Pessoas pretas e pardas somam mais de 50% das contratações, aponta pesquisa

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Valor Econômico – Programas de incentivo à inclusão racial nas organizações podem estar mostrando os primeiros resultados em escala. Levantamento inédito da empresa de https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpg para recursos humanos Gupy, obtido com exclusividade pelo Valor, indica que a contratação de pretos e pardos aumentou, respectivamente, 17,9% e 13,9%, no comparativo entre os meses de agosto-setembro e outubro-novembro. Para se ter uma ideia, entre 1 de julho e 15 de novembro, a parcela de admissão de pessoas pretas e pardas chegou a 54,6%, enquanto no período de julho a agosto o índice de diversidade entre currículos contratados por 100 empresas parceiras da Gupy alcançou 55%. Foram analisados mais de 50 mil perfis de candidatos em todos os estados. Do total, 45,3% são brancos, 39,3% pardos (sendo 53,2% de mulheres) e 15,3% se autodeclaram pretos (59,8% mulheres). “O aumento das discussões sobre a necessidade de mais diversidade e o crescimento do número de campanhas de incentivo à inclusão impulsionam esse avanço, mas não é só isso”, analisa Guilherme Dias, cofundador e CMPO (diretor de marketing e produto) da Gupy. “Os processos seletivos se mostram cada vez mais inclusivos porque as companhias estão revendo os requisitos exigidos.” Mas ainda há muito a ser melhorado, destaca Dias, principalmente entre oportunidades que não são aproveitadas por conta da exigência de níveis de escolaridade, o que acarreta baixa representatividade nas posições de liderança. O estudo mostra uma concentração de pretos (45,3%) e pardos (48,7%) no nível médio de formação, ante pessoas brancas (29,23%). Já a quantidade de pardos com ensino superior nas seleções chega a 26,6% e de 30% de pretos, abaixo dos 38,9% de brancos com esse tipo de diploma. Grande parte das pessoas negras atua como operador ou auxiliar (51%) e segue sem muita presença em vagas para analistas (8,6 %) ou nas cadeiras de decisão, como diretor (0,07%), coordenador e gerente (0,2% cada um). Como forma de acelerar as chances de inclusão, diz o executivo, é preciso focar na qualificação de candidatos dos grupos de diversidade que não tiveram acesso à formação universitária ou a outras experiências profissionais. “Como treinamentos para aperfeiçoamento técnico e dirigidos ao desenvolvimento de soft skills”, afirma.

Projeção de PIB negativo no quarto trimestre de 2021 ganha força após queda de serviços

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Folha de S.Paulo – 14/12/2021 – A retração de atividade nos principais setores da economia, serviços, comércio e produção industrial, no mês de outubro, reforça o quadro de fraqueza econômica no Brasil. Diante da queda generalizada, um número maior de analistas já projeta PIB (Produto Interno Bruto) negativo no quarto trimestre de 2021. A deterioração do cenário ficou mais nítida nesta terça-feira (14), após o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgar o resultado de serviços em outubro. Na comparação com setembro, o volume do setor, o principal da economia nacional, teve baixa de 1,2%. Foi a segunda retração em sequência. Em setembro, o setor havia registrado queda de 0,7%. Antes de divulgar o dado de serviços, o IBGE havia confirmado recuos de 0,6% na produção industrial e de 0,1% nas vendas do varejo no mesmo mês de outubro. Ou seja, os três setores pesquisados começaram o quarto trimestre no vermelho. A perda de força na retomada ocorre em meio a um contexto de inflação alta, juros elevados e dificuldades no mercado de trabalho. Nesta terça, a XP afirmou, em relatório assinado pelo economista Rodolfo Margato, que “o setor de serviços decepciona pelo segundo mês consecutivo”. O segmento inclui atividades que foram muito afetadas pelo isolamento social na pandemia, e a expectativa era de retorno com vigor quando a circulação de pessoas fosse totalmente liberada. Na visão da XP, se justamente essa parcela da atividade não reage como o esperado, “há riscos crescentes de contração do PIB no quarto trimestre”. A instituição financeira projeta recuo de 0,2% no indicador entre outubro e dezembro, ante o terceiro trimestre, já descontados os efeitos sazonais. No acumulado de 2021, a casa aposta em alta de 4,5% do PIB, após o tombo de 3,9% em 2020. Já em 2022, a projeção é de variação nula (0%). Os indicadores de volume de serviços, produção industrial e vendas do varejo guardam diferenças em relação ao cálculo do PIB, mas servem como um termômetro da atividade econômica. O PIB já vem de dois trimestres negativos no Brasil. O indicador amargou baixas de 0,4% e 0,1% no segundo e no terceiro trimestres deste ano. Para o economista-chefe da consultoria MB Associados, Sergio Vale, os números de outubro divulgados pelo IBGE sugerem um cenário complicado até dezembro. Por ora, a MB ainda estima um PIB com variação positiva de 0,1% no quarto trimestre, mas a tendência é de revisão para o campo negativo em breve, com a entrada de novos dados. “Estamos caminhando para um PIB negativo”, diz Vale. “Alguns resultados já sinalizam que novembro não foi um mês muito favorável. Indicadores de confiança mostraram queda, a Black Friday não foi muito boa. Há o efeito da inflação, dos juros maiores e das incertezas”, completa. O economista João Leal, da gestora Rio Bravo, considera que a atividade econômica se encontra em um quadro de estagnação. A Rio Bravo ainda projeta PIB com leve variação positiva no quarto trimestre, entre 0,1% e 0,3%, mas não descarta um desempenho negativo, diz Leal. “A palavra que melhor resume os últimos meses na economia é estagnação. Não conseguimos crescer”, afirma. “Não dá para descartar PIB negativo no quarto trimestre. A gente pode ter novas surpresas e caminhar nessa direção”, acrescenta. Em nota, o Banco Original afirmou que o desempenho de serviços em outubro trouxe um viés de baixa para as projeções do PIB, o que deve forçar revisões. As estimativas atuais do banco para o indicador são de avanços de 0,2% no trimestre e de 4,8% no ano de 2021. “Com todas as pesquisas do IBGE surpreendendo negativamente as nossas projeções, fica claro o viés negativo sobre a nossa projeção de PIB, hoje em 0,2% t/t e 4,8% para o fechamento de 2021. Para 2022, o recado é o mesmo. Revisaremos oficialmente os nossos números em nossa próxima reavaliação mensal de cenário”, diz o Original. Segundo economistas, o recuo de 1,2% do volume do setor de serviços pode ser associado a fatores como a fraqueza da atividade econômica no geral e a inflação mais forte. Mesmo com o recuo, o setor ainda está 2,1% acima do nível pré-pandemia, de fevereiro de 2020. A questão é que essa diferença já foi maior. Em agosto deste ano, os serviços chegaram a operar 4,1% acima do pré-crise. Com a derrubada de medidas restritivas e a reabertura de atividades econômicas na pandemia, analistas esperavam uma recuperação mais consistente dos serviços. O problema, segundo os especialistas, é que a piora de indicadores macroeconômicos abala o processo de retomada. “Há uma situação de enfraquecimento geral da economia. Não está sobrando tanta renda para o consumo de serviços. A inflação corrói parte da renda disponível”, diz Vale, da MB. Ao recuar 0,6% em outubro, a produção industrial ficou 4,1% abaixo do pré-pandemia. Foi a quinta queda consecutiva do setor, que ainda sofre com a escassez de insumos e o avanço dos custos produtivos. As vendas do varejo, por sua vez, ficaram 0,1% abaixo do pré-crise. O recuo de 0,1% em outubro foi o terceiro em sequência para o comércio, abalado pela escalada inflacionária. A inflação oficial do país, medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), alcançou a marca de 10,74% em 12 meses até novembro. É o maior acumulado desde novembro de 2003. O economista Rodrigo Ashikawa, da Claritas Investimentos, considera que a pressão dos preços é um dos principais motivos para os resultados negativos de serviços, indústria e comércio. Por ora, ele mantém a projeção de PIB com variação positiva de 0,3% no quarto trimestre, mas não descarta revisões para baixo devido aos riscos existentes no cenário. “Tivemos uma surpresa para baixo no setor de serviços em outubro. Isso mostra um cenário um pouco mais desfavorável para a atividade econômica no quarto trimestre”, diz o analista.

Setor de serviços aprofunda desaceleração e cai pelo segundo mês seguido

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Folha de S.Paulo – 14/12/2021 – O setor de serviços no Brasil começou o quarto trimestre no vermelho. Em outubro, amargou queda de 1,2% no volume, frente a setembro, informou nesta terça-feira (14) o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O desempenho aprofunda os sinais de perda de fôlego do setor em meio a um contexto de fragilidades na atividade econômica. Trata-se da segunda redução consecutiva de serviços. É a maior para outubro desde 2016. Em setembro, o recuo havia sido de 0,7%. O resultado de outubro ficou abaixo das projeções do mercado. Analistas consultados pela agência Reuters projetavam alta mensal de 0,1%. Segundo Rodrigo Lobo, gerente da pesquisa do IBGE, uma combinação de fatores explica o desempenho negativo. Atividade econômica fraca, inflação alta e base de comparação mais elevada em ramos de serviços que cresceram na pandemia, como os relacionados à https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpg, fazem parte dessa lista. Com a baixa de outubro, o setor de serviços reduziu a distância positiva em relação ao patamar pré-pandemia. Ficou 2,1% acima do nível de fevereiro de 2020. Essa diferença já foi maior. Em agosto deste ano, os serviços chegaram a operar 4,1% acima do pré-crise. “A gente percebe uma perda de ritmo do setor”, disse Lobo. Serviços envolvem uma grande variedade de negócios, de bares e restaurantes a instituições financeiras, de https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpg e de ensino. O setor é o principal empregador do país. ​ Durante a pandemia, a prestação de serviços diversos sofreu um choque. O baque ocorreu porque o setor reúne atividades dependentes da circulação de clientes, que foi reduzida pelas restrições para conter a Covid-19. Hotéis, bares, restaurantes e eventos fazem parte da lista de negócios impactados. O que amenizou o tombo gerado pelo coronavírus foi o avanço de serviços ligados à https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpg. Essas atividades tiveram demanda aquecida no período de isolamento social. Em outubro, o recuo foi disseminado no setor. Houve quedas em quatro das cinco atividades investigadas pelo IBGE. O destaque negativo veio de serviços de informação e comunicação (-1,6%). “O segmento que mostrou o principal impacto negativo foi o de telecomunicações. Essa queda é explicada pelo reajuste nas tarifas de telefonia fixa, que avançaram 7,33% nesse mês. A pressão vinda dos preços acabou impactando o indicador de volume do subsetor [informação e comunicação]”, explica Lobo. A atividade de outros serviços (-6,7%) também caiu em outubro. Segundo o IBGE, a atividade é muito heterogênea. Em outubro, foi impactada principalmente pela menor receita das empresas que atuam no processo de pós-colheita, fazendo o beneficiamento de produtos agrícolas. Houve ainda o impacto da queda de corretoras de títulos e valores mobiliários. As outras duas atividades que recuaram dentro do setor de serviços foram serviços profissionais, administrativos e complementares (-1,8%) e transportes, armazenagem e correio (-0,3%). Conforme Lobo, as perdas de serviços profissionais refletem as dificuldades da atividade econômica. Isso ocorre porque o ramo reúne muitas empresas que atendem o mercado corporativo, disse o analista. “O ritmo da atividade econômica pode ser percebido em serviços profissionais, administrativos e complementares.” Em transportes, um dos dados que chamaram atenção foi o recuo do transporte aéreo (-5,3%). Nesse caso, houve o efeito da inflação das passagens aéreas, de acordo com Lobo. Entre as cinco atividades que compõem serviços, a única taxa positiva em outubro foi registrada por serviços prestados às famílias, que subiram 2,7%. Foi o sétimo avanço consecutivo. Nesse período, a alta acumulada foi de 57,3%. Os serviços prestados às famílias envolvem os ramos de alojamento e alimentação. Apesar do avanço em outubro, a atividade ainda está 13,6% abaixo do pré-pandemia, a maior distância negativa da pesquisa. Ou seja, a retomada é incompleta até o momento. Nesta terça, o IBGE também informou que, na comparação com outubro de 2020, o setor de serviços como um todo cresceu 7,5%. No ano, o setor acumula alta de 11%. Em período maior, de 12 meses, o avanço foi de 8,2%. Com o impulso da vacinação contra a Covid-19 e da reabertura da economia, os serviços de caráter presencial apostam em uma melhora dos negócios até o final do ano. A recuperação, por outro lado, é ameaçada pelo cenário de escalada da inflação, juros mais altos e dificuldades no mercado de trabalho. Em conjunto, esses fatores abalam o poder de compra das famílias. Antes de divulgar o desempenho de serviços, o IBGE apresentou outros dois indicadores setoriais referentes a outubro: produção industrial e vendas do varejo. Ambos ficaram no vermelho. A produção das fábricas recuou 0,6% em outubro, a quinta baixa consecutiva. Já o comércio encolheu 0,1% no mesmo mês, o terceiro recuo em sequência.