Estimativa de inflação para este ano sobe pela 16ª vez e já se aproxima de 8%

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Estadão Boletim Focus elevou estimativa do IPCA para este ano de 7,65% para 7,89%; há um mês, era de 6,97% Thaís Barcellos e Eduardo Rodrigues, O Estado de S.Paulo Brasília –  Economistas do mercado financeiro elevaram pela 16ª semana consecutiva a estimativa da inflação esperada para este ano, indicou o relatório do Boletim Focus divulgado pelo Banco Central (BC) nesta segunda-feira, 2. A estimativa foi de 7,65% para 7,89%, conforme o Relatório de Mercado Focus, cada vez mais distante do teto da meta deste ano (5%).   No fim de março, o BC admitiu que a meta de inflação deve ser superada novamente neste ano. A probabilidade de “estouro” da meta é de 88% a 97%, calculou a instituição. Para 2023, foco principal da política monetária, o afastamento do centro da meta (3,25%, com margem de 1,75% a 4,75%) também continua, com o aumento de 4,00% para 4,10%. Para 2022, há um mês, a mediana para o IPCA era de 6,97%. Já para 2023, era de 3,80%. Considerando as 102 alterações nos últimos cinco dias úteis, a mediana para 2022 também subiu, de 7,72% para 7,95%. Para 2023, as 100 alterações feitas nos últimos cinco dias úteis elevaram a estimativa mediana de 4,00 para 4,12%. Já a mediana para 2024 se manteve 3,20% na última semana, de 3,12% um mês antes. Já a previsão para 2025 continuou em 3%, mesmo porcentual de um mês atrás. A meta para 2024 é de 3%, com margem de 1,5 ponto porcentual (de 1,5% para 4,5%). Para 2025, por sua vez, a meta ainda não foi definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). No comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom) de março, o BC atualizou suas projeções para a inflação com estimativas de 7,1% em 2022 e 3,4% em 2023. Diante da volatilidade no mercado de petróleo causado pela guerra na Ucrânia, o colegiado ainda criou um cenário alternativo, com maior probabilidade, em que as previsões estariam em 6,3% e 3,1%, respectivamente.  O colegiado elevou a Selic em 1,5 ponto porcentual, para 11,75% ao ano. Taxa de juros A projeção para a Selic – a taxa básica de juros – no fim deste ano ficou estável no Relatório de Mercado Focus. Na última semana, a mediana continuou em 13,25%, ante 13,00% ao ano há um mês. No Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central de março, o colegiado indicou a intenção de novamente elevar a Selic em 1 ponto porcentual em maio, de 11,75% para 12,75% ao ano, e, em comunicações posteriores, o colegiado sinalizou tendência de encerrar o ciclo no mês que vem. Depois da surpresa com o IPCA de março (1,62%), contudo, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, apontou que o comitê iria analisar se houve mudança de tendência e que poderia reavaliar as estratégias. No Boletim Focus, os economistas do mercado financeiro aumentaram a projeção para a Selic no fim de 2023 de 9% para 9,25%. Já a previsão para o fim de 2024 continuou em 7,50%, mesmo porcentual de quatro semanas atrás. Da mesma forma, a previsão para o fim de 2025 foi mantida em 7%, mesmo porcentual de um mês atrás. PIB O Relatório de Mercado Focus trouxe também aumento da previsão mediana para a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) de 2022, que passou de 0,65% para 0,70%. Há um mês, a estimativa era de 0,52%. Considerando apenas as 56 respostas nos últimos cinco dias úteis, a estimativa para o PIB no fim de 2022 passou de 0,70% para 0,75%. Para 2023, a estimativa continuou em 1%, de 1,30% há quatro semanas. O Relatório Focus ainda trouxe as medianas para o PIB de 2024 e 2025, que continuaram em 2%, mesmo porcentual de um mês atrás. https://economia.estadao.com.br/noticias/geral,estimativa-inflacao-sobe-maio,70004054807

Pacheco apresenta projeto para alterar juros em indenizações judiciais

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Estadão Presidente do Senado propõe que débitos trabalhistas, quando não pagos pelo empregador, devem ser atualizadas pelo IPCA-E; também passariam a ser aplicados os juros da remuneração da poupança, em vez da Selic Guilherme Pimenta, O Estado de S.Paulo BRASÍLIA – O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), apresentou um projeto de lei nesta segunda-feira, 2, na intenção de unificar e harmonizar o entendimento sobre quais taxas de juros e de correção monetária devem ser aplicadas às indenizações de ações trabalhistas e cíveis pela Justiça. Segundo ele, o sistema atual causa “distorções e injustiças severas” tanto às empresas quanto aos trabalhadores. O senador argumenta que o projeto é necessário para conciliar os entendimentos divergentes entre a legislação e diversas decisões conflitantes do Supremo Tribunal Federal (STF), do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e do Tribunal Superior do Trabalho (TST). Em alteração na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), Pacheco propõe que débitos trabalhistas de qualquer natureza, quando não pagos pelo empregador, devem ser atualizadas pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo Especial (IPCA-E) acumulado no período entre a data de vencimento da obrigação e o efetivo pagamento, em linha com a jurisprudência do Supremo. Além disso, o texto prevê que, no caso de débitos trabalhistas decorrentes de condenação pela Justiça do Trabalho, além da correção monetária, incidirão juros de mora equivalentes à remuneração adicional dos depósitos de poupança. Essa remuneração equivale a 0,5% ao mês, enquanto a taxa Selic ao ano, definida pelo Banco Central, for superior a 8,5%. Ou 70% da meta da Selic vigente na data de início do período de rendimento, caso a taxa esteja inferior ou igual a 8,5%. “Assim, tendo em vista a existência de correção monetária pelo IPCA-E, os juros de mora baseados na remuneração adicional da poupança – que é uma taxa real, já que a correção monetária é feita por outro indicador (no caso da poupança, a TR) – mostra-se mais adequada que a utilização da Selic – a qual é uma taxa nominal, que incorpora expectativas inflacionárias”, justificou o presidente do Senado. A intenção dessas mudanças, disse o presidente do Senado, é garantir que o trabalhador receba acima da inflação e, ao mesmo tempo, que o empresário não pague juros desproporcionais aos praticados na conjuntura econômica do período da ação. “Todos ganham. De um lado, defendemos o trabalhador envolvido no litígio, que recebe uma justa indenização corrigida, e, de outro lado, preservamos a atividade econômica e a empregabilidade, ao promovermos segurança jurídica e retirarmos ônus excessivamente desproporcionais impostos aos empresários”, escreveu na justificativa. Na intenção de harmonizar algumas expressões que constam no Código Civil, Pacheco ainda propõe ajustes em artigos que tratam de juros e correção monetária. “Todas essas alterações seguem a direção de recente estudo sobre o Brasil realizado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE)”, assinalou o senador. https://economia.estadao.com.br/noticias/geral,pacheco-projeto-indenizacao-trabalhista-senado,70004055408

Mercado de trabalho tem longo caminho a percorrer

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Valor econômico Para economistas, cenário é pior do vivido no início dos anos 2010 Por Lucianne Carneiro — Do Rio O mercado de trabalho superou as principais perdas enfrentadas ao longo da pandemia, com exceção do rendimento, mas tem longo caminho para retomar a boa situação vivida no início da década de 2010. A avaliação é compartilhada pelo professor emérito do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) João Saboia e pela pesquisadora do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) Maria Andréia Parente Lameiras, que foi sua aluna na universidade. “O mercado de trabalho perdeu dois anos, foi no fundo de poço, começou a se recuperar e chegou à situação atual”, afirma Saboia, mais pessimista que Lameiras em relação às perspectivas para o mercado. A pesquisadora acredita que o desemprego chegará ao fim do ano com taxa de um dígito ou perto disso, enquanto o professor da UFRJ não vê grandes mudanças na estrutura do mercado de trabalho a curto prazo. A seguir os principais pontos das entrevistas ao Valor: Situação atual do mercado João Saboia: A situação depende da referência. A curtíssimo prazo, ante o quarto trimestre, o resultado em geral é favorável. Geralmente há alta do desemprego e não houve. Quando se olha em um ano, o mercado de trabalho está bem melhor. Ali não estava mais no fundo de poço, mas tinha situação muito precária, ainda saindo de 2020 e começando a vacinação. Quando se compara, temos 20% menos desempregados, quase 10% a mais de ocupados, mais trabalho formal… Mas, frente ao pré-pandemia, dá para dizer que há semelhanças. Então o mercado de trabalho perdeu dois anos, foi no fundo de poço, começou a se recuperar e chegou à situação atual. Na média, está numa situação muito parecida ao fim de 2019 e início de 2020. Só que não era nenhuma maravilha, vinha de grandes dificuldades. Foram três anos de pequena recuperação depois da recessão de 2015 e 2016. Maria Andréia Parente Lameiras: A fotografia do primeiro trimestre de 2022 reflete a continuidade de um 2021 que trouxe uma boa recuperação do mercado de trabalho. Temos desocupação já no patamar do período pré-pandemia e população ocupada maior. Tirando a renda, ligada à inflação, a gente já superou a pandemia no mercado de trabalho. Mas no pré-pandemia, era um mercado excelente? Não. Estava começando a se recuperar. Então, embora esteja melhor, não é o melhor momento do mercado. Temos desemprego elevado [11,1%], contingente grande de desempregados [11,94 milhões de pessoas]… Já passamos a pandemia, agora temos que recuperar o que perdemos na crise de 2015 e 2016. Trabalho formal João Saboia: No primeiro trimestre, houve aumento de quase 400 mil pessoas [380 mil] ocupadas com carteira de trabalho. Essa geração de emprego formal é muito positiva e vem ocorrendo nos últimos meses. E há também aumento do emprego informal. A taxa de informalidade está nos 40,1%. É elevada, não dá para jogar para debaixo do tapete. É preciso gerar muito emprego com carteira para melhorar a estrutura do mercado. A princípio, não espero grande mudança. Maria Andréia Parente Lameiras: O mercado de trabalho cresceu muito no último ano baseado na informalidade. Mas agora houve alta de quase 11% da população com carteira, 3,4 milhões de pessoas. O emprego formal dá garantia, segurança, estimula a compra de bens… E gera incentivo maior ao crescimento que o informal. E isso deve continuar: o emprego formal vai estar presente em 2022. Uma das coisas que devem alavancar a economia são os investimentos em infraestrutura, contratantes de mão de obra formal. Renda João Saboia: O rendimento é das coisas que mais preocupam: subiu na crise profunda do início da pandemia, com a saída em massa de informais do mercado. De 2021 para cá, tem queda expressiva. Por um lado, tem a inflação, que passa de 4%, 5% em 12 meses [5,20% nos 12 meses até fevereiro de 2021 pelo IPCA] para 11%, 12% [12,03% no resultado em 12 meses do IPCA-15 de abril]. E a segunda coisa é um mercado que passa a absorver muito informal, que ganha menos. E em geral volta por baixo. Teve pequena alta da renda na margem [1,5%], mas nada excepcional, pouco para falar em mudança. Maria Andréia Parente Lameiras: O rendimento é afetado por uma série de fatores. O contingente de desempregados, embora menor, ainda é alto. E o salário é uma relação de oferta e demanda de trabalho. Se tem mais gente ofertando trabalho que demandando, o salário não tem espaço para crescer. Fora isso, a inflação está em dois dígitos. Até se imagina alguma desaceleração. Mas só vai ter aumento de salário real realmente com taxa de desemprego bem mais baixa e inflação menor. Economia e perspectivas João Saboia: A economia cresceu 4,6% em 2021 após queda de 3,9% em 2020. Em 2022, terá crescimento pífio. Não consigo imaginar como mudar a configuração do mercado de trabalho. O governo faz ginástica para colocar mais dinheiro na mão das pessoas, mas a economia não vai crescer tanto. O mercado de trabalho voltar ao pré-pandemia, mas sair dessa situação é muito difícil. Há muita incerteza, mas, independentemente das eleições, 2023 será um ano difícil para a economia e o mercado de trabalho. Maria Andréia Parente Lameiras: A perspectiva ainda é de geração de novas vagas e queda do desemprego, mesmo em ritmo menor. É uma desocupação que, se não estiver com um dígito, estará muito perto disso. Estou otimista, mas isso não significa que se chegará ao fim do ano com mercado de trabalho excelente. É um mercado ainda longe de 2013, 2014, com desemprego alto e contingente grande de desempregados. https://valor.globo.com/brasil/noticia/2022/05/03/mercado-de-trabalho-tem-longo-caminho-a-percorrer.ghtml