Programas de vacinação conturbados, desentendimentos entre EUA e China, dificuldades na retomada econômica e questões socioambientais e de aceleração digital são os cinco maiores riscos das empresas ao redor do mundo em 2021, apontou o novo RiskMap da Control Risks, divulgado nesta segunda-feira (11).
No Brasil, segundo o diretor da Control Risks, Thomaz Favaro, esses riscos se agravam quando se leva em consideração os aspectos políticos e fiscais do país.
“Em relação ao risco trazido pela pandemia, toda a região [da América Latina] está ficando um pouco para trás no calendário de vacinação e na cobertura contratada. No Brasil, ainda vemos o governo federal e os estados patinando com a compra de vacinas e isso também impacta a recuperação econômica do país”, afirmou.
“Enquanto alguns países começam a retomar uma agenda de austeridade para a retomada, muitos, como o Brasil, precisarão correr atrás dos prejuízos trazidos pela Covid. A situação fiscal é dramática para o país em 2021 e é uma situação que precisa estar em pauta no jogo político”, disse Favaro.
O posicionamento pró-Trump do governo de Jair Bolsonaro (sem partido) também agrava, no caso brasileiro, os riscos relacionados aos embates entre EUA e China. A preocupação, segundo Favaro, deve-se ao fato de a China ser um país de grande importância para a balança comercial brasileira.
“Uma boa parte dos países ao redor do mundo tenta adotar uma postura de não alinhamento, tentando trabalhar com as duas nações. O Brasil tem tomado a direção contrária, de afastamento. Mas é improvável que isso se prolongue e chegue a reverter o investimento, a China é importante demais para toda a América Latina”, disse o executivo da Control Risks.
Em relação às questões socioambientais, que ganharam destaque ao longo de 2020 com o tema de melhores práticas ambientais, sociais e de governança (ou ESG, como são conhecidas pelo mercado), a expectativa é de uma pressão nas empresas para a adoção de uma posição favorável ao assunto.
O mesmo acontece nas questões voltadas para a aceleração digital e maior conectividade de sistemas.
“Já vimos uma pressão sobre a capacidade de adaptação das empresas ao novo mundo digital com o home office, na pandemia. Isso aumenta a necessidade de resposta das empresas a novos desafios. Temas como LGPD [Lei Geral de Proteção de Dados] e o desmatamento na Amazônia estarão particularmente quentes no Brasil em 2021”, disse Favaro.
Apesar de a tendência de retomada ainda depender do cenário brasileiro para a decisão das vacinas e a resolução do tema fiscal, a expectativa é mais otimista em relação ao ano passado.
“Em 2020, o foco foi entender qual era o tamanho do problema e tentar reagir. Parte dessa equação ainda está nas incertezas que perduram. Agora será necessário focar em como capitalizar e ter ganhos de produtividade”, afirmou o diretor.
FOLHA DE S. PAULO