No campo, criação de novos empregos é a maior desde 2011

Em 2020, o setor agropecuário teve seu melhor desempenho na geração de empregos da última década. Mesmo com a pandemia, foram 61.637 novos postos de trabalho. Terceiro maior empregador do país, atrás da construção civil e da indústria em geral, o campo respondeu por 43% das 142.690 contratações na economia brasileira no ano passado. O número de novas vagas no setor agropecuário foi o melhor desde 2011, quando o saldo foi de 85,5 mil. Naquele ano, no entanto, o crescimento foi generalizado: foram mais de 2 milhões de postos de trabalho no país.

Para a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), a geração de empregos reflete o bom desempenho de todos os indicadores econômicos do setor. Em um cenário de forte demanda externa por commodities agrícolas e cotações recorde desses produtos, o PIB do agronegócio e o valor bruto da produção cresceram. As exportações do agronegócio, por sua vez, ficaram acima de US$ 100 bilhões.

“O setor conseguiu reagir logo no início na pandemia e se saiu bem, apesar dos pesares. Isso se refletiu em todos os indicadores econômicos. Com a geração de emprego não foi diferente”, diz Paulo Camuri, assessor técnico do Núcleo Econômico da CNA. Os custos de produção também aumentaram, mas o campo foi dinâmico para ampliar seu protagonismo na abertura de vagas, pontuou ele. “Não necessariamente a margem está muito confortável para o produtor, mas foi um ano de dinâmica econômica muito boa para o setor”. Uma das novas vagas foi preenchida pela engenheira agrônoma Vivian Ribeiro de Oliveira, de 33 anos. Recémformada, ela saiu de São Paulo e foi para Rio Verde, no interior de Goiás, em agosto do ano passado. Em 45 dias, foi contratada como auxiliar de campo para a produção de sementes de soja, área em que sempre sonhou trabalhar. Outras 11 pessoas foram contratadas no mesmo processo seletivo.

“Para quem tem disposição de meter a cara, não falta serviço”, acredita a agrônoma, que elogia o bom salário para um cargo novo e de iniciante. Durante o período de adaptação na cidade, Vivan se preparou: frequentou cursos no Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), fez contatos e entregou currículos de porta em porta, longe da casa dos pais, em Bragança Paulista (SP). A produção de sementes certificadas, área em que Vivian conseguiu emprego, gerou 1,6 mil vagas formais em 2020, mas o destaque na criação de postos com carteira assinada ficou com a soja, com 13,4 mil vagas em todo o país. Na sequência (“acompanhando a lógica das exportações”, diz Camuri) aparecem criação de bovinos (11.598), cultivo de café (6.284) e avicultura (5.993). As atividades de apoio à produção florestal foram as únicas que fecharam vagas – o saldo negativo foi de 1.292.

Os números na pecuária são expressivos, mas não uniformes. A criação de gado de corte gerou 11.044 vagas, e a de vacas leiteiras, apenas 566. A explicação para a diferença é a estrutura do segmento de leite, dominado, em geral, por pequenos produtores, que mantêm atividade familiar. Na avicultura, o destaque é a produção de ovos, com 2.849 empregos. De acordo com os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) compilados pela CNA, três em cada quatro vagas criadas no setor agropecuário estão na região Sudeste. No Estado de São Paulo, que dominou a geração de emprego no campo, foram 46.475 novos postos.

VALOR ECONÔMICO

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