Trabalhar 4 dias na semana: mais descanso ou sobrecarga de trabalho?
Edição da newsletter FolhaCarreiras traz vantagens e desvantagens de redução da jornadaVitoria PereiraSÃO PAULO É nessa pegada que trago uma tendência que começou lá fora e está engatinhando aqui no Brasil: a semana de quatro dias de trabalho. Isso mesmo. Em vez do tradicional modelo de cinco dias na semana, há empresas testando trabalhar apenas quatro. Trabalhar um dia a menos pode proporcionar melhorias no bem-estar e na diminuição de estresse – deagreez / Adobe StockComo funciona? Depende de cada organização. Algumas adotam a quarta ou a sexta-feira como o dia de folga.A redução da jornada não quer dizer redução de salário, ou seja, o colaborador recebe a mesma remuneração do modelo de cinco dias.O objetivo é permitir que os trabalhadores estejam mais envolvidos com a vida pessoal. Fruto da pandemia? Possivelmente. “A pandemia trouxe a pauta de bem-estar e de repensar o futuro do trabalho e as relações no ambiente profissional”, diz Iandara Joaquim, gerente de metodologia e educação da Pulses, empresa de https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpg para RH. Quais áreas mais adotam? Startups de https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpg e marketing que costumam ter equipes menores e são mais abertas a modelos flexíveis. Negócios que operam 24h por dia ou de segunda a sexta, por exemplo, não se encaixam. Lá fora… A organização 4 Day Week Global administrou um projeto-piloto em empresas das áreas de TI e de serviços. O teste incluiu 614 funcionários de 12 companhias localizadas em países como Irlanda, Estados Unidos, Austrália e Nova Zelândia durante seis meses.Os profissionais tiveram melhorias no bem-estar e diminuição de estresse causado pelo trabalho.No Japão, em 2021, o governo recomendou que as empresas implementassem a semana de quatro dias para melhorar a relação entre trabalho e vida pessoal dos cidadãos. …e no Brasil. Ainda há poucas companhias aderindo ao modelo porque… “As empresas precisam ter uma cultura organizacional flexível. Para companhias mais tradicionais, é difícil e as mudanças levam tempo”, diz Luana Lourençon, especialista em carreiras. Conheça iniciativas brasileiras: A Winnin, startup de software do Rio de Janeiro, aplicou o modelo em agosto de 2021 em todas as áreas da empresa para torná-la mais produtiva e reter colaboradores.A Gerencianet, conta digital para negócios com sede em Ouro Preto (MG), implementou em julho de 2022. O intuito é dar mais benefícios e qualidade de vida aos funcionários.“Fizemos treinamentos de gerenciamento de tempo e incentivamos os colaboradores a priorizar apenas o necessário, como reduzir o número de reuniões”, afirma Glícia Braga, gerente de RH da Gerencianet. O que diz a lei sobre redução de carga horária? A legislação prevê uma carga máxima de trabalho de 44h semanais.Não há impedimento para trabalhar, por exemplo, 32h semanais (como acontece na semana de quatro dias), diz Larissa Salgado, advogada especialista em direito do trabalho e sócia do escritório Silveiro Advogados. Benefícios para o profissional: Depois de 15 anos trabalhando no modelo tradicional, John Silva, 37, começou a trabalhar só quatro dias.Ele é analista financeiro da Winnin e afirma que agora consegue dar mais atenção à família, ter mais tempo de descanso e de cuidado pessoal.Disponibilidade para buscar autodesenvolvimento por meio de cursos ou estudos.Promoção do bem-estar mental.Trabalhadores se sentem mais produtivos. Pesquisa do Indeed, plataforma mundial de emprego, aponta que 74% dos entrevistados acreditam que seriam mais produtivos em uma semana de quatro dias. O estudo foi feito com 858 trabalhadores brasileiros em maio de 2022. Por outro lado… “Se não tiver uma escuta contínua, a demanda de quatro dias pode gerar sobrecarga. Por isso, boas lideranças e clareza nas cobranças ao profissional são importantes para ter sucesso nessa flexibilidade”, afirma Iandara.Nem todos os perfis se adequam a esse modelo que exige mais concentração. Funciona com pessoas disciplinadas e organizadas.“É preciso aumentar o foco, senão gera estresse. Não é reduzir demanda, mas sim, o retrabalho”, diz Andrea Deis, gestora empresarial e professora de gestão de pessoas na FGV (Fundação Getulio Vargas).MINHA EXPERIÊNCIAJovem conta como é trabalhar apenas quatro dias na semana. ana carolina – newsletter folha carreirasAna Carolina Trindade, 25, assistente de marketing na Eva Benefícios, startup de serviços financeiros; desde outubro de 2022, ela trabalha quatro dias na semana – Divulgação“No início, achei que as tarefas iriam ficar acumuladas. Mas consegui me organizar como se fosse uma semana de cinco dias”. Mais descanso? Ana não trabalha às sexta-feiras. Neste dia, aproveita para resolver demandas da faculdade e fazer exercícios físicos. “Me sinto mais disposta para fazer outras atividades, viajar e até ter mais tempo com a minha família que mora em outra cidade. Isso tudo ajuda no meu bem-estar mental”. Ou mais trabalho? “Não senti nenhuma sobrecarga de trabalho. Na segunda, até têm mais coisas porque não trabalhei na sexta, mas não é um acúmulo que atrapalha ou gera exaustão”. O que mudou? Uma das diferenças que sentiu ao reduzir sua jornada de cinco para quatro dias foi o aumento da produtividade. Ana diz que as reuniões são mais concentradas, só ocorrem quando realmente necessárias, assim tem mais tempo para se dedicar às tarefas do dia a dia. Saldo positivo. Para Ana, o trabalho precisa ser assim: mais leve. “Quando começo a ficar mentalmente cansada, logo chega a sexta-feira. E, na segunda, estou cheia de energia para começar a semana de novo”. NÃO FIQUE SEM SABERExplicamos dois assuntos do noticiário para você. O que aconteceu? Manifestantes golpistas entraram na Esplanada dos Ministérios na tarde deste domingo (8), invadiram o Palácio do Planalto, o Congresso e o STF (Supremo Tribunal Federal).O que eles fizeram? Quebraram vidros, atiraram móveis para fora do Planalto, computadores e monitores no chão. Foto dos ex-presidentes da República foram arrancadas da parede. Obras de arte foram danificadas. Entre elas, “Bandeira do Brasil”, de Jorge Eduardo, “Mulatas”, de Di Cavalcanti, “O Flautista”, de Bruno Jorge, e “Galhos e Sombras”, de Frans Krajcberg.E a polícia? Os golpistas entraram em confronto com a Polícia Militar, que reagiu com bombas de efeito moral. Os policiais foram atingidos por grades de ferro e outros objetos.Mas… vídeos mostram que a Polícia Militar do Distrito Federal aparece filmando a depredação e conversando com
Haddad apresenta hoje pacote com alta de receitas e desempate a favor da União em conflitos tributários
Medidas devem ser anunciadas no Palácio do Planalto nesta quinta (12), com presença de Lula Idiana TomazelliBRASÍLIAO pacote de medidas econômicas a ser anunciado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), vai centrar esforços na recuperação da arrecadação do governo federal e inclui a retomada do voto de desempate a favor da União em disputas tributárias com contribuintes. O anúncio está programado para esta quinta-feira (12) no Palácio do Planalto e deve contar com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), num sinal de apoio político às iniciativas —muitas delas impopulares, pois significam na prática um aumento de tributos. Os ministros Rui Costa (Casa Civil) e Simone Tebet (Planejamento e Orçamento) também são aguardados para o anúncio. Apesar dos atos golpistas que resultaram na depredação das sedes dos três Poderes, a equipe decidiu manter o cronograma planejado para dar uma demonstração de que o trabalho do governo continua. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), durante cerimônia de posse no CCBB – Gabriela Biló – 02.jan.2022/FolhapressO foco do time econômico é a redução de um déficit de R$ 231,55 bilhões projetado para este ano, que foi classificado como “absurdo” por Haddad em seu discurso de posse. O mercado cobra uma sinalização firme de redução desse rombo para manter a dívida pública em patamar sustentável. O pacote deve incluir quatro MPs (medidas provisórias), dois decretos presidenciais, uma portaria interministerial e uma portaria conjunta da Receita Federal e da PGFN (Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional). Uma das MPs buscará restabelecer o chamado “voto de qualidade” no Carf (Conselho de Administração de Recursos Fiscais), tribunal administrativo que julga conflitos tributários. O voto de qualidade assegurava à Receita a manutenção da cobrança em caso de empate no julgamento —algo comum em disputas envolvendo grandes valores, uma vez que o tribunal é formado por representantes do Fisco e dos contribuintes. Sensível a interesses de grupos, o Congresso fez ao longo dos anos uma série de investidas contra o voto de qualidade e finalmente obteve sucesso em 2020, durante o governo Jair Bolsonaro (PL). Naquele ano, o desempate em favor da Receita foi extinto, impondo derrotas bilionárias à União em novos julgamentos. Durante as discussões, o governo chegou a levantar dúvidas jurídicas sobre a possibilidade de retomar o voto de qualidade, uma vez que o STF (Supremo Tribunal Federal) caminhava para se manifestar a favor da legalidade da mudança feita em 2020 —o julgamento foi suspenso em março de 2022 por um pedido de vista. Apesar do risco, a medida acabou sendo incluída no pacote a ser anunciado por Haddad, que tem dado ênfase aos problemas a serem enfrentados no Carf. O ministro tem chamado atenção para o aumento significativo do estoque de processos, que saltaram de R$ 600 bilhões para R$ 1,2 trilhão em quatro anos. Em entrevista à Folha, o secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, disse que “ter uma solução para o Carf é essencial”. Outra opção é um “incentivo extraordinário à denúncia espontânea”, estimado em R$ 33,77 bilhões. O pacote de medidas também deve incluir a reversão de desonerações tributárias adotadas pelo governo anterior. Uma delas mira o corte nas alíquotas de PIS/Cofins sobre receitas financeiras de grandes empresas, cujo impacto seria próximo a R$ 4,4 bilhões. Outra medida que estava nas discussões prévias é o aproveitamento de créditos de ICMS, imposto estadual, pelas empresas. Ela tem relação com o julgamento no STF que retirou o ICMS da base de cálculo de PIS/Cofins nas operações de venda feitas pelas empresas. O problema é que o julgamento não contemplou as aquisições de insumos das companhias, que continuavam considerando o ICMS na base de cálculo dos tributos federais nessas operações porque isso era mais vantajoso —elas ficam com um crédito tributário maior a ser abatido posteriormente. Na prática, segundo técnicos, a distorção permite que os contribuintes usem como crédito um tributo que não foi pago. Por isso, há a possibilidade de se corrigir o problema via MP, restabelecendo uma cobrança de ao menos R$ 30 bilhões em tributos. Essa medida teria um impacto mais duradouro sobre a arrecadação do que outras tidas como extraordinárias, centradas em 2023. Também havia, nas discussões preliminares, um impacto estimado em R$ 28,7 bilhões com a reoneração de tributos federais sobre gasolina e etanol a partir de março. O pacote de Haddad ainda deve trazer medidas para reduzir despesas, como revisão de contratos e programas —cujo impacto era estimado em R$ 15 bilhões nas discussões preliminares. Em entrevista à Folha, Ceron afirmou que a agenda precisava envolver tanto o ganho de arrecadação quanto a redução de despesas, mas argumentou que o aumento de receitas não significava uma expansão da carga tributária. “Trata-se de discutir a manutenção da carga tributária que existia ao final de 2022”, afirmou na ocasião. “A receita líquida do governo federal deve ficar em torno de 18,7%, 18,8% do PIB em 2022. Para 2023, as renúncias tributárias feitas no ano passado derrubam 1,5 ponto percentual do PIB. A receita líquida cai para 17,2% do PIB. Isso significa mais de R$ 100 bilhões renunciados sem lastro. É um grande impacto”, disse. https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2023/01/pacote-de-haddad-mira-alta-de-receitas-e-inclui-desempate-a-favor-da-uniao-em-conflitos-tributarios.shtml
Número de ações por síndrome de burnout cresce na Justiça do Trabalho
Levantamento aponta que judicialização aumentou em 72% durante a pandemiaPor Bárbara Pombo — De São Paulo Em grande parte dos casos, pedem para serem indenizados por danos causados pela doença, reintegrados ao emprego ou realocados de função. Há precedentes favoráveis aos trabalhadores no Tribunal Superior do Trabalho (TST). Entre 2020 e 2022, tramitaram pouco mais de 4 mil processos trabalhistas sobre o assunto – quase o dobro do registrado entre 2017 e 2019, quando havia 2,3 mil ações. São Paulo é o Estado onde se concentra a maior parte dos casos. Um total de 1.925 processos está em andamento. Só em 2022, foram ajuizadas 336 novas ações em São Paulo. Minas Gerais (129), Rio Grande do Sul (101), Paraná (100) e Rio de Janeiro (95) despontam na lista em seguida, de acordo com a pesquisa. Uma bancária mineira de 38 anos, que prefere não se identificar, foi uma das que bateu às portas do Judiciário (processo em segredo judicial). Como gerente de pessoas jurídicas, ela relata ter passado por jornadas exaustivas, cobranças por atingimento de metas inalcançáveis e assédio moral de superiores. Começou a sentir irritação frequente, depois insônia e suor excessivo. “Até que não consegui mais entrar no meu local de trabalho”, conta. Passou por dois afastamentos custeados pelo empregador e, depois, pelo INSS – de nove meses no total -, além de tratamento psiquiátrico, que continua. Quando retornou à agência, ela foi alocada na mesma função de gerente, com a tarefa de criar uma nova carteira de clientes. “Fiquei pior. Tive crises de pânico e de ansiedade, e não conseguia atender. Mesmo tendo demonstrado interesse, não me mudaram de função e de cargo”, diz ela, que venceu em primeira e segunda instâncias. “Como iria me curar no local em que adoeci?” Especialistas ouvidas pelo Valor apontam que o aumento no número de ações judiciais está ligado ao momento de incertezas e isolamento durante a pandemia, mas também à maior informação sobre o problema. “Hoje o burnout não está restrito a determinadas categorias profissionais, como era antes. Era comum sobretudo em professores, médicos e policiais”, afirma a procuradora regional do trabalho Adriane Reis de Araújo, coordenadora Nacional de Promoção de Igualdade de Oportunidades e Eliminação da Discriminação no Trabalho (Coordigualdade). Há um ano, a Organização Mundial da Saúde (OMS) passou a considerar a síndrome de burnout como doença ocupacional. Conta, agora, com um código específico na Classificação Internacional de Doenças (CID). Com esse reconhecimento, explica a advogada Tricia Oliveira, sócia da área trabalhista do Trench Rossi Watanabe, o empregador que é acionado na Justiça deve provar que não foi o responsável por causar o transtorno do esgotamento profissional. “Antes, cabia ao empregado provar que havia desenvolvido a doença por causa das condições de trabalho, ou seja, precisava comprovar o nexo de causalidade entre o adoecimento e o seu trabalho”, afirma. Especializada em saúde mental nas relações de trabalho, a advogada Luciana Chamone Garcia vem representando trabalhadores acometidos por burnout na Justiça. Ela observa que o reconhecimento do transtorno pela OMS não surtiu tanto efeito sobre a judicialização, mas sim sobre o comportamento das companhias. “As empresas estão mais focadas nessa questão e atuando a partir de um compliance preventivo. Os trabalhadores, por sua vez, estão mais informados”, afirma. Ela aponta que o Judiciário trabalhista tem sido bastante sensível a esse tipo de demanda quando o processo é pautado em provas robustas, como laudo pericial, testemunhas e documentos que atestem que o empregado adoeceu em função de jornadas exaustivas, sobrecarga de trabalho, cobranças abusivas de metas, violação à desconexão ou assédio moral. “É necessário um diagnóstico preciso porque esse assunto não pode ser banalizado. Depressão é diferente de tristeza”, diz a advogada, que preside a Comissão de Direito à Saúde Mental da seccional mineira da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-MG). Gestores e profissionais da área jurídica frisam, em um cenário de aumento de diagnósticos e judicialização, que há medidas a serem tomadas pelas empresas para endereçar o problema (veja abaixo). “Em um litígio, as medidas concretas adotadas são elementos para a empresa demonstrar que se esforçou, que o adoecimento não é do ambiente de trabalho em si, mas de outra circunstância”, afirma a advogada Tricia Oliveira. O levantamento feito pelo Trench Rossi Watanabe aponta que reclamações trabalhistas relacionadas à burnout podem sair caras para as empresas. O valor de causa das 8.118 ações ativas e arquivadas sobre o assunto, entre 2014 e 2022, somaram R$ 2,48 bilhões – uma média de R$ 306 mil por processo. O TST já confirmou indenizações com valores elevados em decorrência de burnout. Em um caso, um empregado de 31 anos aposentado por invalidez em decorrência de burnout obteve decisão favorável para receber R$ 475 mil em reparação. Em outro, os ministros validaram indenização por danos morais de R$ 100 mil (AIRR-2256-81.2014.5.12.0060). Tricia Oliveira pondera, no entanto, que esses casos foram julgados antes da reforma trabalhista de 2017 que, entre outros pontos, passou a vincular o valor de indenizações por danos morais à remuneração das vítimas. A validade dessa regra está em julgamento pelo Supremo Tribunal Federal (ADI 6050). Enquanto espera o desfecho de seu processo, que tramita agora no TST, a bancária mineira, vítima de burnout, ensaia voltar ao mercado de trabalho. “Tenho medo mesmo sabendo que sou competente. Mas tive que me reinventar como pessoa. E, agora, preciso me reinventar como profissional.” https://valor.globo.com/legislacao/noticia/2023/01/12/numero-de-acoes-por-sindrome-de-burnout-cresce-na-justica-do-trabalho.ghtml
Governo divulga tabela de valores do seguro-desemprego para 2023
para evitar o custo extra de até R$ 7,7 bilhões, que precisaria ser acomodado mediante cortes em outras áreas. Com isso, o piso deve ser mantido em R$ 1.302. Na transição, auxiliares do presidente indicaram a possibilidade de o mínimo ser reajustado novamente, para R$ 1.320. Uma verba de R$ 6,8 bilhões foi reservada no Orçamento para esse fim.Do UOL, em São Paulo O Ministério do Trabalho e Previdência determinou que, a partir do dia 11 de janeiro, o valor da parcela para quem tem direito ao benefício não será menor do que o salário mínimo atual, de R$ 1302. Já o teto será de R$ 2.230,97. Cada faixa salarial tem uma regra específica. Confira as condições: Teto do INSS sobe para R$ 7.507; valor mínimo de benefício será de R$ 1.302Para quem ganha até R$ 1.968,36, a parcela será o salário médio multiplicado por 0,8Para quem ganha entre R$ 1.968,37 e R$ 3.280,93, o cálculo é o seguinte: a parte do salário maior que R$ 1.968,37 é multiplicada por 0,5; depois, soma-se R$ 1.574,69 (veja exemplo abaixo)Para quem ganha acima de R$ 3.280,93, o valor da parcela é o teto de R$ 2.230,97Exemplo para segunda faixa prevista: uma pessoa que ganha R$ 2.500 terá o valor de R$ 531,63 (R$ 2.500 menos R$ 1.968,37) multiplicado por 0,5, o que dá R$ 265,8. Com a soma de R$ 1.574,69, o valor da parcela será de R$ 1840,5. Atualização da tabela seguiu índice do IBGE. As faixas salariais consideraram o INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) de 2022, calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. O índice, que mede o aumento de preços ao longo do ano para famílias com rendimentos de 1 a 5 salários mínimos, ficou em 5,93%. https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2023/01/11/tabela-calculo-seguro-desemprego-2023.htm
Governo Lula pretende manter salário mínimo em R$ 1.302 e desistir de aumento adicional
Nova alta teria impacto de R$ 7,7 bi; argumento para manter valor do piso é que já houve reajuste realBruno BoghossianIdiana TomazelliO governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve segurar o reajuste adicional do salário mínimo para evitar o custo extra de até R$ 7,7 bilhões, que precisaria ser acomodado mediante cortes em outras áreas. Com isso, o piso deve ser mantido em R$ 1.302. Na transição, auxiliares do presidente indicaram a possibilidade de o mínimo ser reajustado novamente, para R$ 1.320. Uma verba de R$ 6,8 bilhões foi reservada no Orçamento para esse fim. No fim de 2022, porém, houve um aumento significativo no número de beneficiários do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), cujos pagamentos são atrelados ao salário mínimo. Técnicos da SOF (Secretaria de Orçamento Federal) emitiram um alerta de que, nesse novo contexto, o reajuste adicional teria impacto de mais R$ 7,7 bilhões além do valor já reservado, como revelou a Folha. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em reunião com parlamentares no Palácio do Planalto – Evaristo Sá/AFPO grupo favorável à manutenção do valor atual argumenta que o mínimo de R$ 1.302, fixado ainda no governo Jair Bolsonaro (PL), já representa um aumento real em relação ao ano passado. Por isso, a promessa de valorização é considerada cumprida por essa ala. O ganho de 1,5% foi inclusive citado em discurso do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), também ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, na reunião ministerial da última sexta-feira (6). A contrapartida política sugerida pela equipe de Lula é acelerar as discussões sobre uma política permanente de valorização do salário mínimo, que leve em consideração o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto), além da inflação. Interlocutores afirmam que “2024 está aí” e a intenção é garantir novamente o aumento real. A proposta deve ser discutida em mesas de negociação com centrais sindicais para ser anunciada ainda no primeiro semestre. O anúncio do início dessas conversas será feito na próxima semana pelo ministro do Trabalho, Luiz Marinho (PT). O acerto foi feito com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), embora ele não deva participar porque viajará ao Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça, que ocorre na próxima semana. Uma das ideias é garantir um reajuste real pela média de crescimento do PIB dos últimos cinco anos. Essa proposta, porém, ainda não está fechada e será debatida com os representantes dos trabalhadores. Assim como em outras medidas debatidas nas etapas iniciais do governo, o tema do salário mínimo opõe integrantes da ala política e da equipe econômica de Lula. Durante a campanha, chegou-se a cogitar um aumento complementar no Dia do Trabalho, em 1º de maio, ideia retomada mais recentemente pela ala política. O grupo econômico, por sua vez, defende cautela com decisões que tenham impacto considerável sobre as contas públicas. A avaliação preliminar é de que é prudente aguardar dados mais sólidos sobre a base de beneficiários do INSS para ter maior clareza dos números. Há quem veja a projeção de custo extra como elevada, com espaço para redução, mas mesmo essa ala entende que é muito arriscado tomar qualquer decisão neste momento. Além disso, mesmo deixando a porta aberta para um aumento extra ao longo do ano, técnicos consideram como mais provável que o mínimo fique em R$ 1.302 até o fim do ano. O assunto foi levado a Lula. O presidente ainda precisa bater o martelo, mas integrantes dos dois grupos relatam que, até aqui, ele sinalizou concordância com os argumentos da equipe econômica. Há quem lembre que Lula nunca se comprometeu publicamente com o valor de R$ 1.320, verbalizado por Wellington Dias (PT) durante as negociações da PEC (proposta de emenda à Constituição) que autorizou o aumento de gastos em 2023. Hoje, Dias é ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, pasta que não participa diretamente das discussões sobre o piso nacional. Nas discussões internas, ministros contrários ao reajuste adicional ainda em 2023 argumentam que uma avaliação da relação custo-benefício recomenda a manutenção do salário mínimo em R$ 1302. Segundo um integrante do primeiro escalão, o aumento de apenas R$ 18 daria um bônus político limitado a Lula. Por outro lado, o impacto fiscal certamente produziria efeitos negativos sobre a confiança de investidores e, consequentemente, na recuperação da economia —sobretudo no momento em que o time econômico ainda busca convencer o mercado de que adotará medidas para reduzir o déficit de R$ 231,5 bilhões contratado para o ano. A política de salário mínimo afeta não só o mercado de trabalho, por ser a remuneração mínima dos empregados, mas também as contas públicas. Uma série de benefícios é vinculada ao piso. Dois terços das aposentadorias e pensões pagam um salário mínimo. O valor também serve de referência para o abono salarial, o seguro-desemprego e o BPC (Benefício de Prestação Continuada), pago a idosos e pessoas com deficiência de baixa renda. https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2023/01/governo-lula-pretende-manter-salario-minimo-em-r-1302-e-desistir-de-aumento-adicional.shtml