Mais relevante do país, respondendo por 34,2% da produção nacional, a indústria paulista desacelerou na passagem de setembro para outubro. O avanço de 0,5%, definido pelos técnicos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) como “tímido”, ficou bem abaixo daquele registrado em setembro, de 5,7%. As informações constam da Pesquisa Industrial Mensal Regional (PIM Regional), divulgada nesta quarta-feira pelo instituto.
A desaceleração da indústria paulista em outubro foi mais forte do que a registrada pela indústria geral, que passou de 2,8% para 1,1% de aumento entre setembro e outubro. Apesar do resultado mais fraco, o Estado foi a segunda maior influência positiva no resultado nacional, só atrás do Paraná, cuja produção cresceu 3,4% em outubro.
De acordo com o técnico do IBGE responsável pelo levantamento, o avanço da indústria de São Paulo refletiu um aumento na produção do item “outros equipamentos de transporte”, em especial vagões ferroviários e, em menor magnitude, veículos automotivos.
Esse foi o sexto avanço consecutivo da indústria paulista no contexto pós-flexibilização do isolamento social. Após registrar quedas em fevereiro (-0,8%), março (-5,4%) e abril (-24,7%), o Estado apresentou altas em maio (10,6%), junho (10,6%), julho (8,9%), agosto (4,5%) e setembro (5,7%), além do 0,5% em outubro. Em seis meses, informou o IBGE, o avanço acumulado do setor na região é de 47,7%, o que recompôs com alguma folga as perdas impostas pela crise. Agora, a produção do Estado está 5,3% acima do patamar imediatamente anterior ao início da crise sanitária, de fevereiro. Entretanto, a indústria de São Paulo ainda se encontra 17,7% abaixo do patamar mais alto que alcançou na série do IBGE, em março de 2011. O nível atual de produção local, informou Monteiro, é semelhante ao de maio de 2019.
O especialista afirma que a desaceleração do parque industrial paulista segue as mesmas razões da indústria geral: recomposta da crise, a indústria local passa a atuar como no início do ano, em um cenário de incerteza agora ampliado pela pandemia de covid-19, que persiste. Monteiro cita ainda o desemprego alto, que deprime a massa salarial e limita a expansão da demanda por produtos no curto e médio prazo e, por outro lado, a falta de insumos, que limita o aumento de produção mesmo em ramos mais aquecidos.
“Observamos uma queda na produção de setores intermediários, que produzem insumos para o resto da indústria. Essa falta de insumos para a produção final também é um fator que diminui o ritmo de produção e, como São Paulo é a vitrine da produção nacional, acaba sendo bastante influenciado por essa conjuntura”, disse Monteiro.
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