O saldo do postos de trabalho na indústria calçadista de janeiro a novembro do ano passado foi negativo em 13,4 mil postos, informou a Abicalçados em sua primeira entrevista coletiva de 2021. As demissões se concentraram especialmente nos meses mais críticos para a pandemia da covid-19, de março a junho, quando 60,1 mil postos foram fechados. O pior mês foi abril, com 29,7 mil cortes. A partir de julho as contratações voltaram a acontecer, com destaque em setembro quando 11,4 mil postos foram criados. De julho a novembro, o saldo foi positivo em quase 32 mil postos – em janeiro e fevereiro houve cerca de 15,2 mil contratações. “Em anos anteriores, novembro não era um mês de criação de vagas”, explicou Haroldo Ferreira, presidente executivo da Abicalçados. O setor chegou a novembro com 255 mil pessoas empregadas.
Ainda de acordo com ele, o setor não registrou extinção de companhias, mas viu muitas deles se enxugarem, com fechamento de unidades e reduções dos quadros de trabalho. Ferreira afirmou, ainda, que, embora positivo para o consumo, o auxílio emergencial teve efeito negativo para a reposição da mão de obra em algumas cidades. “Alguns polos começaram a enfrentar falta de mão de obra porque as pessoas não queriam abrir mão do seguro desemprego ou do recebimento do auxílio emergencial.” Ele também disse que as indústrias têm interesse em adquirir vacinas, respeitando o cronograma governamental. Para 2021, um dos principais focos da Abicalçados é a renovação e ampliação do direito antidumping, que atualmente é aplicado aos calçados importados da China. A sobretaxa ao produto chinês expira em março. A associação tenta estender a medida ao Vietnã e à Indonésia.
VALOR ECONÔMICO