Após 1 ano de pandemia, desemprego é o maior medo do brasileiro, mostra pesquisa
Um ano após o registro do primeiro caso de coronavírus no país, o medo viceja entre os brasileiros. A maioria da população acredita que mais dias tenebrosos vêm por aí. Em março de 2020, na infância da crise sanitária, 54% concordavam em usar o termo “devastador” para definir o estrago que a covid-19 provocaria na economia do país. Hoje, são 72%. Nesse período pandêmico, a renda de oito em cada dez pessoas sofreu avarias. Algo que as levou a alterar hábitos de consumo. Para 11%, até a compra de itens básicos precisou ser cortada. Boa parte dessa turma convive ainda com o temor do desemprego em 2021. E, como agravante, 66% não confiam na capacidade do presidente Jair Bolsonaro em gerenciar o atual imbróglio imposto pelo coronavírus, de acordo com a mais recente pesquisa do Instituto Travessia, de São Paulo, feita com exclusividade para o Valor. O levantamento, que abordou um leque amplo de temas, ocorreu entre os dias 16 e 17 de fevereiro, a partir de 1.003 entrevistas por telefone em âmbito nacional. A enquete mostra que o “bloco antivacina” não vai além de um pequeno reduto, com 13% dizendo que “não gostaria de ser vacinado”. Outros 83% responderam que sim, querem receber o imunizante. Além disso, um grupo bastante significativo de 79% do total afirmou que confia nas vacinas que estão sendo utilizadas por aqui. No caso, são a CoronaVac, fruto da parceria entre o Instituto Butantan, de São Paulo, com o laboratório chinês Sinovac, e a AZD 1229, resultado de um acordo entre a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), do Rio de Janeiro, e a dupla AstraZeneca-Universidade de Oxford (cujas primeiras doses do produto foram importadas da Índia, em meados de janeiro). Renato Dorgan Filho, sócio e analista do Instituto Travessia, considera surpreendente o respaldo dado aos produtos. Mesmo porque ele acontece à revelia da enxurrada de “fake news” que se abateu sobre o tema. Passa por cima também da discussão sobre a efetividade desses medicamentos (entre pouco mais de 50% e 80% para a CoronaVac e a AZD 1229), inferior às versões desenvolvidas por companhias como a Pfizer e a Moderna (acima de 90%). “Isso mostra o quanto as pessoas estão dispostas a aceitar a vacinação”, diz Dorgan Filho. “Elas parecem perceber que não têm alternativa e se agarram àquilo que é possível, palpável.” Por outro lado, aponta a enquete, os brasileiros mostraram-se ácidos em relação ao processo de vacinação em curso no país. Para 60% deles, falta capacidade de organização ao governo do presidente Jair Bolsonaro nesse campo. A situação melhora um pouco, embora não fique boa, quando a pergunta foca no Estado dos entrevistados. Nesse caso, 43% apontam que o esquema atual é satisfatório (ou seja, está sendo bem organizado em nível estadual). Ainda assim, 49% mantêm-se céticos em relação a esse ponto. O tom das críticas sobe algumas oitavas quando o foco da pergunta é Bolsonaro. A sondagem mostra que cresceu ao longo deste ano pandêmico a desaprovação dos eleitores (todos os entrevistados têm 16 anos ou mais) em torno da forma como o presidente atua diante da crise sanitária. Em outro levantamento feito pelo Instituto Travessia para o Valor, em junho do ano passado, 50% eram contrários às ações do Planalto nesse campo. Agora, esse descontentamento atingiu 59%. A cota daqueles que “não souberam avaliar” desabou de 22% para 10%. Isso mostra, alertam os especialistas, uma queda no número de pessoas que não têm uma posição definida sobre o tema. Em uma pesquisa eleitoral, seria o equivalente a diminuir o total de indecisos. Em outra questão da sondagem, 66% disseram que não confiam na capacidade do presidente Bolsonaro em gerenciar a crise do coronavírus (menos da metade, ou seja, 31%, disse o oposto). Em contrapartida, a atuação dos governadores é vista como positiva. A enquete aponta que 54% a aprovam e 40% desaprovam-na. Essa avaliação, no entanto, sofreu forte desgaste desde a primeira vez que o tema foi abordado. Em março do ano passado, o índice de satisfação dos eleitores com as iniciativas dos chefes dos executivos estaduais alcançara 70%. Bruno Soller, sócio do Travessia e responsável técnico pela pesquisa, observa que esse tipo de opinião oscila de acordo com a área analisada. No Sul e no Sudeste, as avaliações são mais positivas – e similares. Respectivamente, elas ficam entre 55% e 57% de aprovação, ante 38% e 37% de reprovação. No Nordeste, as notas favoráveis batem em 52% e as negativas, em 44%. No Norte e no Centro-Oeste (agrupados em uma só região), elas despencam para 46% a favor e 45% contra, ficando empatadas. “Não há dúvida que o caos registrado em Manaus, no Amazonas, com fatos como a falta de oxigênio para pacientes, contribuiu para baixar a nota dada pelos eleitores que vivem nesses locais”, diz Soller. “Aliás, não poderia ser diferente.” Outra questão do levantamento colocou o dedo em uma ferida diretamente aberta pelo noticiário. Trata-se da disputa política em torno do combate à pandemia, travada entre o presidente Jair Bolsonaro e o governador paulista João Doria. Com base em uma lista pré-definida, os entrevistados escolheram quem “está agindo da melhor maneira” diante do desafio imposto pelo novo coronavírus. Doria ficou na dianteira, com 28% das respostas. Bolsonaro veio logo a seguir, com 27%. Na prática, ambos estão empatados, pois a margem de erro do levantamento é de três pontos percentuais para cima ou para baixo. Em terceiro lugar, com 23% das escolhas, ficou a opção “ninguém” (ou seja, “ninguém age da melhor maneira” no enfrentamento da pandemia). Com isso, e no limite, “ninguém” também está em empate técnico com Doria e Bolsonaro. Nesse sentido, “ninguém” é um dos líderes. O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, recebeu 1% das indicações. Ficou atrás do Congresso Nacional, com 5%, e um pouquinho abaixo do genérico “outros”, que contou 2% de apoiadores. Sob o ponto de vista político, destaca Dorgan Filho, existem várias maneiras de esmiuçar tal resultado. A primeira delas, e a mais simples, indica que nem Doria nem Bolsonaro conseguem
Com pandemia e crise econômica, desemprego sobe para 13,5% em 2020
A crise no mercado de trabalho agravada pela pandemia fez o país terminar 2020 com uma taxa média de desemprego de 13,5% – o pior resultado da atual série histórica do IBGE, iniciada em 2012. Em 2019, a taxa média fora de 11,9%. E nunca antes tinha superado os 13%. Os dados são da Pnad Contínua, divulgada nesta sexta-feira pelo instituito. IR 2021:Veja o passo a passo para preencher a declaração Com isso, o país fechou o ano com recorde de 13,4 milhões de pessoas na fila por um emprego. Se considerados os subocupados, ou seja, os que trabalharam menos horas do que poderiam e os que estavam disponíveis para trabalhar mas não procuravam uma vaga por algum motivo qualquer, a conta sobe para 31,2 milhões, também o maior patamar já registrado. “A necessidade de medidas de distanciamento social para o controle da propagação do vírus paralisaram temporariamente algumas atividades econômicas, o que também influenciou na decisão das pessoas de procurar trabalho. Com o relaxamento dessas medidas ao longo do ano, um maior contingente de pessoas voltou a buscar uma ocupação, pressionando o mercado de trabalho”, diz a analista da pesquisa, Adriana Beringuy. Perda recorde de vagas com carteiraO impacto da crise pode ser medido pelo número do fechamento de vagas. Em apenas um ano, 7,3 milhões postos de trabalho sumiram. No mercado formal, esse efeito foi devastador. Foram eliminadas 2,6 milhões de postos de trabalho em 2020, um recorde. O ano também fechou com redução de 5,1 milhões de trabalhadores domésticos, queda histórica de 19,2%. Houve diminuição ainda de 1,5 milhão de trabalhadores por conta própria. Até o total de empregadores recuou 8,5%, ficando em 4 milhões. Com isso, a população ocupada saiu do maior patamar da série em 2019 (93,4 milhões) para o menor nível, somando 86,1 milhões em 2020. Assim, a pela primeira vez na série anual, menos da metade da população em idade para trabalhar estava ocupada no país. O nível de ocupação ficou em 49,4%. “Foi uma queda bastante acentuada e em um período muito curto”, diz Adriana. Desemprego em dezembro fica em 13,9%No trimestre encerrado em dezembro, a taxa de desemprego ficou em 13,9%. O número veio em linha com as previsões dos analistas do mercado financeiro e representa uma melhora em relação ao terceiro trimestre – em setembro, a taxa encerrou em 14,6%, a maior para um trimestre já registrada. Mas, sazonalmente, o desemprego costuma cair em dezembro e a taxa agora é bem maior do que em 2019, quando terminou o ano em 11%. Adriana afirma que o resultado do quarto trimestre frente ao terceiro apresenta uma pequena melhora. No entanto, explica que é preciso aguardar o resultado dos próximos meses para saber como será a reação do mercado de trabalho diante das condições sanitárias que continuam a ser impostas pela pandemia: — Recuperamos 3,4 milhões de população ocupada (no trimestre encerrado em dezembro), mas foi uma reação que não consegue repor tudo o que ocorreu ao longo do ano. Viemos de perdas muito profundas. Reverter esse quadro demandará não apenas tempo, mas depende do que irá acontecer nesse decurso do tempo e como as atividades econômicas vão operar diante da pandemia. Nova pobreza:Pandemia empobrece a classe média Analistam avaliam que o recrudescimento da Covid-19 dificulta a retomada de postos formais e informais e faz recuar o contingente de pessoas em busca de uma vaga, uma vez que a segunda onda inibe a procura por trabalho e pode limitar o crescimento da taxa de desemprego. A taxa de desemprego é calculada levando em conta quem está procurando uma oportunidade. Quem está sem trabalhar mas não busca uma vaga é considerado desalentado e não entra nesse cálculo. Impacto do fim do auxílioPor outro lado, o fim do auxílio emergencial em dezembro pressiona o índice, com mais pessoas buscando uma vaga e saindo do desalento. Desde dezembro, o pagamento do auxílio emergencial foi suspenso. E a votação de um projeto que pode liberar uma nova rodada de auxílio está travada no Congresso. Segundo estimativas do pesquisador Daniel Duque, da Fundação Getulio Vargas, mais 22 milhões de brasileiros que não eram pobres antes da pandemia, em 2019, entraram na pobreza neste início de 2021, como reflexo do fim do auxílio e do aumento do desemprego. A ONG Ação da Cidadania estima que 10,3 milhões sofrem de insegurança alimentar, com um número crescente tendo a fome como rotina. Apesar do aumento do desemprego, o rendimento médio real dos trabalhadores em 2020 subiu. Ficou em R$ 2.543, um crescimento de 4,7% em relação a 2019. Já a massa de rendimento real, que é soma de todos os rendimentos dos trabalhadores, atingiu R$ 213,4 bilhões, uma redução de 3,6% frente ao ano anterior. Os números da pesquisaTaxa de desemprego: 13,5%, a maior da sérieDesempregados: 13,4 milhões, a maior da sérieDesalentados: 5,5 milhões, alta de 16,1% em relação a 2019Subocupados: 31,2 milhões, a maior da sériePopulação ocupada: 86,1 milhões, menor patamar da série O GLOBO
Justiça do Trabalho distribui milhões de reais em meio à pandemia de covid
Empresas e trabalhadores estão recebendo milhões de reais da Justiça do Trabalho em meio à pandemia. Ganhou força um projeto iniciado em 2019 para devolver a seus donos recursos esquecidos em contas judiciais. A maior parte dos valores localizados por meio do chamado “Sistema Garimpo” pertence a empregadores – que podem transferi-los para quitar outras dívidas trabalhistas. O programa foi desenvolvido pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT) do Rio Grande do Norte e ganhou o país, principalmente no ano passado. Permite o cruzamento de dados de processos arquivados com informações do Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal. Porém, não identifica os donos dos valores ainda pendentes em contas judiciais. Esse trabalho posterior é feito manualmente. Esses recursos esquecidos pertencem às partes – trabalhador ou empresa, que pode ter efetuado depósito a maior – a advogados e peritos ou mesmo à União, por meio de créditos tributários. O Tribunal Superior do Trabalho (TST) estimou, em 2020, que foram esquecidos cerca de R$ 2 bilhões. No TRT de São Paulo, o maior do país, já foram localizados R$ 113, 8 milhões. A maior parte do valor pertence a empresas. São cerca de R$ 84 milhões. O TRT da Bahia encontrou um total de R$ 173 milhões. E os de Campinas (SP) e Rio de Janeiro, R$ 165,7 milhões e R$ 40 milhões, respectivamente. Pioneiro na inciativa, o Rio Grande do Norte disponibilizou R$ 28,8 milhões. O desafio do projeto está em localizar quem são os beneficiários desses recursos, já que se tratam de processos muito antigos, muitas vezes em papel. Recentemente, o TRT de São Paulo identificou a filha de um trabalhador que morreu e tinha cerca de R$ 1,6 milhão para receber. Ela não sabia da existência de processos apresentados por seu pai nos anos 90. Eles foram ajuizados com poucos dados cadastrais, como era comum na época. Os únicos dados disponíveis do empregado eram o nome e o número da carteira de trabalho, além de um endereço desatualizado. Nos anos 2000, a advogada e os juízes dos casos tentaram localizar o trabalhador, mas não conseguiram. No ano passado, esses processos foram sinalizados pelo Sistema Garimpo. Por meio de um comprovante de depósito de FGTS, com número de conta, conseguiu-se obter um CPF e foi então que se descobriu que ele já havia morrido há quase 20 anos. Posteriormente, em uma pesquisa na Junta Comercial do Estado de São Paulo (Jucesp), identificou-se, em um dos endereços no qual o trabalhador chegou a morar, uma empresa. O dono se comprometeu a passar o telefone do TRT para a herdeira, que levou 15 dias para fazer a ligação, um pouco incrédula. “Muitas vezes a parte nem sabe que tem esse dinheiro a receber”, diz o juiz Valdir Rodrigues de Souza, que coordena o projeto no TRT de São Paulo. Por conta da pandemia, conta, todos os servidores ficaram em quarentena. Só em outubro então houve o retorno parcial das atividades presenciais do Projeto Garimpo. O trabalho para localizar os titulares dos recursos tem sido gratificante, segundo o magistrado. Semana passada, afirma, liberou R$ 300 mil para mais um herdeiro que não tinha conhecimento do processo. “Costumo dizer que é um setor onde todo mundo ganha. Ganha o empregador, o empregado e a União com o pagamento dos impostos. Dar a sentença é importante mas é muito bom ver a satisfação do crédito, a finalização do processo.” O juiz e mais 15 servidores atuam no Núcleo de Saneamento de Processos Arquivados Definitivamente. Com a pandemia e as restrições, apenas 20% dos servidores estão trabalhando presencialmente. “Tudo isso acabou dificultando o trabalho, mas estamos pedindo para advogados que digitalizem as peças para poder enviá-las aos funcionários em home office”, diz. Além dos valores disponibilizados para as partes, ficou autorizado pela Corregedoria Geral da Justiça do Trabalho (CSJT) que os TRTs possam transferir valores de até R$ 150 para o Fundo de Combate à Covid da União – estabeleceuse um valor mínimo para o trabalho.. No caso do TRT de São Paulo, já foram direcionados R$ 171 mil. Pelo TRT de Campinas, R$ 5,4 milhões. Também são localizados valores que podem fazer a diferença no dia a dia de uma empresa. O TRT de Campinas conseguiu resgatar R$ 118 mil para a Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Descalvado. Esses valores possibilitaram a reforma do telhado do hospital e a compra de equipamentos. Dos R$ 165,7 milhões resgatados pelo TRT, R$ 69, 3 milhões foram destinados a empresas e R$ 36, 7 milhões a trabalhadores. Outra quantia significativa, cerca de R$ 59 milhões, foi transferida para outras execuções trabalhistas por empregadores. Neste mês de fevereiro, o projeto Garimpo no TRT do Rio destinou quase R$ 5 milhões que seriam devolvidos para a Companhia de Águas e Esgotos (Cedae) para execuções pendentes contra a empresa. De acordo com a juíza gestora do Projeto Garimpo, Márcia Regina Leal Campos, os valores encontrados, em vez de liberados à titular dos depósitos, foram disponibilizados às varas do trabalho do Estado para uso em execuções pendentes. Pioneiro, o TRT do Rio Grande do Norte, que iniciou o trabalho em 2019, devolveu às partes R$ 5,9 milhões em 2019 e cerca de R$ 22,9 milhões no ano passado. Para o juiz Cacio Oliveira Manoel, apesar da pandemia ter atrasado o andamento do trabalho, os resultados são bons. “Conseguimos injetar recursos na economia porque esses valores estavam esquecidos. Ainda fazemos a transferência para movimentar outros processos que estavam sem pagamento”, diz. Ele acrescenta que, no início da pandemia, conseguiram localizar valores esquecidos por empresas em dificuldade, que puderam quitar verbas. VALOR ECONÔMICO
Com toque de recolher, municípios paulistas suspendem volta às aulas
Com aumento de internações pela covid-19, municípios paulistas adiam ou suspendem a volta às aulas presenciais, mesmo com autorização do governo do Estado para reabrir as escolas. Nesta semana, 11 municípios da região metropolitana, entre eles Osasco e Barueri, decidiram adiar o retorno em 15 dias. Municípios do interior, como Campinas, também barraram a volta de alunos às escolas e Estados seguem sem previsão de retorno. Em alguns locais, o veto aos colégios não vem acompanhado de restrições a outros setores da economia, como bares e restaurantes. Educadores têm defendido que a escola seja a última a fechar e a primeira a reabrir. Nesta quarta-feira, o governo João Doria (PSDB) anunciou restrição à circulação de pessoas das 23 horas às 5 horas, para evitar aglomerações, depois de o Estado atingir o pico de internações pela covid-19. O aval para atividades escolares, permitidas inclusive na fase vermelha (mais restritiva) do plano de flexibilização da quarentena, foi mantido. Mas parte dos municípios paulistas já decidiu suspender ou adiar o retorno presencial à escola. Na fase amarela do plano de flexibilização da quarentena, São Bernardo do Campo decidiu postergar o início das aulas presenciais em escolas estaduais e municipais por 15 dias, pelo menos. A medida foi seguida por outros 11 municípios da região oeste metropolitana de São Paulo, como Barueri, Itapevi e Carapicuíba. Em Osasco, o prefeito Rogério Lins (Podemos) anunciou o adiamento da volta às aulas nas escolas públicas municipais e determinou que as estaduais e as particulares sigam o Plano São Paulo, que permite a reabertura. O Consórcio Intermunicipal da Região Oeste Metropolitana de São Paulo (Cioeste) promete entrar na Justiça para antecipar a vacinação dos profissionais da educação com comorbidades. Fazem parte do Cioeste os municípios de Araçariguama, Barueri, Cajamar, Carapicuíba, Cotia, Itapevi, Jandira, Osasco, Pirapora do Bom Jesus, Santana de Parnaíba e Vargem Grande Paulista. Todos eles adiaram o início das aulas pelo menos na rede municipal, segundo informou o consórcio. O número de municípios que vetou a reabertura das escolas estaduais passou de 129, no dia 8 de fevereiro, para 165 nesta quinta-feira, 25, segundo a Secretaria Estadual da Educação. Nesta quinta-feira, Campinas decidiu adiar a volta das aulas presenciais na rede municipal para 5 de abril. O município considerou a “mudança no perfil epidemiológico”, com mais jovens sendo afetados pela covid-19, a ocupação de leitos de UTI covid de quase 100% no SUS, e a suspeita de circulação da nova cepa do coronavírus O município também diz ter levado em conta o impacto de circulação de pessoas que o retorno às aulas provocaria. Campinas decretou fase vermelha de 21 horas às 5 horas – ou seja, nesse intervalo, apenas serviços essenciais, como supermercados e farmácias, podem funcionar. O toque de recolher de Campinas é duas horas mais longo do que o do restante do Estado. Durante o dia, é permitido o funcionamento de outras atividades econômicas, como bares e restaurantes. Educação teria de estar na pauta da priorização, diz especialistaPara Beatriz Cortese, pedagoga e gerente de projetos do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec), os gestores deveriam priorizar a educação na retomada, o que significa, segundo ela, oferecer condições sanitárias para que as escolas voltem com segurança. “A educação e, principalmente, a educação pública teriam de estar na pauta da priorização de abertura, mas teria de ser feito com condições estruturais para escolas”, diz ela, que também defende priorizar a vacina aos profissionais de educação. O risco das escolas fechadas por tanto tempo, diz, é o retrocesso nas aprendizagens e o aprofundamento das desigualdades educacionais. No centro-oeste paulista, Pirassununga adiou as aulas presenciais até 14 de março e também vetou o funcionamento de bares. A medida foi tomada depois que a vizinha, Araraquara, determinou lockdown – com multa para quem sair de casa sem justificativa. Em Catanduva, o adiamento por 15 dias foi decidido em função do cenário epidemiológico. A mesma medida foi adotada por Presidente Venceslau, após orientação do Ministério Público. “Nos últimos dias aumentaram muitos os casos e nossos leitos chegaram à lotação máxima”, disse a prefeita Bárbara Vilches (PV), nas redes sociais. A vizinha Presidente Prudente já havia determinado, nesta semana, a suspensão de atividades não essenciais e de escolas estaduais e municipais. Pelo BrasilAlguns Estados também decidiram suspender aulas presenciais. As medidas de restrição de escolas se somam a restrições de circulação de pessoas à noite (toque de recolher), mas algumas regiões mantêm outros tipos de estabelecimentos comerciais abertos durante o dia. Em Pernambuco, o retorno presencial dos estudantes da educação infantil e ensino fundamental foi adiado em 15 dias. Prevista para começar na próxima segunda-feira, 1º, a volta às aulas passou para 15 de março. Segundo a Secretaria da Educação, a decisão foi tomada “mediante análise da situação epidemiológica do Estado”. Escolas privadas em Pernambuco seguem autorizadas a dar aulas presenciais, desde 2020. No Estado, 63 municípios terão “toque de recolher” à noite, mas, durante o dia, o comércio continua aberto. Nos finais de semana, as atividades comerciais devem encerrar até as 17 horas. Na Paraíba, que impôs toque de recolher de 22 horas às 5 horas, o funcionamento de escolas estaduais e privadas também foi suspenso até segunda ordem. Já as escolas privadas de educação infantil e fundamental 1 – para as crianças mais novas – podem funcionar. O governador João Azevedo (Cidadania) vê preocupação com as novas cepas do vírus e cansaço da população em relação às medidas sanitárias. No Ceará, as aulas presenciais foram suspensas nas escolas públicas e particulares, por 11 dias, até o dia 28 de fevereiro, e o Maranhão segue sem previsão de autorizar aulas presenciais no Estado. O Piauí, com “lockdown” apenas à noite, continua sem data para a retomada das aulas presenciais. Já o governo do Rio Grande do Sul colocou nesta quinta-feira todo o Estado em bandeira preta, mas manteve aulas presenciais para a educação infantil e os 1º e 2º anos do ensino fundamental. Na bandeira preta, bares e restaurantes só podem funcionar com