A evolução do trabalho remoto na pandemia

Das pessoas ocupadas no País (80,2 milhões), 9,1% (7,3 milhões) exerciam sua atividade de maneira remota em novembro do ano passado, vários meses depois do início da pandemia. Em maio, no auge das restrições à circulação e aglomeração de pessoas para conter o avanço da covid-19, trabalhadores em regime de home office chegaram a representar 13,3% do total de pessoas ocupadas, de acordo com estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

Embora venha diminuindo desde então, a fatia das pessoas que trabalham de maneira remota deve continuar expressiva mesmo depois de passada a pandemia, embora bastante abaixo do potencial.

O estudo do Ipea observa que diversas pesquisas sobre o tema mostram que o potencial de teletrabalho é consideravelmente maior do que o observado ao longo da pandemia. “Um dos possíveis motivos para tal fato é a dificuldade em identificar as ocupações passíveis de serem exercidas em home office”, argumentam os autores do trabalho do Ipea.

O trabalho é baseado nas estatísticas da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Covid-19, que o IBGE publicou nos meses que se seguiram ao início da pandemia. O estudo do Ipea traz um amplo perfil do trabalho remoto na pandemia.

Uma de suas conclusões é de que, em novembro, embora abrigasse menos de 10% dos ocupados, o trabalho remoto gerou efetivamente 17,4% da massa de rendimentos. É óbvia a conclusão de que a média de renda de quem trabalha a distância é maior do que a dos demais trabalhadores.

O perfil das pessoas em regime de home office explica boa parte do fato de sua remuneração média ser maior do que a de todas as pessoas ocupadas. Aqueles que trabalham a distância estão predominantemente no Sudeste, onde a renda e a qualidade do trabalho em geral estão acima da média nacional. Têm, em geral, escolaridade superior completa, trabalham preferencialmente no mercado formal e estão no setor de serviços.

Outras características das pessoas em trabalho remoto são a predominância de brancos e de mulheres entre elas, e maior participação das com idade entre 30 e 39 anos.

Os maiores porcentuais de trabalhadores em regime remoto foram registrados no Distrito Federal, Rio de Janeiro e São Paulo; os menores, no Pará, Amazonas e Mato Grosso.

O ESTADO DE S. PAULO

Compartilhe