Um pequeno grupo de empresários almoçou nesta segunda-feira, 25, com o ministro da Economia, Paulo Guedes, na Tratoria Fasano, em São Paulo, para apresentar o Instituto Unidos Pelo Brasil – entidade que, segundo eles, reunirá membros da iniciativa privada e do Congresso em prol de uma agenda de reformas, com objetivo de melhorar o ambiente de negócios no País. Segundo Marly Parra, ex-sócia da EY e membro da entidade, Guedes disse que a união dos empresários fará com que as reformas caminhem.
Segundo os participantes, também houve o compromisso de Guedes com as reformas administrativa e tributária. A reforma da Previdência foi tocada pelo Congresso, pelas mãos do ex-presidente da Câmara dos Deputados Rodrigo Maia (DEM-RJ), sem envolvimento do Planalto.
O almoço teve como convidados (MRV/Inter), Flavio Rocha (Riachuelo), Thiago Alonso (JHSF), Urubatan Helou (Bras Press) e Marly Parra (Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável).
Além do comprometimento do Executivo, o presidente do instituto, Nabil Sahyon, afirmou que o ministro sinalizou pela não oneração do setor produtivo nas reformas.
Outro participante do encontro, Rubens Menin, controlador da construtora MRV e do banco Inter, disse que Guedes recebeu muito bem a notícia da criação do instituto pró-reformas. “Não tem como achar ruim. É um grupo de pessoas bem intencionadas a ajudar o Brasil”, disse. Para ele, o ministro demonstrou que está pegando a causa “pelo chifre”. “Ele está comprometido: é a obrigação dele como ministro, faz parte das promessas de governo”, disse.
A instituição será lançada oficialmente no mês que vem, durante cerimônia oficial de inauguração da sede, em Brasília. Além das reformas, a flexibilização da legislação trabalhista e as privatizações de estatais estão entre as bandeiras defendidas pela entidade.
“Sem defender governos, nem ideologias, queremos trabalhar para crescer, gerar empregos e mudar o Brasil para melhor”, afirmou Sahyon. Ele também preside a Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop) e tem sido uma voz crítica ao fechamento do comércio durante a pandemia.
A nova organização reúne em torno de 220 parlamentares e 250 empresários, e a ideia é chegar a 1.000 filiados até o fim do ano. A instituição foi registrada em cartório em agosto e tem realizado reuniões com funcionários do ministério da Economia, como Diogo Mac Cord (secretário de Desestatização) e Daniella Consentino (assessoria especial de assuntos estratégicos), segundo Parra. O lançamento oficial no mês que vem será um “grande evento”, com convites para os chefes dos três poderes.
“Os deputados não são especialistas em tudo. Eles têm noções vagas sobre alguns temas e os ajudamos com a elaboração de pareceres técnicos sobre as medidas propostas”, diz Parra. Os pareceres, evidentemente, são feitos de acordo com o cunho liberal da entidade. “O congressista pensa em seus eleitores e interessa a todos, por exemplo, que a carga tributária diminua.” Segundo ela, a estrutura do instituto e o trabalho de ‘advocacy’ é bancado pelos associados.
Apesar de a agenda do instituto ser marcada por pautas tipicamente defendidas por partidos de direita, mais liberais e voltadas ao empreendedorismo, privatizações e redução do tamanho do Estado, os participantes do encontro disseram que a linha será apartidária. Segundo Sahyon, os convites para participação têm sido enviados a todos os partidos, sem exceção.
“Não temos inclinação para direita nem para a esquerda”, disse. Ele admitiu que podem surgir divergências em torno da agenda, mas avaliou que o debate é natural e saudável.
Sahyon afirmou ainda que os empresários estão preocupados com o empobrecimento da população, iniciado nas últimas crises econômicas e agravado pela pandemia. “Queremos gerar empregos. É isso que combate a desigualdade social. Com 15, 20 ou 30 milhões de empregos, vamos girar a economia, gerar impostos e recursos para sustentar os programas sociais”, afirmou.
Segundo Menin, a revisão das projeções do mercado para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano para cima tem sido os juros baixos, que passaram despercebidos após a chegada da pandemia, mas têm contribuído para injetar novos recursos na economia.
O ESTADO DE S. PAULO