Vendas no varejo sobem 1,4% em maio, ante abril

O volume de vendas no varejo restrito subiu 1,4% em maio, frente a abril, na série com ajuste sazonal, segundo a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira. É a segunda alta seguida do varejo. “É uma retomada depois da segunda onda. Desde janeiro, o comércio teve comportamentos diferentes no país. Janeiro teve fechamento no Amazonas, mas no resto do país mais em fevereiro e em março. Agora, temos alta em abril e maio, depois de uma trajetória mais claudicante nesses primeiros meses do ano”, diz o gerente da Pesquisa, Cristiano Santos. A redução das restrições para o funcionamento do comércio depois da segunda onda da pandemia tem ajudado, segundo Cristiano, no desempenho mais recente da atividade.

No varejo restrito, o patamar de produção em maio de 2021 era 3,9% acima de fevereiro de 2020, início da crise da pandemia. É o segundo mês seguido que se mantém acima daquele momento. Já em agosto de 2020 o patamar já tinha ultrapassado o de fevereiro de 2020 (+2,8%). Desde então, no entanto, há oscilações ao longo dos meses. As vendas de tecidos, vestuário e calçados cresceram 16,8% e foram uma das principais influências para a alta no mês. Esse ramo, no entanto, ainda se mantém com nível de vendas 3,1% abaixo do observado em fevereiro de 2020, antes do início da pandemia.

Frente a maio de 2020, a expansão do segmento foi de 165,2%, influenciada pela base depreciada de comparação. A atividade respondeu por mais de um terço do crescimento de 16% do varejo brasileiro como um todo em maio de 2021, frente a maio de 2020. Sua contribuição foi de 5,8 pontos percentuais da taxa de 16%.

Os dados divulgados pelo IBGE também mostram uma forte revisão do desempenho de abril. A alta frente a março, que tinha sido de 1,8%, foi revisada para 4,9%, em função do ajuste sazonal. O gerente da pesquisa explicou que a pandemia mudou os padrões de sazonalidade da sondagem. Segundo ele, não houve mudança nos dados primários para o mês, mas a entrada das informações de maio acabou alterando a interpretação do desempenho pelo modelo estatístico. O mês de maio tem uma das principais datas do varejo — o Dia das Mães —, mas a sazonalidade pode ter sido alterada, afirma ele, como ocorreu no ano passado, com Black Friday e Natal. Em anos anteriores, aponta, a Black Friday vinha roubando o protagonismo do Natal, mas, na pandemia, esse padrão não se repetiu. Algumas compras já tinham sido realizadas antes da própria Black Friday, mudando o padrão de consumo. Ele esclareceu que o efeito é estatístico, já que a metodologia prevê determinados modelos de sazonalidade, e que isso precisa ser acompanhado e não pode ser alterado de uma hora para a outra.

Na comparação com maio de 2020, o varejo restrito avançou 16%. O comércio restrito acumula alta de 5,4% no resultado em 12 meses. O resultado de maio ante abril veio menor que a mediana estimada pelo Valor Data, apurada junto a 30 consultorias e instituições financeiras, que era de aumento de 2,3%. O intervalo das projeções para o varejo restrito era de ganho entre 0,6% e 2,9%. A alta de 16% ante maio de 2020 foi um pouco menor que a esperada. A expectativa mediana era de variação de +17,9%, com influência da base de comparação depreciada de maio de 2020.

As vendas avançaram em sete das oito atividades pesquisadas no varejo restrito. Na passagem entre abril e maio, os destaques foram tecidos, vestuário e calçados (16,8%) e também combustíveis e lubrificantes (6,9%). A única atividade com recuo frente a abril foi a de artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (-1,4%). Das 27 unidades da federação, 26 apresentaram alta no volume de vendas em maio, em relação a abril, com destaque Amapá (23,3%), Ceará (9,4%) e Minas Gerais (9,2%). O único Estado com resultado no campo negativo foi Goiás (-0,3%). Frente a maio de 2020, houve expansão no volume de vendas em 26 das 27 unidades da federação, com destaque para Amapá (92,0%), Piauí (44,6%) e Pará (43,4%). Tocantins (-2,7%) foi a única região com queda. A receita nominal do varejo restrito acumulou avanço de 2,4% em maio em relação a abril. Na comparação com maio de 2020, houve alta de 29,8%.

Varejo ampliado
No varejo ampliado, que inclui as vendas de veículos e motos, partes e peças, e material de construção, o volume de vendas subiu 3,8% na passagem entre abril e maio, já descontados os efeitos sazonais. Houve alta nos dois setores: veículos, motos, partes e peças (1,0%) e o de material de construção (5,0%). Os analistas de 25 bancos e consultorias esperavam crescimento de 4,7%. Na comparação com maio de 2020, o volume de vendas do varejo ampliado subiu 26,2%. A expectativa, pelo Valor Data, era de alta de 27,5%, também em função da base comparação fraca de maio de 2020. Já a receita nominal do varejo ampliado aumentou 4,7% em maio, frente a abril, na série com ajuste sazonal. Na comparação com maio de 2020, houve alta de 41,1%.

Segundo o IBGE, o varejo ampliado voltou a ficar acima do patamar de vendas de antes da pandemia, em fevereiro de 2020. Dentro das atividades que compõem o varejo ampliado, o setor de construção se encontrava, em maio, 21,9% do patamar pré-pandemia, enquanto o setor de veículos e autopeças se mantém abaixo do nível de vendas de fevereiro de 2020 (-4,6%). Este último não conseguiu, em nenhum momento, recuperar este nível observado antes da pandemia. Das dez atividades que compõem o varejo ampliado, metade tinha, em maio de 2021, vendas acima do pré-pandemia: material de construção, outros artigos de uso pessoal e doméstico, artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria, hipermercados e supermercados e móveis e eletrodomésticos. As demais cinco se encontravam abaixo: tecidos, vestuário e calçados, combustíveis e lubrificantes, automóveis, motos, partes e peças, equipamentos e materiais para escritório e informática e livros, jornais, revistas e papelaria.

VALOR ECONÔMICO

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