A produção industrial caiu 2,4% em março em comparação com fevereiro, quando já tinha recuado 1%, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira, 5. A queda de março foi puxada principalmente pela queda de 8,4% na produção de veículos automotores, reboques e carrocerias.
Com esse resultado, a indústria está 16,5% abaixo do patamar recorde registrado em maio de 2011. No ano o setor ainda acumula crescimento de 4,4% e, em 12 meses, queda de 3,1%.
Na comparação com março de 2020, a produção industrial cresceu 10,5%, a taxa mais elevada desde junho de 2010 (11,2%). É o sétimo mês de crescimento consecutivo nessa base de comparação. O resultado positivo, no entanto, se deve à base de comparação baixa, uma vez que o setor recuou 3,9% em março de 2020.
Segundo o gerente da pesquisa, André Macedo, o aprofundamento do recuo do setor industrial em março deste ano está relacionado à intensificação das medidas de combate à covid-19. “Esses dois resultados negativos têm como pano de fundo o próprio recrudescimento da pandemia. Isso faz com que haja maior restrição das pessoas, o que provoca a interrupção das jornadas de trabalho, paralisações de plantas industriais e atrapalha toda a cadeia produtiva, levando ao encarecimento e à falta de insumos para o processo produtivo. Isso afeta o processo de produção como um todo”, diz.
O pesquisador destaca que, de maio de 2020 a janeiro de 2021, houve ganho acumulado de 40,1%, o que fez a produção industrial superar o patamar pré-pandemia. “Nesse período, houve um ganho de 3,5% acima do patamar de fevereiro de 2020. Mas, com as perdas de fevereiro e março deste ano, nós zeramos esse acumulado até o mês de janeiro. De modo que o patamar de março de 2021 é exatamente o mesmo do pré-pandemia”, explica.
Principal influência negativa entre as atividades, o segmento de veículos automotores, reboques e carrocerias teve queda de 8,4%, no terceiro resultado negativo consecutivo, acumulando nesse período perda de 15,8%. Esse comportamento recente interrompe uma sequência de oito meses.
“O recuo nos veículos automotores, reboques e carrocerias foi especialmente afetado pela redução na produção dos automóveis e de autopeças. Houve nessa atividade uma série de interrupções de processos de produção, paralisações e férias concedidas”, afirma Macedo.
Também foi registrada queda nas atividades de confecção de artigos do vestuário e acessórios (-14,1%), outros produtos químicos (-4,3%), produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-9,4%), couro, artigos para viagem e calçados (-11,2%), produtos de borracha e de material plástico (-4,5%), bebidas (-3,4%), móveis (-9,3%), produtos têxteis (-6,4%) e produtos de minerais não metálicos (-2,5%).
Os principais impactos positivos vieram das indústrias extrativas (5,5%), outros equipamentos de transporte (35%) e coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (1,7%). “Essas atividades estão repondo perdas observadas em meses anteriores. Elas estão com taxas positivas nesse mês porque as perdas anteriores foram muito acentuadas e esse é um crescimento natural”, destaca Macedo.
O ESTADO DE S. PAULO