Credenciadoras, fintechs, fundos de investimentos e bancos tradicionais já se movimentam para ocupar o espaço que se abre na oferta de crédito para micro, pequenas e médias empresas. Uma norma do Banco Central (BC), que entra em vigor a partir de hoje, facilita o uso do fluxo de pagamentos com cartões para garantir empréstimos por lojistas.
Agora, todos os valores recebidos por vendas via cartões serão inscritos em câmaras registradoras, que atestarão a existência e a unicidade desses recebíveis. Eles poderão ser oferecidos como garantia para obter crédito mais barato. Os recebíveis de cartões já eram usados como garantia ou na antecipação oferecida pelas credenciadoras (as empresas de “maquininhas”) ou na obtenção de crédito bancário. No entanto, o registro torna esse lastro mais seguro. E dá ainda mais liberdade para os lojistas porque mitiga a chamada “trava bancária”.
Era praxe que, para conceder crédito com essa garantia, o banco exigisse que todo o fluxo de recebíveis de cartões permanecesse na conta do lojista naquela instituição. A partir da mudança, os bancos só poderão segurar o volume de recebíveis equivalente ao saldo devedor. “Vai abrir uma gama para o estabelecimento negociar com mais de um agente e ter o limite de crédito ampliado, o que deve levar a taxas melhores”, afirma o diretor de fiscalização do BC, Paulo Souza. “O que esperamos é que lojistas repassem essa economia para o consumidor.” Nas contas do mercado, a antecipação de recebíveis movimentou R$ 290 bilhões em 2020, enquanto o chamado crédito “fumaça” – garantido pelo fluxo futuro de recebíveis de cartões – tinha saldo de R$ 45 bilhões em dezembro. As duas modalidades devem crescer, mas é a última que tem maior potencial. O “fumaça” poderia se multiplicar para cerca de R$ 300 bilhões, segundo fontes do setor.
VALOR ECONÔMICO