Supermercados paulistas têm a primeira deflação em 11 meses, aponta índice

Depois de 11 meses seguidos de alta, os preços dos alimentos e dos produtos de higiene e limpeza vendidos nos supermercados do Estado de São Paulo registraram deflação em fevereiro. No mês passado, essa cesta de itens teve queda de 0,5%, em média, nos preços, segundo o Índice de Preços dos Supermercados (IPS), calculado pela Associação Paulista de Supermercados em parceria com a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Apas/Fipe).

Esse foi o primeiro recuo de preços desde fevereiro de 2020, quando a deflação havia sido bem menor, de -0,1%. Em janeiro deste ano, os preços nos supermercados tinham subido 1%. Foi um ritmo mais lento do que o de dezembro do ano passado (2,2%).

A ausência do auxílio emergencial e das comemorações do carnaval somada ao desemprego elevado são os principais motivos apontados pelos supermercadistas para a deflação.

Os supermercados viram a venda recuar no primeiro bimestre do ano por causa da retração na renda dos mais pobres, que são a maioria da população, e que foram afetados pelo fim do auxílio. A saída encontrada pelos empresários do varejo foi ser mais agressivo nas negociações com fornecedores para tentar segurar o faturamento. E esse movimento também acabou impactando negativamente os preços nos supermercados.

Vilões
Entre os produtos que tiveram queda de preços em fevereiro estão aqueles apontados como os vilões durante a pandemia. A cotação da carne suína, que acumulou alta de 31,56% no varejo durante 2020, caiu 2,49% em fevereiro. Foi o terceiro recuo seguido, após sete meses de alta. Na análise da entidade, a retração ocorreu por causa da diminuição das exportações do produto no mês passado.

Também o preço das aves (-2,29%), do arroz (-3,84%) e do óleo soja (-3,61%) tiveram importantes recuos em fevereiro. No ano inteiro de 2020, a cotação do arroz ao consumidor subiu 77,36% e a do óleo de soja mais que dobrou (115,6%).

Ronaldo dos Santos, presidente da entidade, observa que, no caso do arroz, o abastecimento começou a se normalizar com a redução das exportações e a importação do cereal. “A expectativa é que novas quedas de preço aconteçam nos próximos meses”, prevê.

No entanto, economistas especializados em preços ouvidos pelo Estadão na virada do ano disseram que a inflação de alimentos continuaria pressionada até o final do primeiro trimestre. É que nesse período começa a ser comercializada no mercado a nova safra de grãos, o que pode trazer algum alívio nas cotações em razão da produção recorde.

De toda forma, apesar do recuo de preços, especialmente de alimentos e bebidas, que ficaram 0,68%, mais baratos no mês passado, enquanto itens de higiene tiveram uma retração menor (-0,40%), a inflação elevada continua pesando no varejo. Em 12 meses até fevereiro, os preços nos supermercados acumulam alta 14,91% e neste ano até fevereiro, o aumento é de 0,54%.

O ESTADO DE S. PAULO

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