Valor Econômico
Três especialistas em recursos humanos dão suas recomendações
Por Fabiana Barros
Como fazer o formato híbrido de trabalho funcionar? Esta é uma pergunta sem respostas claras ainda. Muitas empresas estão adotando esse modelo e, ao mesmo tempo, experimentando o que funciona, já que é algo novo para muitas organizações e profissionais.
A pedido do Valor, especialistas em recursos humanos listaram algumas recomendações para líderes e liderados que já estão atuando no híbrido ou que irão trabalhar nesse formato em um futuro próximo.
Canal aberto e eficiente de comunicação
“Ao longo da pandemia, a falta de conexão e a dificuldade de manter a cultura organizacional viva foram desafios muito grandes para as empresas. Portanto, os líderes devem observar de forma cuidadosa o comportamento dos profissionais do seu time. Ajude as equipes a se manterem atualizadas e estabeleça um canal aberto e eficiente de comunicação, de modo que seja possível garantir que as mensagens transmitidas sejam captadas pelos times da forma correta, independente se o colaborador está presencial ou em trabalho remoto. Já aos liderados, recomendo foco no desenvolvimento ou aprimoramento de algumas habilidades relevantes, como comunicação, autogerenciamento e senso de urgência. Para ambos, reitero a importância de garantir o bem-estar físico, mental e emocional.” Fernando Mantovani, diretor geral da Robert Half para a América do Sul.
Confiança entre líderes, liderados e pares
“Minha primeira recomendação é que as organizações trabalhem fortemente a relação de confiança entre líderes, liderados e pares, de forma que as pessoas confiem que mesmo sem estarem se vendo todos os dias, todos estão comprometidos com as entregas e que está tudo bem as pessoas estarem trabalhando fisicamente distantes de seus gestores. É comum ouvirmos pessoas relatando que, quando estão trabalhando de casa, sentem uma pressão acima do normal para demonstrarem a todo o momento que estão conectadas. Toda e qualquer transformação e mudança de hábito vem de cima para baixo: a liderança precisa ser a primeira a dar o exemplo. Eu vejo situações de companhias que instituíram uma política de trabalho remoto, no entanto, a diretoria se mantém indo todos os dias ao escritório e, em alguns casos, cobram a presença de colaboradores. Com o tempo, empresas que não têm a liderança pelo exemplo tendem a perder talentos.” Isis Borge, diretora da Talenses.
Escuta atenta
“São duas principais recomendações. Escutar com muito cuidado as demandas, a realidade de cada pessoa. Cada um tem uma realidade e expectativa muito diferentes. A partir daí, a empresa tem os negociáveis e os inegociáveis. Dentro dos negociáveis há uma certa flexibilidade para poder encaixar. Não dá mais para tomar decisões que você acredita que comportem as necessidades de todos. O segundo aspecto é que toda decisão tomada tem que ser muito bem explicada. Vivemos em uma era em que as pessoas não aceitam simplesmente, elas querem entender o porquê. Esse cuidado é fundamental.” Ricardo Basaglia, CEO do PageGroup.