Especialistas apontam os principais equívocos que costumam comprometer a trajetória profissional, e explicam como contorná-los
Por Fernanda Gonçalves, Para o Valor
Pessoas em início de carreira ou mesmo as mais experientes não estão livres de cometer erros que causem danos às suas trajetórias profissionais. Desde escolhas equivocadas em relação à profissão até destemperos emocionais no ambiente de trabalho, tais erros podem comprometer o desenvolvimento da carreira mas, segundo especialistas, a maioria deles é possível de ser contornada.
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“É importante termos um olhar amplo, uma vez que as pessoas podem ter várias carreiras ao longo de sua jornada profissional. Dessa forma, mesmo um movimento considerado ‘errado’ pode ser encarado como uma excelente fonte de aprendizados e repertório”, acredita Joana Cortez, diretora de operações da consultoria global de recursos humanos LHH em São Paulo.
Especialistas ouvidos pelo Valor comentam os cinco erros mais comuns que as pessoas cometem na carreira e que atrapalham o seu desenvolvimento:
Delegar à empresa o gerenciamento da carreira. Cortez afirma que os profissionais, em qualquer área, precisam ser protagonistas de suas trajetórias em vez de deixarem para o empregador a função de cuidar de suas carreiras. “Eles podem fazer isso ao buscar atualizações, especializações e reflexões sobre os próximos passos. O autoconhecimento e o “lifelong learning”, ou seja, o aprendizado ao longo da vida, são fundamentais para manter a relevância profissional com o passar dos anos”, pontua. Segundo ela, o ato de aprender não precisa ser apenas com cursos formais em salas de aula. “É possível adquirir conhecimento também em palestras, livros, podcasts, viagens, TED talks, conversas com outros profissionais, coaching, mentoria, filmes e séries”, comenta.
Colocar as emoções na frente da razão. Para o especialista em negócios e tomadas de decisão Uranio Bonoldi, esse erro costuma acontecer com frequência em momentos de insatisfação. “Seja em uma mudança de cargo, de departamento ou de empresa, devemos avaliar e refletir bem sobre qual motivação está nos fazendo pensar em alterar o curso”, defende. Roberto Picino, sócio da empresa especializada em executive search Exec, concorda que tomar decisões impulsivas pode ser prejudicial na carreira: “não se deve ser impaciente e desistir precocemente de um trabalho sem esperar que ao menos um primeiro ciclo se complete”, aconselha.
Guiar as escolhas profissionais por critérios como dinheiro ou status. Em relação aos profissionais ainda em início de carreira, Bonoldi destaca que é preciso estar atento às verdadeiras afinidades para não acabar desmotivado. “Muitos escolhem eventuais profissões porque ‘estão em alta’ ou ‘pagam bem’. Porém, cada vez mais, as carreiras são voláteis, portanto, precisamos estar em constante desenvolvimento e aprendizado. Ter escolhido algo porque hoje ‘está na moda’, mas que lá no fundo não faz sentido para você, amanhã poderá ser uma grande decepção, o que não te dará energia para se reciclar constantemente”, alerta. Nesse sentido, Picino lembra que buscar o autoconhecimento é essencial. “Isso ajuda a pessoa a fazer uma escolha mais acertada e adequada desde o início, focando mais na realização das tarefas e gosto pelo ofício do que no cargo ou salário”, diz.
Negligenciar a troca com o gestor. Bonoldi acredita que a proximidade é ponto-chave para auxiliar os funcionários em suas carreiras, e isso deve acontecer por meio de reuniões para acompanhamento dos times, e com cada liderado. “Esses encontros permitem, caso haja alguma insatisfação por parte do profissional, que o gestor possa ajudá-lo a refletir melhor sobre o assunto, dar alguma mentoria e proporcionar a reversão do quadro que se apresenta”, afirma. No entanto, Roberto Aylmer, PhD e especialista em desenvolvimento humano, lembra que é preciso ter a mente aberta para aprender. “Ouço de gestores que os novos funcionários chegam cheios de atitude e certezas. Isso denota uma falsa segurança sobre um conhecimento que, por sua vez, advém exatamente da sua ignorância – o outro polo da Síndrome do Impostor”, alerta.
Não procurar se adaptar à cultura da empresa. Um fator errôneo é acreditar que a empresa deve se acomodar aos valores do profissional, e não o contrário. “Algumas pessoas não fazem a leitura adequada do ambiente da organização. É importante avaliar se a cultura condiz com os seus valores para, assim, facilitar a sua adaptação à empresa por meio de seu próprio comportamento”, afirma Picino, que lembra ser dever do gestor explicar sobre o modus operandi da companhia para evitar desgastes ou equívocos, além de comunicar claramente as metas e objetivos ao profissional.