Cresce a demanda por profissionais de logística

De janeiro a maio deste ano, foram abertas 13.544 vagas em logística, 37% a mais do que no mesmo período de 2020, segundo levantamento do Banco Nacional de Empregos (BNE). Dessas, 74% eram para funções operacionais e 25% para cargos gerenciais. Essa expansão, segundo o BNE, está relacionada à mudança comportamental dos consumidores após chegada da covid-19. “Depois da chegada da pandemia, o consumidor se adaptou ao consumo online, optando por delivery e e-commerce, o que explica o crescimento do número de oportunidades do setor”, diz o CEO do BNE, Marcelo de Abreu. Na consultoria de recrutamento executivo Uni.co, houve um aumento substancial de demanda por profissionais de logística e supply chain. “Mais de 50% em comparação com o primeiro semestre do ano passado”, afirma Felipe Avena, sócio da Uni.co. “Inclusive, nosso maior cliente atualmente é uma empresa do setor logístico.”

Outras consultorias de recrutamento executivo também observaram aumento na demanda por profissionais de logística. É o caso do Talenses Group, em torno de 70% no primeiro trimestre deste ano em relação aos três primeiros meses de 2020, e da Michael Page, 30% no primeiro semestre de 2021 em comparação ao mesmo período do ano passado. “A nova dinâmica de consumo, mais digital, gerou e demandou dos profissionais de supply chain, pensando em toda a cadeia, outro tipo de atuação: uma proximidade ainda maior ao negócio, com total orientação à garantia de disponibilidade, seja de matéria-prima ou até mesmo do processo de entrega dos produtos”, comenta Caroline Cadorin, diretora do Talenses Group. “Isso também fez com que a quantidade de profissionais contratados aumentasse. Foi necessário deixar essas áreas mais robustas, já que a continuidade de muitas empresas passou a depender, ainda mais, dessa cadeia.”

Avena observa procura crescente por profissionais com foco em “strategic sourcing” e “procurement”. O primeiro, ele explica, é o profissional que tem o objetivo de desenvolver um canal de fornecimento de suprimentos da maneira mais eficiente possível, mediante relação próxima com seus principais fornecedores. “Isso envolve uma série de aplicações específicas para aprimorar gestão de estoque, planejar abastecimento, contratar prestadores de serviços e reduzir custo.” Já o segundo cuida do processo de compras, que engloba todo controle de cotações, avaliação do fornecedor, negociação, gestão do contrato e aquisição da mercadoria em si.

“Algumas características específicas tem sido mais buscadas”, afirma o recrutador. Entre elas, visão estratégica aliada com uma boa capacidade de execução, resiliência e adaptabilidade. “São características pessoais que normalmente são pedidos nos ‘job descriptions’”, diz Avena. “Em termos técnicos, normalmente se pedem realizações comprovadas com o setor em que irá atuar.” Guilherme Filgueiras, gerente executivo da Michael Page, reforça que o perfil buscado “é sempre pensando na habilidade estratégica, na visão do todo em supply, no quanto esse profissional está atualizado com novas tendências e na capacidade de adaptação em situações adversas”.

Carolina Cabral, gerente sênior de recrutamento da Robert Half, afirma que alguns setores se destacam na busca por executivos de logística. “É possível perceber um aquecimento em startups, bens de consumo, empresas farmacêuticas e do agronegócio”, diz. Caroline, da Talenses, acrescenta a essa lista os segmentos de e-commerce e operações logísticas. Em relação ao perfil, Carolina fala da necessidade de ser “facilitador e extremamente tecnológico, pois a logística hoje é 100% sistematizada e alinhada às necessidades de demanda”.

Filgueiras também menciona a capacidade de inovar em https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpg, dizendo que o profissional precisa estar antenado com as novas tendências globais e com atuação estratégica. “Os perfis com esse tipo de habilidade são mais demandados pelas empresas muito por entender que a atuação desse profissional impacta não só na geração de ‘saving’ em áreas operacionais, mas também consequentemente na margem de lucratividade das empresas.” Caroline, da Talenses, diz que, de forma geral, esses profissionais vem sendo cada vez mais exigidos no que diz respeito a terem um perfil analítico e de alto dinamismo. Também precisam conhecer e saber transitar adequadamente nos ambientes digitais, com forte habilidade de comunicação e principalmente com espírito de solução de problemas, já que a área acaba encontrando inúmeros desafios diariamente. “As empresas vêm trabalhando na correta estruturação das áreas, garantindo assim que as novas demandas de mercado sejam atendidas.”

VALOR ECONÔMICO

Compartilhe