Sob ingerência do Planalto, Congresso elege cúpula

Marcada pela forte interferência do Palácio do Planalto, a sucessão no comando do Congresso se tornou um embate polarizado entre o bolsonarismo e seus adversários e uma espécie de largada para as articulações que miram 2022. Parlamentares vão escolher nesta segunda-feira, 1º, os novos presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado. Os candidatos que contam com apoio do governo federal chegam ao dia da eleição com ampla vantagem sobre seus concorrentes diretos em votos declarados, conforme os placares do Estadão. O deputado Arthur Lira (PP-AL) supera em mais de 100 votos declarados o adversário Baleia Rossi (MDB-SP) – candidato apoiado pelo atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Entre os senadores, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), que conta com o aval do presidente da Casa, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e do Planalto, já recebeu apoios públicos que, se confirmados, garantiriam sua vitória na disputa.

O presidente Jair Bolsonaro não poupou esforços para impulsionar as campanhas dos candidatos aliados. O governo federal recorreu à prática da liberação de emendas e promessas de cargos para arregimentar apoios para Lira e Pacheco. Dessa forma, reforçou seus laços com o Centrão. O Estadão revelou que, a partir de dezembro, 285 parlamentares puderam indicar o destino de R$ 3 bilhões para seus redutos eleitorais, de acordo com planilha informal que listou verbas do Ministério do Desenvolvimento Regional. Dos 235 deputados que dizem votar em Lira, segundo dados de domingo, 31, do placar, 140 aparecem na planilha do governo indicando recursos extras para obras em seus Estados. No caso dos senadores, dos 41 que declaram votar em Pacheco, 24 foram beneficiados. As eleições, porém, serão realizadas por meio de votações secretas.

O ESTADO DE S. PAULO

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