Reunir dados sobre políticas e práticas e reconhecer as empresas que estão promovendo a ascensão das mulheres a altos cargos das organizações no Brasil é o objetivo da pesquisa “Mulheres na Liderança”, realizada pelos jornais Valor e “O Globo” e pelas revistas “Época Negócios” e “Marie Claire” junto com a ONG Women in Leadership in LatinAmerica (WILL), com metodologia do Instituto Ipsos Brasil. Com dados coletados até julho de 2020, a pesquisa neste ano avaliou 162 empresas de médio e grande porte, seguindo o critério do Sebrae, em 21 segmentos de atuação da economia brasileira.
No setor de comércio e serviços, era preciso ter mais do que 100 funcionários e, na indústria, 500. Do total de avaliadas, 26% das empresas têm faturamento até R$ 500 milhões, 10% até R$ 1 bilhão, 14% até R$ 3 bilhões, 33% acima de R$ 3 bilhões e o restante (18%) não divulga faturamento. Em relação a força de trabalho, 19% têm até 500 funcionários, 15% de 500 a 1000, 23% de 1.001 a 2.500, 13% de 2501 a 5000, 13% de 5001 a 10.000, 9% de 10.001 a 25.000, 5% de 25.001 a 50.000 e 3% mais de 50.000.
A pesquisa avaliou e recolheu dados das organizações em políticas e práticas que se dividem em seis eixos temáticos:
- “Estratégia e Estrutura”: metas formais, ferramentas que identificam barreiras à equidade de gênero, área/orçamento específico para promover a equidade de gênero, inserir políticas na estratégia, equidade na agenda da alta liderança, práticas para combater cultura do preconceito e subestimação da mulher, políticas contra assédio moral e sexual.
- “Recrutamento, Seleção e Retenção”: práticas de equidade no recrutamento, práticas na seleção, práticas na remuneração, práticas na avaliação de desempenho, monitoramento dos índices e motivos de desligamento das colaboradoras.
- “Qualificação e Incentivo a Liderança Feminina”:processos de capacitação e treinamento, acompanhamento de métricas relativas à ascensão das mulheres, práticas de estímulo à promoção e incentivo à liderança feminina e a cargos de diretoria; metas para participação de mulheres nos conselhos.
- “Equilíbrio Entre Trabalho E Vida Pessoal”: políticas para período gestacional ou licença parental; políticas para retorno de licença maternidade, políticas/benefícios para funções de cuidado das funcionários para com a família.
- “Mulheres e Interseccionalidades”:programas para as colaboradoras não brancas, programas para PCDs, não heterossexuais, trans e com mais de 50 anos.
- “Atuação Externa”: assinatura de compromisso oficial em prol da equidade de gênero, atuação com público externo em fóruns e projetos sociais; políticas para garantir equidade de gênero nas propagandas; práticas de gestão na cadeia de valor e com stakeholders.
Os números levantados ajudam a mapear, por exemplo, as principais políticas aplicadas para promover o recrutamento, inclusão e desenvolvimento das mulheres nas organizações, as metas que estão sendo utilizadas, o que as empresas fazem para promover um ambiente onde as profissionais possam conciliar trabalho e família, bem como avanços e desafios que essa agenda enfrenta no mercado corporativo brasileiro. Como o objetivo da pesquisa também é reconhecer quem está fazendo mais nessa direção, as empresas foram avaliadas em cada aspecto dos eixos temáticos.
Com a soma dos pontos obtidos por cada uma no preenchimento do questionário, o Instituto Ipsos comparou quantitativamente o desempenho de companhias em relação a várias políticas ou práticas. Nessa avaliação também foram levados em conta aspectos demográficos e foi calculada a proporção de mulheres presente em cada cargo (diretoria, superintendência e gerência). Do total, 23 empresas foram premiadas em 30 categorias, assim compostas: 21 segmentos de atividade, 6 eixos temáticos, o destaque entre as empresas multinacionais, o destaque entre as empresas nacionais e o destaque geral da pesquisa.
VALOR ECONÔMICO