Covas: ‘Restam poucos dias para o negacionismo e o obscurantismo’

O prefeito de São Paulo Bruno Covas (PSDB), reeleito neste domingo, 29, deu um tom nacional ao seu primeiro discurso após o anúncio do resultado da votação. Ao lado do governador João Doria (PSDB) e lideranças do seu partido, fez críticas indiretas ao presidente Jair Bolsonaro, disse que as urnas derrotaram o “obscurantismo e o negacionismo” e que São Paulo votou “a favor da ciência”. “Restam poucos dias para o negacionismo e o obscurantismo. São Paulo disse sim a ciência e a moderação”, disse Covas, que se declarou um “filho da democracia”. “É possível fazer política sem ódio, falando a verdade”. O tucano evitou dizer, de forma clara, que fará oposição a Bolsonaro e também não defendeu abertamente a criação de uma frente de partidos contra o governo federal para as eleições de 2022, como pregam o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e a ex-prefeita Marta Suplicy, seus aliados. Quando questionado sobre sua posição em relação ao presidente, Covas desconversou. “Nunca construí nada contra ninguém. Sou a favor do Brasil”. Durante seu discurso, o prefeito disse que, em 2018, alguns analista previam o “fim do PSDB”. Há dois anos, o candidato tucano à Presidência, Geraldo Alckmin, teve cinco milhões de votos e ficou em quarto lugar na disputa vencida por Bolsonaro. “É muito cedo para prever 2022, mas se o grande derrotado de 2018 foi o centro, o grande derrotado de 2020 foi o radicalismo.” O tucano fez, ainda, uma homenagem ao vice eleito, Ricardo Nunes (MDB). “Quero fazer um agradecimento especial ao meu vice Ricardo Nunes. Que sofreu muito nessa campanha. A partir de 1.° de janeiro vamos mostrar qual a nossa visão de mundo”. Durante toda a campanha, adversários tentaram atingir Covas por meio do seu vice, citado em uma investigação de irregularidades no aluguel de creches, que ele nega, e por causa de um boletim de ocorrência por violência doméstica registrado pela mulher dele em 2011. Segundo Covas, seu vice vai fazer “clínica geral e cuidar de tudo um pouco”. Com a fala pausada que virou sua marca, Covas pregou união. “São Paulo não quer divisões, não quer o confronto. É possível fazer política sem ódio. Vamos governar para todos. A partir de amanhã não existe mais distrito azul e vermelho, existe a cidade de São Paulo.” A chegada de Covas ao diretório estadual do PSDB, no Jardim Paulista, foi marcada pela aglomeração de correligionários e líderes do PSDB. Além de Doria, faziam parte do séquito o presidente nacional do partido, Bruno Araújo, o presidente estadual, Marco Vinholi, o presidente municipal, Fernando Alfredo, o prefeito de São Bernardo do Campo, Orlando Morando (PSDB), e até a deputada Joice Hasselmann, que disputou a prefeitura pelo PSL. “Bruno venceu a discriminação de uma doença e soube conduzir sua campanha sem fazer uso de fake news”, disse Doria, em referência ao câncer que Covas enfrenta desde 2019. “Essa foi a vitória do bom senso e da capacidade de gestão. O foco é a vacinação, a saúde e a ciência. Não fomos negacionistas”, disse o governador Doria, que adiou, para hoje, a divulgação de medidas que podem aumentar restrições em cidades do Estado para combater a covid-19. A vacina é uma das trincheiras escolhidas por Doria para se contrapor a Bolsonaro. Pela manhã, Covas acompanhou Marta Suplicy, Fernando Henrique e Doria na votação. Em outro ataque indireto a Bolsonaro, questionou falas do presidente contra a urna eletrônica. “Não dá para colocar em dúvida um sistema que elegeu pessoas e partidos tão diferentes”, disse. Questionado sobre seu futuro político, o tucano afirmou, mais uma vez, que cumprirá o mandato até o fim. O ESTADO DE S. PAULO

Crédito às empresas cai 4,8% em outubro, diz Banco Central

Os bancos emprestaram menos para as empresas em outubro, na comparação com setembro. No período, houve queda de 4,8% na concessão de novos créditos, segundo dados divulgados pelo BC (Banco Central) nesta sexta-feira (27). A redução foi puxada pelas linhas de capital de giro, que registrou contração de 13,4% no mês. Esse segmento de crédito é o mais importante para empresas, e representa o maior volume entre as concessões para as companhias. Nos últimos meses, o crédito às empresas cresceu, puxado por linhas emergenciais apoiadas pelo governo para ajudar empresas a enfrentar a crise financeira e econômica gerada pela pandemia. Entre os destaques está o Pronampe (Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte). Com o arrefecimento desses programas, houve queda no crédito às empresas. As linhas subsidiadas pelo governo estão na rubrica “Outros” nos dados do BC, que apresentou queda de 65% em outubro. “Durante vários meses tivemos aumento nessa rubrica, o saldo se elevou muito. Em junho eram R$ 96 bilhões e em outubro dobrou e chegou a R$ 193,8 bilhões”, ponderou o chefe do departamento de estatísticas do BC, Fernando Rocha. A oferta de recursos voltados a desconto de duplicatas e antecipação de recebíveis, modalidades utilizadas por comerciantes e que dependem de vendas para gerar garantias, teve retração de 9,3% e 2,4%, respectivamente. Mesmo com as contrações, empréstimos novos para pessoas jurídicas aumentaram 13,1% no acumulado do ano. Em contrapartida, a concessão de crédito para as famílias aumentou 3,2% em outubro. Os brasileiros buscaram recursos principalmente por meio do consignado, que é descontado diretamente na folha de pagamento. No geral, essa modalidade teve aumento de 13,8% no mês. Para beneficiários do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), alta foi ainda maior, 65,3%. “Esse aumento se deve à mudança na legislação da margem consignável desse público, que passou de 30% para 35%, com carência de até 90 dias”, explicou Rocha. Linhas ligadas ao consumo também aumentaram. O uso do cartão de crédito à vista subiu 5,5%. As modalidades rotativas também cresceram no mês. O uso do chamado rotativo do cartão, quando o cliente não paga o total da fatura, teve alta de 2,9%. Houve aumento também nas concessões do rotativo regular, quando o cliente paga acima do mínimo da fatura. Nesse caso, o aumento foi de 8,4%. O uso do parcelamento da fatura do cartão, por sua vez, cresceu, 8,6%. No acumulado do ano, novos empréstimos para pessoas físicas cresceram 0,7%. Em outubro, os bancos emprestaram R$ 353 bilhões para empresas e famílias, uma redução de 0,6% em relação a setembro. No acumulado do ano, em relação ao mesmo período de 2019, as concessões cresceram 5,6%. As variações mensais são registradas com ajuste sazonal, que retira peculiaridades do período, como número de dias úteis a mais ou a menos, para facilitar a comparação. O saldo das operações de crédito, que contabiliza toda a carteira do sistema financeiro, somou R$ 3,9 trilhões em outubro, alta de 1,4% no mês (1,7% em pessoas físicas de 1% na carteira de pessoas jurídicas). Em 12 meses, o crescimento do estoque foi de 14,5% (21,1% para empresas e 9,8% para famílias). Depois quedas em dois meses consecutivos, a taxa média de juros cobrada nas operações de crédito às empresas e às famílias subiu 0,6 ponto percentual em outubro e ficou em 18,7%, mas ainda abaixo dos níveis pré-pandemia. “As instituições efetivamente aumentaram as taxas, não foi efeito composição [quando há mais concessões em linhas mais caras]. Na minha avaliação, depois de um longo período de redução, houve um aumento pontual, ainda não podemos dizer que existe uma tendência de alta”, disse Rocha. Com isso, o spread, diferença entre a taxa que os bancos pagam para captar recursos e a taxa cobrada em empréstimo, ficou em 14,6 pontos percentuais, elevação de 0,3 ponto. Desde o início da pandemia, os juros cobrados nas operações de crédito têm caído. A taxa básica de juros (Selic), que norteia todas as outras taxas, está em 2% ao ano, menor patamar da história. Quando ela é reduzida, os bancos pagam menos para captar recursos e têm espaço para reduzir os juros de seus empréstimos. A inadimplência também caiu e alcançou os menores níveis. A avaliação é que contribuíram para esse ambiente o auxílio emergencial e renegociações das parcelas de empréstimos promovidas pelos bancos durante a pandemia. Em outubro, a rubrica ficou estável, com 2,4%. Pelo lógica do mercado, quando a inadimplência está baixa, os bancos podem cobrar menos nos empréstimos porque o risco de calote é menor. FOLHA DE S. PAULO

Refis da Covid levará a aumento de impostos se ficar para 2021

Deputados tentam apressar a votação de um projeto de lei que cria o chamado Refis da Covid, um parcelamento dos tributos postergados devido à paradeira da atividade econômica na pandemia. A Receita Federal informa que, até o momento, empresas e pessoas físicas deixaram de recolher R$ 48 bilhões em tributos até outubro e os técnicos do Ministério da Economia são contrários ao programa que, segundo avaliam, irá aprofundar ainda mais o endividamento do país. Os parlamentares só veem a possibilidade de um programa desse tipo durante a vigência do Orçamento de guerra, mecanismo legal que livra o governo do cumprimento de metas fiscais até o final deste ano, quando expira o prazo do estado de calamidade pública. Se o Refis ficar para 2021 sem que esse mecanismo seja renovado pelo Congresso, será preciso apresentar novas receitas para cobrir o buraco deixado pelo perdão de multas e juros sobre o valor devido pelos contribuintes. Para os técnicos da equipe econômica, a única saída, neste caso, será a criação de novos impostos. Eles estimam que, pelo menos, R$ 35 bilhões em pendências seriam renegociadas caso o novo programa seja aprovado pelo Congresso. A diferença (dos R$ 48 bilhões) se deve a possíveis pagamentos de débitos diferidos na pandemia até o final deste ano. Se isso ocorrer, não será preciso criar imposto para cobrir esse buraco imediatamente porque o impacto cairá sobre a dívida, que ficará maior. Desde o início da pandemia, dois projetos de lei tentam criar um programa de refinanciamento de pendências tributárias para substituir a proposta que está em vigor e conduzida pela PGFN (Procuradoria-geral da Fazenda Nacional). Um deles foi apresentado pelo deputado Alexis Fonteyne (Novo-SP) e cria o Plano de Recuperação Fiscal para pessoas jurídicas. A proposta contempla recolhimentos vencidos até o último dia em que vigorar o estado de calamidade pública (que se encerra em 31 de dezembro). O texto prevê quatro modalidades de quitação para pendências com a Receita Federal e outras duas para dívidas administradas pela PGFN (Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional). Uma delas, por exemplo, prevê o pagamento à vista de ao menos 10% do valor da dívida consolidada e a liquidação do restante com créditos de prejuízo fiscal e base de cálculo negativa da CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido). O outro projeto é do deputado Ricardo Guidi (PSD-SC). É esse projeto que deputados tentam votar em regime de urgência. Apresentado em maio, o texto concede, por exemplo, 90% de desconto de multas e juros a pessoas físicas e jurídicas, inclusive para companhias em recuperação judicial. A proposta prevê o pagamento em parcelas mensais, sendo o valor de cada pagamento o percentual do faturamento do mês anterior. Os percentuais variam de 0,3% nos dois primeiros anos a até 1% de 2023 em diante. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), já declarou não ver razão para que esse projeto seja discutido com urgência travando a pauta do Congresso. Para os técnicos da Economia, o texto permitiria que devedores contumazes adiassem ainda mais o pagamento de seus débitos. Isso porque o programa de refinanciamento em curso na PGFN já oferece condições vantajosas. Neste caso, há até desconto de 100% de juros e mora e abatimentos sobre o principal com um prazo de até 12 anos. A diferença, no entanto, é que o devedor negocia com a Fazenda de acordo com sua capacidade de pagamento. Ainda segundo os técnicos, no Refis da Covid proposto agora, qualquer devedor (com ou sem condição de pagamento) poderá aderir, efetuar um pagamento e continuar à espera do próximo programa de refinanciamento. Na avaliação da Economia, não há espaço fiscal para um aumento de mais R$ 48 bilhões em dívidas. Só faria sentido um programa dessa natureza, se houvesse, por exemplo, um desconto de, no máximo 10% do valor principal, para pagamento à vista até o final deste ano. O ESTADO DE S. PAULO

‘O risco é se agarrar à âncora do teto e, na turbulência, de afogar com ela’

calculator, calculation, insurance

A coordenação do governo de Jair Bolsonaro – ou a falta dela – para lidar com a nova fase da pandemia da covid-19 pode ser a responsável pelo ambiente econômico nos próximos meses. “A ancoragem fiscal no curto prazo passa por termos uma gestão mais eficiente da pandemia, porque o fiscal está muito, neste ano e no próximo, associado a isso”, diz o economista Manoel Pires, coordenador do Observatório Fiscal do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV). Para ele, o País poderia sair “sem sequelas” maiores se conseguisse preparar a gestão dessa crise, cujos ingredientes já são conhecidos agora. Caso contrário, a tendência é que, se um arrefecimento da quarentena for necessário, as regras fiscais voltem a ser suspensas para o governo poder dar um auxílio aos mais vulneráveis e às empresas. “O problema disso é que já usamos esse expediente e alguns dos custos estão começando a aparecer, como a depreciação cambial, a dificuldade do Tesouro de fazer a gestão da dívida e o aumento das taxas mais longas de juros”, acrescenta. Pires defende também que a regra do teto de gastos (lei que limita as despesas federais ao valor do ano anterior, corrigido pela inflação) seja flexibilizada nos próximos meses, dada a necessidade de gastos decorrentes da covid, mas que seu prazo seja ampliado. “É melhor você jogar a âncora fiscal para um pouquinho mais para frente para poder ancorar o barco em águas mais calmas.” ● A relação dívida/PIB vai encerrar este ano com um crescimento de 20 pontos porcentuais. Qual será o impacto disso? Temos um problema de insustentabilidade que vem do início da crise de 2014/2015. O governo, desde 2015, vem tentando fazer algumas medidas de ajuste fiscal, a mais simbólica foi a reforma da Previdência. Estávamos nos aproximando da zona de sustentabilidade da dívida antes da pandemia, mas a pandemia mudou esse cenário por ser uma crise muito intensiva em política fiscal. O governo tem de ampliar seus gastos para proteger as pessoas mais vulneráveis e tem de oferecer crédito para as empresas. Isso faz com que o déficit público aumente. Neste ano, devemos ter um déficit nominal próximo de 15% do PIB. Atrelado a isso, observamos um salto bastante significativo da dívida pública, que, independentemente do valor, voltou a se tornar insustentável. Tem uma combinação de parâmetros para os próximos anos, de déficit, taxa de juros e crescimento, que amplia novamente o problema da dívida. Essa não é uma questão que vai ser resolvida no ano que vem ou no seguinte. Vamos ter de pavimentar uma solução quase que para uma década. O que esperamos que o governo atual faça é indicar um caminho. Esse é o ponto principal e aí reside a maior fonte de dúvida. A pandemia ainda não acabou e não se sabe quais serão os desdobramentos fiscais dessa nova fase dela. Você tem uma incerteza sobre a necessidade de manutenção, ainda que em um estágio menor, dos estímulos atuais. Tem incerteza sobre a duração da crise, quando a vacina realmente vai ficar disponível e, aí sim, quais serão as soluções adotadas para essa questão da dívida. Está tudo sendo discutido ao mesmo tempo. ● E qual o impacto dessas incertezas na economia? Você vê muita aflição com essa incerteza. A dívida pública cresce, o déficit público fica muito elevado. Então tende a ter uma pressão na formação das taxas de juros, o que acaba produzindo um efeito contracionista sobre a atividade econômica. O governo, quando tem um déficit alto, começa a ter algumas dificuldades para financiar esse déficit. No primeiro quadrimestre de 2021, o Tesouro Nacional vai ter um valor de vencimentos da dívida pública recorde, pouco mais de R$ 600 bilhões. Quando se tem uma dívida muito grande para ser refinanciada, você pode ficar refém das condições do mercado. Então, se a segunda onda de covid se transformar em um choque financeiro, o Tesouro pode ter de refinanciar uma dívida grande em condições muito adversas. Aí, o pagamento de juros da dívida pública pode se elevar. Com isso, pode ter depreciações da taxa de câmbio e mesmo aumento adicional da taxa de juros. ● É o que está acontecendo agora, que tem deteriorado o perfil da dívida? Isso já está acontecendo e reflete vários fatores, não só fiscais. Algumas dessas questões estão associadas à insustentabilidade da política fiscal e à incerteza inerente a esse tema. Mas você também tem vários outros temas associados à conjuntura internacional e à pandemia. A eleição do Joe Biden, por exemplo, aliviou bastante as condições de mercado. Então, na margem, tem tido algumas melhoras em algumas questões. Acho que temos de separar o desafio em alguns temas. O primeiro é a questão do Orçamento para o ano que vem. Ainda não tem um Orçamento aprovado nem o projeto de lei de diretrizes orçamentárias. É muito importante aprovar no fim do ano para o governo ter condição de fazer as políticas públicas necessárias para lidar com essa fase da pandemia. Agora, o Orçamento do ano que vem será bastante desafiador. O governo tem hoje aproximadamente R$ 20 bilhões que precisa incluir nele em função de um aumento de gastos com benefícios sociais que não estavam contabilizados. Isso vai fazer com que o governo fique muito apertado na regra do teto. Que gastos são esses? O Congresso derrubou o fim da desoneração da folha. Então, tem de reincorporar essa despesa no Orçamento. O INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) aumentou, e ele é a base de reajuste dos benefícios sociais. Para incorporar isso, o governo terá um aumento de despesa obrigatória e uma redução de despesa discricionária. Então, o primeiro desafio é viabilizar o Orçamento dentro da regra do teto. Isso gera uma incerteza adicional sobre qual será a solução. O segundo tema é como o governo vai lidar com demandas sociais decorrentes da pandemia que são muito diferentes hoje do que o Orçamento está preparado para oferecer. Várias demandas urgentes estão completamente excluídas da estrutura orçamentária. É preciso ter

Socorro da União supera em R$ 24 bi impacto da covid nas contas municipais

A grande maioria dos novos prefeitos eleitos nas eleições municipais vai herdar um caixa mais cheio no dia primeiro de janeiro de 2021. Durante a pandemia da covid-19, o repasse feito pelo governo federal para os municípios superou em R$ 24 bilhões o impacto da calamidade sobre as contas das prefeituras. O socorro compensou a perda de receitas e o que os prefeitos de fato gastaram no combate da doença. Essa gordura vai aumentar até o fim do ano porque a arrecadação está reagindo e a suspensão do pagamento das dívidas concedida no pacote de socorro aos Estados e municípios continuará até dezembro. Nos 29 municípios mais populosos, o caixa engordou R$ 16 bilhões de janeiro a agosto – um crescimento de 60% na comparação com mesmo período de 2019. Na cidade de São Paulo, o dinheiro disponível em caixa deu um salto de 50% no período, de R$ 13 bilhões para R$ 19,5 bilhões. Em São Luís, o crescimento foi de 398% e, em Recife, alcançou 204%. Na cidade de Uberlândia (MG), o dinheiro em caixa subiu 184% e em Ribeirão Preto (SP), 157%. É o que aponta radiografia feita pelo pesquisador do Insper, Marcos Mendes, nas finanças de 2.229 municípios (com dados disponíveis) que representam 40% dos 5.570 municípios do País. O grupo representa 77% da população brasileira e inclui as maiores cidades em termos fiscais. O saldo médio disponível no caixa de 1.960 prefeituras (que divulgam esse dado) subiu de 15% da receita corrente líquida para 21% em 2020. Apenas 13% dos municípios tiveram redução nos seus caixas como porcentual da receita. Os dados coletados apontam melhora nos indicadores municipais de receita, despesa, rombos, saldo de caixa e dívida líquida. O único senão continua sendo despesa de pessoal, que permanece em nível elevado. “Os novos prefeitos precisam administrar esse caixa de forma cuidadosa para não quebrar a prefeitura no primeiro ano de governo”, alerta Mendes, especialista em contas públicas. Para ele, o governo federal deve ainda ter cuidado com propostas de ampliação de socorro aos municípios em 2021. “Se do lado municipal acumularam-se gorduras ao longo de 2020, no nível federal houve um insustentável aumento do déficit e da dívida pública, que já ameaça a estabilidade macroeconômica”, avalia. Em anos eleitorais, os municípios tendem a gastar mais. Prefeitos deixam para perto da eleição a realização de obras para impulsionar sua reeleição ou a eleição de um correligionário. Com a pandemia, no entanto, o ano de 2020 foi diferente. Segundo Mendes, o bom desempenho das finanças municipais também é explicado pela rápida recuperação econômica e seu impacto na arrecadação municipal e do ICMS, imposto estadual, mas que tem um quarto de suas receitas transferidas aos municípios. A queda na transferência de Fundo de Participação dos Municípios (FPM) foi de R$ 3,9 bilhões e do ICMS de R$ 1,6 bilhão. A perda total de receita – de R$ 5,5 bilhões – contrasta com a ajuda financeira do governo federal de R$ 43,1 bilhões. A ajuda desembolsada até agosto foi quase oito vezes maior que a efetiva perda de receita no mesmo período. Além disso, houve diversas medidas de suspensão e postergação de pagamento de dívidas, que aliviaram o fluxo de caixa das prefeituras. Apenas 8% dos municípios tiveram queda nominal de receita na comparação de 2020 com 2019. Sem contar as despesas feitas com a pandemia, o fluxo de caixa das prefeituras foi positivo em R$ 45 bilhões até agosto. “Há risco de alguns prefeitos assumirem e olharem o caixa cheio e entenderam de realizar suas promessas de campanha já de imediato”, diz Mendes. O pesquisador alerta que há fatores de incerteza muito grande para 2021 e não se sabe o que acontecerá com a arrecadação. Por isso, essa melhora pode ser transitória. Aos novos prefeitos, Mendes recomenda que não se esqueçam dos compromissos com a Previdência, e que usem a sobra de caixa para enfrentar as incertezas da arrecadação de 2021. Ele lembra também que os salários dos professores vão aumentar com a reformulação do Fundeb, com impacto também nas aposentadorias que são atreladas aos salários dos servidores da ativa. Movimento semelhante também está ocorrendo no caixa dos Estados, diz o pesquisador. Três perguntas para Marcos Mendes, pesquisador do Insper:Os prefeitos não podem aproveitar o fim de ano para gastar mais? Prefeitos reeleitos não terão incentivos para queimar o caixa, pois precisarão dele no ano que vem, e a taxa de reeleição foi alta. Além disso, estamos muito perto do final do ano. Não daria para os que não foram reeleitos fazerem estrago muito grande, a não ser em casos de municípios que têm muitos restos a pagar (despesas transferidas de um ano para o outro), que são mais fáceis de quitar, não precisando passar por toda a burocracia de empenhar, liquidar, etc (etapas para o pagamento de uma despesa pública). Mas acho que, nesse ponto, a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) ainda funciona, e prefeitos têm medo de serem acionados. Ainda que saibam que não vão ser presos, preferem deixar a situação mais arrumada. Poderá haver uma “tentação” para gastar num cenário em que a retomada não está consolidada? Exatamente. Mesmo que a economia retome e que as prefeituras voltem a ter um fluxo de receitas bastante razoável, é preciso pensar em dois fatores. O fator de longo prazo é o passivo previdenciário. Se ficar dando reajuste para o pessoal da ativa e descuidando da política de remuneração, acaba aumentando a despesa com inativos porque em muitos casos têm a vinculação do ativo com o inativo. A outra questão é que muitos municípios por conta do novo Fundeb vão enfrentar um custo elevado de pagamento de aposentados. Ele aumentou o volume de recursos direcionados para educação básica. Existe uma lei chamada piso remuneratório do magistério que os salários dos professores vão ser reajustados na mesma taxa de variação das verbas para a educação básica. Como o novo Fundeb aumentou muito as verbas para a educação, a previsão de aumento salarial dos professores para 2022 é de30%.

Análise: Os desafios à estratégia bolsonarista (Rafael Cortez)

As especulações em torno dos efeitos das eleições para 2022 já ocorriam antes do fechamento das urnas. Analistas se debruçam na interpretação do humor do eleitorado, buscando identificar partidos vencedores e a força dos padrinhos políticos, que aparecem como potenciais concorrentes à Presidência. A ausência de régua única para medir o desempenho da política resulta em interpretações generalistas que pouco contribuem para o entendimento da motivação do voto do eleitorado, diante de uma variação importante nas dinâmicas políticas locais. Tomemos a afirmação de que partidos moderados foram os maiores vencedores das eleições. Esse adjetivo moderado engloba candidaturas e projetos políticos bastante distintos. De Kalil a Bruno Covas ou Edmilson Rodrigues, os tipos eleitos possuem trajetórias políticas bastante particulares e 2016 disse muito pouco sobre 2018. Há, contudo, uma lição importante das disputas locais: política importa. A construção de alianças e o uso dos recursos de poder aumenta a chance de vitória de um candidato. A questão passa a ser o tamanho dessa importância. Nesse sentido, a influência da competição local nas eleições de 2022 está condicionada ao desempenho do governo Bolsonaro (e das administrações estaduais). Governos bem avaliados se reelegem, independentemente de sua coloração ideológica ou partidária. Governos rejeitados têm dificuldade de mobilizar o eleitor mesmo com ampla aliança de partidos. Sob o prisma da eleição presidencial, os dados sugerem que não haverá no eleitorado um “sentimento natural” diante do desempenho da administração federal. Em 2018, o desejo era de mudança. Assim, a relevância da disputa fica condicionada ao desempenho do governo. Nesse sentido, as perspectivas de divisão no interior da centro-direita sugerem um quadro desafiador. É pouco provável que legendas que antecipam rivalidade encontrem cooperação. O destino do presidente se encontra nas mãos da política tradicional, justamente aquela que ele prometeu que combateria. *DOUTOR EM CIÊNCIA POLÍTICA (USP) E SÓCIO DA TENDÊNCIAS CONSULTORIA O ESTADO DE S. PAULO

PSDB segue líder; DEM cresce e PT estaciona

Prefeitos do PSDB devem governar cerca de 17% dos eleitores do País a partir de 2021. O partido se manteve no primeiro lugar nesse ranking, mas perdeu poder desde a eleição anterior, quando sua fatia do eleitorado chegou a 24%. Os tucanos também encolheram no número de prefeitos eleitos, de 805 há quatro anos para 533 agora. Mas mantiveram São Paulo, a prefeitura mais importante do País em população, orçamento e projeção política. Em número de prefeitos vitoriosos, o MDB (antigo PMDB) ficou em primeiro lugar, com 803. Mas o partido segue em declínio, se o atual resultado for comparado com os de disputas anteriores. Em 2008, 2012 e 2016, a legenda ganhou em 1.204, 1.038 e 1.048 cidades, respectivamente. No mesmo período, a cota de eleitores governados de 22%, 16% e 15%. Agora, caiu novamente, para 13%. Apesar do recuo, o MDB conseguiu eleger prefeitos em cinco capitais neste ano: Porto Alegre, Goiânia, Boa Vista, Cuiabá e Teresina. Fatia mantidaO PT, principal rival dos tucanos até recentemente, encolheu no número de prefeitos eleitos, mas conquistou cidades maiores e, com isso, manteve a parcela de eleitores que vai governar: 3%, o mesmo resultado obtido em 2016. Petistas conquistaram quatro das cidades que fazem parte do “clube do segundo turno” – as que têm mais de 200 mil eleitores. Mas, ontem, foram derrotados em Vitória e Recife. Com isso, não governarão nenhuma capital. É a segunda eleição municipal consecutiva em que petistas apresentam fraco desempenho. Em 2012, o partido chegou a ficar em primeiro lugar no ranking de eleitorado governado por prefeituras, com pouco mais de 19%. Na eleição seguinte, a primeira após o impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), a fatia do eleitorado governado por petistas teve uma redução de quase 85%. ConquistasTrês partidos de centro-direita tiveram avanços no tabuleiro político municipal: DEM, PSD e PP. Juntos, eles vão governar quase um terço dos eleitores brasileiros (32%). Em 2016, as prefeituras conquistadas pelos três englobavam apenas 17% do eleitorado. O maior crescimento foi registrado no DEM, partido que já se chamou PFL e que tem em suas raízes a Arena, partido de sustentação do regime militar. Em 2016, o DEM elegeu 277 prefeitos. Agora, saltou para 476. Em porcentagem de eleitores nos municípios governados, o aumento foi de 5,5% para quase 12% No mapa das capitais, o DEM venceu no Rio de Janeiro e em Salvador e ainda reelegeu prefeitos nas capitais Curitiba e Florianópolis. Já PP e PSD ganharam em Belo Horizonte, Campo Grande, João Pessoa e Rio Branco. Finalista do segundo turno em São Paulo, o PSOL elegeu apenas cinco prefeitos neste ano, entre eles o de Belém. No total, o partido vai governar 0,7% dos eleitores brasileiros. O PSL, partido pelo qual o presidente Jair Bolsonaro se elegeu, e que conquistou a segunda maior bancada na Câmara dos Deputados em 2018, teve crescimento modesto nessa eleição. De 30 prefeitos em 2016, passou para 92 agora. Mas sua fatia no eleitorado nacional será de apenas 1,3%. Para o cientista político Cláudio Couto, professor da FGV-SP, o bloco dos ganhadores nesta eleição é formado pelos “partidos de adesão”, que compõem o chamado centrão, e o DEM, que ampliou em cerca de 70% o número de prefeituras. Já a fila dos maiores perdedores é puxada pelo presidente da República. “Bolsonaro não teve partido para disputar a eleição e perdeu a oportunidade de fortalecer uma estrutura que poderia ser útil para 2022”, afirmou. “O centrão ninguém compra, só aluga. Não dá para imaginar que esses partidos darão a vida pelo governo.” Para Couto, a esquerda também sofreu nestas eleições, principalmente o PT. “Ela diminuiu ainda mais do que em 2016, quando já tinha tomado um grande tombo. O PT foi praticamente expulso dos grandes centros, com exceção de algumas cidades. E ainda comprou brigas que podem ser caras no futuro, como contra o PSB, em Recife”. O cientista político da USP José Álvaro Moisés também aponta Bolsonaro como o principal derrotado nestas eleições. Mas faz a ressalva de que um de seus principais adversários – o governador de São Paulo, João Doria – também não saiu tão vitorioso assim com a reeleição de Bruno Covas na capital paulista, pois o prefeito adotou uma postura de distanciamento em relação ao colega de partido ao longo da campanha. Moisés destaca ainda que a esquerda tradicional, representada pelo PT, não conseguiu se recuperar nos municípios. “Para além disso, temos a emergência de uma nova esquerda, mais jovem e vigorosa e com um posicionamento diferente”, afirma ele, citando disputas de PSOL, PSB e PCdoB nas capitais. “O grande desafio é se ela será capaz de dialogar e compor uma frente com o setor moderado para derrotar Bolsonaro em 2022.” O ESTADO DE S. PAULO

Conheça as avós que viraram estrelas nas redes sociais com ajuda dos netos

internet, cyber, network

Em meio a uma infinidade de jovens e adolescentes que dançam, fazem dublagens e dão dicas de maquiagem, Amália Theresa da Silva, de 91 anos, conquistou mais de 4 milhões de “netinhos” nas redes sociais, onde é conhecida como “Vó da Pomba”. Apenas no TikTok são 1,4 milhão de seguidores, com 9 milhões de curtidas. O humor, conta o neto que prefere não se identificar, foi a forma encontrada pela família para lidar com o Alzheimer da matriarca, e alguns desses momentos são registrados e compartilhados com o público. — É um reality da vida da minha avó. Publico vídeos de situações engraçadas, de histórias que ela viveu, de momentos em que ela está se divertindo. As pessoas acabam se identificando, tanto pelo humor como pelo lado emocional, do afeto com os avós — explica o neto, que considera a gravação dos vídeos como uma terapia para Amália, para que ela se mantenha ativa física e mentalmente. Por sofrer de Alzheimer, Amália não faz ideia do seu sucesso nas redes, mas sente o carinho dos fãs quando é reconhecida nas ruas de Campinas, onde vive atualmente. Diferentemente de outros canais, que mantêm um ritmo de produção, o “Vó da Pomba” depende do humor da nonagenária. — Nem sempre ela está a fim — diz o neto. O “Vó da Pomba” serviu de inspiração para o “Vó Rosalina”, da paranaense Rosalina Bortolassi, de 86 anos. O canal foi criado pela neta Taikna Prado, de 23, como um passatempo durante a pandemia. Com a família, ela buscou o isolamento social na chácara da avó, na zona rural de Londrina, e sem muito o que fazer, criou uma conta no TikTok — Eu vi um vídeo engraçado, gravei com a minha vó e publiquei no TikTok, na minha conta, que criei para passar o tempo durante a quarentena. De um dia para o outro, o vídeo viralizou, as pessoas queriam saber quem era aquela senhora — lembra Taikna, sobre o canal criado em abril deste ano, que já reúne quase um milhão de seguidores. — Eu tirei meu nome e minha foto e passei a conta para ela. A produção dos vídeos acabou servindo como distração durante o período de isolamento, com conversas em família para idealizar os roteiros. E a brincadeira foi aprovada por Rosalina. — A gente deu uma parada em novembro, porque minhas aulas na faculdade retornaram e estudo em outra cidade — conta Taikna. — Ela sente falta, fica me pedindo para gravar. Em dezembro eu volto para Londrina e a gente retoma com tudo. Voltado para o público jovem, o TikTok se popularizou em vários países do mundo por oferecer ferramentas de edição fáceis de usar, para a criação de vídeos curtos. Para Rodrigo Barbosa, gerente de Comunidade da companhia, essa talvez seja uma das explicações para o sucesso das vovós na plataforma: — A plataforma oferece uma experiência sem esforço, permitindo que os usuários criem e consumam conteúdo facilmente dentro dele — afirmou. — A comunidade do TikTok é diversa, global, participativa e inclusiva. E isso tudo faz parte dos nossos propósitos. Tem coisa melhor do que, por exemplo, ver neto e avó se divertindo juntos e criando conteúdos originais com seus dispositivos móveis? Os cabelos brancos da atriz Lilian Blanc, de 70 anos, também chamam atenção na rede. E fazem sucesso. O seu canal no TikTok, criado há cerca de um ano, já reúne 1,3 milhão de seguidores e acumula 5,4 milhões de curtidas. — Tudo começou como uma grande brincadeira. Meus netos, que têm 12 e 14 anos, viviam no TikTok e me incentivaram a entrar também — conta Lilian, que viveu a personagem Dona Branca na novela infantil As Aventuras de Poliana (SBT). — Por causa da TV, eu já tinha muitos seguidores no Instagram. Acho que isso ajudou o sucesso no TikTok. Antenada com as novas https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpgs, Lilian tem forte presença nas redes sociais e usa muito a internet, algo pouco comum para pessoas da sua faixa etária. De acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do IBGE, relativos a 2018, 91% dos jovens entre 20 e 24 anos estão conectados à internet, enquanto na população com mais de 60 anos o percentual fica em 38,7%. Além do TikTok e do Instagram, a atriz mantém um canal no YouTube, onde, assumindo o papel de avó, dá dicas de brincadeiras e receitas para fazer com os netos e apresenta relíquias de um passado não muito distante, mas desconhecidas da criançada. Atenta ao público, Lilian produz conteúdos adaptados a cada uma das plataformas. — No TikTok os vídeos são mais descontraídos, de brincadeira mesmo — ensina. — Às vezes a gente publica alguma coisa mais interessante, mas não faz sucesso. O pessoal gosta mesmo é de bobagem, de vídeos engraçados. O GLOBO

Vendas na Black Friday somam R$ 4 bilhões

Em um ano marcado pela pandemia, as vendas online bateram recorde na Black Friday. O faturamento do e-commerce somou R$ 4,02 bilhões, considerando quinta e sexta-feira, 27, um aumento de 25,1% em relação ao mesmo período do ano passado, segundo levantamento feito pela Ebit/Nielsen. Ao todo foram mais de seis milhões de pedidos gerados, crescimento de 15,5%. A percepção foi de que o “esquenta da Black Friday”, vendas feitas antes da data oficial, foi uma estratégia que deu certo. Com as promoções durando mais tempo, as compras acabaram sendo realizadas ao longo de todo o mês de novembro. “A pandemia fez os consumidores terem um comportamento diferente. As compras ficaram diluídas e o comércio eletrônico soube aproveitar o momento e fisgá-los com descontos, oportunidades e atratividades”, comenta a líder de Ebit/Nielsen, Julia Avila. Entre os dias 19 a 27 de novembro, o faturamento foi de R$ 6 bilhões, 30,1% a mais que as vendas de 2019. Nesse intervalo, incluindo o esquenta, foram gerados 10,63 milhões de pedidos, q um aumento de quase 20% na base anual. “O esquenta deste ano ganhou muita relevância. Isso mostra que um esquenta Black Friday mais forte é uma tendência para os próximos anos”, afirma Julia. Apenas na sexta-feira o faturamento ficou em R$ 3,1 bilhões, aumento de 24,8%. O site Reclame Aqui registrou 9.160 reclamações ao longo da Black Friday, um aumento de 4,09%. Segundo o levantamento, 27,01% das reclamações foram sobre propaganda enganosa, seguida de problemas na finalização da compra (10,12%) e divergência de valores (9%). Entre as dez empresas mais reclamadas, as companhias que compõem o chamado Universo Americanas se destacam. O marketplace terceirizado das Lojas Americanas teve o maior número de chamados, com 471, enquanto sua loja online ficou em 4º (289). O ESTADO DE S. PAULO

Centrais sindicais planejam protocolo para enfrentar desigualdade racial

attractive, beautiful, girl

Centrais sindicais discutirão segunda (30) um protocolo para enfrentar a desigualdade racial nas empresas, com parâmetros para a área de segurança. O presidente da União Geral dos Trabalhadores, Ricardo Patah, quer levar o documento ao Carrefour e a outras companhias. A consultoria ICTS Brasil, contratada para rever práticas de segurança em lojas do Carrefour após o assassinato de Beto Freitas, já participou de investigações internas em grandes empresas e ajudou a Odebrecht a criar um canal de denúncias após a deflagração da Lava Jato. A companhia está no mercado há 25 anos e é especializada em controles internos. Também atua na gestão de equipes de segurança, auxiliando na seleção e no treinamento de profissionais. FOLHA DE S. PAULO