Recurso digital torna RH mais ágil e eficiente
O processo de contratar e demitir em tempos de coronavírus ganhou uma velocidade que o RH não imaginava: pilhas de questionários e longas conversas foram substituídas por entrevistas e testes virtuais que tornam a seleção mais precisa e o tempo consumido, muito menor. Essas transformações, esperadas para os próximos anos, foram apressadas pelo distanciamento exigido pela Covid-19. O sucesso da fórmula e o crescimento de plataformas de recursos humanos provam que este é o caminho certo. A ferramenta de vídeo-entrevista utilizada pela plataforma de recrutamento e seleção “vagas.com” cresceu mais de 2.000% de março a setembro deste ano em comparação com o mesmo período do ano anterior. Nesses meses foram conduzidos 316 processos de entrevistas virtuais de emprego contra 16 em 2019. “O coronavírus está puxando muito a inovação no setor de RH, e deve continuar assim depois da pandemia”, diz Marcelo Furtado, CEO e cofundador da Convenia, empresa com soluções voltadas para a digitalização do departamento pessoal. “Vamos fechar o ano com o dobro de clientes sobre o período anterior, apesar de abril ter tido zero vendas. Para 2021, a expectativa é crescer três vezes mais que neste ano”, afirma. Segundo Furtado, a empresa já tem uma carteira com 2 mil clientes, dobrou o time de marketing e está preparada para “explorar um mercado que tem potencial imenso”. Embora a proposta de um RH digital já venha sendo perseguida há oito anos pela Convenia, o salto provocado pela pandeia surpreendeu. “O que a gente imaginava que aconteceria entre três e cinco anos, aconteceu em um mês por causa da pandemia”, diz. Uma das vantagens de gerir um RH com um software é o ganho de tempo que a ferramenta proporciona. “Processos como o de admissão, que demoravam uma semana ou mais, hoje são feitos em um dia. Além disso, evitamos prejuízos, futuras perdas para a empresa como o pagamento de férias duplicadas, multas do eSocial, erros em benefícios e até processos trabalhistas”, afirma. Fernanda Medei, CEO e fundadora da plataforma Medei, diz que a empresa teve um aumento de 15% em novos negócios em razão da pandemia, o que gerou incremento mensal superior a mil processos trabalhistas no período de março e novembro, sobre o ano anterior. “As empresas passaram a tomar cuidado também com o processo de desligamento. A demissão precisa ser feita com cuidado para não gerar passivo para a companhia”, afirma. Para 2021, ela estima alta de 25% a 30% nos negócios, e de 70% nas homologações, “Vamos entrar na área de admissão digital e soluções para pós-desligamentos mais simples, e transparentes, o que ajuda as empresas a fazer o offboarding de maneira correta e de qualquer lugar do país, a partir de https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpg de vídeo”, diz. O balanço que a empresa faz é positivo. Em 2019, a ferramenta gerou uma economia de tempo na gestão de 40 mil horas; reduziu até 95% dps custos nas empresas, incluindo ações trabalhistas evitadas por meio de processos bem conduzidos, e fechou o ano com um faturamento R$ 3,3 milhões. Vanessa Cepellos, professora da FGV EAESP, observa que processos operacionais como recrutamento e seleção, triagem de currículo, quando mediados pela https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpg, se tornam mais ágeis e liberam o RH para que se dedique a novas estratégias de gestão de pessoas. “A https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpg possibilitou, inclusive, que profissionais de outras regiões do país participem de processos seletivos, sem deslocamento”, afirma. VALOR ECONÔMICO
“Todo ajuste que o ME apresenta, o presidente não quer”
O governo de Jair Bolsonaro errou na calibragem do pacote fiscal lançado no primeiro semestre deste ano para conter os efeitos econômicos da pandemia e, por enquanto, não dá sinais de que conseguirá colocar a dívida em uma trajetória sustentável, na avaliação da economista Zeina Latif. Para ela, algumas falhas na condução da economia durante a quarentena são perdoáveis, pois todos estavam “no escuro”, mas o governo não se esforçou para limitar os gastos. “É o governo que tem de segurar as rédeas, porque o Congresso quer gastar. Tem de ter articulação do governo”, diz Zeina. Segundo a economista, agora seria o momento para avançar nas reformas estruturais, mas a falta de disposição de Bolsonaro para adotar medidas impopulares aumenta o desafio. “Tudo que o Ministério da Economia leva, ele (o presidente) diz que não quer. Por isso que muitos analistas falam: ‘vamos parar de nos enganar, porque não vai ter reforma estrutural relevante e a gente vai ser forçado a aumentar a carga tributária’.” Zeina, porém, é contra o aumento de impostos, pois a iniciativa poderia resultar em uma atividade econômica mais fraca. Diante desse cenário que combina dívida crescente e falta de comprometimento do governo com reformas, ela prevê um ambiente macroeconômico instável, o que prejudicará o crescimento, e alguma flexibilização da regra do teto de gastos (lei que limita as despesas federais ao valor do ano anterior, corrigido pela inflação). ● O FMI aponta que a dívida brasileira deve chegar a 100% do PIB neste ano. Que impacto isso terá na economia? Estamos falando de um Brasil que já destoava nesse conceito de outros países emergentes parecidos conosco, como vizinhos da costa do pacífico na América Latina. Se já destoávamos, agora destoamos ainda mais. Além de esse número ser elevado, estamos em uma trajetória de crescimento da dívida. Isso traz preocupação e, por isso, alguns economistas acham que será inevitável o aumento da carga tributária. Eu acho que seria muito importante evitar esse aumento. Se temos esse quadro de dívida elevada e crescente, mas ao mesmo tempo um governo que sinaliza seu compromisso, de forma crível, de manter a responsabilidade fiscal, de fazer reformas, fica mais fácil navegarmos. Porque aí os investidores falam: ‘Está elevada, mas sei que, lá na frente, tudo vai dar certo; o governo está comprometido’. Essa sinalização é essencial. Não se trata apenas do número em si, mas da expectativa de que, lá na frente, vai conseguir consertar. Aí é possível evitar o aumento da carga tributária e uma postura mais defensiva de investidores. Hoje a gente já vê investidores não querendo mais financiar o Brasil, mas é claro que o espaço para piorar é grande. ● Além de subir carga tributária, medida a qual a sra. é contra, que outras iniciativas podem ser adotadas para evitar uma deterioração fiscal maior? O certo é fazer reformas estruturais para conter o crescimento de despesa obrigatória. Os economistas que falam que vai ter de aumentar a carga tributária, no fundo, estão falando o seguinte: ‘o governo não vai fazer reforma’. Como fazer reforma é difícil e chega uma hora em que os credores dão cartão vermelho, aí o governo, sem opção, é obrigado a aumentar a carga tributária. Aumentar a carga tributária é coisa de país preguiçoso. Não fizemos a lição de casa, bateu o desespero, e aí criamos uma CPMF. Todo esforço tem de ser feito para desenhar uma estratégia crível para a contenção de gastos obrigatórios. ● A OCDE e o FMI estão orientando os países a aumentarem os impostos e a progressividade deles para pagar a conta da covid. A excepcionalidade do momento, dada a explosão de gastos que foi necessária por causa da pandemia, não permite um aumento? Considerando a situação do Brasil, que já tem uma carga tributária que destoa e que tem uma estrutura tributária que gera muitas distorções e machuca o crescimento econômico, acho que (aumentar impostos) seria agravar a crise. Quando a gente fala de a dívida pública ter uma trajetória sustentável, tem de olhar o denominador (da relação dívida/PIB). Se tentamos fazer o ajuste via carga tributária e desconsideramos o efeito disso no PIB, acho que será pior. Esse é o grande legado do Alesina (Alberto Alesina, economista italiano morto neste ano, conhecido como ‘o pai da austeridade’): se for para fazer ajuste fiscal, tente fazer pelo lado da despesa estrutural. Do lado da arrecadação, vai ser menos eficiente. Se se falasse assim no Brasil: ‘Estamos fazendo uma reforma tributária que vai ter uma tremenda simplificação, eventualmente um aumento da carga, mas já em uma base menos distorcida’, aí poderíamos começar a conversa. Agora, nessa estrutura tributária que temos, é tiro no pé. Algumas pessoas falam que tem de aumentar a carga tributária porque ela historicamente está baixa em relação ao passado recente, mas aí seria via eliminação de renúncias tributárias – o que não é uma agenda fácil. ● Quando a sra. fala de reformas que poderiam resolver o problema fiscal, o que é prioridade? Do lado de contenção de despesas, não tem bala de prata. Não é que vai fazer uma reforma, do tipo da reforma da Previdência, e vai resolver. Vai ter de trabalhar em várias frentes. E a gente se preocupa porque tem recomendações básicas de política econômica que todo mundo sabe que precisam ser feitas, mas há pouca disposição do presidente Jair Bolsonaro. Tudo que o Ministério da Economia leva, ele diz que não quer. Para a reforma administrativa, ele diz que não pode mexer com os atuais servidores. Rever as políticas sociais, reempacotá-las, ele também não quer. Refazer a PEC Emergencial para reduzir a folha em situações de emergência, não quer. Por isso que muitos analistas falam: ‘vamos parar de nos enganar, porque não vai ter reforma estrutural relevante e a gente vai ser forçado a aumentar a carga tributária’. Não dá para descartar esse cenário. ● Se houvesse uma vontade real de fazer as reformas, quanto tempo teríamos para aprová-las? Ou dar uma sinalização de que elas vão
Arrecadação surpreende e tem melhor outubro desde 2016
O volume de tributos federais pagos pelas empresas por meio de compensação atingiu a marca de R$ 23,289 bilhões em outubro, recorde nos registros da Receita Federal. Ainda assim, a arrecadação federal no mês surpreendeu. Chegou a R$ 153,938 bilhões, 13,4% acima do esperado por agentes de mercados ouvidos na pesquisa Prisma Fiscal e o maior valor para o mês desde 2016. Foi o terceiro mês seguido em que as receitas ficaram acima de igual período de 2019. Em outubro, o crescimento real chegou a 9,56%. Na avaliação da Receita Federal e da Secretaria de Política Econômica (SPE), isso reflete a recuperação da economia. A receita total acumulada no ano, R$ 1,180 trilhão, porém, ainda está 9,45% menor, em termos reais, do que entre janeiro e outubro de 2019. Esse é o patamar mais baixo para o período desde 2010. Questionado se seria possível recuperar toda a perda até o fim do ano, o coordenador-geral de Modelos e Projeções Econômicas da SPE, Sérgio Gadelha, disse que é esperada uma forte expansão do Produto Interno Bruto (PIB) no quarto trimestre. “Isso impactará no desempenho da arrecadação”, disse. As receitas administradas diretamente pela Receita Federal, que não consideram recursos como royalties de petróleo, somaram R$ 146,081 bilhões, 12,31% acima, em termos reais, que o de outubro de 2019. Descontado o pagamento de R$ 16,252 bilhões em tributos cujo pagamento havia sido adiado em maio, o resultado teria sido menor que o do ano passado. A receita administrada de outubro teria sido de R$ 155,469 bilhões, e a do ano, de R$ 1,340 trilhão, caso não houvesse fatores atípicos como o diferimento de tributos e o elevado volume de compensações, segundo a Receita. As compensações tributárias estão este ano 56,77% maiores do que as de janeiro a outubro de 2019. Um dos fatores para isso foi a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de retirar o ICMS da base de cálculo do PIS/Cofins. Os dados mostram um contraste entre os valores acumulados do ano, ainda impactados pelas medidas de isolamento social, e os valores no mês, apontando para uma recuperação da economia. São os casos, por exemplo, do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL). Em outubro, o crescimento real na comparação com o mesmo mês de 2019 é de 17,97%. O avanço é espalhado pelos setores da economia, comentou o coordenador de Previsão e Análise da Tributação, Marcelo Gomide. No ano, porém, os recolhimentos estão 2,97% abaixo do registrado em 2019. O resultado é influenciado também pelo fato de terem ocorrido, no ano passado, operações de rearranjos societários que impulsionaram a arrecadação desses tributos. Isso não se repetiu neste ano. O mesmo pode ser visto nas receitas previdenciárias: crescimento de 15,01% em outubro e queda de 9,96% no ano. No PIS/Cofins, o aumento é de 19,97% no mês, mas queda de 16,39% no ano. O governo está confiante que o processo de recuperação continuará em 2020. Na indústria, por exemplo, a expectativa é que a atividade continue em alta, uma vez que a demanda por bens cresceu e os estoques se encontram em níveis baixos. A utilização da capacidade se encontra acima dos 80%. VALOR ECONÔMICO
A transição (Monica De Bolle)
No fim, as profecias mais pessimistas sobre “o fim da democracia americana”, entoadas com ar de gravidade por diversos analistas nos EUA e no Brasil, não se confirmaram. E era mais do que esperado que não se confirmasse. Como escrevi tanto neste espaço quanto em coluna para a revista Época, Donald J. Trump gosta de quebrar porcelana, mas, quando se trata das instituições deste país onde vivo há muitos anos, entre idas e vindas, tudo funciona conforme se espera. O Judiciário descartou praticamente todas as tentativas de Trump de subverter as eleições, muitas das quais risíveis. Cenas absurdas marcaram as semanas que transcorreram desde 3 novembro, e a elas voltarei em um instante. Além do Judiciário, as legislaturas estaduais, os responsáveis pela certificação das eleições, entre outros, não se deixaram abalar pelas investidas do ainda presidente, que já havia desistido de governar para se entregar a tentativas esdrúxulas de invalidar as eleições e a rodadas de golfe nos fins de semana. Prevaleceu o que prevaleceria: a vitória do presidente eleito, o democrata Joe Biden. Para falar sobre a transição de Biden, é preciso discorrer sobre os absurdos que testemunhamos desde a coletiva no estacionamento da hoje famosa Four Seasons Total Landscaping. Para quem não se lembra do episódio, ele aconteceu no dia em que Biden foi declarado vencedor pelos principais veículos de notícias. Nesse dia, Rudy Giuliani, advogado de Trump, convocou a imprensa para falar sobre a estratégia jurídica da campanha. Desafortunadamente para ele – para muitos foi uma delícia –, alguém da equipe apontou e acertou no Four Seasons errado. Por força do erro, a entrevista se deu não no sofisticado hotel, mas em um dilapidado estacionamento que fica entre o crematório e a “Ilha da Fantasia”, nome do sex shop ao lado. A Four Seasons Total Landscaping desde então faz sucesso com a venda de camisetas e máscaras protetoras com dizeres variados. O segundo episódio dentre aqueles absurdos se deu na semana passada, quando um Giuliani de aparência desarranjada suava em frente às câmeras, a tinta do cabelo escorrendo pelas bochechas. A imagem foi menos lúdica do que a do famoso estacionamento, mas, no conjunto, os dois episódios ilustram bem por que o ar grave no trato do resultado das eleições e as sentenças de morte da democracia eram descabidos. O que havia era não um ato ominoso, mas uma chanchada, algo burlesco. Na segunda-feira, a agência responsável liberou os recursos federais e deu permissão para que a transição se inicie. Mas Biden não está perdendo tempo. Antes mesmo de ser “oficializada” a troca de comando, já tinha se reunido com aqueles que pretendia indicar para os cargos mais importantes. Em pouco mais de um par de dias, anunciou quem seriam os principais assessores da Casa Branca, quem ocuparia a chefia do Departamento de Estado, do Tesouro, da Segurança Nacional, entre outros. Para o Departamento de Estado, escolheu Antony Blinken, diplomata de carreira, tarimbado e experiente tanto em assuntos externos quanto em temas de segurança nacional. O presidente eleito sinaliza, assim, que seu governo retomará as rédeas do multilateralismo achincalhado por Trump e por adeptos da tese do globalismo malvado mundo afora. Tal grupo inclui vários membros de alto escalão do governo Bolsonaro, gurus de seus filhos, além de seus filhos. Para o Tesouro, Biden chamou Janet Yellen. Yellen foi a primeira mulher a presidir o Fed, durante o governo Obama. Agora ela será a primeira mulher a chefiar o Tesouro. Tive o prazer de conhecê-la e estar com ela em várias ocasiões aqui em Washington, tanto em palestras no Peterson Institute for International Economics, onde trabalho, quanto em ocasiões mais prosaicas. Yellen era frequentadora assídua de uma cafeteria onde eu costumava almoçar antes da pandemia. Sempre em companhia ilustre, a economista nunca deixou de me cumprimentar. Yellen reúne qualidades únicas: é uma acadêmica de peso, além de uma grande gestora de política econômica. Sua visão sobre os males que afligem os EUA passa por um entendimento sofisticado e abrangente das mazelas estruturais responsáveis pela desigualdade no país. É de alguém como ela que precisamos na futura liderança do Ministério da Economia. A transição de Biden, ainda que a pandemia esteja se agravando por aqui, tem deixado claro algo que precisa ser internalizado também no Brasil. Os surtos de anomalia aguda, os gravíssimos acidentes históricos representados pela ascensão de Trump e de Bolsonaro, são parte da história. Vêm e vão. O Brasil não está destinado a perecer nas mãos da incompetência, assim como não o estavam os EUA. Tudo muda. Tudo está sempre em transição. *ECONOMISTA, PESQUISADORA DO PETERSON INSTITUTE FOR INTERNATIONAL ECONOMICS E PROFESSORA DA SAIS/JOHNS HOPKINS UNIVERSITY O ESTADO DE S. PAULO
Um ministro sem rumo (Editorial)
O ministro da Economia, Paulo Guedes, tem uma vaga ideia de onde está, ignora para onde vai e desconhece, portanto, como chegar lá. Na escuridão, será cobrado ao mesmo tempo para arrumar as contas públicas, ampliar o âmbito da recuperação econômica, aumentar os investimentos e, acima de tudo, cuidar da reeleição do presidente da República. Será complicado combinar os dois primeiros itens, mas pelo menos esse desafio fará sentido. A resposta será possível com um plano bem cuidado, crível e apresentado de forma competente ao mercado. Mas planejamento é algo estranho ao ministro e credibilidade é uma palavra muito longa para seu chefe. Atender a todas as cobranças será impossível. A mera tentativa será desastrosa, como tem sido até agora. Nos próximos dois anos, prometeu o ministro, o governo vai jogar no ataque, depois de ter jogado na defesa na primeira metade do mandato. Haverá, segundo ele, reformas, privatizações, prosperidade e abertura comercial. As privatizações deveriam ter rendido R$ 1 trilhão em pouco tempo, segundo sua promessa anterior. Mas nada foi vendido, até agora, nem ele explicou por que a história será diferente a partir de agora, com o mesmo presidente e com tanta gente, no governo e em torno dele, interessada em usar as estatais para seus propósitos. Sem surpresa, o ministro continua reciclando as promessas, jogando-as para a frente e nunca explicando como vai cumpri-las. Com a mesma firmeza, sempre sujeita a uma reconsideração, ele negou a manutenção do auxílio emergencial em 2021 – exceto se houver uma segunda onda de covid-19. Mas a pandemia, segundo ele, está amainando no Brasil. Não há bom motivo, portanto, para preocupação diante das notícias de recrudescimento. “Parece que está havendo repiques. São ciclos, vamos observar. Fato é que a doença cedeu substancialmente. As pessoas saíram mais, se descuidaram um pouco. Mas tem características sazonais da doença, estamos entrando no verão, vamos observar um pouco.” Ciclos, características sazonais, chegada do verão – tudo isso compõe um aranzel desconexo e distante dos fatos. A mudança da curva de contágio, o aumento de casos e a ocupação crescente de leitos de hospitais vêm sendo mostrados pelas estatísticas. A taxa de transmissão da covid passou de 1,10 em 16 de novembro para 1,30 no balanço divulgado na terça-feira passada. Os números foram coletados e organizados pelo centro de controle de epidemias do Imperial College, de Londres. É a maior taxa desde a semana de 24 de maio, quando foi alcançado o nível de contaminação de 1,31. Nesse patamar, 100 pessoas passavam o vírus a 131. Pela última informação, o contágio é de 100 para 130. Não se pode, portanto, falar de epidemia controlada em nível nacional. Com a fala sobre a pandemia e sobre a expectativa de atuação econômica, o ministro se mostrou, portanto, amplamente distante dos fatos, tanto quanto esteve, quase sempre, desde o ano passado. Em quase dois anos, só uma reforma, a da Previdência, foi aprovada, graças ao trabalho de parlamentares. Além disso, a discussão já havia avançado no governo do presidente Michel Temer. Outros projetos importantes para a economia, como a chamada PEC Emergencial, continuam travados. Na mesma condição está a reforma administrativa, pouco mais ambiciosa que uma revisão de critérios do RH. Na área tributária o ministro, além de apresentar uma proposta modesta de fusão de duas contribuições, nada fez além de defender, até agora sem sucesso, a recriação da malfadada CPMF. O ministro falou ainda sobre abertura comercial, mas sem explicar como se conseguirá, por exemplo, vencer a resistência, muito forte em alguns países da Europa, à confirmação do acordo entre União Europeia e Mercosul. Essa resistência tem sido alimentada pela política antiecológica do governo brasileiro, jamais criticada por Paulo Guedes. Enfim, para jogar no ataque, o governo precisaria, em primeiro lugar, de um roteiro para 2021. Mas nem o Orçamento do próximo ano está definido. Ficará também para mais tarde, talvez para 2022? O ESTADO DE S. PAULO
Apenas 4,7% dos filhos de pais sem instrução terminam o ensino superior no Brasil
O grau de escolaridade dos pais diz muito sobre as chances de ascensão social de um cidadão no Brasil. Em um grupo de 100 pessoas com familiares sem nenhuma instrução, 70 chegam no máximo ao fim do ensino fundamental e só entre 4 e 5 (ou 4,7%) concluem o ensino superior. Já se os pais terminaram a faculdade, o mais provável é que os filhos também sigam esse caminho. Esses dados são de estudo do economista Paulo Tafner, fundador e diretor-presidente do recém-criado Instituto de Mobilidade e Desenvolvimento Social (IMDS). Para ele, a falta de mobilidade social no Brasil é um fator de perpetuação da pobreza, mesmo após anos de crescimento econômico e de programas de transferência de renda. Basicamente, trata-se da dificuldade que um filho de família pobre tem para ascender na pirâmide e ter melhores salários. As barreiras são principalmente educacionais, mas também estão na saúde e na assistência social, e são agravadas quando se trata da população negra. No ano passado, um em cada quatro brasileiros viviam com menos de US$ 5 por dia, o que caracteriza a condição de pobreza. Neste ano, com o auxílio emergencial, a fotografia mudou, mas não o filme. O IMDS sintetiza o problema dizendo que “os pobres de hoje são filhos dos pobres de ontem”. O instituto quer apresentar dados e auxiliar na formulação de políticas públicas para combater a falta de mobilidade social, inclusive trazendo experiências bem-sucedidas no Brasil e no exterior. “Hoje em dia, um filho de classe média disputa uma corrida com seus pares. E o filho de famílias pobres não disputa a mesma corrida, mas, sim, uma diferente, com muito mais obstáculos do que um filho de classe média e muito mais ainda que um filho de rico”, afirma Tafner, que teve participação ativa nos debates da reforma da Previdência aprovada no ano passado. Segundo ele, as políticas públicas hoje são voltadas para aliviar a condição de pobreza no curto prazo, mas não há um investimento efetivo na qualidade do capital humano de crianças e jovens para que eles possam, no futuro, conquistar suas próprias oportunidades. “Isso independe do dinheiro que você está transferindo para ele. Tem de ter o dinheiro para combater a pobreza, mas tem de ter um conjunto de programas sociais que façam com que essas crianças e jovens adquiram capital humano para disputar a mesma corrida”, afirma o economista. Dados da OCDE compilados pela entidade mostram que, no Brasil, são necessárias em média nove gerações para que alguém nascido em família de baixa renda alcance o rendimento médio da sociedade. É o dobro dos países da OCDE, onde é preciso aguardar quatro gerações e meia. Para Tafner, o maior problema está na efetividade do gasto. Por isso, o instituto pretende firmar parcerias com prefeituras, que têm o contato na ponta com a população, para dar apoio técnico na formulação de políticas que ajudem a melhorar os gastos com educação e saúde. No futuro, pode-se atuar propondo mudanças legais para lançar bases nacionais de uma política bem-sucedida. O IMDS tem hoje quatro integrantes, incluindo Tafner, e pretende lançar bolsas para incentivar pesquisas sobre o tema em cursos de mestrado e doutorado. O ESTADO DE S. PAULO
Com Black Friday no radar, varejo sobe preço em todos duráveis em novembro
A Embaixada da China em Brasília reagiu nesta terça-feira, dia 24, à acusação do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente Jair Bolsonaro, de que praticaria espionagem por meio de sua rede de https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpg 5G. Pequim acionou o Itamaraty para reclamar de uma publicação de Eduardo nas redes sociais, posteriormente apagada por ele. Como já é tradicional no varejo brasileiro, um pouco antes da Black Friday lojas reais e virtuais aumentam os preços – o que levou a data a ganhar o apelido de Black Fraude, já há alguns anos. Pesquisa do Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo (Ibevar) indicou que houve reajuste de preços para todas as classes de produtos pesquisados na primeira quinzena de novembro, sendo 50% aumentos fortes e 40% médios. Desejo. Entre as maiores altas do início do mês estão home theaters (70%), freezers (63,5%), micro-ondas e ventiladores (46% cada). Até mesmo produtos cujos preços diminuíram em meses anteriores, como tablets, smartphones e televisores, foram remarcados para cima (18%, 11% e 8,5% de alta, respectivamente) há poucos dias. O Ibevar colheu preços de 6.500 produtos, em 30 categorias de bens duráveis, de julho a novembro. O ESTADO DE S. PAULO
China reage a Eduardo Bolsonaro e diz que Brasil poderá ‘arcar com consequências’
Para a diplomacia chinesa, o parlamentar “solapou” a relação amistosa entre os países com declarações “infames”, e o Brasil poderá “arcar com consequências negativas”. Esse é o segundo atrito diplomático com a China criado pelo deputado, que é presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara, por causa de militância virtual. Na mensagem, Eduardo Bolsonaro fez menção à adesão simbólica do Brasil à Clean Network (Rede Limpa), iniciativa diplomática do governo Donald Trump para tentar frear o avanço de empresas chinesas no mercado global de 5G. O filho 03 de Bolsonaro, como é chamado pelo pai, celebrou o fato como um sinal de que o Brasil “se afasta da https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpg da China”. “O governo Jair Bolsonaro declarou apoio à aliança Clean Network, lançada pelo governo Trump, criando uma aliança global para um 5G seguro, sem espionagem da China”, escreveu o parlamentar, nesta segunda-feira, dia 23. Ele também listou o Partido Comunista Chinês como “entidade agressiva e inimiga da liberdade”. “Na contracorrente da opinião pública brasileira, o deputado Eduardo Bolsonaro e algumas personalidades têm produzido uma série de declarações infames que, além de desrespeitarem os fatos da cooperação sino-brasileira e do mútuo benefício que ela propicia, solapam a atmosfera amistosa entre os dois países e prejudicam a imagem do Brasil”, escreveu a embaixada, em nota. “Acreditamos que a sociedade brasileira, em geral, não endossa nem aceita esse tipo de postura. Instamos essas personalidades a deixar de seguir a retórica da extrema direita norte-americana, cessar as desinformações e calúnias sobre a China e a amizade sino-brasileira, e evitar ir longe demais no caminho equivocado, tendo em vista os interesses de ambos os povos e a tendência geral da parceria bilateral. Caso contrário, vão arcar com as consequências negativas e carregar a responsabilidade histórica de perturbar a normalidade da parceria China-Brasil.” O programa de Washington tenta convencer governos estrangeiros – por meio de pressão política e até com oferta de financiamento – a somente permitir em suas redes 5G equipamentos de fornecedores não-chineses, que eles consideram “confiáveis”. O governo norte-americano acusa as empresas de origem chinesa, como Huawei e ZTE, de serem obrigadas a permitir acesso do governo comunista a suas redes, o que supostamente abriria uma brecha para vigilância. Os Estados Unidos trabalham para que Bolsonaro decrete o banimento da Huawei como fornecedora após o leilão do 5G previsto para 2021, o que ainda não foi decidido pelo Palácio do Planalto. Segundo Pequim, a iniciativa do governo Donald Trump “discrimina a https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpg 5G da China”. A empresa Huawei é uma das principais fornecedoras de estrutura de telecomunicações no Brasil, usada pelas maiores operadoras de telefonia, tendo por isso vantagens no entendimento de executivos do setor. “O governo chinês incentiva empresas chinesas a operar com base em ciência, fatos e leis enquanto se opõe a qualquer tipo de especulação e difamação injustificada contra empresas chinesas. Os EUA têm um histórico indecente em matéria de segurança de dados. Certos políticos norte-americanos interferem na construção da rede 5G em outros países e fabricam mentiras sobre uma suposta espionagem cibernética chinesa, além de bloquear a Huawei visando alcançar uma hegemonia digital exclusiva. Comportamentos como esses constituem uma verdadeira ameaça à segurança global de dados”, reagiu a China. A diplomacia reativa orientada pelo presidente chinês Xi Jinping afirmou que as declarações de Eduardo Bolsonaro são “infundadas” e “prestam-se a seguir os ditames dos EUA no uso abusivo do conceito de segurança nacional para caluniar a China e cercear as atividades de empresas chinesas”. “Isso é totalmente inaceitável para o lado chinês e manifestamos forte insatisfação e veemente repúdio a esse comportamento. A parte chinesa já fez gestão formal ao lado brasileiro pelos canais diplomáticos”, informou o porta-voz da embaixada. Parceiro brasileiroÉ a segunda vez que a diplomacia chinesa reage a publicações de Eduardo Bolsonaro. Ele chegou a culpar o governo do país e o Partido Comunista Chinês pela pandemia da covid-19. Na ocasião, o embaixador Yang Wanming reagiu na rede social e disse que o deputado estava infectado por um “vírus mental”. Na ocasião, o chanceler Ernesto Araújo, porém, repreendeu a atitude do embaixador. A embaixada chinesa citou dados da relação bilateral entre os países, como a condição de maior parceiro comercial de Brasília há 11 anos, e o fornecimento de materiais e compartilhamento de experiências durante a pandemia da covid-19. Entre janeiro e outubro, afirmou Pequim, as exportações brasileiras foram de US$ 58,4 bilhões, ou 33,5% do total de exportado pelo Brasil. “As cooperações na telecomunicação e em outros setores foram construídas sobre bases sólidas e alcançaram avanços a passos largos. A China é um amigo e um parceiro do Brasil e que a cooperação bilateral impulsiona o progresso de ambos os países e traz benefícios para os dois povos”, afirmou a embaixada. O deputado Fausto Pinato (PP-SP), presidente da Frente Parlamentar Brasil-China, disse que Eduardo é “irresponsável” e cobrou providências no Legislativo e no Judiciário. Crítico da ideologia na política externa bolsonarista, ele preside a Comissão de Agricultura na Câmara e vê riscos a produtores brasileiros que têm a China como principal mercado. “Até quando vamos dar asas a esse irresponsável? O pior é que o pai nada faz. Estão colocando em risco o País com essa ideologia insana. 5G e vacina chinesa. Os Bolsonaros vão perder ambas batalhas, pois perderam o instrutor de loucos chamado Trump, e a cada dia os Bolsonaros perdem credibilidade e apoio, tanto no Brasil, como no mundo”, reclamou Pinato. “Acho que chegou a hora de a Câmara dos Deputados e o STF tomarem providências urgentes. Não é crível que um deputado federal irresponsável e sem noção possa colocar em risco a já combalida economia do Brasil e ninguém faz nada para cessar as calúnias postadas contra nossa maior parceira comercial, a China.” O ESTADO DE S. PAULO
Recomendação do FMI joga pressão sobre governo
A recomendação do Fundo Monetário Internacional (FMI) para os países evitarem a retirada prematura dos estímulos fiscais concedidos para combater os efeitos da pandemia do novo coronavírus aumentou a pressão sobre o governo brasileiro com a proximidade do fim do auxílio emergencial e do estado de calamidade, previsto para o fim do ano. Na reunião de cúpula virtual do G-20, a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional, Kristalina Georgieva, no final de semana, defendeu que autoridades globais evitem retirar iniciativas de alívio fiscal de forma prematura. Segundo ela, agora é hora de se preparar para um impulso sincronizado de investimento em infraestrutura verde e digital para revigorar o crescimento, limitar cicatrizes e atender às metas climáticas. Em recente entrevista ao jornal Financial Times, a economista-chefe do FMI, Gita Gopinath, afirmou que é consenso que o estímulo fiscal foi retirado muito rapidamente logo após a crise financeira internacional, em 2008, um erro que se deve evitar agora na pandemia da covid-19. A economista do fundo destacou que há boas formas de investimento público que podem criar empregos, aumentar a atividade econômica e, ao mesmo tempo, ser fiscalmente prudentes para ajudar a reduzir a dívida. Uma medida que na avaliação é essencial quando há um alto nível de incertezas. A recomendação do FMI causou preocupação na equipe econômica brasileira que tem defendido a consolidação fiscal e apontado para os representantes do organismo multilateral que a situação do Brasil é diferente. “O FMI não se atentou para situação específica do Brasil, onde o conjunto de instrumentos utilizados para combater os efeitos econômicos da pandemia foi mais elevado e resultou em gastos maiores do que em outros países”, disse ao Estadão o secretário de Política Econômica, Adolfo Sachsida. Segundo ele, dadas as suas características específicas, o Brasil está num momento onde é mais importante para a população mais pobre defender a consolidação fiscal do que a expansão do gasto público. “O Brasil encontra-se hoje numa situação em que, se gastarmos muito, a inflação sobe, os juros aumentam, o desemprego aumenta, o investimento e o PIB caem”, ressalta. Para ele, defender a consolidação fiscal não é questão de ideologia, mas política que protegem, em especial, a população mais pobre. Com a elevação dos números de casos da doença e o risco de uma segunda onda no Brasil, aumentou a pressão para a extensão do auxílio em 2021, mesmo que em valor e quantidade menor. Como revelou o Estadão, o assunto está em discussão no governo, embora o ministro da Economia, Paulo Guedes, venha afirmando que não trabalha no momento com essa possibilidade. O governo não descarta a prorrogação no caso de uma segunda onda. O professor de economia da Universidade Federal de Minas Gerais, João Prates Romero, avalia como acertada a recomendação do FMI também para o Brasil. “Não é defender que não tenha atenção com o déficit (rombo nas contas públicas), mas existem formas de voltar ao debate do desenho da regra do teto de gastos (regra que proíbe que as despesas cresçam em ritmo superior à inflação) para fazer investimentos”, diz ele. Romero defende que seja criado um subteto para os investimentos ficarem fora fora da regra, aprovada em 2017. Ele alerta que quando o auxílio acabar, a situação ficará crítica porque o quadro para 2021 é ainda muito difícil com empresas muito debilitadas e metade da população com idade para trabalhar desocupada. Ele defende a prorrogação das medidas, incluindo o auxílio, e maior flexibilidade das regras fiscais. Para o presidente da Associação Keynesiana Brasileira, Fabio Terra, a posição do FMI é acertada porque não se sabe se haverá uma segunda ou mesmo terceira onda de longa duração. “É sabiamente recessivo. A pior coisa que pode acontecer na economia são choques, como um que decorreria de uma consolidação fiscal brusca – ainda mais após uma crise tal qual a que se vive hoje”, avalia. Segundo ele, a situação fiscal demanda atenção pela necessidade de pensar o equilibro no médio prazo, enquanto que no curto prazo deve ser exercitar a “força do fiscal” na economia e a necessidade de ele puxar a recuperação. “Claro que isso vale para o Brasil tanto quanto para o mundo todo. O Brasil não tem diferença do mundo neste sentido: por que teria?”, questionou. A associação está promovendo esta semana encontro internacional em que, entre outros temas, debate os efeitos da pandemia na economia e as medidas adotadas. O ESTADO DE S. PAULO
Pequenas empresas ainda estão longe da transformação digital
O papel da https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpg nos negócios das pequenas empresas é vital, mas são muitos os gargalos que as impedem de avançar nessa direção, a começar pelar falta de familiaridade de empreendedores com as ferramentas ou soluções que poderiam auxiliá-los em suas tarefas. Pesquisa do Sebrae, por exemplo, identificou que, indagadas sobre como faziam a gestão financeira, 43% das empresas ouvidas responderam “em um caderno ou em folha de papel”. Outros 8% não faziam ou nem souberam responder. Apenas 27% disseram usar planilha Excel. Para Wilson Poit, diretor-superintendente do Sebrae-SP, o maior gargalo para adoção de https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpg ainda é cultural. “Mesmo quando eles reconhecem a necessidade de adotar novas ferramentas, mantêm aquela ideia de que o custo é inviável, de que ele não sabem muito bem quem vai cuidar disso”, diz. Mas há também o fator desconhecimento. Arthur Igreja, especialista em https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpg, segurança digital, inovação e transformação digital, conta que muitos empresários não têm conhecimento sobre como e por que aplicar https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpgs já disponíveis. “É aquela história do ‘sempre fizemos desse jeito’, ou ‘a vida tá corrida’ ou ainda aquela de ‘tudo está muito difícil”, diz ele. Segundo Poit, o preço é outro fator inibidor, embora existam soluções baratas e até gratuitas para esse segmento. “A mão de obra também não é barata, mas, com conhecimento, é possível encontrar alternativas. A verdade é que, para empresas nascidas há um ou dois anos, não é possível imaginar uma gestão eficiente sem um sistema integrado na internet. É um caminho sem volta”, diz o executivo do Sebrae-SP Arthur Igreja reconhece limitações orçamentárias que impedem a adoção de https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpg, mas diz que as empresas precisam sair da zona de conforto. Segundo ele, para uma empresa minimamente organizada, o ponto de partida são os softwares corporativos ERP (Enterprise Resource Planning) e/ou o CRM (Customer Relationship Management). Este último considerado essencial para cuidar da carteira de clientes (atuais e potenciais). Ferramentas de gestão financeira, de vendas, contábil e canais de acesso a crédito mais eficientes também são importantes, de acordo com Bruno Rezende, CEO da 4intelligence, empresa de https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpg que desenvolve soluções baseadas em análise de dados, algoritmos e inteligência artificial. Segundo ele, apesar da baixa maturidade tecnológica de muitas empresas, o ritmo de transformação impressiona. “Isso se deve tanto à necessidade de inovar para não quebrar quanto à oferta cada vez maior de ferramentas de gestão de baixo custo ou até gratuitas.” Para ele, depois da primeira onda de transformação, com ferramentas mais voltadas a controle e gerenciamento, as pequenas empresas estarão aptas a consumir e se beneficiar de ferramentas de inteligência de negócios, voltadas, por exemplo, para previsão de demanda, otimização de preços e inteligência geográfica, entre outros. Segundo Rezende, são essas as fronteiras tecnológicas que grandes corporação estão explorando hoje. “Como a adesão é cada vez mais simples e barata, o gap competitivo entre quem adota e quem não adota vai aumentar demais dentro do próprio mercado de pequenas e médias empresas, até se tornar insustentável para empresas que resistirem à transformação”, diz. Outra pesquisa, sobre o impacto da Covid-19 nos pequenos negócios, realizada no período da pandemia, o Sebrae identificou que a inovação é de vital importância para a sobrevivência do negócio, e isso inclui a adoção de ferramentas de TI e presença digital. “Os donos de pequenos negócios que desenvolveram práticas inovadoras tiveram melhores resultados na recuperação do faturamento”, diz Poit. VALOR ECONÔMICO