Incertezas derrubam confiança empresarial

Incertezas na evolução da economia e da pandemia levaram a uma queda de 0,4 ponto no Índice de Confiança Empresarial (ICE) entre novembro e dezembro de 2020, para 95,2 pontos, informou ontem a Fundação Getulio Vargas (FGV). Com essa terceira queda consecutiva do ICE, o indicador caiu ao menor patamar desde agosto do ano passado (94,5 pontos). Dezembro trouxe poucas notícias boas na atividade econômica, admitiu o Superintendente de Estatísticas do Instituto Brasileiro de Economia da FGV (FGV/Ibre) Aloisio Campelo.

“Acho pouco provável que ele [o indicador] suba agora”, afirmou. Para ele, sem auxílio emergencial, e com fraca atividade nos setores de comércio e de serviços, em meio a aumento de casos de covid-19 no país, a confiança empresarial deve continuar a cair no começo de 2021.

O técnico comentou que o fim de pagamento de auxílio deve diminuir o consumo e, com isso, reduzir demanda interna. Isso vai influenciar negativamente humor do empresário.

Por sua vez, comércio e serviços, mais de 70% do Produto Interno Bruto (PIB) do país, não se recuperaram do impacto negativo da pandemia. Isso porque, desde meados de março do ano passado, foram os mais afetados pela crise causada por covid-19, devido à recomendação de restrição de circulação social, para inibir contaminação pela doença. “Comércio e serviços recuperaram muito pouco [do que perderam na pandemia]”, afirmou.

Isso se refletiu nos patamares de confiança do empresariado, de cada um desses setores. Cálculos da FGV apontam que, das perdas de confiança entre março e abril de 2020, em diferentes setores da economia devido à pandemia, a atividade de serviços teria recuperado até dezembro de 2020 em torno de 81%, do que recuou naquele período. Comércio, por sua vez, teria recuperado 79%.

Campelo comentou que há notícias sobre possibilidade de começo de vacinação em 2021, o que poderia ajudar a elevar o humor do empresariado. No entanto, incertezas que rondam os campos econômico e sanitário, no começo do ano, elevam cautela, e inibem retomada da confiança. “Temos agora informação de mais uma onda [de covid-19] e a vacina demorando, e vírus mutante chegando” acrescentou, referindo-se à nova cepa, descoberta no Reino Unido, que já chegou ao Brasil. A ausência de notícias boas no momento presente, bem como perspectivas negativas para os próximos meses, se refletiu nos subindicadores componentes do ICE. O Índice de Situação Atual (ISA) caiu 0,2 ponto entre novembro e dezembro para 97,8 pontos; já o Índice de Expectativas (IE) caiu 0,3 ponto, para 94,3 pontos. “Acho mais certo prever o ISA calibrando para baixo [nos próximos meses]”, admitiu.

VALOR ECONÔMICO

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