Saiba o que levar em conta ao contratar um presidente temporário

Checar as habilidades do executivo e definir sua missão de forma clara podem ajudar no sucesso da contratação
Por Jacilio Saraiva — De São Paulo

Antes de contratar um CEO temporário, as empresas devem definir os principais objetivos dessa movimentação e analisar as possibilidades do candidato de atingir as metas desejadas, dizem especialistas de recursos humanos ouvidos pelo Valor .

O nível de prontidão que o executivo convidado deve ter precisa ser muito maior do que o de um talento ‘permanente’, já que o contrato tem tempo determinado e uma ligação com o crescimento do negócio, orienta Ricardo Haag, sócio da Wide , consultoria de recrutamento e seleção de lideranças. “É preciso deixar claro o que é esperado da colaboração dele e elaborar um plano de trabalho que vai servir de base para um bom desempenho” resume.

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Na hora da escolha do candidato, deve-se checar, de perto, a existência de habilidades como flexibilidade, rápida adaptação, capacidade de gestão e de implementação de projetos. “Entregas realizadas são um diferencial crítico nos currículos”, diz.

Haag diz que nem toda firma precisa de um comando provisório. É mais indicado para operações em fase inicial, que buscam chefias para um arranque de sucesso; que necessitam de um agente de transformação a fim de tocar um projeto estratégico ou por conta da ausência momentânea do CEO permanente. “Uma das vantagens de um dirigente efêmero é contar com a imparcialidade de alguém sem contato com o ‘enredo’ da companhia e que pode oferecer uma visão neutra dos planos adotados.”

Tatiana Iwai, professora de comportamento organizacional e liderança no Insper, diz que um presidente “de passagem” pode permitir às empresas um acesso mais ágil a expertises diferentes daquelas do time fixo de gestão. “Poderá complementar ou suprir as lacunas das diretorias em determinadas agendas”, ensina.

André Freire, sócio-diretor da consultoria especializada em capital humano Exec, ressalta que os conselhos também optam por um CEO interino em períodos de transição de controladores, em casos de “turnarounds” (reestruturações de negócios) e em recuperação judicial, principalmente, quando o contratado tem experiência nesses cenários.

Freire afirma que o executivo talhado para missões transitórias. geralmente, tem um perfil pragmático. “É rápido, sabe fazer as perguntas corretas e tomar decisões difíceis”, diz. “Não se apega ao projeto em curso, sabendo que ele tem começo, meio e fim.”

Karina Rehavia, fundadora e CEO da Ollo , de curadoria de talentos, afirma que os contratantes relatam mudanças positivas após a passagem dos líderes. Como as empresas contam com os executivos somente quando necessário, sem que façam parte do organograma definitivo, dizem que as estruturas ficaram mais ágeis e inovadoras após a adoção do formato, garante.

Alexandre Manisck, 48, que atua como C-level “as a service” desde o ano passado, está conduzindo dois projetos simultâneos de curta duração. “As companhias sempre têm algum problema para resolver ou, muitas vezes, precisam de um olhar profissional ‘de fora'”, explica. “O nosso papel é dar a direção e enxergar os desafios por um novo prisma, com honestidade e empatia.”

https://valor.globo.com/carreira/noticia/2023/02/02/o-que-levar-em-conta-ao-contratar-um-presidente-temporario.ghtml

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