Força Sindical completa 30 anos em cenário de alta do desemprego e queda de filiados

Segunda maior central sindical do país, a Força Sindical chega aos 30 anos nesta segunda (8) em meio ao encolhimento do poder dos sindicatos e ao avanço no desemprego –13,4 milhões de brasileiros começaram 2021 desocupados, segundo dados do IBGE (Instituto Brasilerio de Geografia e Estatística).

Em 2019, a central sindical chegou a colocar à venda o prédio que abriga sua sede, no bairro Liberdade, na região central da capital paulista. Outros importantes sindicatos, como o dos metalúrgicos e comerciários, precisaram fazer o mesmo.

A reforma trabalhista trouxe um baque duplo à capacidade de manutenção das entidades sindicais. O primeiro, no financiamento, ao acabar com o imposto sindical, que transferia cifras milionárias descontadas das folhas salariais, independentemente de os trabalhadores serem ou não filiados.

Em 2017, a Força recebeu quase R$ 51 milhões. No ano seguinte à reforma, as contribuições caíram a R$ 4,7 milhões.

Além do financiamento, a reforma reduziu a participação dos sindicatos em negociações e demissões. A mudança na regra abriu espaço para os acordos individuais, nos quais patrões e empregados podem discutir caso a caso como serão pagos banco de horas e benefícios.

As demissões, que antes precisavam passar pelas entidades, passaram a ser feitas diretamente nas empresas, sem a necessidade de homologação do sindicato.

Segundo o IBGE, entre 2017, ano da reforma, e 2019, o número de brasileiros sindicalizados caiu de 13,5 milhões para 10 milhões.

Os ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT) gravaram mensagens aos filiados da Força Sindical em homenagem ao trigésimo aniversário da central, celebrado nesta segunda-feira (8).

Na mensagem, Lula recomendou que o presidente da central, Miguel Torres, não tenha problema em radicalizar na defesa dos trabalhadores. “Se a gente não radicalizar, eles vão tirar todos os direitos dos trabalhadores como Temer e Bolsonaro já tiraram”, afirmou o petista.

Lula disse ainda que a classe trabalhadora está sofrendo a maior crise de sua história. “É o maior desemprego da história do Brasil, é queda da massa salarial, é incerteza e muitos trabalhadores trabalhando de forma totalmente insegura”.

FHC lembrou, por sua vez, seu apoio ao nascimento da Força Sindical, criada com intuito de deter a hegemonia da CUT (Central Única dos Trabalhadores) e o fortalecimento de outros movimentos à esquerda. Seu embrião foi o Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo.

“Foi um progresso muito grande. Porque, assim, não fica na mão de um grupo só”, disse o tucano.

Para FHC, esta é uma data a ser comemorada:

“Quero felicitar não só pela vigência desse movimento, que hoje é vitorioso, como também todos os movimentos dos trabalhadores e assalariados. Porque, se não se defenderem, quem vai defender? Quem tem dinheiro? Não.”

Nas redes sociais, Torres agradeceu aos trabahadores “pelo esforço de, mesmo neste período muito difícil de crise e de pandemia, tocarem em frente as lutas de resistência em defesa dos direitos, dos empregos e da renda”.

“Sigamos juntos nas ações por mais vacinas e rapidez na vacinação contra a Covid-19, pelo auxílio emergencial de R$ 600 mensais para quem precisa, até o fim da pandemia, pelas populações socialmente mais vulneráveis e por um Brasil melhor para todos: sem fome, sem pobreza, sem miséria e sem exclusão social”.

FOLHA DE S. PAULO

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