Valor Econômico –
O reajuste mediano conseguido pelos sindicatos de trabalhadores nas negociações salariais coletivas (acordos e convenções) em agosto ficou em 8,5%, 1,4 ponto percentual abaixo da inflação acumulada em 12 meses, de 9,9%, segundo o boletim Salariômetro, da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). O indicador que reajusta os salários é o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC).
Apenas 9,5% das negociações resultaram em aumento real e outros 23,5% conseguiram repor a inflação. No saldo, 67% dos acordos resultaram em salários com perdas reais. Há mais de um ano, a mediana dos reajustes não registra aumento real. A perda real de 1,4 ponto é maior que a registrada em anos de recessão, como 2015 e 2016.
Segundo a Fipe, a inflação acumulada em 12 meses projetada para próximas datas-base, de cerca de 10%, deve continuar a comprimir o espaço para ganhos reais. Entre as categorias que mais perderam estão aquelas essenciais no período de pandemia, como a dos trabalhadores em hospitais e serviços de saúde, que teve perda real de 7,2% nos salários.
Os trabalhadores das empresas de refeições coletivas tiveram perda de 8,4%. No acumulado de todas as negociações da categoria até agosto, a perda é de 0,7%.
Quem menos perdeu foram trabalhadores do comércio, que não tiveram aumento real, mas compensaram a inflação, e da construção civil, com perda abaixo da média, de 0,6%.
Setor muito atingido pela pandemia, bares, restaurantes e similares deram reajuste 2,3% abaixo da inflação do período.