52% dos trabalhadores relatam que estão no emprego atual apenas pelo salário, e 33% afirmam se sentir solitários, isolados e substituíveis
Por Fernanda Gonçalves, Para o Valor
Muitas pessoas enxergam inúmeras vantagens em trabalhar de forma remota, mas, para outras, esse modelo tem causado uma forte sensação de desconexão com o trabalho. De acordo com o relatório Remote Work Culture Insights feito pela Airspeed/Workplace Intelligence, que entrevistou 800 líderes do C-level e 800 trabalhadores, tal desconexão está fazendo com que 33% dos profissionais se sintam solitários, isolados, que seus colegas não se importam com eles e que são substituíveis.
Além disso, 72% dos participantes disseram que não conseguem socializar o suficiente com seus colegas quando estão trabalhando de casa, cerca de 44% afirmaram que seu gerente não incentiva a integração entre as equipes e 33% relataram que não têm tempo para interagir. Ao mesmo tempo, 96% dos executivos concordam que, caso seus funcionários se sentissem mais conectados entre si, isso aumentaria sua motivação e produtividade.
A situação já chegou aos ouvidos dos líderes, já que 2 em cada 3 executivos acreditam que seus funcionários podem pedir demissão para trabalhar em outra empresa onde se sentiriam mais conectados. Os trabalhadores, por sua vez, confirmaram que se sentem desengajados e que veem seu trabalho como sendo algo transacional: 52% relataram que estão no emprego atual apenas pelo salário.
Doug Camplejohn, fundador e CEO da empresa responsável pela pesquisa, acredita que o achado tem relação com o atual modelo de trabalho praticado pelas companhias, afinal “quando seu único ponto de conexão como trabalhador remoto ou híbrido são reuniões de Zoom consecutivas, e se você vai estar em videoconferências com pessoas com as quais não se sente conectado, por que não fazer isso onde alguém vai te pagar mais?”, questiona.
“A transição para o trabalho remoto tem sido imensamente desafiadora para as empresas e seus funcionários. No entanto, nossas descobertas revelaram que a maioria dos executivos não entendeu completamente o quanto essa mudança afetaria sua força de trabalho”, afirmou Camplejohn, em nota. A desconexão é tanta que 9 em cada 10 executivos dizem que sua empresa tem um profundo conhecimento a respeito de sua força de trabalho, mas apenas 6 em cada 10 trabalhadores concordam que seus chefes entendem o que os motiva, suas características pessoais, interesses e valores.
Entretanto, os dados da pesquisa indicam que o alerta já foi ligado, pois 92% dos executivos do C-level admitem que a cultura e o senso de conexão precisam ser melhorados em sua empresa, e dizem que seu desafio número um é garantir que os funcionários se sintam conectados.
“Estamos em um ponto de virada crítico agora, onde os líderes precisam fazer da conexão uma prioridade, ou correm o risco de perder seus melhores funcionários em um momento em que a maioria não pode se dar ao luxo de fazê-lo”, observa Camplejohn.
“Em meio à guerra contínua por talentos, os empregadores precisam criar uma forte cultura de conexão para engajar e reter funcionários”, disse Dan Schawbel, sócio-gerente da Workplace Intelligence. “Os trabalhadores de hoje esperam muito mais do que apenas um salário competitivo e bons benefícios – eles querem sentir um verdadeiro sentimento de pertencimento e comunidade. E, embora construir uma conexão na era do isolamento não seja tarefa fácil, as https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpgs certas podem desempenhar um papel crítico para dar vida a essa visão”.