Volta da demanda faz indicador de serviços acelerar

Valor Econômico – 29/10/2021 – Impulsionado por movimento de “demanda reprimida” o Índice de Confiança do setor de Serviços (ICS), calculado pela Fundação Getulio Vargas (FGV), subiu 1,8 ponto entre setembro e outubro, para 99,1 pontos, informou ontem a fundação. Ao falar sobre a alta, Rodolpho Tobler, economista da FGV responsável pelo indicador, lembrou os recentes sinais de melhora em indicadores relacionados à covid-19, graças à vacinação mais ágil. Isso fez com que o consumidor voltasse a consumir serviços como bares, restaurantes e viagens com mais ímpeto, algo que não ocorria em períodos mais agudos da pandemia, lembrou ele. Tobler frisou, ainda, que a economia de serviços foi a mais prejudicada por avanço da doença, devido à necessidade de maior restrição social, para inibir contaminação. Caso as condições de pandemia continuem a melhorar,  o técnico não descartou que o ICS possa voltar aos 100 pontos, quadrante favorável do indicador. Se essa projeção for confirmada, seria primeira pontuação acima dessa faixa desde  setembro de 2013 (101,5 pontos), comentou o técnico. Em médias móveis trimestrais -indicador usado para mensurar tendências do índice para os próximos meses -, o saldo também é positivo, com alta de 0,4 ponto até outubro. Ao comentar a evolução do indicador de setembro para outubro, o técnico notou que foram positivas tanto as avaliações sobre momento presente quanto as perspectivas, entre empresariado de serviços. Nos dois subindicadores componentes do ICS, o Índice de Situação Atual (ISA) subiu 2,3 pontos, no período, para 94,6 pontos, e o Índice de Expectativas ((IE) avançou 1,3 pontos, para 103,6 pontos. No caso do ISA, foi mais forte desempenho do indicador desde maio de 2014 (94,7 pontos). “É importante frisar que o IE está acima de 100 pontos desde julho”, acrescentou o técnico. A percepção de uma demanda reprimida por serviços, devido à pandemia,  ajudando a elevar o indicador é mais evidente ao se detalhar a evolução da confiança por segmentos, dentro do setor.  De sete pesquisados, cinco registraram alta de confiança entre setembro e outubro. Mas o técnico informou que, no ICS de outubro, serviços prestados às famílias foi que o mais impulsionou o resultado do mês – que representam bares, restaurante, turismo entre outros. Para o técnico, o ICS pode continuar a avançar no curto prazo, caso não haja nova piora nos indicadores sanitários relacionados à pandemia, de número de casos e de óbitos, bem como surgimento de novas variantes da doença. Mas, no longo prazo, comentou ser necessário esperar ainda evolução de alguns fatores macroeconômicos – avanço inflacionário, por exemplo -, que afeta orçamento das famílias, para mensurar trajetória em horizonte mais prolongado do indicador.

Confiança do comércio indica fim de ano “delicado”

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Valor Econômico – 29/10/2021 – O Índice de Confiança do Comércio (Icom) da Fundação Getulio Vargas (FGV) subiu apenas 0,1 ponto em outubro ante setembro, para 94,2 pontos, e sinaliza fim de ano “delicado” para o varejo, nas palavras do economista da FGV Rodolpho Tobler. Embora tenha sido primeiro saldo positivo do índice após duas quedas consecutivas, nessa comparação, o fato de o indicador, anunciado ontem pela FGV, ter parado de cair não é motivo de comemoração, afirmou o especialista. Isso porque o cenário macroeconômico atual, com juros e inflação em alta, e renda menor, confere cenário desafiador para compras do brasileiro, no fim do ano – mesmo no último trimestre, historicamente conhecido por ser de maior atividade, na economia em geral e no comércio especificamente, comentou ele. Tobler frisou que esses fatores macroeconômicos não desaparecerão no curto prazo, o que inibe compras e, por consequência, derruba o humor do empresariado varejista. “Creio que temos hoje mais gente [dentro do comércio] pessimista do que otimista para os próximos meses”, resumiu. Ao comentar sobre o desempenho do indicador entre setembro e outubro, Tobler detalhou que o Icom parou de cair graças à melhora em expectativas. Mas frisou que a percepção de negócios, do setor, em momento presente, ainda opera em patamar negativo, notou ele. Nos dois subindicadores componentes do indicador total de confiança de comércio, o Índice de Situação Atual (ISA) caiu 3,8 pontos entre setembro e outubro, para 95,3 pontos; enquanto o Índice de Expectativas subiu 3,9 pontos, para 93,3 pontos, no mesmo período. O técnico comentou que, no caso do ISA, foi a terceira queda consecutiva nas avaliações de momento presente do comerciante. Isso porque os fatores que têm inibido compras, hoje, já ocorrem há alguns meses e não estão arrefecendo, pelo contrário, estão “se aprofundando”, nas palavras do técnico. Tobler lembrou recente avanço inflacionário, bem como rodada de alta de juros básicos (taxa selic). No caso de juros altos, isso na prática torna mais caro compras a crédito e empréstimos, notou ele. Ao mesmo tempo, esses fatores macroeconômicos têm se acentuado em um cenário em que o mercado de trabalho não mostra sinais de retomada robusta. Ou seja: nem ao menos um alívio, por parte da renda do trabalho, poderia ser conferido para elevar orçamento do consumidor, notou ele. Outro aspecto também tem mexido com a percepção de negócios, do varejista. A melhora de indicadores epidemiológicos relacionados à pandemia, com queda de casos e óbitos de covid-19, aliado à vacinação mais ampla da doença, tem direcionado consumo maior para setor de serviços. Esse “compete” com vendas em comércio, no entendimento do técnico, na divisão de recursos no orçamento. Para ele, tendo em vista todos esses fatores, o Icom pode voltar a cair até o fim do ano. Ele não  descarta que o indicador possa ficar na faixa dos 90 pontos até término de 2021, ou seja, fora do quadrante favorável, de acima de 100 pontos. “Creio que entramos no último trimestre com desaceleração na atividade do comércio”, concluiu.

Empresas poderão contestar cobrança da Previdência para custear acidentes de trabalho

O Estado de S.Paulo – 29/10/2021 – Começa na próxima segunda-feira, 1º de novembro, o prazo para empresas de todo o Brasil contestarem o Fator Acidentário de Prevenção (FAP), índice aplicado pela Previdência Social sobre a folha salarial para custear aposentadorias especiais e benefícios decorrentes de acidentes de trabalho. O FAP para o próximo ano irá variar de 0,5 a 2 e irá incidir todos os meses. O índice é calculado pela Previdência a partir dos dados analisados em mais de 3,35 milhões de empresas do País, de todos os portes. Ele considera o grau de risco desses estabelecimentos, divididos por segmentos. Assim, empresas de um mesmo ramo econômico têm seus dados cruzados e se submetem a determinado fator – se tiverem índice de acidentes menor do que a média, ganham bônus; se for maior, são penalizados. Qualquer valor a partir de 1 significa oneração às empresas, mas mesmo aquelas que se incluem na chamada “faixa bônus”, entre 0,51 e 0,999, podem perder dinheiro, uma vez que um erro no repasse de informações pode significar uma perda de bônus de quase meio por cento todos os meses. “Contestar o FAP é imperativo, mas muitas empresas nem sabem que ele existe”, alerta Tatiane Allem, diretora comercial da BMS Projetos & Consultoria, empresa especializada na área. Tatiane explica que a Previdência consolida os dados considerando os dois anos anteriores à apuração, finalizada em março. Assim, o valor que incidirá em 2022 será a partir de dados levantados em 2019 e 2020, primeiro ano da pandemia. Por ter sido um ano totalmente atípico por causa da covid-19, a chance de haver erro ou pelo menos pontos a se esclarecer no índice são enormes. “Os erros são bastante comuns. Por exemplo, 2018/2019 teve a entrada do e-Social, uma mudança sistêmica, e houve alguns erros de captura do FAP. Este ano de 2022 tem dados de 2019 e 2020, que foi ano de covid. Existe ainda um vazio legislativo para saber se covid é ou não doença ocupacional – se ela foi contraída no ambiente de trabalho ou não, se foi no trajeto, ou mesmo como saber onde foi. Ainda não se tem histórico para saber isso”, aponta Tatiane. O prazo para contestação, porém, é curto: as empresas podem apresentar recursos somente até 30 de novembro. A análise dos casos demora, mas durante o período de análise o FAP aplicado é de 1, o que minimiza eventuais prejuízos. Em caso de ganho da ação, as empresas recebem de volta eventuais valores pagos a mais. Tatiane ressalta que empresas de todos os portes devem ao menos procurar consultoria para verificar se há margem para contestação. “Entre as maiores as perdas podem chegar a milhões, mas às vezes é nas pequenas que faz mais diferença. O valor que aquele dono de padaria pagou indevidamente, ou que deixou de receber, pode ter impacto direto no negócio.”

Quarta revolução industrial pede formação multidisciplinar

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Folha de S.Paulo – 29/10/2021 – O diálogo entre https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpg e demais áreas do conhecimento foi apontado por especialistas como uma competência importante para os profissionais da chamada indústria 4.0, ou quarta revolução industrial. O conceito envolve a aplicação de https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpg de dados e de automação para aumentar a eficiência e a produtividade nas empresas. Para José Renato Sátiro Santiago Júnior, professor e consultor da Fundação Vanzolini, é necessário que profissionais da área de humanas e da saúde dialoguem com engenharia de dados e computação aplicada. “Há muitas questões humanas que contribuem com a indústria 4.0”, afirma. Isso porque, além de compreender a linguagem técnica necessária para manejo da https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpg, será preciso aplicar conhecimentos específicos de cada área ou empresa. De acordo com levantamento feito pela Brasscom (Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação), até 2024, a procura por profissionais na área de https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpg da informação será de 420 mil pessoas. No entanto, segundo a entidade, o Brasil forma 46 mil profissionais da área por ano. Além de conhecimento técnico, habilidades analíticas e criativas farão parte das novas demandas. Formação e capacitação para a quarta revolução industrial foram temas debatidos pelos especialistas que participaram do seminário Indústria 4.0. O evento, promovido pela Folha, foi realizado na última quarta-feira (27), com mediação da jornalista Alexa Salomão. Responsável pela Coordenadoria de Ensino Tecnológico do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas), Eduardo Luiz Machado afirma que a formação multidisciplinar deve começar na educação básica e estimular a criatividade. “Muitas das profissões que vamos ter em dez anos ainda não existem e vão exigir profissionais cada vez mais criativos”, diz ele. Machado aponta falhas no sistema educacional, que carece de investimento para estimular o interesse e o desenvolvimento integral dos alunos. Uma pesquisa do Sesi (Serviço Social da Indústria) e do Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) realizada com 2.000 estudantes do ensino médio mostra que 17% dos alunos já consideraram abandonar os estudos. O principal motivo apontado foi a necessidade de trabalhar. O emprego pesa mais na decisão de sair da escola para 36% dos meninos e para 21% das meninas. O levantamento foi executado pelo Instituto FSB Pesquisa. Rafael Lucchesi, diretor-geral do Senai, vê na reforma do ensino médio uma oportunidade para estimular competências técnicas e socioemocionais nos adolescentes. A proposta aumenta a carga horária na escola e inclui ensino profissionalizante no currículo. Na visão do especialista, a formação para o futuro passa pela criação de políticas públicas com investimento em pesquisa e inovação, que mantenham diálogo com o setor privado. “O Brasil precisa ir para o divã e descobrir o que é moderno”, diz. Neste mês, o Congresso Nacional aprovou projeto que retira recursos previstos para o MCTI (Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações). O corte afeta em 99% o orçamento de programas de ciência e https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpg, que seria de R$ 655,4 milhões e caiu para R$ 7,2 milhões. Diretor industrial na Robert Bosch Ltda, Julio Monteiro afirma que o diálogo entre indústria e ensino profissional, universitário e técnico pode ter bons resultados. “Os alunos vêm com ideias diferentes de como nós pensamos no nosso dia a dia. Temos ali ideias que podem ser transformadas em projetos para resolução de problemas complexos”, diz o executivo. Quando questionados sobre quais profissões indicariam para seus filhos, Eduardo Luiz Machado, do IPT, e Julio Monteiro, da Bosch, sugeriram engenharia mecatrônica. Já Santiago, da Fundação Vanzolini, diria ao filho para ser “estudante a todo momento”. O conselho de Lucchesi​, do Senai, é seguir a vocação e trilhar um caminho que preze pelo protagonismo, independentemente da área de atuação escolhida.

Reformas administrativa e tributária ficam para 2023 se não avançarem neste ano, diz Bolsonaro

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Folha de S.Paulo – 29/10/2021 – O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou que, caso não sejam aprovadas este ano, as reformas tributária e administrativa não avançarão em 2022, quando o país passará por eleições. As declarações ocorreram durante entrevista à TV católica Canção Nova, gravada em 15 de outubro e transmitida nesta quinta-feira (28). “Essas reformas têm que acontecer no primeiro ano de cada governo. Já estamos praticamente terminando o terceiro ano [de governo]. Se não aprovar este ano, ano que vem pode esquecer”, disse o presidente. Em seguida, o mandatário argumentou que a “grande reforma” de sua administração foi a da Previdência.” “Essas outras, até mesmo a tributária, se não aprovar este ano fica para quem assumir em 2023”, disse Bolsonaro. Originalmente apresentada pelo governo Bolsonaro para endurecer as regras do funcionalismo, a reforma administrativa foi aprovada por uma comissão especial da Câmara no final de setembro. No momento, o texto aguarda deliberação no Plenário. A proposta em discussão acabou por manter previsão de estabilidade a todos os servidores, ainda que com possibilidade de demissão por desempenho insuficiente, e com dispositivo que estipula corte de salário em até 25% em caso de crise fiscal. A reforma do Imposto de Renda, por sua vez, enfrenta oposição de diversos setores da economia e passa por resistências no Senado.