Líderes sindicais relatam mal-estar em reunião desta quinta-feira (15), quando Ricardo Patah, presidente da União Geral dos Trabalhadores, foi cobrado por ter assinado carta publicada nos jornais na qual grupos de empresários pressionam pela reabertura do comércio. Eles se encontraram para tratar dos eventos de 1º de Maio.
A carta não trata de vacinas ou de auxílio emergencial, apontaram os líderes. Entre eles, após o encontro, chamaram o documento de carta bolsonarista.
“Com muito cuidado e os cuidados necessários à saúde, o comércio pode funcionar. O comércio não é o vilão. Para salvar vidas é preciso salvar sim os pequenos, médios e grandes negócios. Não existe vacina contra a fome e o desemprego. O que queremos é trabalhar. Deixem o comércio trabalhar para o Brasil andar”, diz a carta.
O documento é assinado por Associação Brasileira de Shoppings Centers (Abrasce), Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), Fecomércio, entre outras.
Patah diz que a UGT assinou carta em outra ocasião com o grupo e que por isso o nome dela foi colocado desta vez, sem consulta. Ele afirma que não houve constrangimento entre ele e os demais líderes, mas sim com os organizadores do documento. Ele nega qualquer mal-estar entre as centrais.
“Nenhum constrangimento. Pessoal só disse que a UGT estava em todos os jornais do Brasil”, afirma Patah sobre a reunião.
Ele diz que a UGT transita entre a área empresarial e a dos trabalhadores, com exceção do Bolsonaro, com quem não conseguiram estabelecer diálogo, e afirma que se tivesse sido avisado da publicação da carta, poderia ter contribuído com sua perspectiva.
“Se eu soubesse, colocaria parágrafos relativos ao emprego, à vida, à vacina. Lá só tem a fala da área empresarial. Até me pediram desculpas. Mas não há constrangimento com meus companheiros, eles me respeitam”.
FOLHA DE S. PAULO