Indicadores alcançam menores níveis desde 2015
Leonardo Vieceli
RIO DE JANEIRO
A taxa de desemprego no Brasil recuou para 8,9% no trimestre até agosto, informou nesta sexta-feira (30) o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
É o menor índice na série histórica comparável desde o período encerrado em agosto de 2015, quando também estava em 8,9%, e a economia nacional atravessava recessão.
O novo resultado veio em linha com as expectativas do mercado financeiro. Analistas consultados pela agência Bloomberg projetavam índice de 8,9% até agosto.
A taxa de desocupação marcava 9,8% no trimestre até maio, o mais recente da série histórica comparável da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua). No trimestre móvel até julho, que integra outra série da Pnad, o indicador já estava em 9,1%.
O número de desempregados, por sua vez, recuou para 9,7 milhões de pessoas até agosto. Com isso, caiu para o menor nível desde novembro de 2015 (9,3 milhões), indicou o IBGE. O contingente somava 10,6 milhões até maio.
Segundo as estatísticas oficiais, a população desempregada é formada por pessoas de 14 anos ou mais que estão sem trabalho e seguem à procura de novas vagas. Quem não tem emprego e não está buscando oportunidades não entra nesse cálculo.
A Pnad retrata tanto o mercado de trabalho formal quanto o informal. Ou seja, abrange desde os empregos com carteira assinada e CNPJ até os populares bicos.
O contingente de pessoas ocupadas com algum tipo de trabalho foi de 99 milhões até agosto. Assim, bateu novamente o recorde da série histórica, iniciada em 2012.
“O mercado de trabalho segue a tendência demonstrada no mês passado, continuando o fluxo que ocorre ao longo do ano, de recuperação”, disse Adriana Beringuy, coordenadora da Pnad.
Após os estragos causados pela pandemia, a abertura de vagas foi beneficiada pela vacinação contra a Covid-19. O processo de imunização permitiu a reabertura de negócios e a volta da circulação de pessoas.
Às vésperas das eleições, o governo Jair Bolsonaro (PL) buscou aquecer a economia com liberação de recursos, cortes de impostos e ampliação em agosto do Auxílio Brasil. Bolsonaro aparece em segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto, atrás do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Pelo segundo mês consecutivo, o rendimento habitual do trabalho teve crescimento em termos reais (descontada a inflação), apontou o IBGE. A renda média foi de R$ 2.713 no trimestre até agosto, uma alta de 3,1% frente ao trimestre até maio (R$ 2.632).
Porém, teve variação negativa de 0,6% na comparação com o mesmo período de 2021 (R$ 2.730), o que o IBGE considera como resultado estatisticamente estável.
Economistas veem chance de a taxa de desocupação ficar mais próxima de 8% até dezembro no Brasil. A reta final do ano costuma ser marcada por contratações temporárias em razão da demanda sazonal em setores como o comércio.
Em 2023, porém, essa retomada pode perder ímpeto, sob efeito dos juros elevados, que desafiam os investimentos produtivos de empresas e o consumo das famílias.
O IPCA-15 teve deflação (queda) de 0,37% em setembro, informou o IBGE Miguel Schincariol/AFPMAIS
https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2022/09/desemprego-fica-abaixo-de-9-e-atinge-97-milhoes.shtml