Economia cresceu 0,86% em outubro, aponta prévia do PIB do BC

Após a forte retração nos meses de março e abril, em meio à pandemia do novo coronavírus, a atividade econômica brasileira apresentou em outubro o sexto mês consecutivo de alta. O Banco Central informou nesta segunda-feira, 14, que seu Índice de Atividade (IBC-Br, considerado uma espécie de prévia do PIB) subiu 0,86% em outubro na comparação com setembro, na série já livre de influências sazonais (uma espécie de compensação para comparar períodos diferentes). Em setembro, o avanço havia sido de 1,68% (dado revisado).

No acumulado do ano até outubro, o indicador registra uma queda de 4,92%. Em 12 meses, a queda é de 3,93%.

Os efeitos da pandemia do novo coronavírus sobre a economia, apesar de percebidos em fevereiro, se intensificaram em todo o mundo a partir de março. Para conter o número de mortos, o Brasil adotou o isolamento social em boa parte do território, o que impactou a atividade econômica. Os efeitos negativos foram percebidos principalmente em março e abril. Nos últimos meses, porém, o IBC-Br demonstrou reação.

De setembro para outubro, o índice de atividade calculado pelo BC passou de 135,59 pontos para 136,75 pontos na série dessazonalizada. O patamar ainda é inferior, porém, a fevereiro deste ano (140,07 pontos), antes da pandemia. A alta do IBC-Br ficou abaixo da estimativa do mercado financeiro, calculada em 1,10%.

Na comparação entre os meses de outubro de 2020 e outubro de 2019, houve baixa de 2,61% na série sem ajustes sazonais. Esta série encerrou com o IBC-Br em 139,37 pontos em outubro. Neste caso, a queda foi maior que a mediana das estimativas (-2,00%) e ficou dentro do intervalo das previsões (-3,70% a 0,30%).

Conhecido como uma espécie de prévia do BC para o PIB, o IBC-Br serve mais precisamente como parâmetro para avaliar o ritmo da economia brasileira ao longo dos meses. A projeção atual do BC para a atividade doméstica em 2020 é de retração de 5%. Este cálculo será atualizado na próxima quinta-feira, por meio do Relatório Trimestral de Inflação (RTI).

No Relatório de Mercado Focus divulgado pelo BC nesta segunda-feira, a projeção é de queda de 4,41% do PIB em 2020. O Focus reúne as projeções dos economistas do mercado financeiro.

Desaceleração
A mensagem mais importante do indicador foi a confirmação da esperada desaceleração da retomada da atividade no quarto trimestre, aponta a economista-chefe da BNP Paribas Asset Management, Tatiana Pinheiro. Ela destaca que, após as revisões feitas na série, o IBC-Br desacelerou de 8,43% no trimestre encerrado em setembro para 6,5% no período terminado em outubro.

“O dado indica que o País deve continuar a crescer no quarto trimestre, mas em ritmo menor, de 1% a 2% na margem, com ajuste sazonal. Os números mostram desaceleração do ritmo, seja porque a comparação é com um período em que a economia já fora religada, já estava aberta, seja pela redução no auxílio emergencial.”

A economista espera alta de 1,5% do Produto Interno Bruto (PIB) no quarto trimestre (de 7,7% no terceiro trimestre na margem), fechando o ano com queda de 4,5%. Para 2021, a expectativa é de alta de 3,0%, sendo que cerca de 2 pontos porcentuais são carrego estatístico do resultado de 2020, ou 64% da projeção.

A maior dúvida se concentra, reforça Pinheiro, no desempenho da economia no início de 2021, com a retirada dos estímulos fiscais e o risco de novas restrições econômicas devido à ressurgência de casos de covid-19.

“O País deve ter crescimento no primeiro e no segundo trimestres, mas em ritmo menor. Porque no ano de 2021 é a economia que tem de andar com as próprias pernas. O que vemos é o Brasil voltando ao padrão de crescimento anterior à pandemia, com crescimento trimestral, em média, entre 0,3% e 0,4%.”

Para a XP Investimentos, o IBC-Br de outubro sinaliza que o ritmo da recuperação vai continuar gradual por algum tempo. Em nota, a instituição afirma que a combinação entre redução do auxílio emergencial, aumento de casos de covid-19 e mercado de trabalho ainda frágil ajudaram a frear o ritmo da atividade no mês.

O ESTADO DE S. PAULO

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