Bancos veem capital e crédito mais caros após reforma

A proposta de reforma do imposto de renda apresentada pelo governo caiu mal entre os bancos, que veem aumento do custo de capital e de crédito com as mudanças. As instituições financeiras serão diretamente afetadas pela tributação dos dividendos e o fim dos juros sobre o capital próprio (JCP), mas a insatisfação vai além disso. Executivos ouvidos pelo Valor sob a condição de anonimato afirmam que, do jeito que está, o texto vai afastar investimento produtivo e causar grandes danos à economia no longo prazo. Os bancos, assim como grande parte das associações empresariais, vinham defendendo uma reforma sem grandes invenções, que simplificasse a estrutura tributária do país. No entanto, veem no texto apresentado pelo governo o oposto. Sinal disso é que algumas das principais instituições financeiras do país criaram comitês internos para entender as implicações da proposta. Em pauta, estão não só os impactos sobre os resultados, mas também sobre os clientes com investimentos ou beneficiados pelas faixas de isenção. Embora a questão ainda esteja em estudo, a sensação é de que a reforma “passa do ponto”, segundo um alto executivo de um grande banco. Para ele, a proposta tem “apelo populista” e foi desenhada para combater o que chama de “efeito Lula” – uma eleição mais difícil e polarizada entre Jair Bolsonaro e o ex-presidente petista. Isso porque amplia a faixa de isenção de pessoas físicas. Uma proposta ruim já era previsível, mas o texto levado ao Congresso é muito pior, diz outro graduado executivo de um dos maiores bancos do país. E é no Legislativo que o setor espera virar o jogo. A expectativa é que o projeto de lei seja modificado e é para isso que os bancos já vêm se movimentando. “O Congresso entende a realidade e o Planalto vive num mundo à parte”, diz a fonte. Não por acaso, os bancos já vinham em trajetória de aproximação com os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG). Em eventos com ambos promovidos pela Febraban alguns meses atrás, os banqueiros ouviram dos parlamentares que se empenhariam para o andamento das reformas. A proposta afeta o setor de duas maneiras principais. Uma delas é na veia, com a tributação dos dividendos e o fim da dedutibilidade do JCP. As instituições financeiras são grandes pagadoras de dividendos, e usam em abundância os juros sobre o capital próprio, o que ajuda a melhorar seus resultados. Um estudo do Bradesco BBI concluiu que, potencialmente, a dedutibilidade do JCP seria responsável por 13% do lucro líquido recorrente em 12 meses dos bancos brasileiros. “(…) De acordo com nossos cálculos, os potenciais benefícios fiscais do Banrisul e do ABC Brasil representariam 19% de seus lucros líquidos recorrentes nos próximos 12 meses, seguidos pelo Banco do Brasil (14%), Santander Brasil (13%) e Itaú (11%)”, dizem os analistas da casa no levantamento. A outra forma pela qual os bancos temem ser afetados é indireta, por meio de uma piora no ambiente de negócios. A reforma, observa um interlocutor, alivia a tributação dos chamados “rentistas” (investidores da renda fixa) e penaliza o investidor de empresas. Mas esse é apenas um dos efeitos negativos. Para essa fonte, “vai destruir o mercado imobiliário” e afugentar empresas estrangeiras. “As multinacionais vão embora e as que estavam pensando em vir vão engavetar os planos”, afirma. Para outro alto executivo de um dos maiores bancos do país, com o fim da dedutibilidade do JCP “passa ser mais barato do ponto de vista tributário usar dívida do que capital, ou seja, incentiva descapitalização”. O executivo usa o exemplo de uma siderúrgica, atividade intensiva em capital. “Se fosse montar uma empresa do gênero, o grosso do financiamento é com capital próprio. Esses investimentos têm prazo longo e incerto e são investimentos tipicamente de capital e, ao desincentivar isso, desincentiva a figura do patrimônio, do capital próprio uma questão importante para que ocorra esse investimento de longo prazo.” Para essa fonte, a medida terá consequências nocivas para os setores de https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpg e indústria. “Nos tornamos uma economia só de commodities, de curto prazo, da mão para a boca.” Os bancos não estão sozinhos nessa leitura. A Associação Brasileira das Companhias Abertas (Abrasca) fez alerta semelhante em comunicado após a divulgação da proposta, no fim de junho. “As empresas tenderão a buscar dinheiro em outras fontes que não o mercado de capitais, gerando maior busca por recursos que vão aumentar os juros. A proposta aumenta o custo Brasil, com reflexos inflacionários diretamente no bolso do brasileiro”, afirmou. O executivo da instituição alerta que haverá um efeito nocivo sobre o “spread” bancário. “Dentro do spread tem uma composição relevante de custos e os impostos fazem parte dos custos, que representam mais de 80% da carga. Isso gera um efeito maléfico à economia”, diz. Na prática, pode aumentar as taxas de juros do crédito. Um aumento da carga tributária já havia sido apontado pelo setor no ano passado, quando foi apresentada a primeira fase da reforma, unificando PIS e Cofins. Sozinha, essa mudança “traz um acréscimo te R$ 6 bilhões de arrecadação anual sobre o setor financeiro”, afirma uma das fontes. No fim de junho, a Câmara também aprovou a medida provisória que elevou de 20% para 25% a CSLL incidente sobre bancos. A alíquota volta para 20% no ano que vem. A taxação de dividendos é um ponto particularmente sensível para os bancos, embora nem todos os executivos sejam contrários à ideia. O governo propôs uma alíquota de 20% sobre os dividendos e a redução do imposto de renda sobre pessoa jurídica de 25% para 20%, escalonada em dois anos. O ministro da Economia, Paulo Guedes, já disse que “o mundo” tributa a distribuição de lucros e negou que haverá aumento da carga sobre as empresas. “A gente se surpreende com a inocência de certos argumentos, de que não tem nada de novo na tributação de dividendos”, diz um executivo de banco. Segundo esse interlocutor, a tributação vai recair não só sobre pessoas físicas, mas também nos dividendos intragrupo.

Projeto para barrar supersalários trará economia de até R$ 3 bi para União

O projeto de lei que regulamenta os supersalários no poder público pode gerar uma economia nas contas públicas de até R$ 3 bilhões por ano. É o que apontam as projeções usadas pela equipe do relator do texto, o deputado Rubens Bueno (Cidadania-PR). O deputado está revisando o relatório e vai propor estabelecer uma trava para penduricalhos, como o auxílio alimentação, vinculada ao salário do servidor. Além disso, ele deve incluir um dispositivo para tornar crime ordenar, receber e omitir o pagamento de extras que extrapolem o teto definido pela Constituição, hoje no valor de R$ 39.293, equivalente ao salário de um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). O GLOBO

Relator diz que vai manter taxação de dividendos, mas apoia ‘enxugar’ medidas de controle da Receita

O relator da reforma do Imposto de Renda, Celso Sabino (PSDB-PA), disse que vai manter no parecer a taxação de lucros e dividendos, mas deve retirar medidas incluídas pela Receita Federal para o combate à elisão fiscal, termo técnico para designar o planejamento tributário com o intuito de reduzir o peso da carga de impostos no orçamento. “A parte principal da proposta é a redistribuição fiscal. Cobrar um pouco de quem pode pagar mais e fazer quem recebe menos pagar menos”, disse ao Estadão/Broadcast. Abaixo, trechos da entrevista: Os setores produtivo e financeiro ficaram muito revoltados com o projeto. O sr. pretende ampliar o debate para preparar o relatório?Vamos esgotar o debate. Estamos conversando com vários atores do segmento econômico e também com as pessoas que estão na outra ponta, que estão recebendo o benefício da atualização da tabela do Imposto de Renda com a redução da alíquota da pessoa física. Essa ponta não tem nenhuma crítica ao projeto. Agora, quem está na outra ponta com a tributação dos lucros e dividendos tem várias ponderações. Estamos buscando realmente construir um consenso. Isso demanda um esforço muito grande de ouvir, dialogar, buscar convergências. Eu acabei de chegar aqui da nossa 22ª reunião com representantes de fundos de investimentos imobiliários, do banco Itaú, do BTG, do Credit Suisse. Estou coletando todas as críticas, todas as sugestões e também ouvindo diariamente a equipe econômica, fazendo cálculos. Quais os ajustes que serão feitos?A proposta que chegou necessariamente passará por um aperfeiçoamento. Estamos tentando deixá-la mais benéfica para aquelas pessoas que já estão sendo beneficiadas e menos impactante para aquelas pessoas que estão sofrendo algum impacto. O presidente da Câmara, Arthur Lira, disse que quer votar os dois projetos de reforma até o dia 15 de julho. Já o sr. falou em tempo de maturação. Tem um desencontro?Eu e o presidente Arthur [Lira] dialogamos diariamente. Não há qualquer desafinamento no nosso pensamento. Nós temos vários temas importantes tramitando na Câmara, além da reforma tributária. Ele elegeu esses temas como prioridade e a sociedade brasileira aguarda há muitos anos reformas tributária, administrativa e eleitoral e tende pautar suas matérias na primeira hora possível. E essa primeira hora possível será quando essas matérias estiverem efetivamente maduras. Será antes do recesso?Vai ter recesso? O presidente tuitou que não vai ter recesso enquanto não votar a LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias). Que ajuste pode ser feito na taxação do lucro e dividendos?A quase totalidade dos países no mundo tributa a distribuição de lucros e dividendos. São raríssimos os países que não fazem essa modalidade de tributação. A alíquota média é de 20% a 40% A proposta do governo já prevê uma alíquota de 20%, pegando pelo patamar mais baixo da média global. Eu acredito que dificilmente vamos nesse momento escapar de tributar os lucros e dividendos. Porém, toda a arrecadação prevista com a tributação futura dos lucros e dividendos servirá igualmente para compensar o benefício que está sendo dado com a redução da alíquota de Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas de forma linear de 25% para 20% e compensar a atualização da tabela do Imposto de Renda da Pessoa Física. Os empresários alegam que haverá aumento da carga tributária com a tributação de lucros e dividendos?Não há ânimo algum na Câmara para aumento de arrecadação e nós já conseguimos o primeiro consenso. Tanto o presidente Arthur Lira como o ministro Paulo Guedes têm esse entendimento de produzir zero de aumento de carga tributária. Na verdade, o que está se falando é uma redistribuição da tributação para tornar mais justa essa lei. Três mil pessoas no Brasil receberam R$150 bilhões na sua declaração sem serem tributados. Já há consenso para a queda da alíquota?Nós estamos trabalhando para ampliar a redução da alíquota do IRPJ. A proposta prevê 5 pontos porcentuais. Nós estamos fazendo os cálculos aqui para que esse número seja maior. Para 10 pontos?Há essa possibilidade. Estamos fazendo o cálculo. A cada dois e meio pontos de redução de alíquota, o impacto é de aproximadamente R$ 19 bilhões. A faixa de isenção de R$ 20 mil por mês para a tributação sobre dividendos pagos por pequenos negócios empresas pode subir?Essa previsão de faixa sem isenção é apenas para o universo de micro e pequenas empresas. É um universo bem reduzido. Qualquer alteração aqui para mais ou para menos, não impacta tanto no orçamento. Mas, por outro lado, pode gerar um movimento ali mais favorável à privatização. É um universo pequeno numericamente comparado com os demais. O movimento agora é de fazer contas. Eu não finalizei. Há contas que estou tendo a necessidade de refazê-las. A Receita faz às vezes uma conta muito conservadora e a gente vai para a prática e o cálculo não bate. Estou tendo a necessidade de conferir e reconferir o cálculo. O sr. não vai desistir da taxação de dividendo?Se a gente tirar, como será a tributação de todos os outros países do mundo tributam, não temos como dar o benefício para pessoa jurídica e as pessoas físicas. O sr. vai mudar a restrição do uso da declaração simplificada para quem ganha até R$ 40 mil por ano?Estamos analisando. O sr. pode tirar do projeto o fim da dedutibilidade de Juros sobre Capital Próprio?Nós estamos estudando cada item da proposta. O fim da dedução do JCP, que foi instituído em 1995, na prática, perde a sua essência teleológica. Ele surgiu para atualizar o capital que estava ser investido e para fomentar o investimento em capitais, em produção. Como a inflação hoje está estável, ele perde a sua função de atualização de seu capital e também há muitos anos ele já tinha deixado de servir para fomentar investimentos. Nós estamos debruçados sobre os números para promover segurança jurídica, simplificar o procedimento tributário, da obrigação principal, mas especialmente as obrigações acessórias. O que o sr. poderá mudar ainda?O projeto que foi encaminhado tem os aspectos principais que envolvem questões orçamentárias e financeiras para mais e para menos. E há alguns aspectos que são mais de

IR: Guedes quer cortar até R$ 40 bi em subsídios a gigantes de bebidas e setor petroquímico

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A equipe econômica pretende abrir uma guerra política entre as milhares de empresas brasileiras e uma fração pequena de companhias gigantes de bebidas e setor petroquímico. O objetivo é conseguir atrelar uma redução maior do Imposto de Renda de Pessoas Jurídicas (IRPJ) para todas as firmas do País a um um corte expressivo de subsídios tributários (arrecadação que a União abre mão) que são usados apenas por alguns grandes conglomerados. Diante da gritaria do setor produtivo sobre a proposta do governo em taxar os dividendos pagos pelas empresas aos acionistas, o ministro da Economia, Paulo Guedes, determinou que sua equipe prepare uma lista de subsídios que serão atacados já na proposta de reforma do Imposto de Renda enviada ao Congresso há duas semanas. Pela proposta do governo, entregue ao Congresso no dia 25 de junho, a alíquota do IRPJ cairia 5 pontos porcentuais de 25% para 20% em dois anos, metade em 2022 e 2023. O ministro, porém, já admite em conversas com interlocutores que a Economia calibrou mal o corte. Segundo fontes, Guedes já daria como certa a redução de 5 pontos de uma vez só, já a partir de 2022. Agora, o ministro busca uma tesourada substancial de subsídios para compensar uma queda ainda maior da alíquota. Nos corredores do ministério, um corte de 7,5 pontos percentuais (a alíquota cairia para 17,5%) no IRPJ seria o mais factível, com retirada de R$ 20 bilhões em subsídios dados a poucas empresas dos setores de bebidas e petroquímicas. Mas Guedes tem deixado claro o desejo de cortar até R$ 40 bilhões em subsídios já neste ano, o que permitiria reduzir o IRPJ de todas as empresas em até 10 pontos de uma tacada só – ou eja, a alíquota seria reduzida para 15%. Por trás desse movimento, Guedes quer convencer o PIB nacional de que a taxação de 20% em dividendos que hoje são isentos não significa um aumento da carga tributária para as empresas. Para isso, o plano é acoplar o corte de subsídios ao texto da reforma que será relatada pelo deputado Celso Sabino (PSDB-PA), de preferência, antes do recesso parlamentar de julho. Na prática, o governo também aproveitaria para já cumprir a obrigação de cortar benefícios fiscais colocada pela PEC emergencial aprovada no começo do ano. Na mira está novamente o Regime Especial da Indústria Química (Reiq), que o governo tentou extinguir este ano, mas o Congresso renovou até 2025. Outros regimes especiais também serão atacados, mas o Sistema S não deve ser incomodado dessa vez, já que a Economia conta com essa parceria para o lançamento dos Bônus de Inclusão Produtiva e de Qualificação (BIP e BIQ). Sabendo da dificuldade histórica em se derrubar subsídios no Congresso – e o Reiq é o exemplo mais recente – a equipe econômica vai apostar na guerra de narrativa: com menos imposto para todos, de um lado, e benefícios enormes para poucas empresas, de outro. Guedes não abre mão da taxação de dividendos em 20% e nem do fim dos Juros sobre Capital Próprio (JCP), outra forma de as empresas remunerarem os acionistas com abatimento no imposto a pagar. Para ele, a taxação dos lucros e dividendos e o fim do JCP corrigem distorções históricas da tributação sobre a renda no País. Ao mesmo tempo, ele tem falado abertamente no ministério que prefere “abortar” a reforma do que elevar a carga tributária. Por isso todos os cálculos estão sendo refeitos em direção de uma reforma neutra. Um eventual excesso de arrecadação pode, por exemplo, ser usado para aumentar a quantidade de famílias aptas para usar o desconto simplificado do Imposto de Renda de Pessoa Física (IRPF). A proposta limita o instrumento à renda anual de R$ 40 mil, mas esse teto poderia ficar maior. Setor privadoApós a divulgação da proposta de Guedes, o setor privado reagiu à ideia de acabar com regimes especiais de tributação. “Eu fiquei perplexo com o tema voltando à discussão agora. Imaginávamos que isso estava totalmente pacificado. Fizemos um trabalho com muito diálogo, e conversamos com todas as lideranças no Congresso, inclusive com os líderes do governo. Foi um trabalho de quase 90 dias muito bem costurados”, disse o presidente-executivo da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), Ciro Marin, sobre como conseguiu uma sobrevida ao programa que concede incentivos para o setor. A ideia do governo era usar o fim do Reiq como compensação para dar subsídio ao diesel e ao gás de cozinha, mas os parlamentares vetaram. A Abiquim já adianta que irá procurar o Ministério da Economia para tentar entender a proposta da equipe econômica. “Se for isso mesmo, derruba o discurso do governo de que a abertura da economia seria gradual. A indústria de ciclo longo precisa de uma estratégia de longo prazo e não pode ficar sujeita aos humores de governo de plantão”, disse. A Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes (Abir) foi procurada, mas não se manifestou. O que muda no Imposto de RendaPessoa físicaO governo deve aumentar a faixa de isenção de R$ 1,9 mil para cerca de R$ 2,5 mil. Todos os contribuintes, até quem ganha mais de R$ 2,5 mil, são beneficiados. As alíquotas não são cobradas integralmente sobre os rendimentos. Quem ganha R$ 4 mil por mês, por exemplo, não paga 22,5% sobre toda a parte tributável do salário. Hoje, os “primeiros” R$ 1.903,98 são isentos. É esse valor que deve subir para R$ 2,5 mil. EmpresasA alíquota do IRPJ vai cair de 25% para 20%. Haverá um escalonamento de dois anos: 2,5 pontos no primeiro e a outra metade no segundo ano. A alíquota da CSLL, que também incide sobre o lucro, de 9%, não será alterada. Lucros e dividendosA distribuição de lucros e dividendos, remuneração que os acionistas recebem pelo capital investido na empresa, não é tributada desde 1995. A proposta fixa uma alíquota de 20% e define uma faixa de isenção de R$ 20 mil por mês (ou seja, até esse valor, o investidor não pagará imposto). Hoje, as companhias de capital

Empresa de tecnologia abre 730 vagas com possibilidade de atuar em home office

Se houve uma mudança que entrou para valer na vida dos profissionais e das empresas, e deve sobreviver à pandemia, foi o home office. A modalidade abriu as fronteiras do mercado de trabalho e se tornou a preferida entre muitos brasileiros que sonham desenvolver carreira fora do Brasil ou atuar em companhias estrangeiras sem precisar viajar. Observando essa tendência, a Qintess, considerada uma das dez maiores empresas de https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpg do País, abriu 730 vagas de emprego com possibilidades de trabalho presencial e remoto. Desse total, 30 são para atuar junto a clientes norte-americanos e europeus e 700 para o mercado doméstico. Entre os clientes atendidos pela companhia estão: Banco BV, Goldman Sachs, Dell, Caterpillar e Natura. Com operações no Brasil, Chile, Colômbia, Estados Unidos e Europa, a organização, que presta serviços de transformação digital e consultoria, conta com mais de 3,2 mil colaboradores e já era adepta ao home office antes da crise sanitária. Mas, atualmente, a maioria dos funcionários está trabalhando de casa. Esse é o caso de Ed Sant’Anna, de 38 anos, morador de Warfield, na Inglaterra, que atua como diretor de Digital Experience da Qintess e atende clientes da Europa, Oriente Médio e África. Ele se mudou do Rio de Janeiro há 14 anos, por meio de trabalho em outra empresa. “Com as novas vagas da Qintess, as pessoas poderão ter a mesma oportunidade”, destaca o engenheiro de telecomunicações. Ed avalia como um bom começo para quem quer desenvolver carreira internacional. “Você pode trabalhar de qualquer lugar. Abrir a sua mente para novas culturas e perceber que o mundo é maior do que a gente imaginava. É comum estar em reunião com dez pessoas de nacionalidades diferentes. Você aprende muito mais”, garante o diretor carioca. As novas vagas acompanham o processo de crescimento da Qintess que recentemente anunciou a expansão de projetos na Europa e nos Estados Unidos. Para aqueles que têm interesse em atender clientes estrangeiros, as oportunidades são destinadas a desenvolvedores de softwares que residem ou não no Brasil. Os candidatos podem escolher trabalhar de home office ou presencialmente em qualquer escritório da companhia. Em alguns casos, o conhecimento em inglês é mandatório. “Sempre que me pedem dicas de como trabalhar fora, digo que a melhor coisa é saber falar inglês. Quando estava aprendendo, pratiquei bastante no dia a dia, com os colegas da empresa, vendo TV e buscando outras pessoas para conversar”, sugere Ed. Já as outras 700 vagas são para o atendimento de projetos em https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpg da informação e transformação digital em diferentes setores e regiões do Brasil. Os níveis de formação vão do ensino médio a profissionais especializados e envolvem serviços de atendimento, suporte, gerenciamento operacional, desenvolvimento de software, monitoramento e coordenação de processos para atuação remota em filiais ou alocados em clientes, a depender do projeto. Estagiária da Qintess, Camila Zandoná, 23 anos, moradora de Jardim Peri, zona norte de São Paulo, se comunica diariamente com clientes brasileiros e estrangeiros, na maior parte do tempo, em inglês, diretamente de sua casa. “Não imaginava que um dia iria trabalhar com estrangeiros”, lembra. “Antes só queria encontrar um emprego. Agora, penso em morar fora do País depois da faculdade”, complementa a jovem, que estuda Análise e Desenvolvimento de Sistemas, na FATECH – Faculdade de Teologia e Ciências Humanas. Iniciativa promove capacitação de talentosCamila foi contratada como estagiária de Business Development depois de se capacitar em programação pela Novos Mundos, plataforma de formação de talentos com viés de diversidade e inclusão da Qintess. “Estava me inscrevendo loucamente em vagas de emprego e estágio, foi aí que a Quintess me chamou. Me senti mais preparada para o mercado”, conta a jovem. A iniciativa foi lançada em 2020 com o objetivo de ajudar na inserção ao mercado de trabalho e a reduzir o déficit de profissionais em https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpg no Brasil. Três trilhas de aprendizagem norteiam o projeto: Academia Service Desk (suporte de TI); Academia de Talentos, em que o jovem recebe uma bolsa-auxílio para estudar programação (Java/.net/ Python); Academia QADS, formação em ciências da computação. Em parceria com a mesttra e a Vale do Dendê, a Novos Mundos já capacitou 120 pessoas e tem ainda duas turmas, com 90 inscritos, em andamento. A meta é formar 2.000 talentos em cinco anos. As inscrições para as próximas turmas da Academia estão previstas para o segundo semestre. No caso da Service Desk, os interessados podem preencher formulário neste link e aguardar a formação de novo grupo. Para conferir outros programas em aberto, basta acessar o portal Novos Mundos. Home office é uma das 24 mudanças que devem sobreviver a pandemiaImpulsionado pelo uso intensivo da https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpg e aceleração da transformação digital, o trabalho remoto, embora adotado em alguma medida antes da crise sanitária, é uma das 24 mudanças que devem sobreviver a pandemia, segundo especialistas ouvidos em reportagem do Estadão. Fato é que a ‘onda’ de devoluções de escritórios corporativos já é uma realidade e inclui grupos tradicionais. Para muitas empresas, o sistema permitiu uma redução considerável de custos com energia elétrica, comunicações, segurança, transporte e até aluguel. Já para os empregados, diminuição das horas perdidas no trânsito e gastos com transporte e alimentação, além de uma maior convivência com a família. Fora isso, abriu oportunidade para as pessoas mudarem de cidade e até de país, em alguns casos, sem necessariamente ter de trocar de emprego. Os nômades digitais – como são chamados os profissionais que, com um computador e uma boa conexão com a internet, viajam o mundo enquanto trabalham – não são novidade. Mas nos últimos meses alguns países, como a Estônia, criaram incentivos para atrair esse tipo de profissional, aproveitando o trabalho remoto compulsório. Empresas de várias partes do mundo também abriram oportunidades, nos últimos meses, de olho em talentos brasileiros para compor seus times. A demanda mais forte tem ocorrido nas vagas de https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpg, área em que há um déficit de 250 mil profissionais no País. Ao contrário do movimento percebido antes da pandemia, agora os chamados ‘expatriados virtuais’ não precisam nem de passaporte

Vendas no varejo sobem 1,4% em maio, ante abril

O volume de vendas no varejo restrito subiu 1,4% em maio, frente a abril, na série com ajuste sazonal, segundo a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira. É a segunda alta seguida do varejo. “É uma retomada depois da segunda onda. Desde janeiro, o comércio teve comportamentos diferentes no país. Janeiro teve fechamento no Amazonas, mas no resto do país mais em fevereiro e em março. Agora, temos alta em abril e maio, depois de uma trajetória mais claudicante nesses primeiros meses do ano”, diz o gerente da Pesquisa, Cristiano Santos. A redução das restrições para o funcionamento do comércio depois da segunda onda da pandemia tem ajudado, segundo Cristiano, no desempenho mais recente da atividade. No varejo restrito, o patamar de produção em maio de 2021 era 3,9% acima de fevereiro de 2020, início da crise da pandemia. É o segundo mês seguido que se mantém acima daquele momento. Já em agosto de 2020 o patamar já tinha ultrapassado o de fevereiro de 2020 (+2,8%). Desde então, no entanto, há oscilações ao longo dos meses. As vendas de tecidos, vestuário e calçados cresceram 16,8% e foram uma das principais influências para a alta no mês. Esse ramo, no entanto, ainda se mantém com nível de vendas 3,1% abaixo do observado em fevereiro de 2020, antes do início da pandemia. Frente a maio de 2020, a expansão do segmento foi de 165,2%, influenciada pela base depreciada de comparação. A atividade respondeu por mais de um terço do crescimento de 16% do varejo brasileiro como um todo em maio de 2021, frente a maio de 2020. Sua contribuição foi de 5,8 pontos percentuais da taxa de 16%. Os dados divulgados pelo IBGE também mostram uma forte revisão do desempenho de abril. A alta frente a março, que tinha sido de 1,8%, foi revisada para 4,9%, em função do ajuste sazonal. O gerente da pesquisa explicou que a pandemia mudou os padrões de sazonalidade da sondagem. Segundo ele, não houve mudança nos dados primários para o mês, mas a entrada das informações de maio acabou alterando a interpretação do desempenho pelo modelo estatístico. O mês de maio tem uma das principais datas do varejo — o Dia das Mães —, mas a sazonalidade pode ter sido alterada, afirma ele, como ocorreu no ano passado, com Black Friday e Natal. Em anos anteriores, aponta, a Black Friday vinha roubando o protagonismo do Natal, mas, na pandemia, esse padrão não se repetiu. Algumas compras já tinham sido realizadas antes da própria Black Friday, mudando o padrão de consumo. Ele esclareceu que o efeito é estatístico, já que a metodologia prevê determinados modelos de sazonalidade, e que isso precisa ser acompanhado e não pode ser alterado de uma hora para a outra. Na comparação com maio de 2020, o varejo restrito avançou 16%. O comércio restrito acumula alta de 5,4% no resultado em 12 meses. O resultado de maio ante abril veio menor que a mediana estimada pelo Valor Data, apurada junto a 30 consultorias e instituições financeiras, que era de aumento de 2,3%. O intervalo das projeções para o varejo restrito era de ganho entre 0,6% e 2,9%. A alta de 16% ante maio de 2020 foi um pouco menor que a esperada. A expectativa mediana era de variação de +17,9%, com influência da base de comparação depreciada de maio de 2020. As vendas avançaram em sete das oito atividades pesquisadas no varejo restrito. Na passagem entre abril e maio, os destaques foram tecidos, vestuário e calçados (16,8%) e também combustíveis e lubrificantes (6,9%). A única atividade com recuo frente a abril foi a de artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (-1,4%). Das 27 unidades da federação, 26 apresentaram alta no volume de vendas em maio, em relação a abril, com destaque Amapá (23,3%), Ceará (9,4%) e Minas Gerais (9,2%). O único Estado com resultado no campo negativo foi Goiás (-0,3%). Frente a maio de 2020, houve expansão no volume de vendas em 26 das 27 unidades da federação, com destaque para Amapá (92,0%), Piauí (44,6%) e Pará (43,4%). Tocantins (-2,7%) foi a única região com queda. A receita nominal do varejo restrito acumulou avanço de 2,4% em maio em relação a abril. Na comparação com maio de 2020, houve alta de 29,8%. Varejo ampliadoNo varejo ampliado, que inclui as vendas de veículos e motos, partes e peças, e material de construção, o volume de vendas subiu 3,8% na passagem entre abril e maio, já descontados os efeitos sazonais. Houve alta nos dois setores: veículos, motos, partes e peças (1,0%) e o de material de construção (5,0%). Os analistas de 25 bancos e consultorias esperavam crescimento de 4,7%. Na comparação com maio de 2020, o volume de vendas do varejo ampliado subiu 26,2%. A expectativa, pelo Valor Data, era de alta de 27,5%, também em função da base comparação fraca de maio de 2020. Já a receita nominal do varejo ampliado aumentou 4,7% em maio, frente a abril, na série com ajuste sazonal. Na comparação com maio de 2020, houve alta de 41,1%. Segundo o IBGE, o varejo ampliado voltou a ficar acima do patamar de vendas de antes da pandemia, em fevereiro de 2020. Dentro das atividades que compõem o varejo ampliado, o setor de construção se encontrava, em maio, 21,9% do patamar pré-pandemia, enquanto o setor de veículos e autopeças se mantém abaixo do nível de vendas de fevereiro de 2020 (-4,6%). Este último não conseguiu, em nenhum momento, recuperar este nível observado antes da pandemia. Das dez atividades que compõem o varejo ampliado, metade tinha, em maio de 2021, vendas acima do pré-pandemia: material de construção, outros artigos de uso pessoal e doméstico, artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria, hipermercados e supermercados e móveis e eletrodomésticos. As demais cinco se encontravam abaixo: tecidos, vestuário e calçados, combustíveis e lubrificantes, automóveis, motos, partes e peças, equipamentos e materiais para escritório e informática e livros, jornais, revistas e papelaria.

Vendas de veículos crescem 37,4% sobre junho de 2020, aponta Anfavea

O volume de licenciamentos de carros comerciais leves, caminhões e ônibus no Brasil apresentou crescimento de 37,4% em junho na comparação com o mesmo mês do ano passado. Ao todo, foram emplacados 182,5 mil veículos, de acordo com a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). Os resultados continuam positivos porque a base de comparação, no ano passado, sofreu o impacto inicial da pandemia. A média diária de licenciamentos, contudo, está baixa em comparação com os meses anteriores e, principalmente, com o período anterior à covid-19. Em junho, foram emplacados em média 8,6 mil veículos por dia. Nos dois últimos meses, a média diária estava em torno de 9 mil unidades e, antes da pandemia, em 11 mil. Além de a escassez de semicondutores prejudicar o mercado brasileiro, com filas de espera pela compra de alguns modelos, o presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes, aponta as altas da inflação e dos juros, que impactam diretamente o Crédito Direto ao Consumidor, principal canal de vendas de veículos no país. Apesar do crescimento, as vendas de junho ainda estão bem abaixo do registrado no mesmo período antes da pandemia. Em junho de 2019, foram vendidos 223,2 mil veículos. No mesmo mês de 2018, as vendas chegaram a 202 mil unidades. No acumulado do primeiro semestre, foram vendidos 1,07 milhão de veículos. Escassez de semicondutoresA falta de semicondutores continua a fazer com que as linhas de montagem funcionem em ritmo mais lento. Porém, na comparação com um ano atrás, quando a pandemia paralisou completamente as montadoras de veículos, os resultados são positivos. Em junho, foram produzidos 166,9 mil veículos no Brasil, o que representou um crescimento de 69,6% na comparação com o mesmo mês do ano passado. No acumulado do ano, o avanço também foi significativo, com aumento de 57,5% e um total de 1,14 milhão de unidades. Um estudo da BCG apresentado pela Anfavea nesta quarta-feira mostra que, no primeiro semestre, 162 mil veículos deixaram de ser produzidos na América do Sul em decorrência da escassez de semicondutores. A estimativa da consultoria indica uma perda de 5 milhões a 7 milhões de unidades em todo o mundo neste ano por conta desse problema. O presidente da Anfavea estima que o abastecimento desses componentes nas fábricas de veículos não será restabelecido antes do segundo semestre de 2022. ExportaçõesA recuperação da demanda de países vizinhos tem elevado as vendas externas da indústria automobilística. O volume embarcado no mês passado somou 33,5 mil veículos, uma elevação de 72,6% em comparação com o mesmo mês do ano passado, de acordo com a Anfavea. Esse volume representou receita de US$ 594,9 milhões, uma alta de 50%. No semestre, a exportação de 119,5 mil veículos gerou receita de US$ 3,64 bilhões, uma alta de 70,7% em relação à primeira metade de 2020. Mercados como Colômbia e México têm aumentado as encomendas de veículos produzidos no Brasil, principalmente em função do lançamento de novos modelos de várias marcas. EmpregoO nível de emprego na indústria automobilística continua em queda e mostra uma tendência independentemente da pandemia. As montadoras terminaram junho com 2,78 mil postos de trabalho menos do que há um ano. O setor emprega hoje 102,7 mil funcionários, uma queda de 2,6% na comparação com o mesmo mês do ano passado. Há um ano, as montadoras empregavam 105,5 mil trabalhadores. Há dois, eram 109,5 mil e há três anos, 112,4 mil. A queda no número de postos de trabalho no setor só não é menor porque a indústria de caminhões segue um ritmo mais intenso do que a de veículos leves, como efeito, principalmente, da demanda do agronegócio. O quadro efetivo nessa indústria diminuiu também em decorrência do fechamento das fábricas da Ford no Brasil.Novas projeções A Anfavea também anunciou novas projeções para 2021. A estimativa de produção caiu de 2,52 milhões para 2,45 milhões de unidades, ou seja, uma queda na expectativa de crescimento de 25% para 22%. No caso das vendas internas, a nova projeção indica um mercado de 2,32 milhões de veículos, aumento de 13% em relação a 2020. O cálculo anterior, divulgado em janeiro, indicava 2,36 milhões de unidades, o que representaria expansão de 15%. A escassez de semicondutores foi o principal motivo apresentado pela direção da entidade. As montadoras têm paralisado as linhas com frequência por falta dos componentes, que são produzidos majoritariamente na Ásia. Mas Luiz Carlos Moraes também demonstrou preocupação com a escalada dos juros, que afeta diretamente os financiamentos de veículos, além da pressão inflacionária. Ele disse ainda, que espera que a atividade econômica melhore a partir do avanço da vacinação contra a covid-19 no país. A queda nas projeções se concentra no segmento dos automóveis, mais afetados, tanto pela falta de componentes como por eventuais impactos de índices macroeconômicos no consumo. A Anfavea reduziu a estimativa de vendas de carros de passeio de 2,25 milhões para 2,18 milhões, o que representa uma alta de 12% em comparação com 2020. A projeção anterior indicava crescimento de 15%. Por outro lado, os cálculos de crescimento de vendas de comerciais leves e de caminhões aumentaram, o que reflete a ampliação do volume de encomendas, sobretudo do agronegócio. O crescimento estimado para comerciais leves passou de 18% para 33% (450 mil) e de caminhões, de 13% para 33% (122 mil). A Anfavea também elevou a expectativa das exportações, de 9% para 20% (389 mil). VALOR ECONÔMICO

Quem pode comprar os Correios? Empresas de logística e varejistas são as principais candidatas

A decisão do governo de fazer uma privatização total do capital dos Correios, sem divisões por região, gera uma dúvida no mercado: quem vai ficar com a estatal? Especialistas consultados pelo Estadão/Broadcast divergem, mas as bolsas de apostas envolvem empresas de varejo – setor em que a logística de entrega se tornou tão importante quanto a variedade de produtos ou o número de lojas – e empresas de logística pura, que prestam serviços para as varejistas ou para outros setores. Segundo o secretário especial de Desestatização, Desinvestimento e Mercados do Ministério da Economia, Diogo Mac Cord, o governo decidiu privatizar 100% do capital dos Correios. A informação foi revelada pelo jornal O Globo e confirmada pelo Estadão/Broadcast. Tanto o segmento de entrega de encomendas quanto o serviço postal, hoje um monopólio público, serão vendidos. A União não ficará com nenhuma ação da empresa. O modelo, porém, ainda precisa passar pelo Congresso. Em 2010, a maior fonte de receita dos Correios era o envio de correspondências por empresas. Hoje, companhias e pessoas físicas enviam e recebem menos cartas, e compram muito mais pela internet. Os Correios já entregam boa parte dessas compras – empresas como o Mercado Livre têm parcerias com a estatal. Essa proximidade coloca as varejistas entre as potenciais compradoras da empresa. “O potencial interesse seria de um e-commerce como a Amazon, uma empresa que faça essa logística de ponta a ponta, mas não como negócio principal”, diz José Alves Neto, gestor da TRX Investimentos, que investe em galpões logísticos. “A capilaridade é fundamental, a proximidade das agências com o público. Talvez aí esteja o valor intrínseco (dos Correios).” DesafiosEntretanto, os Correios carregam desafios tão grandes quanto sua presença geográfica, como o contingente de funcionários – até o ano passado eram cerca de 100 mil pessoas – e os prejuízos acumulados, que estavam em R$ 859 milhões no final de 2020. As dificuldades para “digerir” uma empresa com números tão expressivos podem afastar parte dos potenciais interessados. Eduardo Terra, presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC), acredita que, entre as varejistas, as mais interessadas nos Correios poderiam ser companhias que já atingiram o patamar de ecossistemas de varejo consolidados, como a Amazon e a chinesa Alibaba. Ele avalia que varejistas como Magazine Luiza e Mercado Livre, nome importante no mercado brasileiro, ainda não estão nesse estágio.”Seria uma operação maior do que a maturidade dessas empresas. Para qualquer uma delas, hoje, seria um salto”, avalia. Segundo ele, haveria mais sentido numa compra por Mercado Livre e Amazon, que não têm o apoio das lojas físicas para chegar mais perto dos clientes. “Ainda assim, o ‘match’ (combinação) não é total”, diz Terra. Werner Roger, CIO e gestor da Trígono Capital, acredita que um cenário provável seria o da associação entre um nome de e-commerce e um de logística para comprar os Correios. “Um grupo que vejo como candidato é o Simpar. Seria interessante uma associação entre uma empresa com e-commerce e outra que faz o serviço de logística”, diz ele. A Trígono detém investimentos na Simpar e na Movida, subsidiária do grupo. Em nota, o Mercado Livre afirmou não ter interesse nos Correios, e que segue ampliando sua rede logística. “Entretanto, a empresa acompanha as discussões sobre a privatização da estatal e está aberta a contribuir com os agentes públicos para que o processo de privatização seja eficiente para o Brasil e para os nossos usuários”, acrescenta em seu posicionamento. A Amazon, que já havia negado a existência de conversas sobre uma possível compra dos Correios em setembro, disse em nota que “não comenta rumores e especulações”. Procurado, o Magazine Luiza também preferiu não comentar. A Simpar, que sinalizou publicamente interesse nos Correios no ano passado, não respondeu até a publicação desta nota. A DHL, por sua vez, disse que não comenta sobre especulações de mercado sobre potenciais fusões e aquisições. “No momento, não temos planos para atingir o crescimento de nosso negócio postal por meio da participação no processo de privatização de outros serviços postais no exterior”, complementou. Já a FedEx escreveu em nota que monitora continuamente o mercado por oportunidades para expandir os negócios no Brasil e em outras regiões, mas, por política da empresa, não comenta especulações referentes à estratégia de negócio. Em setembro do ano passado, o ministro das comunicações Fabio Faria havia dito que a varejista Magazine Luiza, a gigante do e-commerce Amazon, e as empresas de logística FedEx e DHL estariam interessadas FaturamentoNo ano passado, os Correios faturaram R$ 17,2 bilhões, com lucro de R$ 1,5 bilhão. Ao longo da última década, a estatal viveu altos e baixos em termos operacionais. Entre 2010 e 2020, as receitas cresceram um dígito todos os anos – exceto em 2017 e 2020, quando recuaram. Especialistas afirmam que, com a atual estrutura de capital, a empresa não tem como investir, e seria estrangulada pela concorrência com empresas privadas. O impacto da pandemia se fez sentir no faturamento da estatal no ano passado, mas ajudou a consolidar a tendência que aponta seu possível futuro: a receita com correspondências caiu, e a de encomendas foi uma das poucas que subiram. A entrega dos pacotes, impulsionada pelo varejo online, já responde por mais da metade do faturamento dos Correios. O ESTADO DE S. PAULO

Movimento pela equidade racial nas empresas ganha novas adesões

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A 3M, empresa de produtos para a saúde, e a rede de farmácias Raia Drogasil aderiram ao Mover (Movimento pela Equidade Racial), uma ação conjunta de mais de 40 companhias brasileiras e multinacionais com o objetivo de alcançar 10 mil posições de liderança ocupadas por pessoas negras nos próximos anos.​ A ação soma investimentos em torno de R$ 15 milhões por ano, nos próximos três anos. Lançado em junho, o Mover é formado por nomes como Ambev, Americanas, Coca-Cola Brasil, Grupo Carrefour, JBS e Magalu. FOLHA DE S. PAULO

GM propõe suspensão de contratos de 250 metalúrgicos no interior de SP, diz sindicato

A General Motors propôs a suspensão de contratos de trabalho de 250 trabalhadores de sua fábrica em São José dos Campos (SP), citando falta de peças que atinge o setor automotivo, informou o sindicato de metalúrgicos da região, nesta terça-feira (6). “Em assembleia realizada nesta terça-feira, os trabalhadores decidiram que só aceitarão a suspensão de contratos se a medida vier, obrigatoriamente, acompanhada de estabilidade no emprego para todos, enquanto vigorar o acordo”, afirmou o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos em comunicado à imprensa. A proposta prevê que os contratos ficariam suspensos entre 12 de julho e 25 de agosto. A suspensão dos contratos se daria com base Medida Provisória 1.045, que criou o Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda, afirmou o sindicato. A interrupção por este mecanismo é permitida por até 120 dias. A proposta final será votada pelos metalúrgicos, em assembleia, na quinta-feira (8), informou a entidade, acrescentando que uma nova reunião entre GM e sindicato está marcada para a quarta-feira (7). Procurada pela Folha, a GM disse que não iria comentar o assunto. FOLHA DE S. PAULO