Os empresários que fizeram as maiores doações em dinheiro para as campanhas municipais deste ano apostaram em candidatos à prefeitura de capitais que, em sua maioria, estão atrás nas pesquisas e, pelo cenário atual, dificilmente chegarão a um segundo turno. Levantamento feito pelo Valor com base em dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e com base nas pesquisas mais recentes feitas pelo Ibope mostra que os 15 maiores doadores para campanhas nas capitais distribuíram recursos para 27 candidatos a prefeito. Desses 27, seis aparecem à frente nas pesquisas. Bruno Covas (PSDB), que tenta a reeleição em São Paulo, é um deles. Covas recebeu R$ 200 mil o empresário Rubens Ometto, do Grupo Cosan.
Ometto segundo os dados do TSE, é o maior financiador privado das campanhas eleitorais deste ano. Distribuiu, segundo o tribunal, R$ 2,17 milhões para candidatos e partidos em oito Estados, num total de 28 beneficiários. O empresário ajudou a outras três campanhas a prefeituras de capitais: a de Mendonça Filho (DEM), candidato no Recife; de Angela Amin (PP), em Florianópolis; e e Andrea Matarazzo (PSD), também em São Paulo. Cada um recebeu R$ 100 mil cada. Nenhum deles aparece bem nas pesquisas. O segundo maior doador (com R$ 1.788.500,00), Salim Mattar, um dos sócios fundadores da Localiza, apostou em quatro candidatos na capitais e nenhum decolou até o momento.
Além de Mendonça Filho, o empresário contribuiu com as campanhas de Arthur do Val (Patriota), candidato a prefeito de São Paulo; de Charbel, candidato do Novo no Recife; e de Orlando da Silva Neto (Novo), em Florianópolis. Os candidatos de Mattar amargam entre 1% a 5% das intenções. Mendonça está melhor: 17% na última sondagem do Ibope, em terceiro lugar. O jovem bilionário Pedro de Godoy Bueno participa com R$ 985 mil na eleição deste ano, divididos por 94 beneficiários. Suas duas únicas apostas em prefeituras de capitais são também dois candidatos do Novo: Orlando da Silva Neto (Florianópolis) e Paulo Henrique Grando (Cuiabá) – com respectivamente 1% e 0% nas últimas pesquisas.
Entre os grandes doadores, a maior parte pulverizou sua ajuda. Mas alguns optaram por concentrar o investimento. O empresário e senador Eduardo Girão (Podemos-CE) desembolsou R$ 1,080 milhão para a campanha a prefeito de Fortaleza do deputado federal Capitão Wagner (Pros). Wagner apareceu com 27% das intenções, em segundo, na última sondagem do Ibope e deverá enfrentar uma fortalecida esquerda no segundo turno. A ajuda de Girão representa 36,6% de toda a receita da campanha do candidato. Eugênio Mattar, outro sócio da Localiza, também investiu alto em um nome: R$ 1 milhão para o candidato do partido Novo à prefeitura de Belo Horizonte, Rodrigo de Paiva. A ajuda de Mattar representa 49% de toda a receita da campanha do candidato. Mas teve pouco retorno. Paiva tem apenas 2% das intenções de voto.
Rafael Menin, da família proprietária da construtora MRV e do Banco Inter, doou para apenas um candidato a prefeito de capital: R$ 500 mil para João Vitor Xavier (Cidadania), de Belo Horizonte, que nas pesquisas vem oscilando entre 5% e 7% das intenções de voto. O favorito em BH é o atual prefeito Alexandre Kalil (PSD), com 62% das intenções, que faz campanha com recursos partidários.
O levantamento feito pela reportagem mostra que entre os 15 maiores financiadores de campanhas de prefeito em capitais, Ometto e mais cinco doadores chegam à reta final da campanha com seus candidatos como favoritos. José Isaac Peres (do grupo Multiplan) doou R$ 80 mil para Rafael Greca (DEM), que lidera em Curitiba. Jorge Luiz Savi de Freitas contribuiu com R$ 300 mil para Gean Loureiro (DEM) que lidera em Florianópolis, e com R$ 25 mil para Cinthia Ribeiro (PSDB) que lidera em Palmas. Beatriz Sawaya Botelho Bracher doou R$ 30 mil para Manuela d’Ávila (PCdoB), primeira em Porto Alegre. E Pedro Grendene Bertelle doou R$ 200 mil para José Sarto (PDT) em Fortaleza.
VALOR ECONÔMICO