Grandes doadores financiam poucos líderes

Os empresários que fizeram as maiores doações em dinheiro para as campanhas municipais deste ano apostaram em candidatos à prefeitura de capitais que, em sua maioria, estão atrás nas pesquisas e, pelo cenário atual, dificilmente chegarão a um segundo turno. Levantamento feito pelo Valor com base em dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e com base nas pesquisas mais recentes feitas pelo Ibope mostra que os 15 maiores doadores para campanhas nas capitais distribuíram recursos para 27 candidatos a prefeito. Desses 27, seis aparecem à frente nas pesquisas. Bruno Covas (PSDB), que tenta a reeleição em São Paulo, é um deles. Covas recebeu R$ 200 mil o empresário Rubens Ometto, do Grupo Cosan. Ometto segundo os dados do TSE, é o maior financiador privado das campanhas eleitorais deste ano. Distribuiu, segundo o tribunal, R$ 2,17 milhões para candidatos e partidos em oito Estados, num total de 28 beneficiários. O empresário ajudou a outras três campanhas a prefeituras de capitais: a de Mendonça Filho (DEM), candidato no Recife; de Angela Amin (PP), em Florianópolis; e e Andrea Matarazzo (PSD), também em São Paulo. Cada um recebeu R$ 100 mil cada. Nenhum deles aparece bem nas pesquisas. O segundo maior doador (com R$ 1.788.500,00), Salim Mattar, um dos sócios fundadores da Localiza, apostou em quatro candidatos na capitais e nenhum decolou até o momento. Além de Mendonça Filho, o empresário contribuiu com as campanhas de Arthur do Val (Patriota), candidato a prefeito de São Paulo; de Charbel, candidato do Novo no Recife; e de Orlando da Silva Neto (Novo), em Florianópolis. Os candidatos de Mattar amargam entre 1% a 5% das intenções. Mendonça está melhor: 17% na última sondagem do Ibope, em terceiro lugar. O jovem bilionário Pedro de Godoy Bueno participa com R$ 985 mil na eleição deste ano, divididos por 94 beneficiários. Suas duas únicas apostas em prefeituras de capitais são também dois candidatos do Novo: Orlando da Silva Neto (Florianópolis) e Paulo Henrique Grando (Cuiabá) – com respectivamente 1% e 0% nas últimas pesquisas. Entre os grandes doadores, a maior parte pulverizou sua ajuda. Mas alguns optaram por concentrar o investimento. O empresário e senador Eduardo Girão (Podemos-CE) desembolsou R$ 1,080 milhão para a campanha a prefeito de Fortaleza do deputado federal Capitão Wagner (Pros). Wagner apareceu com 27% das intenções, em segundo, na última sondagem do Ibope e deverá enfrentar uma fortalecida esquerda no segundo turno. A ajuda de Girão representa 36,6% de toda a receita da campanha do candidato. Eugênio Mattar, outro sócio da Localiza, também investiu alto em um nome: R$ 1 milhão para o candidato do partido Novo à prefeitura de Belo Horizonte, Rodrigo de Paiva. A ajuda de Mattar representa 49% de toda a receita da campanha do candidato. Mas teve pouco retorno. Paiva tem apenas 2% das intenções de voto. Rafael Menin, da família proprietária da construtora MRV e do Banco Inter, doou para apenas um candidato a prefeito de capital: R$ 500 mil para João Vitor Xavier (Cidadania), de Belo Horizonte, que nas pesquisas vem oscilando entre 5% e 7% das intenções de voto. O favorito em BH é o atual prefeito Alexandre Kalil (PSD), com 62% das intenções, que faz campanha com recursos partidários. O levantamento feito pela reportagem mostra que entre os 15 maiores financiadores de campanhas de prefeito em capitais, Ometto e mais cinco doadores chegam à reta final da campanha com seus candidatos como favoritos. José Isaac Peres (do grupo Multiplan) doou R$ 80 mil para Rafael Greca (DEM), que lidera em Curitiba. Jorge Luiz Savi de Freitas contribuiu com R$ 300 mil para Gean Loureiro (DEM) que lidera em Florianópolis, e com R$ 25 mil para Cinthia Ribeiro (PSDB) que lidera em Palmas. Beatriz Sawaya Botelho Bracher doou R$ 30 mil para Manuela d’Ávila (PCdoB), primeira em Porto Alegre. E Pedro Grendene Bertelle doou R$ 200 mil para José Sarto (PDT) em Fortaleza. VALOR ECONÔMICO

Luiza Trajano lidera frente por mais mulheres na política

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Um grupo de mulheres liderado pela empresária Luiza Trajano, presidente do conselho de administração da varejista Magazine Luiza, divulgou oficialmente na manhã de ontem uma carta de compromisso para as candidatas às eleições municipais, que serão realizadas no domingo. Nesta carta, elaborada pelo Grupo Mulheres do Brasil, movimento criado há sete anos por empresárias e executivas e que conta hoje também com líderes de comunidades, elas pedem o comprometimento das futuras vereadoras e prefeitas a causas relacionadas à defesa dos direitos humanos, igualdade racial, liberdade de imprensa, saneamento básico, saúde e ensino público de qualidade. Luiza Trajano diz que a iniciativa deste ano é um laboratório para os próximos passos do Grupo Mulheres do Brasil, que terá mais voz política e peso nas próximas eleições. Fundado em 2013, o movimento é suprapartidário e quer levantar a bandeira para que mais mulheres sejam eleitas para atuar no poder público. O grupo se define como feminista, com bandeiras pela igualdade de gênero e fim da violência contra as mulheres, mas defende uma pauta política e econômica mais ampla. Questões mais polêmicas, como aborto, por exemplo, não estão na agenda neste momento. “As causas vão sendo construídas com o tempo”, disse a empresária. Até o início da tarde de ontem, o grupo tinha registrado 356 pedidos para assinatura da carta, dos quais 199 tinham sindo convertidos em assinaturas. O pedido de adesão inclui candidatas das principais capitais do país e cidades de 22 Estados, de 27 partidos (dos 33), afirmaram as coordenadoras do comitê de políticas públicas Alexandra Segantin e Lígia Pinto, que também participaram da divulgação oficial da carta de comprometimento, lançada no início de outubro. Não há uma meta estabelecida para a adesão da carta compromisso, que foi lançada pelo grupo para essas eleições. O movimento coletivo de mulheres reúne 110 núcleos, com lideranças no Brasil e no exterior e atuação em 20 diferentes comitês, entre eles, políticas públicas, educação e saúde. Segundo a empresária, a divulgação da carta de comprometimento é uma forma de dar voz às candidatas, sobretudo as vereadoras, nesta primeira fase. Luiza Trajano disse que é a favor das cotas para mulheres a cargos públicos porque entende que faz parte de um processo transitório para acertar a desigualdade. Por lei, 30% dos cargos públicos têm de ser ocupados por mulheres. De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), dos 555.384 candidatos, nessas eleições, 33,55% são de mulheres (187.018). As candidaturas masculinas representam 66,45% (370.366). Levantamento do comitê de políticas públicas do grupo feito nas eleições de 2018 indica que apenas 15% de mulheres na Câmara dos Deputados e 13% no Senado Federal. A intenção do grupo não é ter um papel de fiscalização, mas sim monitorar a gestão das candidatas. A contrapartida do movimento é dar visibilidade às eleitas, uma vez que o Grupo de Mulheres do Brasil tem cerca de 70,5 mil voluntárias e forte atuação nas redes sociais. Uma das principais empresárias do país, Luiza Trajano tem um bom trânsito em Brasília, sobretudo no Congresso, e é uma voz atuante entre as lideranças empresariais do país. A empresária sabe que tem uma força política grande mas disse que não tem intenções, por ora, de se candidatar a um cargo público. “É o que eu mais escuto até hoje, principalmente [após a pandemia] durante as mais de 400 ‘lives’ que fiz para pequenos e médios empreendedores. Eu nunca me filiei a partido. Ninguém pode falar o que vai acontecer na minha vida [no futuro]. Nunca nem me passou [pela cabeça]. Eu sou uma política, mas uma política partidária que acredita na força de um grupo. Se eu gostasse disso, teria me filiado”, disse. A força do Grupo Mulheres do Brasil na política vai ser maior a partir do ano que vem, quando o movimento vai tentar aumentar o engajamento das candidatas eleitas. O grupo entende que tem de monitorar o desempenho das mulheres à frente da gestão pública e reconhece que uma parte das mulheres ainda é invisível. O comitê de políticas públicas reconhece que ainda há uma parcela de mulheres que lançou sua candidatura para cumprir as metas de cotas, mas evitou falar sobre as chamadas candidaturas “laranjas”. O apoio às candidatas não será irrestrito, mas acompanhado de suas propostas e atuações. “Acreditamos na atuação política do grupo e achamos que em 2021 estaremos mais fortes”, disse a empresária. VALOR ECONÔMICO

Marinho articula no Congresso e fica com R$ 1,2 bi do Itamaraty

Uma articulação do ministro Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional) com o Congresso retirou mais de R$ 1,2 bilhão em contribuições que o Brasil planejava fazer para organismos internacionais, o que deixou o Itamaraty com medo de não conseguir honrar compromissos básicos com entidades como a ONU (Organização das Nações Unidas) e a OEA (Organização dos Estados Americanos). Um acordo feito entre Marinho e o senador Marcelo Castro (MDB-PI) —relator de um crédito discutido no Congresso— retirou um total de R$ 1,2 bilhão que estava reservado para o Brasil quitar obrigações com essas entidades e os destinou para o Ministério de Desenvolvimento Regional. Além de ONU e OEA, o governo pretendia fazer aportes para pagar valores em atraso na Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), Mercosul e OMC (Organização Mundial do Comércio), entre outros. Os pagamentos são considerados fundamentais pelo Itamaraty, uma vez que podem garantir ao Brasil direito a voto e a apresentar candidaturas no âmbito dessas entidades. Além do mais, a situação de recorrentes atrasos com esses organismos é considerada péssima para a imagem internacional do país. Diplomatas consultados pela Folha disseram, sob condição de anonimato, que a situação é especialmente grave em fóruns como o Mercosul e a OEA, onde o Brasil é um dos principais contribuintes. Por isso, os atrasos brasileiros agravam nessas entidades cenários como problemas no pagamento de salários e falta de recursos para projetos estratégicos, como monitoramento de eleições. O dinheiro para quitar ao menos parte das obrigações em atraso do Brasil havia sido previsto em um projeto enviado ao Congresso em meados de outubro. Mas durante a tramitação a destinação foi cancelada e o montante foi repassado para a pasta comandada por Marinho. Um valor residual, de pouco mais de R$ 100 milhões, foi diluído no atendimento de algumas emendas parlamentares. O projeto de crédito foi aprovado pelo Congresso no início de novembro e agora aguarda sanção do presidente Jair Bolsonaro. O sumiço do dinheiro é hoje considerado um dos principais problemas no Ministério das Relações Exteriores, que tenta reverter o quadro e conseguir ao menos parte dos recursos para fazer esses pagamentos. O argumento usado por auxiliares do ministro Ernesto Araújo é que o não pagamento das contribuições pode deixar o Brasil em situação ainda mais difícil na atuação em organismos internacionais. Os cancelamentos das dotações atingiu diversos organismos internacionais. O maior valor era de e R$ 616 milhões para a ONU. O Brasil ainda pretendia pagar R$ 57,5 milhões para a OEA. Outros R$ 15,3 milhões estavam reservados para a Unesco O aporte previsto para o Mercosul era de R$ 2,1 milhões. Outros R$ 6,8 milhões deveriam ir para a OMC. Em nota, a pasta liderada por Marinho negou “qualquer articulação pela transferência de recursos originalmente destinados ao pagamento de dívidas junto a organizações internacionais para o orçamento do Ministério do Desenvolvimento Regional”. No parecer aprovado pelo Congresso, o senador Marcelo Castro escreveu que houve acordo com o Executivo em “pequenas alterações” no relatório. “No nosso substitutivo, além de acolher algumas emendas, fizemos acréscimos nas programações do Ministério do Desenvolvimento Regional e ajustes em dotações do Ministério da Defesa, além de pequenas alterações fruto de acordo das duas casas com o Poder Executivo. Acreditamos que essas modificações irão contribuir para acelerar a retomada do crescimento do País, abalado pela pandemia do coronavírus”, argumentou o parlamentar. Marinho busca há meses recursos para sua pasta, inclusive em contato com ministros militares, o que já gerou desentendimentos com o ministro da Economia, Paulo Guedes. Enquanto um quer mais dinheiro para obras e para aquecer a economia, outro defende a austeridade fiscal. Marinho negou os desacordos em um dos episódios de desentendimentos neste ano, afirmando que não estava distante de Guedes. “Só se ele estiver de mim. Eu não”, afirmou. Ele reconheceu, porém, possíveis diferenças de visão. “Se existirem divergências, elas são de visões de Estado, ou algo parecido. Nada pessoal”, disse. Guedes já chamou o colega de fura-teto, em referência à norma constitucional que impede o crescimento de gastos a cada ano para além da inflação. Recentemente, no Congresso, disse que a Febraban (Federação Brasileira de Bancos) financia “ministro gastador para ver se fura o teto, para ver se derruba o outro lado”. O Ministério da Economia, pasta responsável por pagamentos a entidades internacionais, busca há meses recursos para os pagamentos. Em setembro, um pedido da pasta por recursos para pagar os organismos sofreu uma derrota na JEO (Junta de Execução Orçamentária), da qual o próprio Guedes faz parte junto com o ministro Braga Netto (da Casa Civil). Ambos têm direito a voto, mas membros outras pastas participam do órgão na condição de observadores. O pedido do ministério era para receber mais de R$ 7 bilhões para pagar diversos organismos internacionais, incluindo parcelas atrasadas e as que vencerão até o fim do ano. O ministério ainda discute internamente como fazer os pagamentos. FOLHA DE S. PAULO

País se contrapõe a China, Rússia e Irã e pede sanção contra Venezuela na OIT

O governo brasileiro conclamou ontem o conselho de administração da Organização Internacional do Trabalho (OIT) a recomendar sanções contra o governo de Nicolás Maduro na Venezuela, em contraposição à China, à Rússia e ao Irã, que defendem o regime de Caracas. Uma comissão de investigação da OIT constatou “atos de violência, incluindo assassinatos, impunidade ou falta de esclarecimento dos mesmos; perseguição e múltiplas formas de assédio moral a empregadores e sindicalistas; práticas de favoritismo ou promoção de organizações paralelas e discriminação”, entre outras violações. A comissão de investigação fez então recomendações para a Venezuela respeitar as convenções da Organização. A constatação agora é de que o regime de Maduro ignorou tudo, algo que é raríssimo na história da entidade. Para a representante brasileira, a embaixadora Maria Naza- reth Farani Azevêdo, sem uma “reação adequada” do conselho de administração “estaremos criando precedente importante e criando o caminho para a desconstrução do sistema de normas da OIT”. O Brasil defende a aplicação do artigo 33 da OIT, que determina que, em caso de descumprimento das recomendações de uma comissão de investigação, o conselho recomendará à Conferencia Internacional do Trabalho as medidas que estimem convenientes para o cumprimento das recomendações. Na verdade, do modo como está redigido, o artigo 33 é completamente aberto. O conselho de administração, formado por governos, trabalhadores e empregadores, pode recomendar o que quiser. Para o Grupo de Lima, de países latino-americanos que tentam solução para a crise venezuelana, as sanções devem levar a OIT a cessar toda atividade de cooperação com a Venezuela, excluir esse país de todas as reuniões da OIT, conclamar todos os países-membros a reexaminarem o estado de suas relações com a Venezuela, bem como levar o tema para a Organização das Nações Unidas (ONU) e outros organismos internacionais para adotarem medidas que considerarem adequadas. Na prática, seria isolar a mais o regime de Nicolás Maduro. Ocorre, porém, que o regime ainda tem aliados. China, Rússia, Irã estão entre os defensores de Maduro e dificilmente deixarão passar sanções. Os representantes de trabalhadores também sugerem continuar discutindo a questão. Não está clara a posição da União Europeia (UE). “A falta de uma ação contundente desse conselho seria uma trágica mensagem aos venezuelanos, de que a OIT e a comunidade internacional continuam falhando com eles”, concluiu a embaixadora brasileira. VALOR ECONÔMICO

Covid-19 acelera projetos digitais das companhias

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A adaptação rápida de modelos de negócios para o novo perfil de consumo durante a pandemia, bem como a necessidade de transformação digital e cultural nas empresas, foram temas discutidos entre executivos e especialistas em inovação na quarta edição do seminário “E agora Brasil?”, promovido ontem pelos jornais “O Globo” e Valor. Negócios digitais já estavam nas prioridades da L’Oréal, mas o cenário adiantou os planos. “Poderia dizer que foram cinco anos em cinco meses”, disse Patricia Borges, diretora de marketing da L’Oréal Brasil. As iniciativas da multinacional de beleza durante o isolamento incluíram conteúdos na rede para ajudar clientes a se cuidarem em casa e aplicativos, com uso de inteligência artificial, para orientar o consumidor na escolha do produto. “É possível experimentar uma máscara, base ou sombra com a mesma perfeição de um teste presencial”, afirmou Patricia. Maricy Porto, diretora de marketing das marcas Kopenhagen e Chocolates Brasil, do grupo CRM, lembrou que o desafio começou logo no início do isolamento, com a adaptação para a Páscoa, que representa 30% das vendas da empresa no ano. “A gente já vinha com um olhar mais digital desde 2019, mas tínhamos o objetivo de fazer essa entrada mais gradual”, afirmou. Entre as ações no período, Maricy citou a criação de canais de comunicação rápida com franqueados, parcerias com aplicativos de entrega, marketplaces (shoppings virtuais) e varejistas on-line. “Tivemos um giro de 95% dos produtos que estavam nas lojas.” Mesmo para quem nasceu no ambiente digital, a pandemia exigiu adaptações. “Tivemos que continuar atendendo o cliente com excelência e encontrar caminhos para viabilizar negócios de outros lojistas em nosso marketplace”, disse Jean Lessa, diretor de https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpg e marketplace da B2W Digital. Segundo ele, o planejamento da empresa, que engloba Americanas.com, Submarino e Shoptime, foi bastante acelerado tendo como suporte investimentos anteriores. “Nos últimos três anos investimos mais de R$ 1,2 bilhão em https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpg e logística e acredito que foi um grande diferencial”, afirmou. Na visão de Eduardo Peixoto, diretor de design do Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (Cesar), as iniciativas compartilhadas pelos participantes do seminário reforçam o fato de que toda empresa precisa ser de https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpg. “Com a pandemia, quem não era digital virou digital ou tentou virar ou então ficou fora do negócio”, disse. Segundo ele, a nova onda de migração para o ambiente on-line ajudará a alavancar em 35% o faturamento do Cesar com desenvolvimento de sistemas este ano, para R$ 200 milhões. Outro tema debatido no seminário foi a necessidade de transformação cultural das empresas. “Tem uma mudança cultural por trás desse processo que talvez seja tão ou mais importante do que a ferramenta”, afirmou Hudson Mendonça, líder do programa de aceleração Reap coordenado pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT) e pesquisador do LabrInTOS da Coppe/UFRJ. Ele ressaltou o potencial da cooperação entre modelos ágeis das startups e a cultura das grandes empresas. “A transformação vem justamente pelo lado humano”, concluiu. VALOR ECONÔMICO

Pioneira no e-commerce, B2W fica para trás das rivais Magalu e Mercado Livre

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O movimento das ações de varejo em 2020 mostra que há, na Bolsa paulista, duas realidades distintas. De um lado estão duas empresas do varejo tradicional – Magazine Luiza e Via Varejo –, com forte valorização de seus papéis. De outro está a B2W, dona de Americanas.com e Submarino, com resultado bem mais discreto. Segundo analistas, o desempenho reflete a avaliação de que a pioneira no segmento no País está perdendo terreno no e-commerce. E o problema não se restringe ao Brasil. O desempenho do grupo argentino Mercado Livre, que é listado na bolsa americana Nasdaq, também é considerado mais robusto. Outro ponto gera desconforto em quem acompanha o varejo online: ao contrário da concorrência, a B2W fez poucas aquisições em 2020, mesmo após receber recursos da captação bilionária feita em julho pela controladora, a Americanas. O descompasso pode ser percebido no desempenho das ações. Apesar das quedas de ontem, resultado de um movimento de realização de lucros por investidores, o Magalu acumula alta de 112% ao longo de 2020, enquanto a valorização da dona da Casas Bahia ganhou 60%. A B2W, porém, subiu 16,7%. Para Eduardo Yamashita, diretor de operações da consultoria de varejo Gouvêa, as rivais da B2W têm sido mais ágeis ao expandir seus ecossistemas de varejo. Ele explica que Magazine Luiza e Via Varejo fizeram vários movimentos para avançar em https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpg e em áreas que vão além do varejo tradicional. A B2W avançou ao adquirir o Supermercado Now – mas, depois, desacelerou. Já o Magazine Luiza incorporou nove empresas neste ano, entre aquisições em logística, publicidade, conteúdo e delivery de comida. A Via Varejo fez quatro operações. A mais recente, anunciada na segunda-feira, foi a compra de 16,67% da empresa de inovação Distrito. “É importante você ter uma oferta completa, trocando ativos e competências entre as empresas do ecossistema e fomentando o crescimento de todas elas”, explica Yamashita, da Gouvêa. “As concorrentes da B2W têm feito movimentos nesse sentido, fazendo com que o consumidor fique mais tempo dentro do ecossistema e compre de forma mais recorrente. No terceiro trimestre, a B2W vendeu 56% a mais que um ano antes. Em comparação com a operação física da Americanas, os números foram bem vistos. Frente às rivais, a percepção é outra. Os números do Mercado Livre e do Magazine Luiza acentuaram essa impressão: as vendas da primeira subiram 112%, enquanto o e-commerce do Magazine Luiza cresceu 148%, sempre considerando a mesma base de comparação. Os resultados da Via Varejo para o período de julho a setembro serão divulgados hoje à noite. Resultados. Analistas apontam que, além do dado do terceiro trimestre, o histórico de resultados da companhia pode ser considerado problemático – especialmente por investidores estrangeiros. “A B2W e a Americanas tiveram períodos erráticos, e há uma reconstrução do portfólio. Temos a Americanas na carteira, mas o estrangeiro olha muito para a execução passada”, explica Daniel Gewehr, estrategista-chefe de ações para Brasil e América Latina do Santander. Procurada pela reportagem, a B2W não quis se pronunciar. Na última divulgação de resultados da empresa, porém, o diretor de relações com investidores da companhia, Raoni Lapagesse, afirmou que fez a opção estratégica de aumentar a quantidade de categorias à venda. Segundo ele, ao colocar na prateleira virtual categorias como alimentos, a B2W “plantou” uma maior recorrência de compras e ganhos de vendas. No entanto, no curto prazo, analistas dizem que preços e margens menores do que a média podem afetar os resultados. “Eles podem estar investindo em ganhar mercado, o que não significa que as margens ficarão baixas para sempre”, disse Daniela Bretthauer, da Eleven. Em relação à destinação dos recursos que a B2W recebeu na nova capitalização, em julho, Lapagesse disse que parte pode ser destinada a aquisições. Mas adiantou que a B2W não comprará qualquer empresa: “Queremos reproduzir o que fizemos com o Supermercado Now.” O ESTADO DE S. PAULO

Ipea aponta que retomada de vagas destruídas é lenta

Após atingir o fundo do poço em termos de demissões em julho, o mercado de trabalho brasileiro gerou 1,5 milhão de vagas em agosto e setembro, apenas de 10,3% a 11,3% do total de vagas perdidas por causa da recessão provocada pela covid-19, dependendo da metodologia utilizada para fazer a conta, conforme estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). O trabalho doméstico e o emprego no setor de serviços, com destaque para a atividade de alojamento e alimentação, foram os mais atingidos. Embora a retomada da economia no terceiro trimestre tenha sido até mais forte do que inicialmente estimado por economistas, o movimento não se traduziu em abertura generalizada de vagas no mercado de trabalho, mas, principalmente, no aumento de horas trabalhadas por quem não perdeu a ocupação, disse o pesquisador Marcos Hecksher, autor do estudo. Ou seja, menos pessoas estão trabalhando mais, enquanto falta trabalho para milhões. Para fazer as contas, o pesquisador do Ipea, cujo estudo está previsto para ser publicado no site do órgão federal hoje, usou dados da Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios Contínua (Pnad-c) e da Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios Covid (Pnad Covid), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). As informações da Pnad-c são sempre por trimestre móvel, mas, no estudo do Ipea, foram mensalizadas e encadeadas com a Pnad Covid, que é mensal – pesquisadores do IBGE, geralmente, alertam que as pesquisas não são comparáveis. Quando se considera a Pnadc, o total de postos de trabalho fechados na crise fica em 14,1 milhões de fevereiro a julho. Quando se junta as informações da Pnad-c com a Pnad Covid, o total de empregos destruídos de fevereiro a julho é de 12,8 milhões. Para Hecksher, independentemente da metodologia, a destruição de postos de trabalho é histórica. “É a maior queda histórica (da ocupação), uma coisa sem precedentes, que só começou a se recuperar”, afirmou o pesquisador do Ipea. “O mercado de trabalho se recuperar depois já era esperado. Agora, no Brasil, essa demora na recuperação de empregos pode ser maior porque aqui o risco sanitário é maior”, afirmou Hecksher, numa referência ao avanço da pandemia no País, quando se compara com outras nações. Antecedentes. Os dados dos indicadores antecedentes do mercado de trabalho, calculados pela Fundação Getulio Vargas (FGV) e divulgados na última segunda-feira reforçam a avaliação de que o estrago feito pela covid-19 parou de se agravar, mas a recuperação da economia ainda não passa pela criação de vagas. O Indicador Antecedente de Emprego (IAEMP), formado por uma combinação de séries extraídas das Sondagens da Indústria, de Serviços e do Consumidor, todas da FGV, subiu 2,9 pontos na passagem de setembro para outubro, para 84,9 pontos. Foi a sexta alta seguida, mas a sequência ainda deixa o indicador 7,1 pontos abaixo do patamar de fevereiro. Na visão Rodolpho Tobler, economista do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da FGV, um dos motivos para a recuperação da atividade econômica no terceiro trimestre ainda não ter melhorado o mercado de trabalho é o fato de a retomada estar se dando de forma desigual. “Essa recuperação da atividade tem sido intensa, surpreendeu positivamente, mas não tem sido muito homogênea entre os setores”, afirmou Tobler. Nessa heterogeneidade da recuperação, o desempenho da indústria e do varejo de bens, com destaque para o comércio eletrônico e as entregas, é melhor, enquanto o setor de serviços, especialmente nas atividades relacionadas ao turismo, bares e restaurantes, segue com dificuldades. A composição é ruim para o mercado de trabalho, porque o setor de serviços responde pela maioria dos empregos. O estrago na área de turismo, bares e restaurantes fica claro no estudo do Ipea. Nas contas de Hecksher, o total de trabalhadores nas atividades de alojamento e alimentação tombou 35,7% entre fevereiro e julho, o fundo do poço. Só que nos dois meses seguintes a recuperação foi tão tímida que, em setembro, esse contingente estava ainda 34,5% abaixo do visto em fevereiro, antes da pandemia de abater sobre a economia mundial. O ESTADO DE S. PAULO

Pequenos empresários relatam dificuldades para pagar 13º neste ano

A crise econômica deflagrada pela pandemia do coronavírus agora é uma ameaça para o pagamento do 13º, especialmente entre pequenas e médias empresas. Pesquisa já contabiliza o tamanho do problema em São Paulo. Entre as pequenas e médias indústrias do estado, seis em cada dez projetam que terão dificuldades com o pagamento do 13º salário de seus funcionários e, na comparação com o ano passado, mais da metade diz que a situação está mais complicada agora. Entidades de outros setores, que não chegaram a fazer sondagem sobre o tema, recebem relatos de pequenos negócios com o mesmo problema. Segundo boletim de tendências do Simpi (Sindicato da Micro e Pequena Indústria do Estado de São Paulo), elaborado pelo Datafolha para monitorar os impactos da pandemia sobre os negócios, 24% dos empresários desse segmento declaram que será muito difícil pagar o abono de Natal. Entre as pequenas indústrias, o índice chega a 30% e é de 33% na região metropolitana de São Paulo. Em relação ao fim de 2019, somente 11% disseram estar agora em situação melhor quanto às condições para o pagamento do abono. Para 36%, segue tudo igual. Para o presidente do Simpi, Joseph Couri, a chegada ao fim de ano com problemas de caixa para pagar uma despesa previsível, como é o 13º salário, é resultado de uma combinação de fatores próprios dos desequilíbrios acentuados pela pandemia. “Primeiro, temos falta de dinheiro mesmo, pois o nível de acesso a crédito está muito baixo. Segundo, muitas empresas, sejam fornecedores ou clientes, faliram, fecharam ou estão em crise grave, o que resultou em uma quebra na cadeia de produção”, diz Couri. Entidades que representam empresas menores têm recebido relatos sobre dificuldades para fechar as contas de final de ano. “A percepção é que muita gente vai ter dificuldade”, diz Tito Bessa Júnior, presidente da Ablos (Associação Brasileira de Lojistas Satélites), que reúne pequenos lojistas de shoppings. A esperança, diz ele, é que as medidas que suspenderam jornada e salário, e por conseguinte, reduzem a despesa com o 13º, possa dar alívio para alguns. “Os lojistas estão em dificuldades financeira, foram muitos meses fechados, tem gente com dificuldade até para pagar salário –a engrenagem quebrou”, diz Aldo Macri, presidente do Sindlojas (Sindicato de Lojistas do Comércio de São Paulo), que representa 30 mil lojista, especialmente do ramo de vestuário. Segundo Percival Maricato, presidente da Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes), pagar o 13º é um dos tantos problemas que os empresários do setor quebram a cabeça da resolver. “Os empresários dizem que vão ter dificuldades para pagar não apenas o 13º, mas todas as contas”, diz Maricato. “Mais da metade dos estabelecimentos não faturam nem 40% do resultado pré-pandemia, e donos dos locais, que concederam desconto, agora pressionam para voltar o valor do original do aluguel.” Segundo a entidade, há 1 milhão de bares e restaurantes no país. São duas as leis que tratam do 13º –uma cria a gratificação natalina e a outra define regras para o pagamento. Essa última prevê que que a data limite é sempre o dia 20 de dezembro. Entre fevereiro e novembro, o empregador pode antecipar os valores. Quem percebeu o problema lá atrás tentou contorná-lo antecipando a despesa, por exemplo. Uma forjaria da Mooca, na zona leste da capital paulista, decidiu pela antecipação do pagamento do abono, para evitar que o pagamento ficasse concentrado nos meses de novembro ou dezembro. “No começo [da pandemia] ficou claro que não seria uma coisa que passaria tão rápido, e vimos que não íamos conseguir se deixássemos para o fim do ano”, diz Humberto Gonçalves, sócio da TecStam, fábrica de parafusos, porcas e outros elementos de fixação. “A ideia foi bem aceita pelo pessoal da fábrica, então começamos a pagar em julho.” Segundo o empresário, obras de infraestrutura garantiram que a forjaria mantivesse bom ritmo de trabalho, evitando demissões. O professor de direito do trabalho da FMU (Faculdades Metropolitanas Unidas) Ricardo Calcini diz que o parcelamento do abono é possível, mas não é obrigatório. Pode, por exemplo, ser previsto em acordo coletivo e, segundo ele, é comum em prédios e condomínios. O atraso nesse pagamento, por outro lado, pode colocar a empresa em situação mais delicada, pois configura falta grave ante à legislação trabalhista. O funcionário pode pedir rescisão indireta do contrato e cobrar indenização, por exemplo. Entre as micro e pequenas indústrias de São Paulo, 25% declararam na pesquisa que veem o risco de atrasar esse pagamento e o percentual chega a 30% entre a menores. Segundo o Simpi, são 290 mil micro e pequenas indústrias no estado de São Paulo, que empregam cerca de 1,9 milhão de pessoas. O boletim do Simpi vem monitorando semanalmente pequenas e microindústrias no estado de São Paulo. Na semana encerrada em 30 de outubro, 38% disseram que o capital de giro estava insuficiente. Um pouco mais da metade (53%) afirmou que o caixa estava empatando –tinha exatamente o necessário para manter o negócio. “Quase 80% das empresas não têm acesso a crédito. Como então elas sobreviveram? Usando o cheque especial como capital de giro”, afirma o presidente do sindicato do setor. Segundo a pesquisa, 27% das indústrias usaram cheque especial em setembro para honrar compromissos. Na região metropolitana de São Paulo, o índice chegou a 34%. O presidente do Simpi lembra ainda que a indústria vem sofrendo com alto custo (87% das empresas), atraso (68%) e falta (70%) de matéria-prima nos fornecedores. O desarranjo das cadeias produtivas agrava o cenário financeiro. O comércio de acessórios automotivos de Cleber Oliveira Messias é uma demonstração disso. “O mercado até reagiu, mas agora estamos com problema com matéria-prima. Quem tem matéria-prima não tem quem produza. Poderia ser o melhor mês, mas não vai chegar”, diz. Para garantir capital de giro e o dinheiro necessário ao 13º dos oito funcionários, Messias tomou há alguns meses um empréstimo com a Desenvolve SP, a agência de desenvolvimento ligada ao governo de São Paulo. “Nossa cultura é a de todo mês separar um valor para o

Caixa abre PDV para quase 10% do seu quadro de funcionários

A Caixa Econômica Federal abriu um novo PDV (plano de demissão voluntária) nesta segunda-feira (9), para 7.200 funcionários, afirmou a Fenae (federação de associações de funcionários do banco). O número responde por 8,5% do quatro de funcionários da Caixa, de aproximadamente 84,3 mil pessoas. Em anos anteriores, a média de adesões desses planos foi de até 2 mil funcionários. Em nota, a Caixa confirmou a divulgação do PDV aos seus funcionários na sexta-feira (6). Segundo a Fenae, o novo plano de desligamento ficará aberto até 20 de novembro e, quem aderir, receberá um incentivo financeiro equivalente a 9,5 remunerações base. Os desligamentos serão feitos entre 23 de novembro e 31 de dezembro. A medida viria para adequar o banco à Emenda Constitucional nº 103, da reforma da Previdência, que prevê a extinção do vínculo empregatício de empregados de empresas públicas que se aposentarem a partir de sua vigência. O presidente da federação, Sergio Takemoto, afirmou que este foi o maior PDV feito pela Caixa até o momento e que não houve nenhuma comunicação do banco com as entidades sindicais da categoria. Para Takemoto, o movimento faz parte de uma estratégia da gestão de Pedro Guimarães para facilitar a privatização das subsidiárias da Caixa e o interesse do setor privado nessas companhias. Segundo a Fenae, o déficit de empregados no banco chega a 17 mil pessoas. São elegíveis ao PDV empregados que se aposentaram antes de 13 de novembro de 2019 (data em que entrou em vigor a Emenda Constitucional 103 da reforma da previdência), os funcionários que recebem adicional de incorporação, aqueles que forem aptos a se aposentar até 31 de dezembro deste ano e que tiverem solicitado a aposentadoria ao INSS depois de 6 de novembro e os empregados que tiverem 15 anos ou mais de casa. Funcionários que estão com 75 anos ou mais de idade ficam de fora do PDV. O último plano de desligamento voluntário da Caixa aconteceu no final do ano passado. Em setembro deste ano, a Caixa Seguridade suspendeu seu IPO (abertura de capital) devido à atual conjuntura de mercado. Investidores e analistas têm reforçado as incertezas no ambiente fiscal do país. “As subsidiárias são a parte mais lucrativa da Caixa e é exatamente por onde o banco vai atrair o interesse do setor privado. Ninguém quer pagar auxílio emergencial e organizar a parte social. O receio é que havendo essa redução nos lucros, haja uma redução ainda maior do tamanho do banco e, consequentemente, do seu pessoal”, disse Takemoto. O banco negou que o PDV estivesse ligado à privatização das subsidiárias. OUTRO LADOEm nota, a Caixa afirmou que divulgou seu PDV na sexta-feira (6) e que a ação atende a um pleito dos próprio empregados da empresa, e se dará por adesão individual. “Podem aderir os empregados que atendam aos requisitos do programa e que já se planejaram para a aposentadoria ou desligamento”, afirmou o banco. Por meio de sua assessoria de imprensa, a Caixa ainda afirmou que o PDV não é uma estratégia voltada para a privatização de suas subsidiárias, tratando-se de um processo rotineiro. O banco também afirmou que o número de 7.200 funcionários é um limite imposto para que os serviços prestados pela Caixa não sejam afetados pela redução da equipe, mas que raramente é atingido. FOLHA DE S. PAULO

Guedes promete quatro privatizações até dezembro de 2021

O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse nesta terça-feira que pretende privatizar pelo menos quatro empresas até dezembro de 2021. Desde o início do governo, Guedes promete leiloar empresas públicas, mas após quase dois anos somente uma proposta foi enviada ao Congresso, a da Eletrobras, que está travada. As demais não foram decididas nem dentro do próprio governo. A data até dezembro de 2021 é um novo prazo dado pelo ministro para a venda das estatais, depois dele ter falado, em julho, que faria até quatro “grandes privatizações” em 90 dias. Mais cedo, Guedes afirmou que o Brasil pode “ir para uma hiperinflação muito rápido” se não rolar a dívida satisfatoriamente. Ele avalia que o governo possui uma dívida em “bola de neve” e, para sair dessa situação, a saída é a venda de estatais e imóveis do governo federal. As empresas citadas por Guedes são Eletrobras, Correios, PPSA e Porto de Santos. A privatização da Eletrobras foi até agora a única encaminhada ao Congresso. O projeto para a venda dos Correios ainda tramita dentro do próprio governo. A proposta foi encaminhada para a Secretaria de Assuntos Jurídicos no Palácio do Planalto. Ainda falta a assinatura do presidente Jair Bolsonaro antes de ser enviada ao Congresso. De acordo com documento entregue pela Advocacia-Geral da União (AGU) aos ministros do Tribunal Superior do Trabalho (TST), governo federal vê risco de os Correios se tornarem uma empresa dependente do Tesouro Nacional, gerando um impacto anual de R$ 20 bilhões no Orçamento da União. A PPSA é a estatal responsável pela parte do governo nos contratos de exploração de petróleo do pré-sal, sob o regime de partilha. Nesse modelo, o governo é “sócio” das empresas exploradoras do óleo e do gás. Por isso, a privatização citada por Guedes na prática é uma operação de antecipação de receitas da venda desse petróleo que cabe à União. O ministro disse que a privatização da PPSA poderia render US$ 100 bilhões — o equivalente hoje a mais de R$ 500 bilhões — e ajudar a pagar a conta criada com as medidas para combater o coronavírus. O próprio ministro, porém, já citou que esses meses contratos valeriam R$ 200 bilhões. — Calculamos que poderia chegar a algo próximo a 100 bilhões de dólares, então nós estamos determinados a tentar vender esses contratos — disse Guedes, em transmissão ao vivo para o mercado financeiro internacional. Quanto à Cedae, o ministro afirmou que a privatização da companhia fará parte de um esforço do governo federal para acelerar o processo de desestatização no país. Em entrevista ao GLOBO publicada na edição desta terça, o governador em exercício do Rio, Claudio Castro, voltou a dizer que não fará um ‘mal negócio’, referindo-se à venda da Cedae. Para ele, ainda há perguntas sem respostas relativas ao modelo de privatização. O ministro falou também que o avanço do e-commerce faz acreditar que o leilão dos Correios será bem sucedido. Explicou também que o Porto de Santos é o maior hub de transportes do Brasil. O ministro se queixou, porém, de obstáculos no campo político, repetindo que quem dá o timing das reformas são os políticos. Mas até agora o governo não entregou sua proposta para que estas empresas sejam privatizadas, e o Congresso não começou efetivamente a debater projetos. — Há uma guerra política; nós entregamos, e a oposição diz que nós não entregamos — disse. Sobre o anúncio das quatro privatizações em três meses, disse que havia um acordo político para anunciá-las, mas que esse acordo acabou não se concretizando. O ministro não esclarece, porém, com quem esse acordo teria sido negociado ou os seus termos. Mais cedo, em outro evento, Guedes afirmou se sentir frustrado pelo fato de o atual governo estar há dois anos no poder sem vender estatais. — Estou bastante frustrado de estarmos aqui há dois anos e não termos conseguido vender nenhuma estatal. É bastante frustrante — afirmou em evento sobre desestatização promovido pela Controladoria-Geral da União (CGU). O GLOBO