Menos de 1% dos ocupados no país recebem mais de 20 salários mínimos; veja o perfil desses trabalhadores
Segundo o levantamento, do total de trabalhadores que recebem a partir de 20 salários mínimos, 75% são homens e 25% são mulheres. Quando analisada a questão de raça e cor, os trabalhadores brancos são 77% do total. Por Marta Cavallini, g1 Do total de 97,57 milhões de ocupados no país no terceiro trimestre deste ano, 588,6 mil trabalhadores ganhavam mais de 20 salários mínimos (R$ 24.420). Isso equivale a 0,6% da população ocupada. O levantamento é da LCA Consultores, com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). De acordo com Bruno Imaizumi, economista da LCA Consultores responsável pelo levantamento, alguns recortes escancaram as desigualdades já conhecidas no país: os homens brancos ganham mais que os demais grupos no Brasil. Segundo o levantamento, do total de trabalhadores que recebem a partir de 20 salários mínimos, 75% são homens e apenas 25% são mulheres. Quando analisada a questão de raça e cor, os trabalhadores brancos são 77% do total. Veja abaixo o perfil dos profissionais que ganham acima de R$ 24 mil no Brasil. Por raça/cor Na questão da raça/cor dos trabalhadores, os brancos são vasta maioria entre os que ganham acima de R$ 24 mil. Os demais 23% são divididos entre pretos, amarelos, pardos e indígenas. Por faixa etária Os profissionais com idades de 26 a 49 anos são 60% do total que recebem a partir de 20 salários mínimos. Entre as cinco faixas etárias analisadas, os trabalhadores de 40 a 49 anos têm a maior proporção: 31,5% do total. Os jovens de até 25 anos correspondem a pouco mais de 1%. Por estados São Paulo, Rio de Janeiro e Distrito Federal representam 60% dos trabalhadores com os salários altos no país. Por outro lado, essas regiões representam apenas cerca de 30% da população no país, destaca Imaizumi. Já os estados que ocupam as últimas posições no ranking são do Nordeste e Norte. No caso do Rio Grande do Norte, por exemplo, que tem quase a mesma população do Distrito Federal (mais de 3 milhões de habitantes, segundo estimativas do IBGE de 2021), apenas 0,2% dos trabalhadores recebem a partir de 20 salários mínimos, ao passo que no DF são 7,2%. Nesse caso, isso se deve principalmente devido à concentração de servidores públicos na capital federal, Brasília. Já no caso dos estados do Maranhão e Santa Catarina, que têm praticamente a mesma população (mais de 7 milhões de habitantes), a diferença na proporção de quem ganha acima de 20 salários mínimos também é grande. Veja no gráfico abaixo: Por setores Para Imaizumi, é esperado que quase 30% das pessoas que recebem a partir de 20 salários mínimos estejam concentradas em atividades que geram bastante valor agregado à economia – Informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas (que englobam os setores financeiro e de https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpg). Já o setor de Educação, Saúde Humana e Serviços Sociais também tem um percentual elevado provavelmente por englobar os médicos, que é uma mão de obra mais especializada. “Já a parcela significativa da administração pública, defesa e seguridade social mostra o tamanho inchado do estado Brasileiro e é uma primeira evidência dos privilégios de funcionários públicos de alto escalão no país”, analisa. Por ocupações Os empregadores têm a maior proporção com salários acima de 20 salários mínimos, seguidos pelos empregados dos setores privados. https://g1.globo.com/trabalho-e-carreira/noticia/2022/12/03/menos-de-1percent-dos-ocupados-no-pais-recebem-mais-de-20-salarios-minimos-veja-o-perfil-desses-trabalhadores.ghtml
Mesmo com crise, brasileiros acreditam em aumento de salário e inflação mais branda em 2023
Maior parte, no entanto – num total de 31% dos entrevistados – acredita que o aumento vai ficar abaixo da inflação. Por g1 04/12/2022 07h00 Atualizado há um dia A crise econômica não acabou com o otimismo dos brasileiros. Um levantamento feito pela Ipsos mostra que 57% acreditam que vão receber aumento salarial no próximo ano acima ou igual à inflação. A maior parte, no entanto – num total de 31% dos entrevistados – acredita que o aumento vai ficar abaixo da inflação. Ainda assim, a fatia de brasileiros que acreditam em aumento igual ou acima da inflação (26%) só perde para o registrado na Colômbia, de 27%. Os mais pessimistas, na outra ponta, são os italianos: só 2% acreditam que terão aumento ao menos igual à inflação em 2023, e outros 17% acham que terão aumento, mas abaixo do registrado pelos preços. Segundo Marcos Calliari, CEO da Ipsos no Brasil, a confiança dos brasileiros vem melhorando consistentemente desde o início do 2º semestre, e isso impacta nas perspectivas futuras. “Além disso, uma mudança de administração federal também quase sempre traz otimismo – é histórico. Assim, nesse momento, o brasileiro está imaginando que o futuro será melhor, e nada mais natural de que se imagine que seus ganhos serão um reflexo desse contexto”, explica. Quase metade dos brasileiros faz bicos para completar a renda familiar Inflação Os brasileiros também têm uma visão mais positiva sobre o futuro da inflação em relação a grande parte do mundo. De acordo com o levantamento, apenas 16% dos brasileiros entrevistados acreditam que a inflação subirá muito em 2023. Apenas a China, com 8%, apresentou índice menor. Neste quesito, a média global é de 35%. O histórico brasileiro de inflação, no entanto, pode ter relação com essa visão. Calliari aponta que há um ineditismo no atual momento inflacionário em alguns países da América do Norte, Europa e Ásia. “É natural que com esse cenário, as preocupações sejam maiores, relativamente”, aponta. Mas a inflação brasileira foi, de fato, reduzida nos últimos meses. “Assim, as expectativas com relação aos aumentos de preços [no Brasil] foram reduzidas, o que é refletido nessa pesquisa. No resto do mundo, aconteceu o contrário: o aumento de preços vem se acelerando (por exemplo, com a chegada do inverno no hemisfério norte), o que piora as expectativas futuras”, explica o CEO. A pesquisa foi feita de forma online entre os dias 21 de outubro e 4 de maio, com 24.471 pessoas. A margem de erro para o Brasil é de 3,5 pontos percentuais. https://g1.globo.com/economia/noticia/2022/12/04/mesmo-com-crise-brasileiros-acreditam-em-aumento-de-salario-e-inflacao-mais-branda-em-2023.ghtml
FGV: 87,7% dos trabalhadores informais gostariam de se formalizar via carteira assinada ou CNPJ
Sondagem do Mercado de Trabalho aponta que preferência pelo trabalho formal é motivada pelo desejo de ter rendimentos fixos e o acesso a benefícios que as empresas costumam dar Rio – Sete em cada dez trabalhadores atuando por conta própria, com ou sem CNPJ, gostariam de mudar de emprego para uma vaga que oferecesse vínculo empregatício, segundo a Sondagem do Mercado de Trabalho, produzida pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV). A proporção é ainda maior quando considerados todos os trabalhadores informais – aqueles que não possuíam nenhum tipo de registro oficial, incluindo os trabalhadores sem carteira assinada no setor privado, empregadores e trabalhadores por conta própria sem CNPJ. Nesse caso, 87,7% afirmaram que gostariam de se formalizar, seja via carteira assinada, seja através de registro. “É mais gente trabalhando por necessidade (nesse tipo de ocupação) do que por uma vontade própria”, disse Rodolpho Tobler, coordenador e responsável técnico pela pesquisa do Ibre/FGV. O levantamento, que terá divulgação trimestral, se refere à coleta de informações realizada entre agosto e outubro de 2022. Nesse período, o número de trabalhadores atuando na informalidade no Brasil alcançava 38,964 milhões, ligeiramente abaixo do pico registrado no trimestre imediatamente anterior, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Entre os trabalhadores informais ouvidos pelo Ibre/FGV, o desejo de formalização era maior entre os que recebiam menores rendimentos: 89,5% dos informais com renda mensal até dois salários mínimos preferiam migrar para um trabalho com carteira assinada ou CNPJ, ante uma fatia de 75,8% entre os que ganhavam mais de dois salários. Para Fernando Veloso, coordenador do Observatório da Produtividade Regis Bonelli do Ibre/FGV, apesar da melhora recente em indicadores do mercado de trabalho, como a redução na taxa de desemprego, os resultados da nova sondagem mostram um retrato mais fiel da situação de parte significativa dos trabalhadores brasileiros. “Renda baixa, muita volatilidade e baixa proteção social. Então, acho que é um quadro mais nítido que o mercado de trabalho está mostrando”, opinou Veloso. Segundo ele, o que os resultados estão mostrando é um alto grau de vulnerabilidade e uma quantidade muito grande de trabalhadores por conta própria ou sem registro “querendo se formalizar ou querendo ter vínculo com empresa para ter acesso a benefícios ou a uma renda mais estável”. “Há uma preocupação grande também com a remuneração baixa. Por trás desses números mais agregados do mercado de trabalho que mostram o desemprego caindo, eu acho que isso está revelando ainda uma fragilidade bastante grande”, acrescentou. O estudo identificou ainda que, entre os trabalhadores por conta própria atuando sem qualquer registro ou mesmo os registrados com CNPJ, apenas 30,4% prefeririam manter-se na situação atual do que mudar para uma vaga de contratado por uma empresa pública ou privada. Entre os demais 69,6% que preferiam a mudança, os principais motivos apontados foram o desejo de ter rendimentos fixos (33,1%) e o acesso a benefícios que as empresas costumam dar (31,4%). Outros 5,1% apontaram outros fatores. O trabalho por conta própria, que abrange pouco mais de 25% de toda a população ocupada no País, foi a saída encontrada por pessoas que perderam seus empregos em um momento de crise sanitária e atividade econômica mais fraca, mas que não conseguiam voltar ao mercado de trabalho de outra forma, justificou Rodolpho Tobler. A vontade de mudar de emprego também reflete uma insatisfação com a renda, uma vez que a renda média de quem trabalha por conta própria costuma ser mais baixa que em ocupações com vínculo empregatício. “As pessoas acabaram ficando muito tempo fora do mercado de trabalho, então acabou sendo uma porta de entrada para voltar a trabalhar”, disse Tobler. Entre a minoria que preferia permanecer trabalhando de forma autônoma, o fator mais mencionado foi a preferência por flexibilidade de horário (14,3%), seguido pelos que acreditam que, na ocupação atual, conseguem ter rendimentos maiores (11,9%). O desejo de trocar o trabalho por conta própria, mesmo com CNPJ, por outro com vínculo empregatício foi mais presente entre quem ganhava menos: na faixa que recebia até dois salários mínimos mensais, 74,9% preferiam mudar de trabalho para ter um vínculo empregatício, enquanto entre os que ganhavam mais de dois salários mínimos mensais essa fatia era de 56,7%. O universo de trabalhadores atuando por conta própria no Brasil somava 25,410 milhões de pessoas no trimestre de agosto a outubro, montante também ligeiramente abaixo do pico alcançado no trimestre imediatamente anterior, calculou a Pnad Contínua do IBGE. Apesar do desejo de melhora, a maioria dos empregados em atividade no País (72,2%) estava satisfeita com o emprego de uma maneira geral. A proporção de satisfeitos era maior entre os trabalhadores registrados (81,3%), entre os que chegaram a cursar ao menos parte do ensino superior (72,1%) e entre os homens (77,2% de satisfeitos, contra 68,1% entre as mulheres). Dos 27,8% de ocupados que se disseram insatisfeitos, os motivos mais reportados foram remuneração baixa (64,2%), pouco ou nenhum benefício (43,0%) e insegurança por ser um trabalho temporário (23,7%). “Esse foi um ano de recuperação quantitativa do emprego. A população ocupada aumentou bastante, mas a gente percebe que a renda ainda está num nível abaixo, por exemplo, do pré-pandemia”, lembrou Fernando de Holanda Barbosa Filho, pesquisador sênior da área de Economia Aplicada do Ibre/FGV. Expectativas e receios sobre o futuro Ao menos quatro em cada dez trabalhadores acreditavam ser provável que perdessem o emprego ou a principal fonte de renda nos próximos 12 meses: 27,2% achavam provável e 14,1% achavam muito provável. Por outro lado, 26,5% consideravam muito improvável que isso ocorresse, e 32,2%, improvável. Caso perdessem o principal emprego ou fonte de renda, 66,5% dos trabalhadores calculavam que conseguiriam se sustentar por um período de até três meses. Os demais 33,5% afirmaram que conseguiriam se manter por mais de três meses. Quanto ao futuro, 54,8% dos trabalhadores acreditam que a https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpg será uma aliada no seu trabalho e ajudará a aumentar a qualidade de vida num horizonte de cinco anos. Apenas 15,2% das pessoas afirmam que a https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpg poderia ser um problema,
Salário baixo é principal motivo de insatisfação com trabalhoSalário baixo é principal motivo de insatisfação com trabalho
Nova pesquisa do FGV Ibre também mostra desejo do profissional por formalização Leonardo VieceliRIO DE JANEIRO O salário baixo é o principal motivo de insatisfação com o trabalho no Brasil, e ter carteira assinada ou CNPJ representa um desejo para a maioria dos informais. As conclusões são da Sondagem do Mercado de Trabalho, uma publicação lançada nesta terça-feira (6) pelo FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas). A nova pesquisa pretende consultar mensalmente cerca de 2.000 pessoas espalhadas pelo território nacional. O primeiro relatório apresenta dados apurados ao longo dos três meses iniciais de coleta —agosto, setembro e outubro. Camelôs vendem produtos no centro de São Paulo – Danilo Verpa – 28.jun.22/Folhapress Segundo a nova pesquisa, 72,2% dos entrevistados em agosto estavam satisfeitos ou muito satisfeitos com o trabalho. Por outro lado, os insatisfeitos ou muito insatisfeitos somaram 27,8%. No segundo grupo, a remuneração baixa foi o motivo mais citado (64,2%) para a insatisfação. Ter pouco ou nenhum benefício (43%) veio na sequência. A insegurança de um trabalho temporário (23,7%) também esteve entre os pontos negativos mais lembrados. Cada entrevistado pôde escolher mais de uma resposta. Os percentuais de pessoas insatisfeitas ou muito insatisfeitas com o trabalho foram maiores entre aquelas com escolaridade mais baixa, até o ensino fundamental (37,7%), mulheres (31,9%) e sem nenhum tipo de registro (32,7%). Os entrevistados atribuíram uma nota de um a dez sobre a percepção de bem-estar com a vida em geral. Quanto mais alta a pontuação, maior a satisfação. A nota média ficou em 7,2 pontos. A marca foi maior entre as pessoas satisfeitas com o trabalho (7,9) do que entre as insatisfeitas (6,1). A sondagem também traz um detalhamento sobre os trabalhadores informais, que atuam sem carteira assinada ou CNPJ. Conforme a pesquisa, quase 90% desse grupo gostaria de ter uma ocupação mais formalizada (87,7%). Apenas 12,3% não tinham esse desejo. No caso dos trabalhadores por conta própria, uma categoria que ganhou força no país, a pesquisa apontou que 69,6% gostariam de mudar de ocupação e ter algum vínculo formal em uma empresa. Outros 30,4% preferiam seguir na mesma situação. No grupo que gostaria de mudar e ter vínculo com uma empresa, os principais motivos citados foram rendimentos fixos (33,1%) e benefícios que as companhias costumam oferecer (31,4%). Entre os trabalhadores por conta própria que não desejavam trocar de ocupação, o aspecto mais lembrado foi a flexibilidade de horário (14,3%). Na visão de Rodolpho Tobler, um dos pesquisadores responsáveis pela pesquisa do FGV Ibre, os resultados sinalizam “cautela” na análise do mercado de trabalho, apesar da recuperação de vagas nos últimos meses. “A gente tem uma melhora quantitativa, mas a qualidade do emprego ainda não é a ideal”, avaliou o economista. O pesquisador Fernando Veloso, que também participou da apresentação da pesquisa do FGV Ibre, tem opinião semelhante. O economista destacou que, mesmo com a recente queda do desemprego, há uma grande preocupação com a renda baixa e uma demanda por formalização no país. “Em termos de mensagem, os primeiros resultados [da sondagem] estão mostrando um grau de vulnerabilidade bastante grande”, disse Veloso. RISCO DE PERDER O TRABALHO Já na coleta de dados feita em outubro, a pesquisa perguntou aos entrevistados sobre o risco de perder o emprego ou a principal fonte de renda nos 12 meses seguintes. A possibilidade de ficar sem trabalho ou remuneração foi vista como improvável ou muito improvável por 58,7% do total. No sentido oposto, 41,3% dos entrevistados afirmaram que a perda seria provável ou muito provável. O temor de ficar sem trabalho foi maior entre os profissionais com renda mais baixa, de até dois salários mínimos (47,5%), do que entre aqueles com renda acima de dois salários (20,4%). Se a perda ocorresse, a maior parte das pessoas consultadas (66,5%) teria condições de se sustentar por até três meses. Os demais entrevistados (33,5%) conseguiriam bancar as despesas por mais de um trimestre. A sondagem também buscou medir, na coleta de setembro, o quanto as pessoas estavam preocupadas com diferentes tópicos em um horizonte de cinco a dez anos, incluindo finanças, saúde, habitação e conhecimento. A área de finanças foi aquela em que houve mais preocupação. “Não estar tão bem financeiramente quanto gostaria” foi o item com a maior proporção de entrevistados (67,6%) que escolheram a resposta “estou muito preocupado”. “Minha família não estar tão bem financeiramente” teve o segundo maior percentual (61,9%). https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2022/12/salario-baixo-e-principal-motivo-de-insatisfacao-com-trabalho.shtml
STF: Gilmar Mendes cancela suspensão de processos sobre acordado e legislado
De acordo com dados do Conselho Nacional de Justiça, há ao menos 50.346 processos suspensos que voltarão a tramitar FLÁVIA MAIA O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), cancelou nesta segunda-feira (5/12) a suspensão nacional de processos em instâncias inferiores que discutem se o negociado pode prevalecer em relação à legislação de direitos trabalhistas. Em junho de 2022, o STF decidiu que os acordos e convenções coletivas se sobrepõem à legislação existente desde que não afetem direitos trabalhistas previstos na Constituição, como salário, seguro-desemprego, licença-maternidade e FGTS. Mendes é o relator da ação (ARE 1121633). Como a decisão do STF ocorreu em um agravo em recurso extraordinário, ela passou a orientar todo o Judiciário nacional. No entanto, ainda havia dúvidas entre advogados e tribunais sobre a aplicação imediata, por isso, o ministro lavrou o despacho para deixar a questão inequívoca. De acordo com dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), há ao menos 50.346 processos suspensos. Dessa forma, com o fim da suspensão dos processos pelo ministro Gilmar Mendes, não há dúvidas que os processos devem voltar a tramitar no Judiciário. Na época, o placar foi de 7 a 2, com abstenção de Luiz Fux, que se declarou impedido, e a ausência de Ricardo Lewandowski. Dessa forma, pelo entendimento do Supremo, direitos previstos em leis ordinárias, como os da própria Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), podem ser retirados via negociação entre empregados e empregadores, como horas-extras, intervalo intrajornada, horário de almoço, negociação dos percentuais de adicionais de insalubridade e periculosidade. A maioria dos ministros acompanhou o voto do relator, Gilmar Mendes. Para ele, a prevalência das convenções coletivas é constitucional e a vontade das partes deve ser respeitada, uma vez que a negociação evidencia melhor a realidade dos fatos. Mendes afastou a ideia de que os trabalhadores saem prejudicados, uma vez que as convenções e acordos seguem procedimento próprio, definido por lei e com chancela sindical obrigatória. O relator ainda ressaltou que a Constituição Federal outorga ao sindicato a defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria. Foi fixada a seguinte tese em sede de repercussão geral no tema 1046: “São constitucionais os acordos e as convenções coletivas que, ao considerarem a adequação setorial negociada pactuam limitações ou afastamentos de direitos trabalhistas independentemente da explicitação especificada de vantagens compensatórias desde que respeitados os direitos absolutamente indisponíveis.