O Estado de S.Paulo – 12/11/2021 –
O volume de serviços prestados recuou 0,6% em setembro na comparação com agosto, interrompendo uma sequência de cinco meses de crescimento. Mesmo assim, o setor continua 3,7% acima do patamar de fevereiro de 2020, no pré-pandemia, mas está 8% abaixo do recorde alcançado em novembro de 2014, mostram os dados da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), divulgada nesta sexta-feira, 12, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O resultado ficou abaixo das estimativas dos analistas ouvidos pelo Projeções Broadcast, que iam de queda de 0,4% a avanço de 1%.
Em relação a setembro do ano passado, o volume de serviços avançou 11,4%, sétima taxa positiva consecutiva nessa base de comparação. No ano, o setor acumula ganho de 11,4% ante o mesmo período de 2020.
Quatro das cinco atividades investigadas pela pesquisa recuaram, com destaque para os transportes (-1,9%), que tiveram a taxa negativa mais acentuada desde abril do ano passado (-19%). “O principal impacto negativo nessa queda do setor de serviços veio dos transportes, que foram influenciados pelas quedas no transporte aéreo de passageiros, devido à alta de 28,19% no preço das passagens aéreas, no transporte rodoviário de cargas e também no ferroviário de cargas”, explica o gerente da pesquisa, Rodrigo Lobo.
“A queda do setor de serviços se deu de maneira relativamente disseminada. Quando observamos por segmentos, as principais pressões negativas vieram, além do transporte aéreo de passageiros, de serviços financeiros auxiliares, investigado dentro de outros serviços, e de telecomunicações, dentro do setor de serviços de informação e comunicação”, diz o pesquisador.
Ele ressalta que a retração nos serviços financeiros auxiliares é explicada pela criação de uma base de comparação alta. “A queda da taxa de juros fez com que as pessoas e os investidores institucionais buscassem outras formas de investimento, fugindo da poupança e usando como intermediários financeiros corretoras de títulos e valores mobiliários. Então esses serviços tiveram crescimento de receita bastante expressivo nos últimos anos. A queda desse segmento em setembro se deve a essa base de comparação alta”, diz.
Com a sexta taxa positiva consecutiva, o segmento de serviços prestados às famílias (1,3%), que incluem os restaurantes, foi o único a avançar na passagem de agosto para setembro. “Esses são justamente os serviços que mais sofreram com os efeitos econômicos da pandemia e têm mostrado algum tipo de fôlego, de crescimento. Com o avanço da vacinação e a flexibilização das atividades econômicas, as pessoas voltam a consumir com maior intensidade serviços de alojamento e alimentação”, afirma Lobo, que destaca que o setor ainda está 16,2% abaixo do patamar pré-pandemia.