Profissionais 45+ sofrem com preconceito no recrutamento, indica estudo
Para 24% dos gerentes de seleção, o grupo mais jovem é melhor avaliado pelo portfólio de experiências, ante 18% que preferem os profissionais com maior idade Por Jacilio Saraiva, Para o Valor Líderes de recrutamento mantêm uma visão negativa de candidatos de maior idade durante as seleções, apesar de valorizarem o desempenho deles, quando contratados, tão bem quanto o dos pares mais novos. A análise aparece em pesquisa global realizada pela Generation, organização sem fins lucrativos focada em treinamento e empregabilidade, fundada pela consultoria McKinsey. O estudo, que procura traçar o cenário dos profissionais da área de https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpg em meio de carreira, entre 45 e 60 anos de idade, ouviu 1,4 mil gerentes de seleção e 3,8 mil pessoas empregadas e desempregadas no Brasil, Estados Unidos, Índia, Itália e Cingapura, além da Espanha e Reino Unido. “A impressão geral é que indivíduos com 45 anos ou mais são erroneamente percebidos como o grupo menos desejável, em termos de habilidades, prontidão para treinamentos e capacidade de se encaixar em uma organização”, explicou Mona Mourshed, CEO e fundadora da Generation, durante o lançamento do relatório, no mês passado. “Foi gritante constatar que esse viés é ‘universal’. Apareceu em todos os países pesquisados”. De acordo com o levantamento, 63% dos profissionais 45+ estão desempregados há mais de um ano, ante 36% daqueles que têm entre 18 e 24 anos, números que podem indicar a maior valorização, nas peneiras, de um grupo em relação ao outro. Em relação à desconfiança dos recrutadores sobre os candidatos experientes, essa percepção é reforçada por conta de fatores de avaliação como “histórico relevante” e um melhor “fit” à cultura da empresa. Para 24% dos gerentes de seleção, o grupo mais jovem é melhor avaliado pelo portfólio de experiências, ante 18% que preferem o conjunto de maior idade. Já na adaptação cultural, a diferença se amplia: 41% acreditam que as novas gerações são mais flexíveis, ante 15% que defendem as equipes seniores. Por outro lado, quando questionados sobre a performance no trabalho dos 45+, os empregadores responderam que 87% das contratações feitas entre os mais velhos são tão boas ou mais satisfatórias do que aquelas de empregados de menor idade. E mais: garantem que 90% dos contratados com mais janela têm um grande potencial de permanecerem na companhia, no longo prazo. Para conseguir aproveitar bons perfis, independentemente da faixa etária, a análise da Generation sugere dois caminhos para os departamentos de RH. Modificar as práticas de contratação A fim de obter uma visão clara da capacidade dos 45+, a sugestão é substituir a entrevista tradicional, centrada em informações do currículo, por uma conversa ampla, em que os candidatos possam falar de suas habilidades ou mostrar competências por meio de testes e desafios. Repensar a promoção e a requalificação Pode ser mais fácil promover funcionários do que recorrer ao mercado em busca de novos quadros. Os pesquisadores lembram que “sair por aí” admitindo mais gente nunca será suficiente para preencher todas as posições disponíveis, principalmente no setor de https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpg. O estudo mostra que cerca de metade dos executivos 45+ estão dispostos a mudar de função e receber treinamentos. https://valor.globo.com/carreira/noticia/2022/07/11/profissionais-45-sofrem-com-preconceito-no-recrutamento-indica-estudo.ghtml
Faxineiro é profissão que lidera criação de vagas de trabalho no país; veja ranking
Criação de vagas formais tem sido puxada pelo setor de serviços e por cargos de baixa remuneração, mostra levantamento. Por Darlan Alvarenga, g1 Entre todas as profissões do país, faxineiro é a que mais abriu novas vagas com carteira assinada nos últimos 12 meses até maio. É o que mostra levantamento exclusivo feito para o g1 pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), a partir dos dados oficiais do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Previdência. Em 1 ano, foram criados 163,4 mil novos postos de trabalho para a ocupação de faxineiro – 6,15% de todas as vagas geradas com carteira assinada geradas no país no período (2,66 milhões). O levantamento listou as profissões que mais criaram novas vagas de emprego em 12 meses entre as 2.608 ocupações da Classificação Brasileira de Ocupações (CBO) da base de dados do Caged. O número total de faxineiros com carteira assinada no país atingiu 1,79 milhão de trabalhadores, uma expansão de 10% em 12 meses, superando o contingente pré-pandemia. Em fevereiro de 2020, eram 1,59 milhão de faxineiros formais, segundo a CNC. A maioria das profissões que mais abriram postos de trabalho no acumulado em 12 meses é do setor de serviços – o que mais emprega no país e o mais afetado pela pandemia de coronavírus –, refletindo o processo de reabertura da economia e retomada das atividades de caráter mais presencial. “O setor de serviços foi o último a reagir e é o que está impulsionando o mercado de trabalho. As empresas reabrindo passam a demandar mais serviços como os de faxina”, afirma Fabio Bentes, economista da CNC e autor do levantamento. Apesar da queda do desemprego e do maior número de empregos com carteira assinada no país, o levantamento mostra que a criação de vagas tem sido puxada por cargos de baixa remuneração e que demandam pouca qualificação. “Não que não sejam setores importantes, mas são ocupações de baixa produtividade em termos de retorno que estas profissão dá a empresa. Não adianta um banco contratar 50 faxineiros, que o desempenho da empresa não irá melhorar em razão disso”, afirma Bentes. “É uma profissão importante, essencial, mas do ponto de vista do investimento não é ocupação que irá agregar muito em termos de resultado para a empresa”. Reflexos da pandemia e renda em queda O levantamento listou também as 10 profissões com a maior expansão percentual no contingente de trabalhadores nos últimos 12 meses, entre as 140 ocupações que mais empregam no país . Neste ranking, a liderança é de ocupações associadas a segmentos que ainda não recuperaram o patamar de atividade pré-pandemia ou cuja demanda aumentou em razão da reconfiguração da economia, com o avanço do trabalho híbrido e do comércio eletrônico. “São profissionais necessários para a subsistência da empresa, e não para o crescimento dela ou para investimento. É diferente de contratar um profissional de TI, da área financeira ou engenheiro. Estes sim têm a capacidade de aumentar a produtividade da empresa”, avalia Bentes. De acordo com os dados do governo federal, foram criados 277 mil empregos com carteira assinada em maio no Brasil. No acumulado em 12 meses, foram 2,6 milhões de vagas formais a mais. Desse total, 53,9% foram no setor de serviços. Reportagem do g1 mostrou que o salário médio de contratação no país caiu 5,6% em 1 ano, considerando todas as profissões. Em maio, o salário médio real de admissão foi de R$ 1.898. Outro levantamento da CNC mostrou que o salário de contratação caiu em 128 das 140 principais profissões no acumulado em 12 meses até maio. A remuneração média de admissão de faxineiro, por exemplo, ficou em R$ 1.447, abaixo do salário médio para novas vagas com carteira assinada. Perspectivas Para os próximos meses, a expectativa é de uma desaceleração do ritmo de criação de vagas de emprego, em razão da alta dos juros, da inflação persistente na casa de dois dígitos e das incertezas relacionadas à disputa eleitoral. “Além da inflação e desemprego ainda elevado, isso tem a ver com o baixo crescimento econômico mesmo e com o cenário de incerteza que ainda permeia a economia, principalmente para 2023”, avalia o economista. A iminente aprovação da a PEC (proposta de emenda à Constituição) que libera bilhões em gastos públicos a pouco mais de três meses das eleições também em elevado os temores de descontrole fiscal, pressionado o câmbio e reforçando as apostas de uma alta maior da taxa básica de juros (Selic). Para tentar trazer a inflação de volta para a meta, o Banco Central elevou a taxa Selic para 13,25% ao ano, o maior patamar desde 2016, e o BC já indicou que os juros ficarão em patamar elevado por um período maior de tempo. https://g1.globo.com/economia/noticia/2022/07/11/faxineiro-e-profissao-que-lidera-criacao-de-vagas-de-trabalho-no-pais-veja-ranking.ghtml
Volume de serviços cresce 0,9% de abril para maio
Na comparação com maio de 2021, houve alta de 9,2% Por Vitor Abdala – Repórter da Agência Brasil – Rio de Janeiro O volume de serviços cresceu no país 0,9% na passagem de abril para maio deste ano. A alta veio depois de uma queda de 0,1%. Com o resultado de maio, o setor de serviços está 8,4% acima do patamar de fevereiro de 2020, ou seja, do período pré-pandemia. No entanto, o segmento ainda está 2,8% abaixo do ponto mais alto da série histórica obtida em novembro de 2014. Na comparação com maio de 2021, houve alta de 9,2%, a 15ª taxa positiva consecutiva neste tipo de comparação. Os serviços tiveram ainda crescimento de 9,4% no acumulado do ano e de 11,7% no acumulado de 12 meses. Em alta As cinco atividades de serviços pesquisadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) tiveram alta de abril para maio, com destaque para transportes (0,9%), que se recuperou parcialmente da queda de 2,5% observada na passagem de março para abril. Outras altas vieram das atividades de informação e comunicação (0,9%), outros serviços (3,1%), profissionais, administrativos e complementares (1,0%) e serviços prestados às famílias (1,9%). O índice de atividades turísticas cresceu 2,6% em relação a abril, sua terceira alta consecutiva. Nesses três meses, o segmento acumulou um ganho de 11,7% e está apenas 0,1% abaixo do patamar de fevereiro de 2020. https://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2022-07/volume-de-servicos-cresce-09-de-abril-para-maio
Aprendiz mais novo e com menor escolaridade perde espaço nas empresas
Participação de menores caiu de 65% para 33,5% em uma década; mudanças feitas pelo governo agravam cenário Douglas GavrasSÃO PAULO As contratações de aprendizes pelas empresas na última década passaram a privilegiar jovens com escolaridade mais alta, excluindo cada vez mais os adolescentes mais novos e menos instruídos. Segundo levantamento exclusivo da Kairós Desenvolvimento Social, a partir da Rais (Relação Anual de Informações Sociais), a participação de adolescentes menores de 18 anos era de 65% do total de contratados na modalidade aprendiz em dezembro de 2010. Esse percentual caiu para 33,5% em dezembro de 2020. Ao mesmo tempo, os aprendizes com ensino médio completo ocupavam 19,5% das vagas em 2010, passando para 43% em 2020. Outros 43,8% são de aprendizes com ensino médio incompleto e apenas 13,2% estavam no ensino fundamental. As estimativas apontam que há, atualmente, cerca de 500 mil aprendizes contratados no país. Com esse cenário, a Lei da Aprendizagem, criada há mais de duas décadas para ser porta de entrada de milhares de adolescentes e jovens no mercado de trabalho e um mecanismo de inclusão, tem deixado de cumprir sua função social e produtiva, aproximando-se de uma modalidade de estágio, diz Elvis Cesar Bonassa, diretor da Kairós. A legislação estabelece uma relação de prioridades para a contratação de aprendizes vulneráveis, como adolescentes e jovens de baixa renda, egressos de medidas socioeducativas e do trabalho infantil, que estejam em acolhimento institucional e pessoas com deficiência. “A ideia é fazer do programa uma inclusão social e produtiva. Para outros casos, há opções de estágio e oportunidades de primeiro emprego. A lei é focada na inclusão social, que foi progressivamente abandonada pelas empresas”, diz Bonassa. Ele acrescenta que quando se olha o perfil social de adolescentes que moram em áreas de vulnerabilidade, a escolaridade já costuma ser mais baixa. Quanto mais jovem e com menor formação, maiores são as chances de um aprendiz ser vulnerável. “Muitas empresas têm investido em práticas de ESG [de governança ambiental, social e corporativa], mas quando se trata da questão de jovens vulneráveis, elas preferem financiar um projeto social qualquer em áreas pobres, que não gera renda para os adolescentes, do que trazer esses jovens para a estrutura da empresa”, diz. A aprendizagem profissional permite unir políticas de trabalho e emprego, educação e assistência social, por meio do atendimento dos adolescentes e jovens em situação de vulnerabilidade social, inserção dos que estavam fora da escola e da qualificação profissional, diz Tatiana Gomes Furtado, gerente socioeducativa do Centro Salesiano do Adolescente (Cesam-DF). Quem teve a vida transformada pelo programa foi Klismann Alves, 23, ex-aprendiz em um atacadista de São Paulo e que hoje trabalha em um hospital de grande porte na capital paulista. “Fiquei sabendo do programa pelo Instagram e comecei trabalhando como operador de caixa, aos 19 anos. Foi a primeira experiência como funcionário fixo e assim pude me desenvolver para alcançar meu objetivo, de trabalhar na área de saúde.” Com a remuneração, conseguiu pagar por cursos complementares e hoje cursa graduação em ciências contábeis. “Algumas empresas de grande porte deveriam estar com esse pensamento de colocar jovens aprendizes para dar oportunidade para que está começando”, diz o auxiliar de atendimento. Parte das empresas também tem adotado processos seletivos que acabam dificultando a entrada dos aprendizes mais vulneráveis, dizem entidades que fazem a intermediação entre jovens e empresas. A mediação entre as duas pontas se dá por meio de organizações qualificadoras. Segundo a Febraeda (Federação Brasileira de Associações Socioeducacionais de Adolescentes), as entidades do Sistema S, como Senai e Senac, contribuem com cerca de metade dos aprendizes em atividade; a outra metade vem de outras associações sem fins lucrativos. “Existem programas de aprendizagem na área da indústria que são específicos para quem tem mais de 18 anos e que não atendem ao público vulnerável, mas as entidades sem fins lucrativos atendem”, diz o presidente da federação, Antônio Pasin. “O perfil social dos alunos do Senai é de renda mais baixa do que o da média da escola pública. Defendemos que as regras de aprendizagem tenham justiça social, mas isso se dá em bases sustentáveis”, afirma o diretor-geral do Senai, Rafael Lucchesi. “É um absurdo pegar um jovem e ensinar para ele uma atividade de ‘faz de conta’. Mas que tipo de empoderamento tem quem aprende a ser contínuo ou a empacotar compras no supermercado? Ele vai ter um efeito na renda benéfico, mas ao fim do programa, estará no mesmo nível de capital humano em que entrou”, acrescenta. De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), os brasileiros de 18 a 24 anos recebem, em média, R$ 1.452 mensais, quase a metade da renda média dos demais trabalhadores. “Existem organizações com abrangência nacional e também organizações capilares da sociedade civil, que realizam o mesmo tipo de trabalho, mas com um diferencial: estão inseridas no território tanto da empresa quanto do jovem”, diz Terezinha Ongaro Monteiro de Barros, presidente da organização SHD (Sociedade Humana Despertar), que atua na inclusão produtiva. Ela enfatiza que a Lei do Aprendiz é o único dispositivo legal que versa sobre a empregabilidade do jovem. “No mundo ideal, a sociedade civil deixaria de consumir produtos de empresas que não cumprissem com as cotas estabelecidas por lei ou atuando com responsabilidade social e ambiental.” De acordo com especialistas, mesmo que resultados da Rais que já captam o período após o início da pandemia ainda não estejam disponíveis, é possível afirmar que a crise sanitária agravou a redução de aprendizes mais vulneráveis nas empresas. “Estamos nesse negócio desde 2003 e ele vinha crescendo, até a pandemia. Depois da crise sanitária, o nosso número de aprendizes caiu de 85 mil para 65 mil”, diz Humberto Casagrande, superintendente-geral do Ciee (Centro de Integração Empresa-Escola). “Os contratos iam vencendo e as empresas não renovavam, ficaram inadimplentes com a lei por conta da pandemia.” Segundo Casagrande, os jovens são selecionados pelas empresas, e a associação faz a inscrição, organiza o banco de dados que as empresas usam para buscar um aprendiz. “Uma parcela das empresas acaba tendo uma visão errada do que