pelo ambiente de trabalho. Isso mexe com a reputação organizacional”, diz a psicóloga Patricia Ansarah, co-fundadora do Instituto Internacional em Segurança Psicológica. Veruska Galvão, também fundadora do instituto, completa que outra mudança é na percepção do indivíduo. “Ele terá consciência de que deixou esse ambiente interferir na saúde até a exaustão e que essa responsabilidade também é da empresa. As empresas não preparadas vão ter problemas sérios”, afirma. Um desses problemas seria com a Justiça, pois trabalhadores teriam ainda mais respaldo para buscar reparação de danos. Patricia teve essa experiência em 2017, quando abriu processo contra a multinacional onde trabalhava há um ano como gerente executiva. A relação tóxica com a gestora e a pressão por resultados a qualquer custo minaram a autoconfiança e as capacidades produtiva e criativa da psicóloga. Diagnosticada com síndrome de burnout, ela não recebeu qualquer apoio da companhia. Foram seis meses de desgaste emocional e mental até o atestado. “Foi um processo silencioso. Quando percebi, já estava em estado de burnout, não me reconhecia. Quando entendi, fui diagnosticada, medicada e busquei terapia”, conta. Sem acolhimento por parte do RH ou da liderança, ela buscou a linha de compliance da organização e levou o caso à matriz. Três meses depois, uma resposta veio com o desligamento da gestora dela. Mas a reparação de danos veio com um processo na Justiça no âmbito dos direitos trabalhistas, uma vez que por danos morais exigia testemunhas, o que colocaria em risco os colegas de trabalho. “Hoje, na CID, poderia recorrer sem expor outras pessoas.” Um ano depois, a Justiça encerrou o caso a favor dela. “Foi um processo doloroso.” Aspectos legaisAfastamentos por questões psicoemocionais são uma discussão antiga na justiça do trabalho e o cuidado da empresa com o funcionário é uma responsabilidade básica garantida pela Constituição. O advogado trabalhista Cristóvão Macedo Soares, sócio do Bosisio Advogados, diz que, objetivamente, a CID-11 traz uma nova conduta para pessoas diagnosticadas com a síndrome. “Se o afastamento for superior a 15 dias, trata-se de auxílio acidentário e a pessoa fica afastada pelo INSS. No contrato de emprego, após o afastamento previdenciário, no retorno o funcionário tem garantia de emprego de 12 meses a partir da alta”, explica. Em qualquer situação, o empregado deve comunicar ao gestor ou departamento competente sobre a condição, fornecendo atestado médico. Nas ações judiciais, Soares aponta que a nova classificação traz detalhes que precisam ser analisados com cuidado. “Vai ter primeiro uma discussão técnica. Quando se fala de ‘estresse não administrado com sucesso’, a responsabilidade é exclusivamente do empregador ou envolve também o empregado? É complicado estabelecer que gera responsabilidade ao empregador em qualquer situação, porque a gente está falando de uma síndrome com aspecto subjetivo muito grande”, comenta. “Qualquer trabalho leva a estresse e o que se precisa hoje é conduzir com responsabilidade comum, de forma razoável, que não extrapole determinados limites.” A consultora organizacional Caroline Marcon diz que o RH tem a responsabilidade de encaminhar os profissionais diagnosticados para acompanhamento psicológico, consultas médicas e adotar providências para restabelecer a saúde mental. “A equipe precisa avaliar as condições de trabalho da pessoa, como ambiente físico, relação com a liderança e pares, metas e clima organizacional, para melhorar as condições e prevenir novos casos”, diz. O advogado concorda que as organizações precisam ser cada vez mais cobradas para prevenir, identificar e cuidar de quem sofre com transtornos mentais, o que também será levado em conta na hora de determinar a responsabilidade da empresa. “Se ela não tiver ações, vai ter presunção de responsabilização, porque consegue-se tirar dali que o empregado não tinha respaldo de segurança.” Na Justiça, tudo será definido caso a caso, a depender das provas apresentadas. Mudanças nas empresasAier Adriano Costa, especialista em medicina do trabalho e médico responsável técnico da Docway, diz que a classificação da OMS permitirá um diagnóstico e acompanhamento mais adequados. Porém, a dificuldade é o funcionário chegar com a queixa devido a tabus e preconceitos. Assim, é preciso melhorar a comunicação do RH e da medicina do trabalho. “Tem de comunicar para a empresa fazer adequações na rotina de trabalho e acompanhamento especializado”, diz. Ele observa que, como o burnout é uma síndrome moderna, as https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpgs de saúde podem ajudar. “Acho que isso vai ser tendência na parte ocupacional, o acompanhamento de saúde por telemedicina vai ficar mais intenso.” Profissional com 15 anos de experiência em RH, Jorge Nahas afirma que o setor tem de assumir um papel mais relevante ou terá muitos problemas trabalhistas para administrar. O primeiro passo nessa transformação, é ter uma

Com pandemia, venda online supera a dos shopping centers

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Antes do previsto e com um empurrão da pandemia, as vendas do comércio eletrônico superaram as dos shoppings centers no Brasil. Segundo um estudo da gestora Canuma Capital, no ano passado, as vendas online atingiram R$ 260 bilhões, um avanço de R$ 160 bilhões em relação ao registrado em 2019, antes da pandemia. Na outra ponta, os shoppings faturaram aproximadamente R$ 190 bilhões em 2019 e a previsão é que tenham fechado 2021 em R$ 175 bilhões, considerando as mesmas lojas, conforme o estudo. Os dados, contudo, de acordo com a gestora, não mostram uma tendência de perda da relevância dos shoppings no varejo brasileiro – há cerca de 600 unidades em operação no País. Mas trazem à tona o desafio de solidificar ainda mais a digitalização das vendas, um processo já em curso. Glauco Humai, presidente da Abrasce, associação que representa os shoppings no Brasil, disse ver com neutralidade o avanço do e-commerce, mas acredita que não é possível dizer o quanto das vendas online partiram da própria estrutura dos shoppings – seja uma venda feita pelo WhatsApp ou pela própria plataforma digital do varejista. Fora isso, as lojas físicas também funcionam como uma vitrine para os produtos e fazem parte, assim, da jornada da venda, diz. “Cada vez é mais difícil de se separar o que é venda online da offline”, afirma. O executivo aponta que a aposta dos shoppings, que já vem antes da pandemia, inclui a convergência dos canais de venda. “Todos caminham para a multicanalidade”, diz. Segundo ele, a prova disso é o movimento do varejo nativo digital abrindo pontos físicos – muitos deles em shopping centers. Segundo Humai, a compra em si já se tornou atualmente uma commodity, algo que já fez com que os shoppings se ajustassem para serem centros de serviços e facilitadores para a compra por parte do cliente. “E, na pandemia o valor do ponto físico, para contato do cliente com a marca e produto, ficou ainda mais evidente.” Reinvenção. Para o levantamento feito pela Canuma Capital foram utilizados dados dos grupos de capital aberto, incluindo empresas de comércio eletrônico, informações sobre shoppings investidos por fundos imobiliários, dados de associações e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), explica Marcelo Vainstein, sócio da Canuma e ex-diretor da Brookfield Property Group. Hoje, a Canuma, que investe globalmente, não possui em sua carteira investimento em shoppings no Brasil, apenas nos Estados Unidos. “Os shoppings terão de se reinventar para ter a mesma receita por metro quadrado”, avalia Vainstein. Ele ressalva, porém, que a penetração do e-commerce não é homogênea em todas as regiões do País e, dessa forma, dependendo da área, muitos shoppings sofrem menos esse efeito competitivo. Ele aponta que o impacto nos shoppings do País foi desigual e aqueles com problemas pré-pandemia sofreram mais, assim como aqueles localizados em locais muito dependentes dos escritórios. Já os outlets superaram todas as expectativas e os shoppings que vendem produtos importados para a população de alta renda tiveram melhor performance, pois o turista brasileiro não conseguiu viajar e comprou localmente. Por outro lado, destaca Vainstein, com a retomada do turismo e com a população vacinada, o mercado de luxo local tende a perder volume de vendas. Fatia. O estudo mostra que os shoppings tiveram uma perda de cerca de R$ 35 bilhões para o comércio eletrônico. Além disso, os centros de compras também perderam mais R$ 15 bilhões diretamente na área de serviços, com um menor fluxo em cinemas e área de alimentação, por exemplo. Mas, apesar de ter tirado uma fatia das vendas antes realizadas nos shoppings, o maior ganho do comércio eletrônico veio mesmo do comércio de rua, ainda de acordo com o estudo. Em relação à participação no varejo restrito, que não inclui na conta as vendas de veículos e de material de construção, o e-commerce tinha uma fatia total de 6,8% em 2019, e essa fatia saltou para 12,7% no ano passado. Shoppings estão voltando ao nível de 2019, diz especialistaPara o especialista no setor de varejo e sócio da Varese Retail, Alberto Serrentino, o fato de o comércio eletrônico ter ultrapassado as vendas dos shoppings não é motivo de grande preocupação para o setor. Segundo ele, os shoppings já estão em rota de atingirem o mesmo resultado pré-pandemia. O tombo das vendas ao longo dos últimos anos, lembra, foi um efeito direto do período de restrições mais duras. Além disso, segundo ele, o e-commerce já vinha com uma taxa de crescimento maior mesmo antes da pandemia. “Quando as pessoas se sentem mais seguras, elas voltam ao shopping. E foi isso o que vimos no quarto trimestre de 2021”, diz Serrentino. Na sua leitura, o shopping center no Brasil transcende o local de compras, porque se tornou um grande espaço de entretenimento, incluindo gastronomia – e tem sido exatamente esse segmento que ainda não retomou ao ritmo pré-pandêmico, afirma. Isso não quer dizer, porém, segundo o especialista, que os shoppings não terão de lidar com desafios específicos. Um desses trabalhos seguirá sendo o processo de digitalização, já iniciado por imposição das restrições sociais. “O grande desafio é como o shopping center conseguirá aderir à nova jornada de consumo, sendo um grande hub de entretenimento. Isso passará pela transformação digital que simplifica a vida do cliente”, destaca. Essa transformação significará, por exemplo, conectar o cliente a uma determinada loja de um shopping, para que ele possa saber, antes de se deslocar até o estabelecimento, se um produto está disponível. Volta. Os números já começam a refletir a retomada. Um dos grandes grupos de shoppings centers no País, com 19 empreendimentos, a Multiplan, que tem no portfólio o Morumbi e Vila Olímpia, apontou, em seus dados operacionais referentes ao último trimestre do ano que os motores estão aquecidos. Nos últimos três meses do ano, a empresa reportou número recorde na história da companhia. O crescimento foi de 8,1% ante o mesmo período no ano anterior. O último trimestre de 2021 foi o primeiro do ano com 100% da operação

Teto de gastos e reforma trabalhista tiveram sua contribuição para a economia do País

José Mario Cardoso O ex-presidente Lula informou aos eleitores que, caso eleito, vai revogar o teto de gastos públicos e a reforma trabalhista. Segundo o ex-presidente, o teto de gastos reprime os investimentos públicos e prejudica os grupos mais pobres da população e a reforma trabalhista é inócua na geração de empregos e incentiva a precarização das relações de trabalho. O objetivo do teto de gastos foi dar credibilidade à política fiscal, após os descalabros fiscais do governo Dilma Rousseff. O teto é importante por duas razões. Primeiro porque, se os gastos atingirem o teto, qualquer aumento de receita somente poderá ser utilizado para reduzir despesas ou a carga tributária, o que torna a dívida automaticamente sustentável. É por esta razão que, uma vez aprovado o teto, as taxas de juros demandadas pelos investidores para financiar a dívida pública do Brasil caiu de 20% ao ano, em média, para níveis próximos a 7% ao ano. A mudança do teto implementada em 2021 gerou forte aumento destas taxas. O segundo objetivo é forçar o governo a definir prioridades no Orçamento. Quando o teto é atingido, qualquer aumento de gasto terá de ser compensado por uma redução em outro gasto. O resultado é mais racionalidade e menos desperdício de dinheiro público. Quanto à reforma trabalhista, os dados refutam as afirmações do ex-presidente. Entre 2012 e 2014, a taxa de desemprego caiu de 7,5% para 6,5% da força de trabalho. Com a forte recessão que se seguiu, esta taxa subiu para 13,5% no final de 2016. A partir de 2017, quando a reforma foi aprovada, caiu sistematicamente, atingindo 11,5% no início de 2020. Com a pandemia, o desemprego foi a 14,9% no início de 2021, quando entrou em queda acentuada, chegando a 12,1% no trimestre encerrado em outubro. É a maior queda da taxa de desemprego da série histórica. Em 2021, foram gerados cerca de 10 milhões de postos de trabalho, 35% com carteira assinada, 35% trabalhadores por conta própria, 60% com CNPJ. Não seria honesto afirmar que este bom desempenho é resultado da reforma. Porém, também não é honesto afirmar que a reforma não teve efeito sobre a geração de empregos no País. O mais provável é que a diminuição das demandas na Justiça do Trabalho (o que reduz o custo da formalização) e a liberalização da terceirização das atividades-fim, ambas consequência da reforma, tenham ajudado neste resultado. É a realidade. *PROFESSOR TITULAR DO DEPARTAMENTO DE ECONOMIA DA PUC-RIO (APOSENTADO) E ECONOMISTA-CHEFE DA GENIAL INVESTIMENTOS

Trabalhador no Brasil relata mais efeito negativo da pandemia, diz pesquisa

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Folha de S.Paulo – 16/01/2022 O Brasil tem uma parcela relativamente maior de seus trabalhadores que dizem estar sentido efeitos pesados da pandemia na comparação com profissionais de outras partes do mundo, segundo pesquisa da consultoria Mercer Marsh. O levantamento, que abordou 14 mil funcionários de 13 países, sendo mil no Brasil, mostra que 53% dos entrevistados aqui dizem que a pandemia vem causando um impacto negativo total ou grande em suas vidas. No recorte para a América Latina, esse índice cai para 37%, e no mundo, para 33%. O estudo também apontou queda na percepção dos trabalhadores de que seus empregadores se importam com a equipe. No Brasil, o percentual de colaboradores que sentem que seu chefe está preocupado com o seu bem-estar, caiu de 60% em 2019 para 39% em 2021. No mundo, essa variação foi menos brusca, desceu de 49% para 46%.