Expediente SINDEPRESTEM
Informamos que devido ao Decreto 60.131/2021, que antecipa feriados municipais da cidade de São Paulo, o SINDEPRESTEM estará, nos dias 26, 29, 30 e 31/03 e 1 de abril, mantendo o atendimento em regime de plantão, através do Departamento Jurídico, exclusivamente pelo e-mail: juridico@sindeprestem.com.br. Retornaremos nossas atividades normalmente a partir do dia 05/04/2021. Estamos à disposição para lhe atender! A DIRETORIA
Não somos vanguarda, vamos ficando na rabeira (Celso Ming)
E o país do futuro vai ficando para trás. Basta conferir o que mostram os indicadores. No seu pronunciamento pela TV na terça-feira, o presidente Jair Bolsonaro, repentinamente convertido para uma causa que combateu como antiguerrilheiro, destacou que o Brasil é um dos campeões em vacinação. Não é. Continua uma calamidade. Até agora, proporcionalmente à população, só aplicou 7,16 doses a cada 100 habitantes, segundo dados da plataforma “Our World in Data”, ligada à Universidade de Oxford. Enquanto isso, os Estados Unidos aplicaram 38,34 doses; Israel, 113,22; Chile, 46,92; Peru, 16,11. (Confira a tabela.) A disponibilidade de vacinas não é a que foi mencionada pelo presidente. Os mortos pela covid-19 passaram dos 300 mil e, conforme avisou a cardiologista que foi cogitada para ocupar o Ministério da Saúde Ludhmila Hajjar, esse número macabro tende a avançar para o meio milhão. Esse é o resultado da política desastrada no combate à pandemia. É uma situação que descamba para “vexame internacional”, para ficar com a expressão do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira. Por todo o País, a rede hospitalar está saturada, não há UTIs, os doentes amontoam-se nos corredores, faltam medicamentos e falta oxigênio. Governadores e prefeitos fazem o que podem, mas são hostilizados pelo presidente. Não há coordenação da política sanitária em âmbito nacional. Mas vamos para a economia. Há três semanas saiu o PIB do Brasil de 2020. Foi quando o B dos Brics, que já foi a sexta economia do mundo (em 2011) deixou de ser a oitava e agora é apenas a décima segunda. De acordo com as projeções da revista The Economist, Estados Unidos e a zona do euro crescerão neste ano em torno de 4,5%; a China, 8,5%; o Chile, 5,7%. O Brasil deverá ficar com 3,2%. Algumas estimativas o colocam no fim deste ano na décima quarta posição em tamanho do PIB. Em consequência do aumento das incertezas, entre as moedas de países emergentes, o real do Brasil foi a que mais se desvalorizou em 2020: 22,4%, segundo dados da agência de classificação de risco Austin Rating. A lira turca caiu 19,2%; o rand sul-africano, 4,1%; o peso mexicano, 5,1%; o rublo russo, 16,5%. Esse movimento de enfraquecimento do real continuou em 2021: queda de 7,6% até o fechamento do mercado desta quarta-feira. Nos países industrializados, a inflação anual é inferior a 2,0%. Na China, na Grã-Bretanha, na Suíça e na Itália, as projeções para a inflação deste ano são negativas. No Brasil, apontam agora para alguma coisa acima dos 4,71%. A meta deste ano é 3,75%. No mesmo dia que o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) avisou que antes de 2023, os juros básicos (Fed funds) não devem descolar de sua posição perto do zero, o Banco Central do Brasil anunciou aumento da Selic de 0,75 ponto porcentual, de 2,0% para 2,75% ao ano, e passou o recado de que a alta vai continuar. Juros crescentes aumentarão necessariamente o tamanho da dívida bruta do setor público. E há o desemprego que está em 13,9%, um número que já não reflete o real porque muita gente, desalentada, não procura mais emprego. Nos Estados Unidos, está em 6,2%; na China, 5,5%; na zona do euro, 8,1%; na Austrália, 5,8%; na Índia, 5,5%. Nas questões ambientais, o Brasil também perdeu credibilidade. O desmatamento continua, porque a política de proteção à Amazônia e aos ecossistemas brasileiros é outro vexame. Em maio de 2020, o atual ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, defendeu, em reunião do Ministério, que o governo aproveitasse a confusão criada com a pandemia de covid-19 para “ir passando a boiada”. O desmatamento descontrolado é uma das razões mais importantes pelas quais o acordo comercial Mercosul-União Europeia está emperrado. Impossível que a percepção de um Brasil que perde dinamismo e que vai ficando nas rabeiras deixe de contaminar corações e mentes, o que dificulta ainda mais uma possível recuperação. *CELSO MING É COMENTARISTA DE ECONOMIA O ESTADO DE S. PAULO
Sob críticas e pressão por mais recursos, Congresso vota Orçamento hoje
O líder da minoria no Senado, Jean Paul Prates (PT-RN), criticou o patamar de investimentos dos militares do Orçamento de 2021. O projeto deve ser votado nesta quinta-feira pelo Congresso Nacional e há pressão por mais recursos para obras e saúde, em meio à pandemia de covid-19. A peça orçamentária destina R$ 8,3 bilhões para investimentos do Ministério da Defesa, um quinto (22%) do total para todo o governo federal, conforme relatório do senador Márcio Bittar (MDB-AC) apresentado ontem. O líder da minoria comunicou que o PT tentará reverter o cenário, apesar de não haver esse movimento em grupos fora da oposição. Os militares também são a única categoria que deve ser contemplada este ano com reajuste, o que deve consumir outros R$ 7,1 bilhões dos cofres públicos, enquanto todo o restante do funcionalismo está com o salário congelado até dezembro. Como o aumento é autorizado por leis anteriores, com aval do próprio Congresso Nacional , o orçamento é obrigado a considerar essa projeção. “Os militares vão receber reajuste salarial e um quinto dos investimentos federais enquanto a saúde está em colapso. É assim que Bolsonaro demonstra sua preocupação com o Brasil e com os brasileiros?”, questionou Prates em declaração enviada à imprensa. “É um absurdo que, num momento como este, o governo trabalhe por aumentos salariais para as Forças Armadas e deixe de lado a pandemia”, afirma o parlamentar. “Não tem cabimento eleger os militares como privilegiados no meio de uma pandemia e no rastro de um governo incapaz de reduzir despesas públicas”, criticou o cientista político e fundador do Centro de Liderança Pública (CPL), Luiz Felipe D’Avila. O ESTADO DE S. PAULO
Como melhorar o auxílio emergencial para a nova fase da pandemia (José Pastore)
Mal saiu a Medida Provisória 1.039 para surgirem dezenas de críticas aos valores do novo auxílio emergencial (R$ 150,00, R$ 250,00 e R$ 375,00). Afinal, qual é o valor ideal para enfrentar a devastadora pandemia? De um lado, o auxílio tem de ficar dentro das possibilidades de gasto do governo que, no caso, foi fixado constitucionalmente em R$ 44 bilhões. De outro lado, tem de ser capaz de manter as pessoas vivas, em casa e longe do vírus. Acertar esse valor é um enorme desafio. Muitos dizem que, em 2020, houve exagero no valor que custou ao erário R$ 50 bilhões por mês. Mas, do ponto de vista sanitário, foi um grande acerto, pois conseguiu manter muita gente isolada por bons meses, reduzindo a chance de contágio e de morte. Hoje, com a variante P.1, estamos diante de uma ameaça mais perigosa e com um auxílio emergencial menor. O número dos que terão de sair de casa para buscar alguma renda deve aumentar, gerando, assim, mais doentes e mais mortos. Todavia, em lugar de especular, é melhor buscar soluções. Na onda viral de 2020, a sociedade brasileira foi muito solidária no atendimento aos desamparados. Eu mesmo testemunhei a doação de milhares de cestas básicas às famílias de uma favela a qual ajudo há mais de 20 anos. Tive momentos de grande alegria ao ver as empresas atenderem prontamente aos sentidos apelos. Fiquei tocado também com a generosidade dos beneficiários: uma senhora que estava na fila há mais de duas horas disse ao entregador de cestas básicas: “Dê a minha cesta a esta vizinha porque eu ainda tenho umas coisinhas lá em casa… vou me virando”. Lição de vida! Neste ano, a solidariedade continua, mas em outro ritmo. Reconheço que muitos empresários enfrentam graves problemas de caixa. Mas ainda há empresas e pessoas que mantêm o seu alto espírito humanitário. As redes sociais estão ativas nos pedidos. Noto também que várias emissoras de rádio e de TV se engajaram de corpo e alma no socorro às famílias desassistidas, fazendo isso de modo direto ou por meio de Organizações Não Governamentais (ONGs). As ONGs têm sido muito criticadas. Mas não podemos generalizar. Existem cerca de 300 mil organizações desse tipo no Brasil. Elas fazem o que o governo não pode fazer por terem velocidade de ação e capilaridade de penetração em ambientes difíceis. Os brasileiros têm sido solidários nas catástrofes climáticas, ambientais e sociais. Como pessoas físicas, eles doam cerca de R$ 14 bilhões por ano. E muito mais do que isso é aportado pelas empresas (Ver ONGs no Brasil: solidariedade em tempos de coronavírus, Estadão, 20/3/2020). No início da pandemia, já no dia 8 de abril de 2020, as doações para enfrentar o coronavírus ultrapassaram a marca histórica de R$ 1 bilhão, contabilizado pelo Monitor das Doações da Covid-19 da Associação Brasileira de Captadores de Recursos. Não podemos desprezar essa ajuda no momento em que o auxílio emergencial aprovado ficou aquém das necessidades dos pobres trabalhadores informais e suas famílias. Por isso, convido os leitores a doarem o mais rápido possível. A fome está vindo a galope. Tudo indica que teremos uma abundância de vacinas no segundo semestre e uma consequente retomada da economia, dos empregos e da renda. Mas, neste momento, a situação dos destituídos é desesperadora. O vírus está destruindo milhares de vidas e preparando um futuro difícil em que muitas pontes terão de ser reconstruídas nos campos da saúde e da educação, principalmente, para as crianças que conseguirão viver até lá. Ajudemos! *PROFESSOR DA FEA-USP E PRESIDENTE DO CONSELHO DE EMPREGO E RELAÇÕES DO TRABALHO DA FECOMERCIO-SP. É MEMBRO DA ACADEMIA PAULISTA DE LETRAS O ESTADO DE S. PAULO
Governadores de 16 Estados pedem ao Congresso auxílio de R$ 600 com mesmos critérios de 2020
Em carta aos presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), governadores de 16 Estados pedem que o Congresso disponibilize recursos necessários para que os valores da nova rodada do auxílio emergencial sejam superiores aos estabelecidos pelo governo federal em medida provisória, de R$ 175, R$ 250 e R$ 375. Eles defendem que a reedição do socorro a vulneráveis na pandemia repita a quantia mensal de R$ 600 e os critérios de acesso adotados nos oito desembolsos feitos em 2020. Os governadores que assinaram a carta reforçam a dramaticidade do cenário no País com novos recordes de mortes diárias pela covid-19, lotação de leitos hospitalares, ameaça de falta de medicamentos para intubações de pacientes graves e esgotamento dos profissionais da saúde. Lembram, também, que o calendário de vacinação e a obtenção de novas doses dos imunizantes contra o coronavírus estão mais lentos do que as respostas necessárias para reverter o quadro atual. “Agir contra esse cenário requer medidas sanitárias e garantia de uma renda emergencial. Somente com essas medidas seremos capazes de evitar o avanço da morte”, escrevem os governadores. “Por isso, entendemos que a redução dos valores do auxílio emergencial é inadequada para a eficácia da proteção da população. Enquanto a vacinação não acontecer em massa, precisamos garantir renda para a população mais vulnerável.” Os signatários apontam ainda que, não obstante sua reivindicação, entendem a importância de o País manter o compromisso com a responsabilidade fiscal para, “logo à frente”, voltar a uma trajetória de ajuste das contas públicas que compatibilize programas sociais com formas responsáveis de financiá-los. “É importante entender o esforço de mitigação da crise atual para os mais vulneráveis como extraordinário e temporário”, dizem. A carta é assinada por Renan Filho (MDB), de Alagoas; Waldez Góes (PDT), do Amapá; Rui Costa (PT), da Bahia; Camilo Santana (PT), do Ceará; Renato Casagrande (PSB), do Espírito Santo; Flávio Dino (PCdoB), do Maranhão; Reinaldo Azambuja (PSDB), de Mato Grosso do Sul; Helder Barbalho (MDB), do Pará; João Azevêdo (Cidadania), da Paraíba; Ratinho Júnior (PSD), do Paraná; Paulo Câmara (PSB), de Pernambuco; Wellington Dias (PT), do Piauí; Fátima Bezerra (PT), do Rio Grande do Norte; Eduardo Leite (PSDB), do Rio Grande do Sul; João Doria (PSDB), de São Paulo; e Belivaldo Chagas (PSD), de Sergipe. Ao menos por ora, ficaram de fora os governadores Gladson Cameli (PSDB), do Acre; Wilson Lima (PSC), do Amazonas; Ibaneis Rocha (MDB), do Distrito Federal; Ronaldo Caiado (DEM), de Goiás; Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais; Mauro Mendes (DEM), de Mato Grosso; Cláudio Castro (PSC), do Rio de Janeiro; Coronel Marcos Rocha (PSL), de Rondônia; Antonio Denarium (PSL), de Roraima; Carlos Moisés (PSL), de Santa Catarina; e Mauro Carlesse (DEM), de Tocantins. O ESTADO DE S. PAULO
Prévia da inflação chega a 0,93% em março, maior resultado para o mês em seis anos
O IPCA-15, considerado uma prévia da inflação oficial do país, acelerou e chegou a 0,93% em março, segundo dados divulgados pelo IBGE. Em fevereiro, o indicador registrou alta de 0,48%. Com o resultado apresentado nesta quinta-feira, o IPCA-15 tem o maior resultado para um mês de março desde 2015, quando o índice foi de 1,24%. No acumulado dos últimos 12 meses, o IPCA-15 aponta alta de 5,52%. O resultado ultrapassa o teto da meta estabelecida pelo Banco Central para 2021, que é de 5,25%. O resultado veio levemente abaixo do esperado pelo mercado. Segundo analistas ouvidos pela Reuters, era esperado uma alta de 0,96% em março. Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados pelo IBGE, oito tiveram alta em março. O grupo dos Transportes apresentou a maior taxa (3,79%), com aceleração em relação a fevereiro (1,11%). Alta da gasolina pressiona índiceDe acordo com o instituto, a gasolina ficou mais cara pelo nono mês seguido e registrou alta de 11,18% em março. A alta no produto é reflexo dos reajustes promovidos pela Petrobras. O item foi o que mais pressionou a prévia da inflação no mês, contribuindo com 0,56 ponto percentual do IPCA-15. Também houve avanço nos preços do etanol (16,38%), óleo diesel (10,66%), e do gás veicular (0,39%). A segunda maior pressão no resultado veio do grupo Habitação, com alta de 0,71%. Os destaques foram o gás de botijão, que aumentou 4,60% e registrou o décimo mês consecutivo de alta, e o gás encanado, que subiu 2,52%. Preço das carnes sobeO grupo alimentação e bebidas, que vinha pressionando a inflação no primeiro ano de pandemia, vem desacelerando. A alta em março foi de 0,12%, após aumento de 0,56% no mês anterior. Após sete meses seguidos de alta, os alimentos para consumo no domicílio caíram 0,03%. Queda nos preços do tomate (-17,50%), a batata-inglesa (-16,20%), o leite longa vida (-4,50%) e o arroz (-1,65) puxaram para baixo o indicador. O destaque de alta, porém, foram as carnes, que subiram 1,72% em março e ainda pressionam o bolso do consumidor. O GLOBO
Com avanço da pandemia, BC reduz projeção de crescimento do PIB deste ano para 3,6%
Em meio às incertezas sobre os impactos da segunda onda da pandemia de covid-19 sobre a economia brasileira, o Banco Central diminuiu sua projeção para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2021. A expectativa para a atividade econômica este ano passou de alta de 3,8% para avanço de 3,6%. A nova estimativa consta no Relatório Trimestral de Inflação (RTI), divulgado nesta quinta-feira, 25. Entre os componentes do PIB para 2021, o BC alterou de 2,1% para 2,0% a projeção para o crescimento da agropecuária. No caso da indústria, a estimativa de recuperação passou de 5,1% para 6,4% e, para o setor de serviços, de 3,8% para 2,8%. Do lado da demanda, o BC alterou a estimativa do consumo das famílias de alta de 3,2% para 3,5%. No caso do consumo do governo, o porcentual projetado foi de 3,1% para 1,2%. O documento indica ainda que a projeção de 2021 para a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) – indicador que mede o volume de investimento produtivo na economia – foi de 3,5% para 5,1%. Todas as estimativas anteriores constavam do RTI divulgado em dezembro do ano passado. Mesmo diante do recrudescimento da pandemia no Brasil, a Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Economia manteve na semana passada sua projeção para o crescimento da economia em 2021, com uma alta de 3,20%. Cenários alternativos para inflaçãoO Banco Central apresentou três cenários alternativos para a evolução da inflação em 2021 e em 2022, considerando uma eventual deterioração do risco fiscal e um possível agravamento da pandemia no Brasil. No cenário base da autoridade monetária, a projeção para o IPCA, a inflação oficial do País, está em 5,0% em 2021, enquanto a estimativa para 2022 está em 3,5%. Esses valores mudam significativamente nos cenários alternativos. Para o cenário de risco fiscal, o BC utilizou como referência a deterioração das contas públicas e a inflexão na trajetória da dívida na última crise, mais precisamente entre julho de 2014 e janeiro de 2016. Nesse caso, as projeções para a inflação são de 5,7% ao fim de 2021 e de 5,9% ao fim de 2022. O cenário alternativo de agravamento da pandemia de covid-19 considera uma retração maior do PIB no primeiro semestre deste ano, com recuperação no semestre seguinte. Nesse caso, o comportamento do IPCA é no sentido contrário, para uma inflação de 4,5% em 2021 e de 3,2% em 2022. A autoridade monetária construiu ainda um terceiro cenário alternativo, combinando os dois cenários anteriores, com o risco fiscal em intensidade de 15% e o de agravamento da pandemia com intensidade de 50%. “Cabe ressaltar que essa combinação foi efetuada com o propósito de exemplificar a possibilidade de combinar cenários e as intensidades escolhidas não refletem julgamento do Copom”, ressaltou o documento. No cenário alternativo que combina os riscos fiscal e de piora na pandemia, a projeção para o IPCA é de 4,9% para 2021 e de 3,7% para 2022. Para 2021, a meta de inflação perseguida pelo BC é de 3,75%, com margem de 1,5 ponto (taxa de 2,25% a 5,25%). Para 2022, a meta é de 3,50%, com margem de 1,5 (taxa de 2,00% a 5,00%) O ESTADO DE S. PAULO
Com Big, Carrefour descola de rivais
A surpreendente aquisição do Grupo Big pelo Carrefour por R$ 7,5 bilhões, anunciada ontem e acertada em poucos meses de negociação, é a maior transação já vista no varejo nacional, em valor. Com o Big, o Carrefour passa de R$ 74,9 bilhões em vendas brutas para R$ 100 bilhões, ao ano, com 876 lojas e 137 mil empregados. E descola dos concorrentes. O Carrefour passa a vender o dobro de Grupo Pão de Açúcar (GPA), que faturou R$ 55,6 bilhões em 2020 – GPA tem cerca de 1,5 mil, incluindo o braço da Colômbia. Carrefour também terá o dobro das vendas transacionadas na plataforma do Mercado Livre, a maior empresa on-line do Brasil. O negócio faz do grupo francês a segunda maior rede varejista da América Latina. O Walmex, operação do Walmart no México e em mais cinco países latinos, fatura US$ 33,5 bilhões. O Carrefour Brasil, com US$ 16 bilhões, pela primeira vez supera a chilena Falabella (US$ 13 bilhões), calculou o Valor. “Isso é um sinal de que é um bom momento para investir no Brasil, mesmo com todo esse cenário que o mundo atravessa”, disse o presidente do Carrefour Brasil, Noël Prioux. O Carrefour passa a ter cerca de 24% do varejo alimentar no país, segundo analistas (tinha 16% em 2019) e será mais forte nas regiões Nordeste e Sul, onde o grupo Big atua com as bandeiras Bompreço, BIG e Nacional. No Nordeste, a sua base de lojas aumenta quatro vezes e, no Sul, cinco vezes. Amplia poder de barganha pelo ganho de escala. E reforça a estrutura de logística (são mais 15 centros de distribuição), crucial no modelo digital que depende de entregas rápidas para ser competitivo. Pelos cálculos de consultores, a empresa pode ter antecipado em até dois anos o seu crescimento com a aquisição do Big. O Sam’s Club, marca do Walmart herdada pelo Big, é uma nova frente de atuação do Carrefour. O clube de compras tem 49 lojas e responde por 25% das vendas do grupo Big. O Carrefour vai transformar as lojas de atacado Maxxi, do Big, em unidades do Atacadão e parte das lojas BIG e BIG Bompreço para Atacadão ou Sam’s Club. As demais lojas serão convertidas para o hipermercado Carrefour. São 387 lojas do Grupo Big no país. O comando do Carrefour disse que o Atacadão é mais rentável que o Maxxi. E que o plano é trazer toda a operação do Big para o nível de rentabilidade do Carrefour. Sobre eventuais fechamentos de pontos de venda, o Carrefour afirmou que isso pode ocorrer em “algumas lojas”, caso o órgão antitruste (Cade) assim determine. Unindo a operação do grupo Big a seu negócio, a rede francesa estima que deverá ter ganhos e alcançar um ebitda (lucro antes de juros, depreciação e amortização) de R$ 1,7 bilhão, três anos após a conclusão do negócio. A estrutura da operação prevê que o Carrefour Brasil adquirirá ações ordinárias representativas de 70% do capital social do Big por R$ 5,25 bilhões, em dinheiro e, após aprovação de acionistas, haverá a incorporação das ONs restantes (30%). Cada ação ordinária do Big será substituída por ações do Carrefour Brasil, sendo emitido um total de 116,8 milhões de papéis, que não poderão ser transferidos pelos vendedores por até 6 meses. Assim que for concluída a operação, os acionistas serão diluídos: o Groupe Carrefour (controlador na França) terá 67,7% do Carrefour Brasil (hoje tem 71,6%) e a Península Participações, de Abilio Diniz, terá 7,2% (tem 7,7%). Advent e o Walmart, através de entidades afiliadas, terão juntos 5,6%. O Walmart passa a ter cerca de 1%. O Carrefour Brasil concordou em realizar um adiantamento de R$ 900 milhões, que será deduzido do montante total. Esses recursos sairão do seu caixa. Para o restante, a rede recorrerá ao caixa e a linhas no mercado local ou no exterior, a depender das condições ofertadas. O Carrefour tinha R$ 5,6 bilhões em caixa ao fim de 2020. O endividamento não deverá ter aumento importante, segundo analistas. VALOR ECONÔMICO
Com venda reduzida após recrudescimento da pandemia, varejo já adia pedidos
As medidas de lockdown decretadas nas principais cidades do País para conter o avanço da pandemia, com o fechamento de comércios não essenciais, já começa a ter impacto na indústria. Com as lojas físicas sem poder funcionar nos grandes mercados consumidores, os varejistas seguram novas encomendas e pedem para adiar as entregas e os pagamentos de pedidos já feitos. O temor do comércio é acumular estoques indesejados por falta de demanda. Diante dessa freada brusca no consumo que vinha se recuperando, indústrias correm o risco de reeditar o cenário que houve em abril do ano passado, quando a produção parou por causa da primeira onda de covid-19. “Desde a semana passada, o varejo já começou a segurar pedido para não acumular estoques”, afirma Marcelo Silva, presidente do Instituto para o Desenvolvimento do Varejo (IDV). A entidade reúne 73 varejistas, boa parte dos peso pesados do comércio. Juntas essas companhias faturam R$ 411 bilhões anualmente e têm cerca 34 mil lojas no País. Silva explica que as varejistas estão segurando os pedidos diante da falta de horizonte de quando a vacinação em massa vai ocorrer e a vida voltar ao normal. O comércio eletrônico, cuja participação no volume de vendas dobrou no último ano, é uma alternativa para o varejo continuar faturando, mesmo com a proibição de abertura das lojas físicas. No entanto, o executivo lembra que as vendas online ainda representam muito pouco do total do comércio. Antes da pandemia, o e-commerce respondia por cerca de 5% da receita de vendas do varejo e, no ano passado, atingiu 10%. Para Silva, esse adiamento de pedidos vai afetar a produção da indústria de produtos não essenciais e o impacto deve variar de empresa para empresa. “Cada companhia tem um ‘turnover’ de inventário e isso é questão de semanas”, prevê. A Multilaser, uma das maiores indústrias nacionais de eletroeletrônicos, que fabrica tablets, televisores, computadores, smartphones, por exemplo, já registra por parte dos clientes varejistas o adiamento por 30 dias das entregas e do pagamento das encomendas. “Cerca de 20% dos pedidos estão com pagamento e entrega prorrogados”, conta o presidente da empresa, Alexandre Ostrowiecki, ponderando que o cancelamento ainda representa muito pouco do total e que a situação está sob controle. De toda forma, ele frisa que é uma situação incômoda porque a empresa trabalha com nível de estoques de componentes para nove meses, muito acima da média do mercado, que é de cinco meses. “Temos um capital grande investido”, diz. Com fábricas em Manaus (AM) e em Extrema (MG), Ostrowiecki explica que não dá para calcular o tamanho do dano dessa freada, movimento que houve também em 2020 por conta da primeira onda de covid-19. “É uma reedição de abril de 2020, parece que estamos revivendo o mesmo pesadelo.” Desde que a atividade reabriu e a demanda por eletrônicos foi retomada, a empresa tem enfrentado nos últimos meses problemas de falta de matérias-primas e componentes importados usados na produção. Por isso, passou a trabalhar com dois turnos e meio, quando o normal seriam três turnos. Parte dos funcionários está em banco de horas, férias ou executando atividades de manutenção por causa da falta de insumos. No entanto, diante do novo lockdown, o executivo observa que no momento o problema maior é o adiamento dos pedidos do varejo do que a falta de componentes, que vem ocorrendo em função da retomada da economia global. Sondagem recente da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee) mostra que 35% dos associados enfrentam atrasos de produção e entregas ao varejo. Em 10% das fábricas, parte da produção já teve que ser paralisada em razão da falta de componentes eletrônicos. Agora, no entanto, com essa freada nas compras do varejo, provavelmente essa situação pode ser atenuada. MontadorasCinco montadoras veículos já suspenderam na última semana a produção colocaram cerca de 30 mil trabalhadores em casa sob a justificativa de restringir a circulação de pessoas e conter o avanço da pandemia. Mas, na prática, as concessionárias que revendem esses veículos estão proibidas de funcionar por causa das medidas de lockdown e praticamente sem vendas. O ESTADO DE S. PAULO
Representantes do comércio escrevem carta a Bolsonaro pedindo correção de rumo na pandemia
A Unecs (União Nacional das Entidades do Comércio e Serviços) e a Frente Parlamentar do Comércio assinaram uma carta aberta para enviar ao presidente Jair Bolsonaro pedindo ações de socorro urgentes e correção de rumos do país na pandemia. Fazem parte da entidade associações como Abrasce (shoppings), CNDL (Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas) e Anamaco (material de construção). Eles pedem a criação de um gabinete de crise nacional, a expansão do número de leitos, agilidade na vacinação, maior fiscalização das regras contra aglomerações e uma campanha nacional do Ministério da Saúde para reduzir o contágio. Também falam em medidas de suporte aos estados mais impactados e pequenas empresas atingidas na pandemia, além do retorno do corte de salário e jornada. A carta ainda afirma que burocracia e falta de planejamento no pagamento do auxílio emergencial prejudicam os pobres e que a população não pode aguentar mais a volta da inflação. FOLHA DE S. PAULO