Haddad apresenta hoje pacote com alta de receitas e desempate a favor da União em conflitos tributários

hammer, books, law-719066.jpg

Medidas devem ser anunciadas no Palácio do Planalto nesta quinta (12), com presença de Lula Idiana TomazelliBRASÍLIAO pacote de medidas econômicas a ser anunciado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), vai centrar esforços na recuperação da arrecadação do governo federal e inclui a retomada do voto de desempate a favor da União em disputas tributárias com contribuintes. O anúncio está programado para esta quinta-feira (12) no Palácio do Planalto e deve contar com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), num sinal de apoio político às iniciativas —muitas delas impopulares, pois significam na prática um aumento de tributos. Os ministros Rui Costa (Casa Civil) e Simone Tebet (Planejamento e Orçamento) também são aguardados para o anúncio. Apesar dos atos golpistas que resultaram na depredação das sedes dos três Poderes, a equipe decidiu manter o cronograma planejado para dar uma demonstração de que o trabalho do governo continua. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), durante cerimônia de posse no CCBB – Gabriela Biló – 02.jan.2022/FolhapressO foco do time econômico é a redução de um déficit de R$ 231,55 bilhões projetado para este ano, que foi classificado como “absurdo” por Haddad em seu discurso de posse. O mercado cobra uma sinalização firme de redução desse rombo para manter a dívida pública em patamar sustentável. O pacote deve incluir quatro MPs (medidas provisórias), dois decretos presidenciais, uma portaria interministerial e uma portaria conjunta da Receita Federal e da PGFN (Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional). Uma das MPs buscará restabelecer o chamado “voto de qualidade” no Carf (Conselho de Administração de Recursos Fiscais), tribunal administrativo que julga conflitos tributários. O voto de qualidade assegurava à Receita a manutenção da cobrança em caso de empate no julgamento —algo comum em disputas envolvendo grandes valores, uma vez que o tribunal é formado por representantes do Fisco e dos contribuintes. Sensível a interesses de grupos, o Congresso fez ao longo dos anos uma série de investidas contra o voto de qualidade e finalmente obteve sucesso em 2020, durante o governo Jair Bolsonaro (PL). Naquele ano, o desempate em favor da Receita foi extinto, impondo derrotas bilionárias à União em novos julgamentos. Durante as discussões, o governo chegou a levantar dúvidas jurídicas sobre a possibilidade de retomar o voto de qualidade, uma vez que o STF (Supremo Tribunal Federal) caminhava para se manifestar a favor da legalidade da mudança feita em 2020 —o julgamento foi suspenso em março de 2022 por um pedido de vista. Apesar do risco, a medida acabou sendo incluída no pacote a ser anunciado por Haddad, que tem dado ênfase aos problemas a serem enfrentados no Carf. O ministro tem chamado atenção para o aumento significativo do estoque de processos, que saltaram de R$ 600 bilhões para R$ 1,2 trilhão em quatro anos. Em entrevista à Folha, o secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, disse que “ter uma solução para o Carf é essencial”. Outra opção é um “incentivo extraordinário à denúncia espontânea”, estimado em R$ 33,77 bilhões. O pacote de medidas também deve incluir a reversão de desonerações tributárias adotadas pelo governo anterior. Uma delas mira o corte nas alíquotas de PIS/Cofins sobre receitas financeiras de grandes empresas, cujo impacto seria próximo a R$ 4,4 bilhões. Outra medida que estava nas discussões prévias é o aproveitamento de créditos de ICMS, imposto estadual, pelas empresas. Ela tem relação com o julgamento no STF que retirou o ICMS da base de cálculo de PIS/Cofins nas operações de venda feitas pelas empresas. O problema é que o julgamento não contemplou as aquisições de insumos das companhias, que continuavam considerando o ICMS na base de cálculo dos tributos federais nessas operações porque isso era mais vantajoso —elas ficam com um crédito tributário maior a ser abatido posteriormente. Na prática, segundo técnicos, a distorção permite que os contribuintes usem como crédito um tributo que não foi pago. Por isso, há a possibilidade de se corrigir o problema via MP, restabelecendo uma cobrança de ao menos R$ 30 bilhões em tributos. Essa medida teria um impacto mais duradouro sobre a arrecadação do que outras tidas como extraordinárias, centradas em 2023. Também havia, nas discussões preliminares, um impacto estimado em R$ 28,7 bilhões com a reoneração de tributos federais sobre gasolina e etanol a partir de março. O pacote de Haddad ainda deve trazer medidas para reduzir despesas, como revisão de contratos e programas —cujo impacto era estimado em R$ 15 bilhões nas discussões preliminares. Em entrevista à Folha, Ceron afirmou que a agenda precisava envolver tanto o ganho de arrecadação quanto a redução de despesas, mas argumentou que o aumento de receitas não significava uma expansão da carga tributária. “Trata-se de discutir a manutenção da carga tributária que existia ao final de 2022”, afirmou na ocasião. “A receita líquida do governo federal deve ficar em torno de 18,7%, 18,8% do PIB em 2022. Para 2023, as renúncias tributárias feitas no ano passado derrubam 1,5 ponto percentual do PIB. A receita líquida cai para 17,2% do PIB. Isso significa mais de R$ 100 bilhões renunciados sem lastro. É um grande impacto”, disse. https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2023/01/pacote-de-haddad-mira-alta-de-receitas-e-inclui-desempate-a-favor-da-uniao-em-conflitos-tributarios.shtml

Número de ações por síndrome de burnout cresce na Justiça do Trabalho

youtuber, blogger, screenwriter-2838945.jpg

Levantamento aponta que judicialização aumentou em 72% durante a pandemiaPor Bárbara Pombo — De São Paulo Em grande parte dos casos, pedem para serem indenizados por danos causados pela doença, reintegrados ao emprego ou realocados de função. Há precedentes favoráveis aos trabalhadores no Tribunal Superior do Trabalho (TST). Entre 2020 e 2022, tramitaram pouco mais de 4 mil processos trabalhistas sobre o assunto – quase o dobro do registrado entre 2017 e 2019, quando havia 2,3 mil ações. São Paulo é o Estado onde se concentra a maior parte dos casos. Um total de 1.925 processos está em andamento. Só em 2022, foram ajuizadas 336 novas ações em São Paulo. Minas Gerais (129), Rio Grande do Sul (101), Paraná (100) e Rio de Janeiro (95) despontam na lista em seguida, de acordo com a pesquisa. Uma bancária mineira de 38 anos, que prefere não se identificar, foi uma das que bateu às portas do Judiciário (processo em segredo judicial). Como gerente de pessoas jurídicas, ela relata ter passado por jornadas exaustivas, cobranças por atingimento de metas inalcançáveis e assédio moral de superiores. Começou a sentir irritação frequente, depois insônia e suor excessivo. “Até que não consegui mais entrar no meu local de trabalho”, conta. Passou por dois afastamentos custeados pelo empregador e, depois, pelo INSS – de nove meses no total -, além de tratamento psiquiátrico, que continua. Quando retornou à agência, ela foi alocada na mesma função de gerente, com a tarefa de criar uma nova carteira de clientes. “Fiquei pior. Tive crises de pânico e de ansiedade, e não conseguia atender. Mesmo tendo demonstrado interesse, não me mudaram de função e de cargo”, diz ela, que venceu em primeira e segunda instâncias. “Como iria me curar no local em que adoeci?” Especialistas ouvidas pelo Valor apontam que o aumento no número de ações judiciais está ligado ao momento de incertezas e isolamento durante a pandemia, mas também à maior informação sobre o problema. “Hoje o burnout não está restrito a determinadas categorias profissionais, como era antes. Era comum sobretudo em professores, médicos e policiais”, afirma a procuradora regional do trabalho Adriane Reis de Araújo, coordenadora Nacional de Promoção de Igualdade de Oportunidades e Eliminação da Discriminação no Trabalho (Coordigualdade). Há um ano, a Organização Mundial da Saúde (OMS) passou a considerar a síndrome de burnout como doença ocupacional. Conta, agora, com um código específico na Classificação Internacional de Doenças (CID). Com esse reconhecimento, explica a advogada Tricia Oliveira, sócia da área trabalhista do Trench Rossi Watanabe, o empregador que é acionado na Justiça deve provar que não foi o responsável por causar o transtorno do esgotamento profissional. “Antes, cabia ao empregado provar que havia desenvolvido a doença por causa das condições de trabalho, ou seja, precisava comprovar o nexo de causalidade entre o adoecimento e o seu trabalho”, afirma. Especializada em saúde mental nas relações de trabalho, a advogada Luciana Chamone Garcia vem representando trabalhadores acometidos por burnout na Justiça. Ela observa que o reconhecimento do transtorno pela OMS não surtiu tanto efeito sobre a judicialização, mas sim sobre o comportamento das companhias. “As empresas estão mais focadas nessa questão e atuando a partir de um compliance preventivo. Os trabalhadores, por sua vez, estão mais informados”, afirma. Ela aponta que o Judiciário trabalhista tem sido bastante sensível a esse tipo de demanda quando o processo é pautado em provas robustas, como laudo pericial, testemunhas e documentos que atestem que o empregado adoeceu em função de jornadas exaustivas, sobrecarga de trabalho, cobranças abusivas de metas, violação à desconexão ou assédio moral. “É necessário um diagnóstico preciso porque esse assunto não pode ser banalizado. Depressão é diferente de tristeza”, diz a advogada, que preside a Comissão de Direito à Saúde Mental da seccional mineira da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-MG). Gestores e profissionais da área jurídica frisam, em um cenário de aumento de diagnósticos e judicialização, que há medidas a serem tomadas pelas empresas para endereçar o problema (veja abaixo). “Em um litígio, as medidas concretas adotadas são elementos para a empresa demonstrar que se esforçou, que o adoecimento não é do ambiente de trabalho em si, mas de outra circunstância”, afirma a advogada Tricia Oliveira. O levantamento feito pelo Trench Rossi Watanabe aponta que reclamações trabalhistas relacionadas à burnout podem sair caras para as empresas. O valor de causa das 8.118 ações ativas e arquivadas sobre o assunto, entre 2014 e 2022, somaram R$ 2,48 bilhões – uma média de R$ 306 mil por processo. O TST já confirmou indenizações com valores elevados em decorrência de burnout. Em um caso, um empregado de 31 anos aposentado por invalidez em decorrência de burnout obteve decisão favorável para receber R$ 475 mil em reparação. Em outro, os ministros validaram indenização por danos morais de R$ 100 mil (AIRR-2256-81.2014.5.12.0060). Tricia Oliveira pondera, no entanto, que esses casos foram julgados antes da reforma trabalhista de 2017 que, entre outros pontos, passou a vincular o valor de indenizações por danos morais à remuneração das vítimas. A validade dessa regra está em julgamento pelo Supremo Tribunal Federal (ADI 6050). Enquanto espera o desfecho de seu processo, que tramita agora no TST, a bancária mineira, vítima de burnout, ensaia voltar ao mercado de trabalho. “Tenho medo mesmo sabendo que sou competente. Mas tive que me reinventar como pessoa. E, agora, preciso me reinventar como profissional.” https://valor.globo.com/legislacao/noticia/2023/01/12/numero-de-acoes-por-sindrome-de-burnout-cresce-na-justica-do-trabalho.ghtml

Governo divulga tabela de valores do seguro-desemprego para 2023

calculator, calculation, insurance-385506.jpg

para evitar o custo extra de até R$ 7,7 bilhões, que precisaria ser acomodado mediante cortes em outras áreas. Com isso, o piso deve ser mantido em R$ 1.302. Na transição, auxiliares do presidente indicaram a possibilidade de o mínimo ser reajustado novamente, para R$ 1.320. Uma verba de R$ 6,8 bilhões foi reservada no Orçamento para esse fim.Do UOL, em São Paulo O Ministério do Trabalho e Previdência determinou que, a partir do dia 11 de janeiro, o valor da parcela para quem tem direito ao benefício não será menor do que o salário mínimo atual, de R$ 1302. Já o teto será de R$ 2.230,97. Cada faixa salarial tem uma regra específica. Confira as condições: Teto do INSS sobe para R$ 7.507; valor mínimo de benefício será de R$ 1.302Para quem ganha até R$ 1.968,36, a parcela será o salário médio multiplicado por 0,8Para quem ganha entre R$ 1.968,37 e R$ 3.280,93, o cálculo é o seguinte: a parte do salário maior que R$ 1.968,37 é multiplicada por 0,5; depois, soma-se R$ 1.574,69 (veja exemplo abaixo)Para quem ganha acima de R$ 3.280,93, o valor da parcela é o teto de R$ 2.230,97Exemplo para segunda faixa prevista: uma pessoa que ganha R$ 2.500 terá o valor de R$ 531,63 (R$ 2.500 menos R$ 1.968,37) multiplicado por 0,5, o que dá R$ 265,8. Com a soma de R$ 1.574,69, o valor da parcela será de R$ 1840,5. Atualização da tabela seguiu índice do IBGE. As faixas salariais consideraram o INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) de 2022, calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. O índice, que mede o aumento de preços ao longo do ano para famílias com rendimentos de 1 a 5 salários mínimos, ficou em 5,93%. https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2023/01/11/tabela-calculo-seguro-desemprego-2023.htm

Governo Lula pretende manter salário mínimo em R$ 1.302 e desistir de aumento adicional

piggy bank, saving, money-850607.jpg

Nova alta teria impacto de R$ 7,7 bi; argumento para manter valor do piso é que já houve reajuste realBruno BoghossianIdiana TomazelliO governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve segurar o reajuste adicional do salário mínimo para evitar o custo extra de até R$ 7,7 bilhões, que precisaria ser acomodado mediante cortes em outras áreas. Com isso, o piso deve ser mantido em R$ 1.302. Na transição, auxiliares do presidente indicaram a possibilidade de o mínimo ser reajustado novamente, para R$ 1.320. Uma verba de R$ 6,8 bilhões foi reservada no Orçamento para esse fim. No fim de 2022, porém, houve um aumento significativo no número de beneficiários do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), cujos pagamentos são atrelados ao salário mínimo. Técnicos da SOF (Secretaria de Orçamento Federal) emitiram um alerta de que, nesse novo contexto, o reajuste adicional teria impacto de mais R$ 7,7 bilhões além do valor já reservado, como revelou a Folha. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em reunião com parlamentares no Palácio do Planalto – Evaristo Sá/AFPO grupo favorável à manutenção do valor atual argumenta que o mínimo de R$ 1.302, fixado ainda no governo Jair Bolsonaro (PL), já representa um aumento real em relação ao ano passado. Por isso, a promessa de valorização é considerada cumprida por essa ala. O ganho de 1,5% foi inclusive citado em discurso do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), também ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, na reunião ministerial da última sexta-feira (6). A contrapartida política sugerida pela equipe de Lula é acelerar as discussões sobre uma política permanente de valorização do salário mínimo, que leve em consideração o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto), além da inflação. Interlocutores afirmam que “2024 está aí” e a intenção é garantir novamente o aumento real. A proposta deve ser discutida em mesas de negociação com centrais sindicais para ser anunciada ainda no primeiro semestre. O anúncio do início dessas conversas será feito na próxima semana pelo ministro do Trabalho, Luiz Marinho (PT). O acerto foi feito com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), embora ele não deva participar porque viajará ao Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça, que ocorre na próxima semana. Uma das ideias é garantir um reajuste real pela média de crescimento do PIB dos últimos cinco anos. Essa proposta, porém, ainda não está fechada e será debatida com os representantes dos trabalhadores. Assim como em outras medidas debatidas nas etapas iniciais do governo, o tema do salário mínimo opõe integrantes da ala política e da equipe econômica de Lula. Durante a campanha, chegou-se a cogitar um aumento complementar no Dia do Trabalho, em 1º de maio, ideia retomada mais recentemente pela ala política. O grupo econômico, por sua vez, defende cautela com decisões que tenham impacto considerável sobre as contas públicas. A avaliação preliminar é de que é prudente aguardar dados mais sólidos sobre a base de beneficiários do INSS para ter maior clareza dos números. Há quem veja a projeção de custo extra como elevada, com espaço para redução, mas mesmo essa ala entende que é muito arriscado tomar qualquer decisão neste momento. Além disso, mesmo deixando a porta aberta para um aumento extra ao longo do ano, técnicos consideram como mais provável que o mínimo fique em R$ 1.302 até o fim do ano. O assunto foi levado a Lula. O presidente ainda precisa bater o martelo, mas integrantes dos dois grupos relatam que, até aqui, ele sinalizou concordância com os argumentos da equipe econômica. Há quem lembre que Lula nunca se comprometeu publicamente com o valor de R$ 1.320, verbalizado por Wellington Dias (PT) durante as negociações da PEC (proposta de emenda à Constituição) que autorizou o aumento de gastos em 2023. Hoje, Dias é ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, pasta que não participa diretamente das discussões sobre o piso nacional. Nas discussões internas, ministros contrários ao reajuste adicional ainda em 2023 argumentam que uma avaliação da relação custo-benefício recomenda a manutenção do salário mínimo em R$ 1302. Segundo um integrante do primeiro escalão, o aumento de apenas R$ 18 daria um bônus político limitado a Lula. Por outro lado, o impacto fiscal certamente produziria efeitos negativos sobre a confiança de investidores e, consequentemente, na recuperação da economia —sobretudo no momento em que o time econômico ainda busca convencer o mercado de que adotará medidas para reduzir o déficit de R$ 231,5 bilhões contratado para o ano. A política de salário mínimo afeta não só o mercado de trabalho, por ser a remuneração mínima dos empregados, mas também as contas públicas. Uma série de benefícios é vinculada ao piso. Dois terços das aposentadorias e pensões pagam um salário mínimo. O valor também serve de referência para o abono salarial, o seguro-desemprego e o BPC (Benefício de Prestação Continuada), pago a idosos e pessoas com deficiência de baixa renda. https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2023/01/governo-lula-pretende-manter-salario-minimo-em-r-1302-e-desistir-de-aumento-adicional.shtml

Que tipo de contato no LinkedIn ajuda mais na busca por emprego?

telework, technology, laptop-6795505.jpg

Estudo analisou dados de 20 milhões de pessoas na rede social profissional para entender quem são as pessoas que de fato podem contribuir na procura por uma vagaPor Fernanda Gonçalves, Valor Um novo estudo descobriu que é mais fácil conseguir um emprego por meio de conhecidos distantes do que com amigos próximos. O levantamento, publicado na Science Magazine, é resultado de vários experimentos randomizados em larga escala envolvendo 20 milhões de pessoas com o intuito de medir como diferentes tipos de conexões afetam a mobilidade profissional. Novo golpe de vaga falsa inclui transição em criptomoeda“Você nasce feliz, casa feliz, então você trabalha e vem essa separação da felicidade”Na média gerência, setor de https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpg é o que mais contrata Os pesquisadores concluíram que laços mais fortes – ou seja, suas conexões com colegas de trabalho imediatos, amigos próximos e familiares – são, na verdade, os menos úteis para encontrar novas oportunidades e garantir um emprego. As descobertas sugerem que você terá mais sorte com os relacionamentos menos frequentes e distantes. A observação de que os laços fracos são mais benéficos para encontrar um trabalho não é nova. O sociólogo norte-americano Mark Granovetter expôs essa ideia pela primeira vez em 1973 num artigo sobre como a rede de contatos afeta as perspectivas de emprego. Desde então, a teoria, conhecida como “força dos laços fracos”, tornou-se uma das mais influentes nas ciências sociais. Networking com pessoas mais distantes é mais eficaz para conseguir um emprego do que redes de amigos e familiares, aponta estudo — Foto: PexelsNetworking com pessoas mais distantes é mais eficaz para conseguir um emprego do que redes de amigos e familiares, aponta estudo — Foto: Pexels Apesar da longevidade e influência da hipótese de Granovetter, nunca houve antes um teste definitivo usando dados em grande escala. Isso ocorre porque as redes das pessoas se misturam com seus empregos, tornando extremamente difícil realizar os experimentos necessários para testar a teoria. O novo estudo aborda essa lacuna usando dados do LinkedIn. Os pesquisadores analisaram informações de vários experimentos de formato A/B no algoritmo “Pessoas que você talvez conheça” da rede social, que recomenda novas conexões para usuários na plataforma. A investigação, feita ao longo de cinco anos, variou aleatoriamente a composição das recomendações de conexão de mais de 20 milhões de pessoas, período em que foram criados 2 bilhões de novos vínculos e 600 mil empregos. Esses testes mesclaram a prevalência de laços fracos e fortes nas recomendações para a análise. A pesquisa concluiu ainda que, embora os laços fracos sejam importantes, são especialmente vitais em setores com alto grau de adoção de https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpg, integração de aprendizado de máquina, inteligência artificial (IA) e robotização. “Essas indústrias tendem a evoluir rapidamente, e acompanhá-las é fundamental para o sucesso. É por isso que laços fracos, que fornecem acesso a diversas comunidades com ampla exposição a novos desenvolvimentos tecnológicos e metodológicos, são tão valiosos”, afirmaram os responsáveis pelo estudo em nota publicada na revista Harvard Business Review. As descobertas sugerem, ainda, que os laços fracos também são mais importantes em setores favoráveis ​​ao trabalho remoto. “À medida que o mundo caminha para um futuro híbrido ou de trabalho em qualquer lugar, criar e cultivar laços fracos será fundamental para o sucesso na carreira”, disseram os pesquisadores. Isso porque esse modelo dificulta as conversas de corredor e o envolvimento com novas pessoas. “Seja você um candidato a emprego, gerente em busca de novos talentos ou recrutador, seja atencioso e aberto em relação ao crescimento de suas redes on-line e pense duas vezes antes de ignorar uma recomendação de conexão do algoritmo ‘Pessoas que você talvez conheça’. Sua rede de segundo grau – as conexões de suas conexões – é um portal para um mundo de oportunidades”, recomendam. Segundo os cientistas, as lições para quem procura emprego são claras: “você deve gerenciar, ampliar e diversificar ativamente sua rede social digital, pois os laços fracos podem afetar suas perspectivas de emprego, mobilidade profissional, promoções e, até mesmo, salários”. “Seja você um candidato a emprego, gerente em busca de novos talentos ou recrutador, seja atencioso e aberto em relação ao crescimento de suas redes on-line e pense duas vezes antes de ignorar uma recomendação de conexão do algoritmo ‘Pessoas que você talvez conheça’. Sua rede de segundo grau – as conexões de suas conexões – é um portal para um mundo de oportunidades”, recomendam. https://valor.globo.com/carreira/noticia/2023/01/08/que-tipo-de-contato-no-linkedin-ajuda-mais-na-busca-por-emprego.ghtml

Consultoria divulga profissões em alta em 2023; veja lista

group of people, move, trade union-2876774.jpg

Levantamento traz cargos executivos, de média e alta gerência, em níveis técnico e de suporte à gestão, com maior demanda, dentro de 14 setores pesquisados; salários podem chegar a R$ 80 mil.Por Marta Cavallini, g1 Presidente de hospital tem o maior salário de levantamento: R$ 80 mil — Foto: Assessoria de Imprensa Hospital RegionalPresidente de hospital tem o maior salário de levantamento: R$ 80 mil — Foto: Assessoria de Imprensa Hospital Regional A PageGroup, consultoria em recrutamento especializado de executivos de todos os níveis hierárquicos, traz a lista de cargos que estarão em alta neste ano e os perfis mais procurados pelo mercado de trabalho. O material, produzido pelos consultores da Page Executive, Michael Page, Page Personnel, Page Interim, Page Outsourcing e Page PCD, traz as profissões com maior possibilidade de demanda a partir de análises de mercado e tendências de contratações das empresas. São cargos executivos, de média e alta gerência, em níveis técnico e de suporte à gestão. O PageGroup consultou empresas de todos os portes (pequena, média e grande) em 14 setores: Bancos e Serviços FinanceirosEngenharia e ManufaturaAgroESGMarketing/DigitalFinanceiro & TributárioSaúde & Life SciencesRHLogísticaTecnologia da InformaçãoVendasVarejoSegurosFintechs“As empresas estão procurando profissionais que possam contribuir com uma gestão mais eficaz, na melhoria da produtividade e na expansão de negócios. O profissional que tiver um perfil com visão mais estratégica, habilidade em negociação e expansão e experiência em gestão deve ser mais procurado”, explica Lucas Toledo, diretor executivo da PageGroup no Brasil.Veja abaixo os setores pesquisados, cargos em alta, perfis das vagas, requisitos, salários e motivos para a alta na demanda. Bancos e Serviços FinanceirosCargo: Gerente de Fusões e Aquisições (M&A) O que faz: responsável por liderar acordos de compra de uma empresa por outra ou fusões entre companhias. Ele fará desde o contato inicial com as empresas para obter seus números e entender seu momento no mercado até realizar estudos profundos do setor, estruturar a modelagem financeira, precificação, conduzir processos de due dilligence junto aos escritórios de advocacia e se envolver nas reuniões de negociação visando o fechamento da operação. Possui também o papel de liderar o time, acompanhando e revisando o trabalho dos profissionais juniores. O profissional pode ter perfil mais generalista, já que atuará com empresas de diversos setores e operações de compra e venda, ou pode apresentar escopo mais direcionado, desde que tenha foco em um setor específico ou atue apenas com operações de compra ou venda de empresas.Perfil da vaga: os candidatos devem possuir conhecimento em finanças corporativas, modelagem financeira e precificação, além de uma boa base contábil. O inglês avançado é demandado pela maioria das posições. Boa comunicação, bom relacionamento interpessoal e habilidades de negociação também são habilidades solicitadas.Salário: R$ 15 mil a R$ 30 milMotivo da alta em 2023: profissionais de M&A serão bastante demandados devido a um provável aumento de operações de abertura de capital e um cenário econômico menos instável. Cargo: Analista de Back Office (Fundos de Investimentos) O que faz: responsável por executar as operações de investimentos dos fundos. Ele terá interface com muitas áreas internas, especialmente para saber quais operações foram fechadas, garantir que elas cumpram as exigências regulatórias e que possam ser liquidadas. Enquadramento dos fundos, monitoramento do caixa e contato frequente com outras estruturas do mercado, como bancos e administradores de fundos, são outras atribuições.Perfil da vaga: os candidatos devem ter conhecimento da rotina da área. Além disso, cada vez mais o mercado está demandando perfis direcionados à eficiência de processos, como conhecimento em programação. O inglês avançado também é importante, especialmente para estruturas que trabalham com investimentos offshore. Organização e perfil direcionado a resolução de problemas são características fundamentais.Salário: R$ 5,5 mil a R$ 15 milMotivo da alta em 2023: mercado está demandando profissionais voltados para automação e eficiência de processos, especialmente para tornar as áreas mais escaláveis e menos passíveis a erros.Engenharia e ManufaturaCargo: Coordenador de Produção O que faz: responsável pela estrutura fabril. De modo geral, garante a produtividade da área, mantendo a qualidade dos processos e dos produtos. Além disso, cuida dos processos de produção, segurança, qualidade e manutenção e é responsável pela gestão de pessoas, treinamentos, gestão de indicadores, ferramentas da qualidade para soluções de problemas e por manter a interface direta com demais áreas, inclusive o PCP (planejamento e controle da produção).Perfil da vaga: os candidatos devem apresentar habilidade em gestão de pessoas, boa comunicação e ter vivenciado muito bem os processos produtivos. Além disso, devem ter uma visão holística da fábrica para operar com o máximo de eficiência possível.Salário: R$ 10 mil a R$ 15 milMotivo da alta em 2023: empresas do segmento automotivo estão investindo em profissionais qualificados para a posição, com boa experiência de gestão de pessoas e habilidades nos processos produtivos das fábricas. Cargo: Engenheiro de Melhoria Contínua O que faz: responsável por todo tipo de análise para identificação de potenciais problemas e apresentação de propostas de solução e melhoria. Esse tipo de perfil possui interface com diferentes processos e departamentos de operações com o objetivo de desenvolver e gerenciar projetos de melhoria contínua, resultando em um determinado tipo de retorno positivo (aumento de produtividade, eficiência, redução de perdas, etc.). Conduzindo os projetos de melhoria contínua, pode trabalhar com diferentes metodologias, como Lean ou TPM, tendo suporte de ferramentas de resolução de problemas e melhoria e gerenciamento dos indicadores.Perfil da vaga: é de extrema importância apresentar um perfil analítico e proatividade para executar com assertividade os projetos de melhoria contínua. Em paralelo, apresentar uma postura mais questionadora, com foco no aprendizado e visão holística.Salário: R$ 8 mil a R$ 12 milMotivo da alta em 2023: com o retorno e maior normalização das atividades operacionais, o perfil analítico e sênior para desenvolver e conduzir projetos de melhoria contínua nas fábricas é um dos principais objetivos dos gestores. As empresas sempre buscam aumento de produtividade, redução de desperdício ou potenciais melhorias.Cargo: Gerente de Operações O que faz: responsável pela implementação de processos e gestão de áreas ligadas à operação em geral. Deve garantir produtividade, qualidade, manutenção, saúde e segurança

Cresce o movimento para que empresas revelem os salários dos funcionários

office, startup, business-594132.jpg

Medida, que já virou lei nos EUA, pode ajudar a eliminar discrepâncias relacionadas a gênero e raça. Saiba maisPor Sophia Smith, Financial Times Tradicionalmente, a etiqueta dita que falar sobre dinheiro é de mau gosto. Nossas vidas profissionais pós-pandemia, no entanto, parecem girar mais do que nunca em torno das discussões sobre dinheiro. Diante das aflições com a inflação e o custo de vida e das campanhas de igualdade salarial, além da “Grande Reorganização” do mundo de trabalho, da guerra por talentos e da escolha de regiões mais baratas para trabalhar de forma remota – tornou-se impossível não falar sobre dinheiro quando falamos de trabalho. Os trabalhadores mais jovens, em particular, têm desafiado tabus de longa data que dissuadiam as gerações mais velhas de falar abertamente sobre seus salários. Embora muitos empregadores possam estar com medo de que uma maior transparência salarial acabe tirando poder dos chefes, alguns especialistas acreditam que, no longo prazo, isso tornará os locais de trabalho melhores para todos. “Você nasce feliz, casa feliz, então você trabalha e vem essa separação da felicidade”Mais de 70% dos funcionários se sentem desengajados, diz pesquisaO excesso de reuniões merece ser eliminado este anoO movimento pela transparência vem crescendo. Na cidade de Nova York, desde 1º de novembro os anúncios de empregos são obrigados por lei a divulgar a faixa salarial oferecida. Um estudo recente conduzido pela firma de consultoria de seguros Willis Towers Watson revelou que muitas organizações estão divulgando o salário oferecido mesmo quando isso não é exigido por lei. Daniel Zhao, principal economista da Glassdoor [site no qual funcionários fazem comentários anônimos sobre empresas], observa que houve um efeito de “disseminação” para regiões ao redor de Nova York, onde foi registrado um “modesto aumento” no número de empregadores que compartilham o valor dos salários. Algumas empresas – como Amazon, American Express e Macy’s – estão tecnicamente em conformidade com a lei de Nova York, mas foram criticadas por divulgar apenas faixas salariais muito amplas. Ainda assim, Zhao acrescenta que “em termos gerais, [as faixas salariais divulgadas] são relativamente estreitas”. Nova York é apenas um dos vários Estados dos EUA que implantou leis do tipo. A Lei de Transparência Salarial do Colorado entrou em vigor no início de 2022 e exige que os classificados de emprego incluam uma faixa salarial. O governador da Califórnia, Gavin Newsom, sancionou uma lei de transparência salarial que entra em vigor no Estado em janeiro de 2023, e o Estado de Washington fez emendas a sua lei de igualdade salarial, passando a exigir a divulgação de informações sobre faixa salarial, também a partir de janeiro deste ano. Combinadas, essas leis englobarão 20% dos trabalhadores americanos. As leis, porém, não se aplicam a outras formas de remuneração ou benefícios, como bonificações em dinheiro e a flexibilidade do trabalho remoto. A pandemia fez surgir uma onda de funcionários sentindo-se desvalorizados e mal remunerados, o que “levantou o véu” sobre os valores salariais, diz Tobi Oluwole, que comanda a 3Skills, um serviço de desenvolvimento profissional para ajudar as pessoas a conseguir empregos com salários melhores. Ian White, executivo-chefe da ChartHop, uma ferramenta de análise de funcionários, também acha que a pandemia acelerou as discussões sobre o valor dos salários. A atual crise inflacionária e do custo de vida só ajudou a intensificar isso. A Agência de Estatísticas Nacionais do Reino Unido (ONS, na sigla em inglês) relata que o salário regular (sem incluir bonificações) caiu 2,9% em termos reais – ajustado pela inflação – entre junho e agosto de 2022. Quando os trabalhadores não conseguem aumentos de seu empregador, é possível que os procurem em outro lugar. De acordo com um relatório da Theta Global Advisors, uma firma de consultoria de contabilidade, 29% dos trabalhadores dizem estar procurando outro emprego no qual possam ganhar mais. Uma pesquisa constatou que 68% dos trabalhadores mudariam para um empregador com melhor transparência salarial, mesmo se o salário continuasse igual. Spencer Knibbe, executivo-chefe da MBK Search, uma agência de recrutamento, diz que a divulgação da faixa salarial exigida pela lei nova-iorquina teve efeitos adversos para alguns empregadores, como a exigência de aumentos por funcionários ou até a ameaça de sair da empresa quando eles veem as informações salariais em classificados publicados pelo empregadorEmbora o movimento de transparência salarial possa causar um aumento da rotatividade de pessoal no curto prazo, Zhao acredita que resultará em “relações melhores no longo prazo” e tornará o processo de contratação mais eficiente. Um candidato e um recrutador não precisarão mais passar por todo um processo de entrevistas apenas para perceber que suas expectativas salariais estão desalinhadas. A lei nova-iorquina estava originalmente programada para entrar em vigor no segundo trimestre, mas foi adiada para permitir que as empresas realizassem revisões internas em sua política salarial e se preparassem para as novas exigências. A demanda por ferramentas de análise salarial está “em alta”, segundo White. O que os clientes da ChartHop antes consideravam um complemento opcional agora é visto como obrigatório. A crise econômica também mudou as preferências dos trabalhadores a respeito do tipo de remuneração que recebem. “As pessoas simplesmente querem mais dinheiro vivo”, diz Oluwole, cujos clientes em busca de emprego dão mais importância para um salário-base maior, em vez de opções de ações, que são mais vulneráveis a reviravoltas do mercado. O desejo dos trabalhadores de ganhar mais tem efeitos indiretos no aumento da transparência salarial. Hannah Williams deixou seu emprego de analista de dados em maio para dedicar-se em tempo integral a dirigir a série de vídeos Salary Transparent Street, na qual entrevista pessoas na rua sobre o que fazem e quanto ganham. Ela lançou o projeto em abril, já tem quase 1 milhão de seguidores e diz ter testemunhado como o movimento de transparência salarial ganhou impulso nos últimos anos. “Foi suficiente para realmente mudar o cenário sobre o tabu de falar sobre salários. Isso deu início a discussões, ajudou as pessoas a reconhecer sua importância e o quanto isso vale.” A série Salary Transparent Street foi evoluindo no TikTok a

Retorno ao escritório, demissão silenciosa, funcionários bumerangue: expressões populares de 2022

despaired, businessman, business-2261021.jpg

Por Taylor Telford Termos mostram como a pandemia mudou as relações entre funcionários e empregadoresEm 2022, a batalha pela cultura organizacional trouxe um novo vocabulário, conforme os profissionais mostravam seu poder no mercado de trabalho e os empregadores declaravam o fim da pandemia. Funcionários e patrões se envolveram em conflitos sobre o futuro do trabalho, já que as tensões quanto às máscaras e vacinas deram lugar a um cabo de guerra entre trabalho presencial, remoto e esquema híbrido. O engajamento e a produtividade diminuíram. Os esgotamentos e os pedidos de demissão dispararam. Como a pandemia deu fim ao relacionamento ruim dos americanos com o trabalhoLeia também Volta ao escritórioRetorno ao escritório – cuja sigla em inglês “RTO” ficou famosa em inúmeros sites de emprego e empresas – foi escolhida pelo Glassdoor como a expressão do ano, porque sintetiza a rotatividade e as mudanças que aconteceram depois disso, disse Zhao. Mas os planos inflexíveis de retorno ao escritório se depararam com a reação negativa dos profissionais sob a forma de protestos e rotatividade generalizados. As menções ao “RTO” em avaliações de funcionários de empresas com sede nos EUA no site Glassdoor mais do que dobraram de 2021 para 2022, disse Zhao, e são majoritariamente negativas. “No geral, eles estão dizendo que não querem voltar ao escritório e gostam da flexibilidade”, disse Zhao. “Mesmo nos comentários que são mais neutros ou conflitantes, eles mencionam como o ‘RTO’ tem sido difícil.” Tema virou debate nas redes sociais e questiona o comportamento de ‘vestir a camisa’ sem o devido reconhecimento em prol da qualidade de vida e preservação da saúde mental A desistência silenciosa, também conhecida como demissão silenciosa, é um novo termo para uma ideia antiga, a de descomprometimento dos trabalhadores. É uma expressão um pouco equivocada, pois aqueles a quem ela se refere não estão desistindo de seus empregos. Em vez disso, estão rejeitando a cultura de agitação, desistindo da “ideia de fazer o máximo possível no trabalho”, como o usuário do TikTok zaidleppelin disse em uma publicação de julho que ajudou a popularizar a expressão. A tendência tem sido bastante apoiada pela Geração Z e pelos profissionais millenials que lutam para mudar as regras no local de trabalho. Alguns profissionais dizem que a expressão significa fazer o mínimo necessário. Outros a definem como estabelecer limites razoáveis e dizer não a trabalhar até tarde ou estar sempre disponível por e-mail ou Slack. Um dos fatores mais importantes na desistência silenciosa é a percepção dos funcionários se há equilíbrio saudável entre vida pessoal e profissional, de acordo com Benjamin Granger, psicólogo do trabalho da Qualtrics, fabricante de um software de pesquisa. Os funcionários que dizem se sentir sobrecarregados têm mais chances de estabelecer limites e dizer: “Vou tirar o pé do acelerador”, disse Granger. Seja qual for a definição, o objetivo é o mesmo: desatrelar a identidade dos trabalhadores de seus empregos e deixá-los com mais tempo e energia para investir em outras coisas. Paranoia da produtividadeConforme o trabalho em esquema híbrido se tornava regra e os chefes percebiam uma pressão cada vez maior para aumentar o desempenho com uma possível recessão ameaçando a economia americana, surgiu um fluxo constante de executivos como Sundar Pichai, do Google, e Mark Zuckerberg, da Meta, prometendo aumentar a produtividade, chamando a atenção daqueles com performances aquém do esperado e pedindo a seus funcionários mais resultados. Eles tinham certa razão para se preocupar: no primeiro semestre de 2022, a produtividade teve a maior queda já registrada desde 1947, de acordo com dados da Secretaria de Estatísticas Trabalhistas dos EUA. A queda foi desconcertante para alguns, porque a produtividade disparou para níveis não vistos em décadas quando o coronavírus forçou uma mudança da noite para o dia para o trabalho remoto, levando alguns economistas a sugerir que a pandemia poderia desencadear um crescimento de longo prazo. Aconteceu o contrário. O CEO da Microsoft, Satya Nadella, disse que sua empresa cunhou a expressão “paranoia da produtividade” para descrever as angústias dos empregadores para saber se os funcionários estão se esforçando o bastante, sobretudo quando estão fora do escritório. “Quando conversamos com os chefes, eles dizem sentir falta de velhos hábitos, como poder caminhar pelos corredores, ver e entender com o que as pessoas estão trabalhando”, disse Colette Stallbaumer, gerente-geral do Microsoft 365 e das iniciativas de trabalho para o futuro da empresa. A paranoia da produtividade pode criar espaço para comportamentos desagradáveis entre os chefes, disse Colette, seja com a adoção de ferramentas de vigilância no local de trabalho ou a imposição de políticas rigorosas de retorno ao escritório que deixam os funcionários se sentindo isolados. Funcionários bumerangueComo a pandemia levou os profissionais a rever de que forma o trabalho se encaixa em suas vidas, o mercado de trabalho aquecido deu aos trabalhadores vantagem para buscar novas opções. Aproximadamente 48 milhões de profissionais pediram demissão de seus empregos em 2021, movimento que ficou conhecido como a Grande Renúncia. Recentemente, Musk enviou um e-mail para os funcionários do Twitter pedindo que eles se comprometessem com “expedientes longos” e de “alta intensidade” Mas alguns trabalhadores deixaram seus cargos apenas para descobrir que a grama do vizinho nem sempre é mais verde. No passado, alguns empregadores hesitavam em recontratar profissionais que pediam demissão para outras oportunidades, mas desta vez, com o número de vagas maior que o de pessoas em busca de emprego, as empresas estão reconsiderando a ideia. Os chamados funcionários bumerangue são um recurso fundamental para as organizações em meio à disputa por talentos: eles exigem treinamento mínimo e retomam a velocidade de trabalho esperada sem demora. Os funcionários bumerangue representaram quase um terço das contratações externas de uma empresa de janeiro de 2019 a abril de 2022, de acordo com dados da Visier, empresa que acompanha o mercado de trabalho. Em média, o profissional foi recontratado depois de cerca de 13 meses. E, no geral, eles passam a ganhar 25% mais do que quando pediram demissão. Career cushioningÀ medida que os temores com uma possível recessão começaram a

Setor público bate recorde e puxa alta do emprego

entrepreneur, idea, competence-1340649.jpg

Prefeituras e contratos sem carteira lideram movimentoPor Lucianne Carneiro e Marta Watanabe — Do Rio e de São Paulo O ritmo de crescimento dos trabalhadores no setor público supera há cinco meses o registrado pelo pessoal ocupado no mercado de trabalho como um todo, na comparação frente ao trimestre imediatamente anterior. No trimestre encerrado em outubro, a alta foi de 2,3%, para uma média de 1% no mercado. O número de trabalhadores do setor público atingiu novo recorde no trimestre encerrado em outubro, de 12,3 milhões. Na comparação anual, o aumento foi de 10,4%, ante 6,1% no pessoal ocupado, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 12 meses até outubro o setor público contratou 1,154 milhão de trabalhadores a mais, o que representa um quinto (20,2%) de todo o aumento do pessoal ocupado (5,704 milhões). Dois movimentos diferentes e que se sobrepõem explicam o aumento, mostram os microdados do IBGE. De um lado, prefeituras contrataram mais e reforçaram o que já era o grupo com mais pessoal entre os três níveis de governo. Demandas em setores como saúde, educação, assistência social e https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpg, segundo especialistas, impulsionou o crescimento de contratações. Houve necessidade de recomposição das estruturas no pós-pandemia e, com o empobrecimento da população, mais gente migrou de serviços privados para públicos. Levantamento feito pelo economista da LCA Consultores Bruno Imaizumi a partir da Pnad Contínua, mostra que os municípios responderam por mais de 70% do aumento de vagas no setor público entre o terceiro trimestre de 2021 e o terceiro de 2022 (710 mil dos 988 mil postos de trabalho). Na análise pela forma de inserção no mercado de trabalho, saltou o número de trabalhadores sem carteira assinada no setor público. Embora quando se fale em setor público geralmente se pense naqueles trabalhadores concursados ou estatutários – que são realmente o maior grupo -, há também os que trabalham com carteira assinada – como empregados de estatais ou de empresas de economia mista – ou sem carteira. O grupo dos sem carteira saltou de 2,333 milhões de trabalhadores em outubro de 2021 para 3,117 milhões em outubro de 2022. Esse aumento de 784 mil trabalhadores representou 67,9% do avanço de 1,154 milhão de trabalhadores do setor público no período. No conjunto dos estatutários e militares, houve em igual período aumento bem menor no número de contratações – 240 mil -, embora esse grupo ainda represente 63,7% dos trabalhadores do setor público. Diante das restrições fiscais, a contratação de temporários tem sido a alternativa encontrada por gestores públicos para recompor o quadro de pessoal sem pressionar os gastos futuros com compromissos de previdência, dizem estudiosos em finanças públicas e representantes de Fazendas municipais. “Isso mostra uma dificuldade da administração pública de repor seus quadros efetivos, sejam servidores estatutários, sejam empregados públicos. Esses dados indicam que essa é a nova estratégia: o governo não tem condições, não vê perspectiva fiscal de repor a força de trabalho de forma definitiva e usa esses servidores temporários como um atalho”, afirma o professor de ciências políticas e de finanças públicas da pós-graduação do Ibmec Danilo Morais. “Prefeitos estão dando nó em pingo d’água e evitando contratações permanentes para evitar impacto nas previdências porque em muitos municípios a situação atuarial é delicada”, diz Giovanna Victer, secretária de Fazenda de Salvador. “A contratação de temporários tem sido a opção quase automática, quando é possível.” Houve também influência da Lei Complementar 173, de 2020, que ao definir naquele ano as transferências extraordinárias a Estados e municípios para combate aos efeitos econômicos da pandemia de covid-19, estabeleceu como contrapartida a restrição à contratação de servidores públicos e reajustes de salários, aponta Paulo Ziulkoski, presidente da Confederação Nacional de Municípios (CNM). A restrição valeu até dezembro de 2021. Entre as exceções estavam a reposição de vacância e as contratações temporárias. Dados da CNM baseados na Rais – relatório com informações prestadas ao governo federal por empresas e empregadores – mostram que a LC 173/2020 fez diferença entre os municípios já em 2021. Com a restrição à mobilidade, em razão da pandemia, o número total de servidores municipais caiu 1,4% de entre 2019 e 2020, para 6,84 milhões. Em 2021, houve aumento de 5,3%, e o total chegou a 7,2 milhões. A quantidade de trabalhadores municipais temporários cresceu 10,1% de em 2021, após alta de 13,4% em 2020, sempre em relação ao ano anterior. Na mesma comparação, a quantidade de estatutários municipais cresceu 3,4% em 2021 após queda de 1,6% em 2020. Os estatutários perderam participação no total de trabalhadores municipais, aponta a CNM, mas em 2021 ainda detinham 83,2%. Entre os trabalhadores sem carteira assinada estão incluídos temporários, estagiários ou consultores, embora não se consiga determinar a representatividade de cada um pelos números da Pnad Contínua. O perfil desses trabalhadores, explica a coordenadora das pesquisas domiciliares do IBGE, Adriana Beringuy, é diferente dos que trabalham no setor privado sem carteira, já que têm direito a 13º salário e férias, por exemplo. “Ao longo do ano de 2022, foi observada a expansão do emprego sem carteira assinada no setor público, principalmente nos segmentos de educação fundamental e saúde. Mas esse trabalhador não é informal, é diferente do sem carteira no setor privado”, diz ela. Bruno Imaizumi acredita que os setores de saúde e educação explicam muito desse movimento mais recente de aumento de vagas no setor público. Na saúde já havia pressão antes da pandemia, por causa do envelhecimento da população, que se intensificou com a crise sanitária. Na educação, a melhora da pandemia em 2022 tem impulsionado a demanda maior. “As escolas ficaram fechadas por dois anos e agora há uma recomposição da estrutura, não apenas de professores, mas de auxiliares de escolas e outros cargos. Além disso, houve uma migração de pessoas do sistema privado de ensino para o público, o que exigiu contratação de profissionais. Outro fator é a volta do trabalho presencial de forma mais intensa, que pressiona a busca por creches”, afirma.

Motoboys querem debater direitos trabalhistas e CLT com o governo Lula

shopping, online, drop shipping-6691014.jpg

Sindicatos e aliança de entregadores autônomos têm divergências sobre CLT e outras regrasFernanda Brigatti Os motoboys, motoentregadores e motofretistas querem sentar com o governo Lula 3 para discutir os direitos da categoria. Na última semana, 23 sindicatos encaminharam um pedido de audiência ao presidente e ao novo ministro do Trabalho, Luiz Marinho. Nesta, os motoboys reunidos sob a Aliança dos Entregadores de Aplicativos, também enviam sua solicitação de reunião. Os acenos de Marinho de que uma regulação do trabalho por meio de aplicativos deve ter uma proposta ainda neste semestre, deixou os entregadores em alerta, especialmente os autônomos. Até uma greve foi convocada para o dia 25 de janeiro pela aliança. Lideranças de 15 estados já tinham confirmado a participação. Motoentregadores durante o Breque dos Apps, manifestação realizada em julho de 2020 – Karime Xavier-01.jul.20/FolhapressO alvo, segundo Edgar Francisco da Silva, o Gringo, presidente da Amabr (Associação dos Motofretistas de Aplicativos e Autônomos do Brasil), não é o novo governo, são os aplicativos. O grupo liderado por Gringo quer a garantia de que qualquer negociação sobre regulamentação tenha espaço para os autônomos. “Não queremos centrais sindicais e nem sindicatos falando por nós, eles não nos representam. Se o ministro do Trabalho e os aplicativos não nos atenderem, iremos para a rua exigir nossos direitos”, diz. A Aliança dos Entregadores de Aplicativos reúne quase 30 pessoas, todos homens, que são tidos como lideranças entre os que trabalham no setor. Alguns, como Gringo, são ligados a entidades formalizadas, outros são figuras que acabaram virando referência entre os entregadores, mesmo que não liderem um grupo, associação ou sindicato, com o youtuber Ralf Elisário, do canal Ralf MT, ou Paulo Lima, o Galo, dos Entregadores Antifascistas. Na nota que encaminharam nesta semana, eles dizem ver “com bons olhos a iniciativa” do ministro Luiz Marinho, de “pautar a nossa luta como um dos temas principais do ministério”. Contudo, afirmam, “entendemos serem precipitadas as medidas anunciadas” sobre o trabalho dos entregadores. A CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) é um dos pontos centrais da rusga entre os motoboys sindicalizados e os autônomos de diversos grupos. Os sindicatos não abrem mão da formalização, mas nos demais grupos, a obrigatoriedade do registro em carteira não é um consenso. Gringo, da Amabr, defende que a aplicação e a fiscalização das leis federal e municipal (no caso de São Paulo) que tratam da atividade de motofrete já seriam suficientes para melhorar as condições de trabalho, dar segurança aos motoboys e proteção previdenciária, pois eles passam a ser autônomos de fato e não apenas informais. Essas normas têm uma série de exigências para aqueles que trabalham usando a motocicleta. É necessário ter mais de 21 anos, pelo menos dois anos de habilitação, fazer um curso especializado e conduzir usando um colete retrorreflexivo. Na relação com os aplicativos de entrega, o presidente da Amabr defende que eles exijam o cumprimento desses parâmetros. “Eles usam pessoas sem capacitação e sem proteção social e é a sociedade quem paga”, diz. A carteira de trabalho, na avaliação dele, não responde mais às necessidades desse modelo de trabalho. A aplicação das leis que tratam do serviço de motofrete poderiam retirar dos aplicativos os entregadores eventuais, aqueles que só usam as plataformas como complemento de renda. Isso porque uma das exigências da legislação é a utilização do baú –as mochilas ou bags são proibidas. Gilberto Almeida dos Santos, presidente do Sindomoto-SP (sindicato dos motoboys de São Paulo) e do conselho nacional de entidades representativas do setor, diz que o grupo quer propor negociação coletiva e cobra a contratação de todos os entregadores com carteira assinada e o pagamento do adicional de 30% sobre o salário base por ser atividade perigosa. O sindicato também defende a aplicação das leis federal e municipal. Em outro ponto de confluência entre autônomos e sindicatos, ambos são contrários às atividades dos operadores logísticos, os chamados OLs, utilizados pelo iFood, o principal aplicativo no segmento de entrega de refeições. Ricardo Patah, presidente da UGT (União Geral do Trabalhadores), central sindical às quais estão ligados os sindicatos de entregadores e de motoristas, diz ter conversado o ministro Marinho no dia da posse, em 3 de janeiro, quando pediu prioridade no agendamento dessas reuniões. “Tenho dito para o Gil [do sindicato] que enquanto a conversa com as empresas não está pacificada, nossa preocupação é com a vida das pessoas. O trabalho precário é percebido facilmente nessas atividades”, afirma. O presidente da central sindical defende que a discussão da regulamentação dessas atividades deve ter também um braço de qualificação e capacitação e a proteção de normas regulamentadoras (NRs) específicas para esse tipo de trabalho, como foi feito há alguns anos no setor de panificação. Ele lembra que eram frequentes acidentes entre os que operavam maquinários pesados. No dia em que tomou posse, Luiz Marinho disse que a regulamentação precisará “assegurar padrões civilizados de utilização dessas ferramentas”. Na campanha e mesmo durante a transição de governo, a equipe do governo Lula 3 defendeu a criação de regras de proteção, mas não bateu o martelo sobre a obrigatoriedade de formalização por meio da CLT. As duas principais entidades que repesentam aplicativos, o MID (Movimento Inovação Digital), que reúne mais de 150 empresas como Rappi, 99, Loggi, Zé Delivery e Lalamove, e a Amobitec, que representa nomes como iFood, Uber e Amazon, participaram de conversas com a campanha de Lula e dizem que estão abertos para avançar no debate de regras para o setor. https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2023/01/motoboys-querem-debater-direitos-trabalhistas-e-clt-com-o-governo-lula.shtml