Empresas investem em universidade e escola própria para formar profissionais
Carência de mão de obra especializada leva empregadores a criar instituições de ensino, replicando uma estratégia bem-sucedida em países como os EUA e a Alemanha; movimento é descrito como employer U Juliana Pio, O Estado de S.Paulo A escassez de mão de obra em algumas áreas, como a de https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpg, tem levado grandes empresas a apostar numa nova estratégia para formar seus profissionais de acordo com suas necessidades. Seguindo uma tendência bem-sucedida nos Estados Unidos, na Alemanha e na Áustria, elas investem em iniciativas próprias de educação, como faculdades ou escolas técnicas, certificadas pelo Ministério da Educação (MEC). Na lista de companhias que aderiram a esse conceito estão o Hospital Israelita Albert Einstein, BTG, Weg e XP, que lançou na semana passada a Faculdade XP. O objetivo é criar programas de formação que integram o aprendizado ao trabalho, na tentativa de ampliar a qualificação profissional e atrair talentos. Esse movimento é crescente e tem nome, Employer U ou employer university (na tradução livre, universidade conectada ao empregador). Sua origem converge, porém, com o conceito de educação corporativa à medida que o ensino entra para o leque de benefícios das empresas e figura entre os compromissos ESG (na sigla em inglês, princípios ambientais, sociais e de governança). Enquanto os empregadores capacitam pessoas já integradas à sua cultura organizacional, os alunos colocam em prática o que aprendem em sala de aula e têm acesso mais cedo ao mercado de trabalho. Foi o que ocorreu com Kaymon de Paula Rodrigues Silva, de 19 anos, que conquistou seu primeiro emprego em maio, após integrar a turma inicial do ensino médio integrado à Escola Técnica de Enfermagem do Hospital Israelita Albert Einstein. Quando completou o terceiro ano do curso, em 2021, o jovem iniciou estágio em unidades administradas pelo Einstein. Hoje, formado e registrado no Conselho Regional de Enfermagem (Coren), é funcionário do centro cirúrgico, no bairro do Morumbi. “Pretendo cursar medicina. Me vejo em vantagem, porque já sei como é atuar dentro de um hospital”, destaca. Entre os formandos do Curso Técnico de Enfermagem do Ensino Einstein em 2020, 84% foram empregados até o final do ano passado, sendo 80% deles contratados internamente nos locais onde a organização faz a gestão. Ao todo, o sistema administra 27 unidades públicas e 13 no setor privado, onde os alunos dos cursos de formação profissional têm estágios garantidos pela escola. “Num ensino integrado ao empregador, as necessidades das empresas e competências, como habilidades comportamentais (soft skills), são valorizadas. O profissional se forma dentro da cultura da instituição ou do universo em que vai ser inserido, o que aumenta a empregabilidade”, diz Blaidi Sant’Anna, gerente do ensino médio e técnico do Ensino Einstein. Para esse ano, o sistema vai dobrar a oferta de cursos de graduação. Além das formações em Medicina, Enfermagem e Fisioterapia, entram na grade Administração de Organizações de Saúde, Engenharia Biomédica e Odontologia. “Não é uma competição com universidades e, sim, uma contribuição do setor que emprega para a educação. Formamos pessoas para o mercado”, comenta Sant’Anna. https://economia.estadao.com.br/noticias/geral,empresas-investem-em-escola-propria-para-formar-profissionais,70004107890
Brasil ganha 1,4 milhão de informais em apenas 2 anos
Taxa de trabalho sem carteira só não cresceu no Centro-Oeste Douglas GavrasSÃO PAULO Vendedor de acessórios para celular e óculos no centro do Recife, Cristiano Silva, 36, só queria planejar os próximos anos —mas ao ver sua renda despencar com a pandemia e precisando voltar à informalidade, ele já não consegue se programar nem para as contas do mês. “Nunca mais houve uma volta à normalidade. Antes, já havia uma queda nas vendas. Assim que voltamos, o movimento foi bom por algumas semanas, acho que era demanda reprimida, mas durou pouco”, conta. A falta de direitos trabalhistas e de perspectivas de se aposentar ou ter um auxílio, em caso de acidentes, são as principais preocupações do pernambucano hoje. “Tinha inscrição como MEI [Microempreendedor Individual], mas a queda nas vendas fez com que a taxa ficasse pesada no orçamento. Tenho medo de que algo aconteça comigo e minha família fique desprotegida.” A história de Silva não é um caso isolado. O Brasil ganhou 1,42 milhão de trabalhadores informais entre o começo da pandemia, no primeiro trimestre de 2020, e os três primeiros meses de 2022. De janeiro a março, o total de informais bateu em 38,203 milhões —o maior número de pessoas nessa situação em um primeiro trimestre desde o início da série histórica, em 2015. Os cálculos foram feitos a partir dos dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) Contínua, pelos pesquisadores do Ibre-FGV (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas) Janaína Feijó e Paulo Peruchetti. O mercado de trabalho até conseguiu voltar ao patamar pré-pandemia mais cedo do que se antecipava, mas a qualidade dos postos gerados ainda é motivo de preocupação entre os especialistas, contam eles. “Muitos desses novos postos foram gerados por meio do trabalhado informal, é uma recuperação impulsionada por funções que exigem menor escolaridade e geram rendimentos menores. Estamos vendo uma recomposição do mercado de trabalho que é preocupante”, diz Feijó. Nessa conta, entram os trabalhadores do setor privado sem carteira assinada, empregadores sem CNPJ e quem trabalha por conta própria e também não tem registro de pessoa jurídica. Além de ressaltarem as diferenças de condições entre trabalhadores formais e informais, os últimos dois anos também marcaram as diferenças regionais. No período, houve um aumento de 527,1 mil trabalhadores na informalidade nos estados do Sudeste, enquanto 370,7 mil pessoas no Nordeste entraram nessa situação. As duas regiões concentram o maior número de trabalhadores ocupados do país. Ao se olhar para a taxa de informalidade, os dados são mais preocupantes no Nordeste —onde ela aumentou 1,2 ponto percentual e chegou a 53,62% no primeiro trimestre— e no Norte (+0,13 p.p.), onde bateu em 56,61%. Nessas regiões, portanto, mais da metade dos trabalhadores está na informalidade. “A recuperação do mercado de trabalho pode estar atrelada a uma recuperação sazonal que a Pnad registrou, mas a tendência para o ano não é boa. A economia está estagnada e a perspectiva para o segundo semestre é a pior possível”, avalia Gustavo Casseb Pessoti, presidente do Conselho Regional de Economia da Bahia. O economista lembra que, nos momentos em que a economia brasileira estimulava as políticas de crédito e aumento real do salário mínimo, as regiões Norte e Nordeste apresentaram taxas de crescimento acima da média do país. “A piora nesse ambiente levou o Norte e o Nordeste para o fundo do poço, já que a maior parte dos municípios tem forte dependência do setor público.” A partir de 2019, a taxa de informalidade cresceu muito no país, justamente por essa dificuldade de gerar empregos de qualidade, acrescenta Feijó. “Passado o que a gente espera ser o pior momento da pandemia, o Brasil ainda precisa encarar as dificuldades de crescimento e de fraqueza do mercado de trabalho.” No período, a taxa de informalidade só teve uma leve queda nos estados do Centro-Oeste, de 0,6 p.p., chegando a 36,9%, ainda assim, a pequena diminuição não deve ser comemorada. Morador de Campo Grande (MS) há apenas dois meses, o paraense Rodrigo Nogueira, 36, não se arrepende da mudança. “Sempre carrego um pouco da minha terra comigo, mas estava sem emprego fixo havia mais de dois anos e resolvi tentar a sorte aqui. Consegui um trabalho em menos de um mês”, diz o contador. “Só que o Centro-Oeste apenas voltou para o nível em que estava em meados de 2020. É um pouco melhor do que no resto do país, mas ainda é um patamar alto para a região, o que liga um alerta sobre a baixa qualidade da recuperação do mercado de trabalho”, diz Peruchetti. Ele lembra que os informais foram os mais afetados no pico da pandemia, com as medidas consideradas necessárias de distanciamento e a proibição de atividades que provocavam aglomerações. “Com o início da recuperação, o desemprego foi voltando ao patamar anterior à crise sanitária, mas pelo fato de os informais estarem retornando às suas atividades.” PROBLEMAS REGIONAIS AINDA SÃO IGNORADOS Fantasma entre os trabalhadores que tentam voltar ao mercado de trabalho, sobretudo desde a crise de 2015 e 2016, o desemprego de longo prazo também tem sotaques regionais. Entre 2020 e 2022, a desocupação de longa duração (a partir de dois anos) cresceu 23,1% no Nordeste e 12,8% no Norte, caindo, novamente, apenas no Centro-Oeste (-14,8%). No Brasil como um todo, o aumento foi de 11,3%. Parte da alta da informalidade também se explica pelo aumento da chamada taxa de participação na força de trabalho. Esse indicador aponta a porcentagem de pessoas em idade de trabalhar (14 anos ou mais) que estão empregadas ou em busca de trabalho. A taxa de participação teve uma queda brusca durante a pandemia, com as medidas de isolamento, e foi se recuperando com a reabertura e o avanço da vacinação, quando as pessoas puderam voltar à força de trabalho. Ela era de 62,1% no primeiro trimestre deste ano —só que ainda abaixo do primeiro trimestre de 2019 (63,4%) e do mesmo período de 2020 (62,7%). Os pesquisadores avaliam, ainda, que existem muitas incertezas quanto à dinâmica da eleição em outubro e como indicadores importantes da economia —como inflação
Apesar do alto desemprego, falta gente habilitada para postos-chave nas empresas
Escolas tradicionais não têm acompanhado o ritmo de mudança nas empresas, afirma o presidente da XP Educação; empresas apostam em ensino que aliam conhecimentos técnicos, comportamentais e experiência prática Juliana PIo, O Estado de S.Paulo Apesar do alto desemprego, falta gente habilitada para postos-chave nas empresasEmpresas investem em escola própria para formar profissionais‘Guerra global por talentos está alimentando tendência de employer u’, diz especialista em educação O Brasil vive um contrassenso. Ao mesmo tempo em que o País soma cerca de 10,6 milhões de desempregados, as empresas reclamam da dificuldade para conseguir preencher vagas essenciais devido à escassez de talentos com as habilidades necessárias. A leitura do mercado é que o ritmo de mudança das empresas tem sido mais acelerado do que as instituições educacionais têm conseguido captar, afirma o CEO da XP Educação, Paulo de Tarso. O relatório Tendências de Gestão de Pessoas em 2022 do Great Place to Work (GPTW) indica que 59,5% dos 2.654 entrevistados afirmaram que as organizações pretendem aumentar o número de pessoas esse ano. Entretanto, 68,3% sentem dificuldade para contratar profissionais. Ainda segundo a pesquisa, entre as habilidades apontadas pelas empresas como as mais importantes estão a capacidade de resolver problemas complexos, de liderar e influenciar, e a resiliência. “Talvez seja essa a dificuldade ao contratar: encontrar pessoas com o pacote completo, ou seja, com habilidades técnicas exigidas pela rotina de trabalho somadas às comportamentais necessárias para lidar com os novos desafios do mercado”, sugere Tatiane Tiemi, Co-CEO do Great Place to Work Brasil. É nesse cenário que emerge o conceito ‘employer U’, descrito pelo especialista em educação Brandon Busteed. Ele explica à reportagem que a ideia é combinar um diploma com experiências e habilidades relevantes para a carreira. “O futuro de toda a educação envolve o aprendizado integrado ao trabalho. Quando as universidades e os empregadores colaboram no currículo, é, em geral, pedagogicamente mais sólido e relevante para a carreira do que quando feito individualmente”, diz o diretor de parcerias e líder global de inovação do aprendizado do trabalho da Kaplan, empresa global de serviços educacionais. O modelo serviu de inspiração para a criação da Faculdade XP. “Queremos que a empresa seja o grande campo de prática dos alunos”, ressalta Paulo de Tarso. Com foco na formação de talentos tanto para o quadro interno quanto para o mercado de trabalho, a iniciativa, que teve investimento de R$ 100 milhões, prevê cinco graduações em https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpg de graça, além de cursos de pós-graduação e de curta duração pagos. Ao final, o aluno sai com diploma licenciado pelo Ministério da Educação (MEC). A expansão acontece sete meses depois da compra da faculdade IGTI (Instituto de Gestão e Tecnologia da Informação). “O conceito de employer U não é tão recente quando olhamos para outros benchmarks, mas tem ficado mais forte por meio do setor de https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpg devido ao grande desequilíbrio entre oferta e demanda de mão de obra”, destaca Tarso. Em sua visão, hoje, um dos maiores problemas corporativos é a falta de profissionais recém-formados realmente capacitados para a realidade do trabalho. Aprendizado com desafios reais Não por acaso, o Instituto de Tecnologia e Liderança (Inteli), localizado no Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), em São Paulo, estreou as atividades letivas em fevereiro deste ano com quatro tipos de graduação superior na área de https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpg, orientadas por projetos e que integram ao currículo acadêmico competências de computação (70%), negócios (20%) e liderança (10%). A faculdade, sem fins lucrativos, é fruto de idealização de sócios do banco BTG Pactual, incluindo Roberto Sallouti, e de doação de R$ 200 milhões da família de André Esteves. A aprendizagem é focada no desenvolvimento de competências a partir de desafios propostos por parceiros de mercado. Entre os selecionados no primeiro semestre, estão: Ambev, BTG Pactual, Hotel Urbano, Yamaha, Falconi, Faculdade de Medicina da USP, além das ONGs Projeto Constituição na Escola, Projeto Revirar e do próprio Inteli. “Ao longo de quatro anos, os alunos desenvolvem projetos para solucionar problemas reais de diferentes empresas, por meio de protótipos funcionais de https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpg, unindo a experiência acadêmica às demandas do mundo corporativo”, conta a CEO do Inteli, Maíra Habimorad. Atualmente, a Inteli conta com 170 alunos matriculados de 63 cidades de todas as regiões do País. Desses, 50% recebem bolsas, viabilizadas a partir de doações de empresas, fundações e pessoas físicas. Alguns estudantes ainda contam com auxílios de moradia e alimentação, curso de inglês e equipamentos (notebook), de acordo com a necessidade. Os estágios começam a partir do terceiro ano. “Mas já temos estudantes sendo requisitados desde o primeiro período”, comemora Maíra. Ao final, é possível escolher entre três trilhas para definição do plano de carreira: empreendedora, acadêmica ou mercado. “Queremos formar futuros líderes para o Brasil independentemente das suas escolhas”, garante a especialista. Empregabilidade e negócio de valor Precursora de modelos corporativos de desenvolvimento, a Embraer tem 96% de empregabilidade no Programa de Especialização em Engenharia (PEE), que prevê um Mestrado Profissional do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA). A formação completou 20 anos em 2021 e já contemplou 1.600 pessoas. Este ano, a empresa iniciou a primeira turma do novo Programa de Especialização em Software, uma parceria com a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). O índice de contratação também é alto entre programas de formação com foco em jovens em situação de vulnerabilidade, tais como Programa Formare, CentroWEG e Alpha Edtech, os quais garantem, respectivamente ao final da capacitação, certificação da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e Instituto Alpha Lumen. Cerca de 45 empresas em todo o Brasil, como 3M, L’oréal, Siemens, Maxion, Suzano e Volkswagen, investem no Formare. A taxa de empregabilidade do programa é de 93% e 65% dos participantes ingressam em uma graduação posteriormente. Já a Weg, fabricante de motores elétricos, absorve 100% dos seus alunos, assim como a Alpha Edtech, por meio das empresas parceiras, como Stone, Hash, Brex, Vitta e Farfetch. Entre as companhias que investem em educação, há as que já observam efeitos externos, tais como: melhoria na qualidade dos produtos, serviços e atendimento (90%); melhoria da imagem institucional (84%); atração de talentos (73%); e expansão dos negócios da empresa (51%). Os dados são da 5ª Pesquisa Nacional de Práticas
TST avalia resultados e impactos da reforma trabalhista para propor mudanças
Por Rayane Fernandes e Arthur Gandini *Reportagem publicada no Anuário da Justiça Brasil 2022, lançado nesta quinta-feira (30/6) na TV ConJur. A publicação está disponível gratuitamente na versão online (clique aqui para ler) e à venda na Livraria ConJur, em sua versão impressa (clique aqui para comprar). “Não teremos tabus e não nos fecharemos a aprimoramentos. Mas não aceitaremos qualquer discurso que pretenda diminuir a importância da Corte Trabalhista ou que defenda sua extinção”, afirmou o ministro Emmanoel Pereira, em entrevista à ConJur, ao tomar posse na Presidência do Tribunal Superior do Trabalho, em fevereiro de 2022. Entre suas prioridades estão o fortalecimento da Justiça do Trabalho e de políticas públicas que sejam inclusivas e que respeitem a diversidade e a pluralidade dos trabalhadores. Ao lado de Pereira, assumiu a ministra Dora Maria da Costa, como vice-presidente da corte, e o ministro Guilherme Caputo Bastos, como corregedor-geral da Justiça do Trabalho. O ministro Vieira de Mello permanece como representante do TST no Conselho Nacional de Justiça. Com a aposentadoria do presidente Emmanoel Pereira em outubro de 2022, quando completa 75 anos, a nova direção do tribunal terá um mandato mais curto. A escolha da próxima direção depende de nova eleição, que pode ser convocada pelo ministro Emmanoel antes de deixar o cargo, podendo ele mesmo empossar os novos membros; ou a ministra Dora Maria assume a Presidência e tem até 60 dias para convocar o novo pleito. O ministro Lelio Bentes Corrêa deve ser o próximo presidente do TST, se mantida a tradição de eleição do mais antigo que ainda não presidiu a corte. É proibida a reeleição para presidente, segundo o Regimento Interno da corte. Quando for eleita a nova direção, um novo mandato, de dois anos, será iniciado. A corte tem quatro novos ministros. Amaury Rodrigues e Alberto Balazeiro ingressaram em julho de 2021, ocupando as vagas abertas com as aposentadorias de Márcio Eurico Vitral Amaro e João Batista Brito Pereira, respectivamente. Morgana Richa ingressou em dezembro de 2021 na vaga deixada por Walmir Oliveira da Costa, que morreu. E Sergio Pinto Martins chegou em maio de 2022 para ocupar a vaga decorrente da aposentadoria de Alberto Bresciani. Logo no início de sua gestão, Emmanoel Pereira instituiu um grupo de trabalho para estudar os impactos da Reforma Trabalhista – a Lei 13.467/2017 – na Justiça do Trabalho. “O objetivo é buscar base empírica para nos proteger de qualquer contaminação ideológica no debate. As alterações promovidas pela reforma foram profundas. A avaliação será condizente com seus resultados e reais impactos na sociedade. O texto de uma lei nunca está pronto e não deve se fechar a possíveis aprimoramentos, precisa avançar junto com os anseios e as necessidades sociais”, destacou. O ano de 2021, ainda sob a Presidência da ministra Cristina Peduzzi, foi marcado por investimentos em https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpg e aumento da produtividade no tribunal. A plataforma Zoom foi usada oficialmente para as audiências e as sessões da corte. Além disso, foi instalado o Balcão Virtual, para atendimento ao público por videoconferência. Em 2022, as sessões voltaram a ser presenciais, mas com parte dos ministros e da equipe de servidores, além de advogados, em videoconferência. Dois acordos de cooperação técnica firmados com o CNJ pretendem levar a corte a outro patamar em termos de https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpg. Em um deles o TST se comprometeu a integrar e compartilhar os sistemas de ferramentas desenvolvidas pela Justiça do Trabalho com o CNJ no Programa 4.0, que impulsiona a transformação digital e o uso de inteligência artificial para tornar a prestação de serviços de Justiça mais eficiente, eficaz e acessível à sociedade. O seu objetivo é otimizar a gestão processual nos tribunais com a ampliação da automação do processo eletrônico, conciliar e aprimorar as estratégias já usadas pelo sistema de Justiça para registrar e gerir dados e informações. No outro acordo, TST e CNJ pretendem implementar a Plataforma Digital do Poder Judiciário Brasileiro nos órgãos da Justiça do Trabalho. Ela armazena em nuvem novos sistemas, módulos e serviços para uso colaborativo dos órgãos de Justiça. Ou seja, os desenvolvimentos passam a ser feitos de forma colaborativa, impedindo a duplicação de iniciativas para atender às mesmas demandas. De acordo com o relatório Justiça em Números 2021, do CNJ, a Justiça Trabalhista é o segmento com o maior índice de virtualização de processos, com 100% dos casos novos eletrônicos no TST e 99,9% nos Tribunais Regionais do Trabalho, sendo 99,8% no segundo grau e 100% no primeiro grau. Um acordo com a Universidade de Brasília pretende desenvolver ferramentas de inteligência artificial para o sistema Bem-te-vi, que gerencia os processos distribuídos aos gabinetes dos ministros. Foi implementado ainda o uso do Sistema Eletrônico de Informações para gerir os processos administrativos e o reconhecimento facial por aposentados e pensionistas para prova de vida. Dados do Relatório de Movimentação Processual do TST mostram que houve redução de 1,5% na quantidade de processos distribuídos na corte em 2021, se comparado com 2020. Por outro lado, a quantidade de julgamentos aumentou 6,5% no período: foram 21.831 processos a mais julgados. A maior parte (70%) foi decidida monocraticamente. Além disso, o TST atingiu 88% da Meta 1 do CNJ, segundo a qual o tribunal deve julgar no ano o equivalente a 100% dos casos novos recebidos no período. A 5ª Turma foi a mais produtiva em 2021, com quase 48 mil decisões: 8,5 mil colegiadas e 39,5 mil monocráticas. A 3ª Turma foi a que mais julgou de forma colegiada, com 20.096 acórdãos assinados ao longo do ano. Números do TST também mostram que o índice de provimento das ações que conseguem chegar os ministros da corte é muito pequeno e está diminuindo. Quase 50% dos casos não foram conhecidos; outros 34,4% não foram providos. Apenas 13,2% dos pedidos foram atendidos, índice que foi de 19,8% em 2020. O tempo de espera por uma resposta, ao menos, caiu 51 dias de um ano para o outro. Em média, é de 498 dias. Para analisar as tendências de julgamento do TST, o Anuário da Justiça elaborou um Placar de Votação para cada colegiado, com cinco temas em cada um, em que
Segurança e Saúde no Trabalho passa a figurar como o quinto Direito de Todos os Trabalhadores
A inclusão deste princípio fundamental na Declaração representa um significativo e histórico avanço no mundo do trabalho Na sexta-feira (10/06), durante a plenária da 110ª Conferência da Organização Internacional do Trabalho (OIT), em Genebra, foi adotada por unanimidade a inclusão da Segurança e Saúde no Ambiente de Trabalho no rol dos princípios fundamentais presentes na Declaração de 1998, que trata dos Princípios e Direitos Fundamentais do Trabalho. A partir de agora, portanto, além da liberdade de associação e livre negociação, da abolição do trabalho forçado e do trabalho infantil e da igualdade de oportunidades no ambiente de trabalho, a segurança e saúde no trabalho passa a integrar como um quinto direito. A inclusão deste princípio fundamental na Declaração representa um significativo e histórico avanço no mundo do trabalho e traz em seu bojo o compromisso de todos os 187 países membros da OIT, ainda que não tenham ratificado as respectivas convenções, de implementá-las, pelo simples fato de serem membros da Organização. E transcorre por meio da ratificação e implementação no ordenamento jurídico brasileiro das convenções 155 (Segurança e Saúde dos Trabalhadores) e 187 (Marco promocional para a Segurança e Saúde no Trabalho). A primeira já foi ratificada pelo Brasil e a última encontra-se plenamente implementada em nosso país. https://www.gov.br/trabalho-e-previdencia/pt-br/noticias-e-conteudo/trabalho/trabalho/seguranca-e-saude-no-trabalho-passa-a-figurar-como-o-quinto-direito-de-todos-os-trabalhadores?utm_campaign=clipping_de_noticias_-_01072022&utm_medium=email&utm_source=RD+Station