Desafios dos Executivos de Valor vão do home office à cadeia global de produção


Profissionais ganhadores do prêmio de 2022 vivem hoje rotinas que incorporam novas demandas em múltiplas frentes

Por Valor — São Paulo

Após mais de dois anos de pandemia e em meio a um conflito bélico que reforça a desorganização das cadeias produtivas globais, a rotina dos ganhadores do prêmio “Executivo de Valor” passou a incorporar novas demandas em múltiplas frentes. As mudanças começam no próprio ambiente de trabalho e chegam a pontos distantes do globo, onde é preciso reformular as operações e refazer negócios.

Inflação e questão social lideram as preocupações de executivos

“Acredito que o novo mundo é híbrido”, diz Tânia Cosentino, presidente da Microsoft Brasil. “Criamos novos hábitos e incorporamos experiências ao nosso dia a dia das quais não queremos mais abrir mão. Mas também sentimos saudades da relação entre as pessoas, da conexão e da relação presencial. Se não promovermos uma mudança da nossa mentalidade, dificilmente vamos conseguir atender a esse novo mundo”, explica a vencedora na categoria TI & Telecom.

Além de híbrido, o novo mundo corporativo requer o reforço de habilidades e talentos dos gestores. “O executivo no Brasil precisa, desde cedo, aprender a trabalhar com a incerteza. Ser adaptável e saber moldar o negócio às condições do mercado será crucial”, diz Andrea Salgueiro, presidente da Whirlpool Brasil, vencedora na categoria bens de consumo.

Ao lado de novos hábitos surgem desafios, como buscar alternativas às cadeias globais, ao mesmo tempo em que persistem problemas conhecidos de longa data, como a inflação. Gerenciamento de custos, geração de caixa, reorganização de processos para elevar a produtividade e aceleração das transformações digitais fazem parte do arsenal dos líderes de negócios para fazer frente a preocupações como o efeito dos juros altos, tanto no aumento do custo dos recursos financeiros e dos investimentos, como na demanda dos consumidores.

Cerimônia do Executivo de Valor, que voltou a ser presencial após dois anos de pandemia — Foto: Silvia Costanti / Valor

O CEO da Ânima Educação, Marcelo Bueno, diz que a manutenção do cenário de elevadas taxas de juros no Brasil para combater a inflação acima do esperado coloca como foco da gestão a consolidação da integração das unidades adquiridas e a “priorização dos projetos que tenham maior potencial de geração de caixa para contribuir com a desalavancagem”, processo que também será acompanhado de outras medidas que reduzam o peso das despesas financeiras.

Também no setor de serviços, o CEO da AHI (Atlântica Hotels), Eduardo Giestas, lista como um objetivo a “recuperação de preços para recompor os valores pré-pandemia e compensar a pressão inflacionária nos custos”, como os de energia elétrica e alimentos e bebidas, entre outros custos diretos enfrentados pela rede. Para superar esse momento, Giestas aponta a aceleração do processo de transformação digital como um dos focos da gestão nesse período.

Já fortemente digital, o Mercado Livre espera manter o crescimento contínuo no Brasil e em toda a região, gerando rentabilidade. Segundo Fernando Yunes, vice-presidente sênior da empresa e líder da operação no Brasil, o início de 2022 foi muito forte e estabeleceu uma base sólida para os próximos meses. “Apesar do atual cenário desafiador, o crescimento do marketplace vem se mantendo consistente, sobretudo devido ao comportamento e aumento da nossa base de compradores.”

Essa forte digitalização dos negócios fez a estrutura logística crescer aceleradamente, o que impulsionou as operações da Loggi, um dos primeiros unicórnios do país. A empresa criada em 2013 teve que intensificar investimentos em estrutura e https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpg, conta Fabien Mendez, fundador e presidente da Loggi, vencedor na categoria serviços digitais.

Embora conscientes dos desafios, os executivos entendem que o cenário traz oportunidades, como observa Cristina Junqueira, cofundadora e CEO do Nubank, premiada na categoria serviços financeiros. “O maior desafio é atravessar a tempestade em meio a vários fatores globais, como alta de juros, inflação, guerra. Em meio a esse cenário, permanecem intactas nossas convicções de que uma crise também traz grandes oportunidades para aqueles que estão bem posicionados, bem capitalizados e resolvendo problemas reais com soluções inovadoras.”

Com muitos planos para este ano e o futuro, a CEO da Gupy, Mariana Ramos Dias, destaque como startup de sucesso, alerta para a necessidade de avaliações criteriosas. “No cenário econômico instável em que estamos vivendo, é importante sermos cautelosos e responsáveis com os investimentos financeiros para viabilizar um crescimento de forma sustentável.”

https://valor.globo.com/carreira/noticia/2022/06/30/desafios-dos-executivos-de-valor-vao-do-home-office-a-cadeia-global-de-producao.ghtml

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