Economista da fundação vê com cautela continuidade da melhor no indicador
Por Alessandra Saraiva — Do Rio
Influenciado por bons resultados na atividade de serviços, maior empregador da economia, o Indicador Antecedente de Emprego (IAEmp) subiu 1,5 ponto em setembro ante agosto, para 83,8 pontos. Foi a mais forte alta desde abril de 2022 (4,5 pontos) e levou o indicador ao maior patamar desde outubro do ano passado (87,1 pontos), informou ontem a Fundação Getulio Vargas (FGV).
Rodolpho Tobler, economista da fundação responsável pelo indicador, lembrou que serviços passam, no momento, por processo de retomada – após “baque” sofrido pelo setor durante período mais agudo da pandemia, iniciada em 2020.
Questionado sobre continuidade de alta no IAEmp, o técnico da FGV foi cauteloso. A sustentabilidade de abertura maior de vagas, bem como de saldo positivo do indicador, dependerá da trajetória da economia, que ainda conta com muitas incertezas para o futuro, principalmente para 2023, notou ele.
Ao detalhar o comportamento do indicador de setembro, o técnico ponderou que, em seu entendimento, a boa performance do IAEmp reflete o que vem acontecendo no emprego, e na economia, nos últimos meses.
Houve melhora do quadro sanitário relacionado à pandemia, com avanço de vacinação contra covid-19 e, por consequência, redução de ritmo de casos e de mortes pela doença. Isso impulsionou mais consumidores às atividades presenciais, que passaram por fortes restrições durante a pandemia.
Esse aspecto, notou Tobler, beneficiou principalmente a economia de serviços, que conta com maior perfil “presencial”, como bares, hotéis, restaurantes e turismo.
Assim, esse setor tem se recuperado mês a mês, o que impulsionou economia como um todo. Pelo lado da oferta, a atividade de serviços representa mais de 70% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, lembrou o economista da FGV.
Ao mesmo tempo, o quadro de retomada em serviços favorece emprego, visto que o setor emprega muito, reconheceu Tobler.
“No IAEmp, tivemos alta acumulada de 8,8 pontos em seis meses [até setembro]”, comentou, ao exemplificar impacto que serviços, e economia, proporcionaram ao indicador da FGV relacionado ao emprego, nos últimos meses. “A economia tem mostrado resiliência”, disse. “E o setor de serviços tem se mostrando mais forte [em ritmo de atividade] do que o esperado”, completou.
Ao se falar sobre o futuro, as mesmas afirmações não podem ser repetidas, admitiu o especialista. O técnico lembrou que há consenso, entre analistas, de economia em ritmo mais fraco em 2023. Isso porque há sinais de continuidade de ambiente de juros básicos mais elevados, uma forma de combater avanço inflacionário. Isso inibe maior potência de consumo, bem como cadência de atividade econômica, com impacto em diferentes atividades da economia, incluindo serviços, lembrou ele.
Assim, para o técnico, a permanência do emprego em cenário favorável dependerá principalmente da trajetória futura da economia, reiterou ele. “O mercado de trabalho está bom. Mas por mais que esteja bom, ainda tem muito a avançar”, resumiu ele.